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ÁREA DO CONHECIMENTO / TEMÁTICA

4.6 Percepção dos entrevistados acerca das necessidades formativas de professores polivalentes

4.6.2 Necessidades formativas de professores polivalentes

A professora P1 considera necessários cursos de alfabetização e de matemática para professores polivalentes. Quando perguntado se ela participa da elaboração de propostas de formação continuada de professores, ela respondeu: “Não, né. Não, não. Eu acho que seria importante participar. O que a gente faz é o planejamento, planejamento anual isso a gente faz, sobre aquilo que a gente vai dar durante o ano. Seria importante participar, porque a gente já sabe das nossas necessidades”.

A professora P2 considera conteúdos de matemática. Ela também não participa da elaboração de propostas de formação continuada e acha que seria importante a participação do professor.

A professora P3 considera prioritários os cursos de alfabetização e também nunca participou da elaboração de propostas de formação continuada:

[...] hoje em dia o professor tem que estar preparado pra alfabetizar. Não importa se dá aula pro quinto, pro quarto. Porque tá indo aluno pro quinto ano que não é alfabetizado. Então, o primordial é isso: alfabetização. Entender e saber lidar com a alfabetização, porque às vezes a pessoa fala: ah, eu sei alfabetizar, mas não sabe, não sabe. Que é difícil. Hoje em dia, olha, a gente oferece, oferece cada vez mais pro aluno e parece que ele não devolve. Vai diminuindo, né? Vai pro terceiro ano, sem saber. A gente não passava pro segundo ano sem ler e escrever. Hoje em dia eles vão pro terceiro, pro quarto, pro quinto... E se vê, tem tudo, tecnologia, mais, não sei o que que acontece. Que não vai. É, eu acho que é a alfabetização pra todos, né. Entender o que é isso, né.

A gestora GSME diz que as necessidades formativas dos professores polivalentes dependem do perfil desse professor, do momento em que ele se encontra na sua carreira docente:

O perfil do professor, ele muda. Tá? Tem aqueles professores mais antigos, mais resistentes. E resistentes também é uma formação. Uma formação, eu falo assim, uma formação onde a gente coloca, coloca a questão é, de reflexão, onde a gente coloca a questão até mesmo conceitual, enfim, ele é um pouco resistente, tá? A gente tem o professor inovador, acho que eu vou colocar dessa maneira, que é aquele professor que já é antigo da casa, enfim, tem a sua prática, mas que sempre gosta de fazer uma coisa diferente ou não e a gente tem o professor iniciante, que nem sempre é inexperiente, porque às vezes já trabalhou, né, enfim, mas iniciante na Prefeitura, porque isso muda também, de um sistema educacional pro outro. Um professor iniciante que a gente também, esse iniciante a gente pode subdividir. Enfim, o maior número que a gente tem são aqueles realmente que acabaram de sair da Universidade, e que chegam na escola sem... acho que cru. Então, que eles tem, na verdade, toda uma bagagem é... conceitual, na verdade, de teóricos, na questão educacional, mas não tem a prática. É... enfim... Como trabalhar com esse... nesse âmbito... de perfil do professor?

Mas, “olhando a rede num todo”, ela diz que as necessidades formativas dos

professores polivalentes da rede municipal de ensino quanto à área específica do conhecimento é em matemática, contudo, ela fala das demandas de práticas pedagógicas, com acompanhamento do professor formador:

[...] o que eu acho que os professores sentem mais falta, em qualquer formação, independente da, independente da disciplina, eu não vou falar eles estão precisando mais na área de matemática. Isso, realmente, eu sei que eles estão precisando mais na área de matemática. É uma coisa que eles trabalham

menos, em sala de aula, né, é uma coisa que tem um componente curricular de 6 horas semanais, mas não é isso que eles trabalham, mas enfim... É...

independente disso, o que eu sinto, eles falarem das formações que eles tem: eles sempre preferem, eles sempre querem, tem sempre melhor resultado uma formação que tenha a parte teórica e a parte prática. Mas a parte prática nem sempre, ou na verdade, não é ... (sugestão de riso) dar exemplo, pedir para ele aplicar uma atividade, ou pedir pra que esse professor faça com o aluno e dê retorno, não, não é isso que eles querem. Eles querem exemplos que eles se sintam seguros. Entende? Porque que eu tô falando isso? Por exemplo, o PNAIC, o PNAIC a gente tem, e a gente divide realmente dessa maneira: a gente dá a parte prática, a parte teórica, e na parte prática o orientador discute, auxilia ele a construir o material, acompanha a turma, porque eles fazem o relatório, eles fazem... mas o profissional acompanha, ele dá o retorno, ele faz junto. Uma coisa, por exemplo, é eu estar, eu vou dar um exemplo bem bobo, tá, mas uma coisa é eu estar numa formação e dizer olha um exemplo é vocês fazerem isso com seus alunos. Eu falar isso é muito vago. É diferente eu falar e eu fazer junto com o professor, olha, é assim, porque eles se sentem inseguros às vezes. Entende? É isso que eu penso, porque pra eu mudar o pensamento desse professor, por exemplo, que é super resistente, eu só vou conseguir mudar fazendo junto. Se eu não fizer junto, eu não vou mudar, ele vai continuar pegando o seu diário de bordo de mil, novecentos e bolinha e vai continuar seguindo. (grifo nosso)

Foi perguntado ao gestor GDE quais são as necessidades formativas dos professores polivalentes, a resposta foi dada sobre a disponibilização do material para o professor utilizar em sala de aula e a formação que é oferecida no Programa Ler e Escrever e no EMAI:

Então, mas... além da... além da formação pra esses professores, se é a partir desse currículo que está no Programa Ler e Escrever e no EMAI, esse Programa ele dispõe, ele disponibiliza pro aluno o Caderno dos Alunos, tá certo? E disponibiliza o Caderno para o professor. Então, tem os guias, né? Há os guias para o planejamento e orientação didática do professor. Então, o professor pra ministrar as suas aulas ele recebe esse guia com todas as orientações, porque o Caderno do Aluno não é um livro didático que você vai desenvolvendo. Então, você tem aqui um guia com tudo o que o professor precisa saber, tudo o que ele tem que realizar na sala de aula, certo? Só que, infelizmente, o professor não... ele deixa de lado isso daqui, ele não tem tempo pra pegar isso daqui e preparar as suas aulas, entendeu? Agora, o material ele existe, e esse material também é trabalhado nas escolas, mas o tempo de trabalho pedagógico na escola não é suficiente para o professor assim.. aprofundar, então, dependeria um pouco dele também, mas como eu já te falei, a jornada, principalmente das professoras, no caso de professor do primeiro ao quinto ano, praticamente 100% é de mulheres. Essas mulheres elas tem outras jornadas, né? E muitas vezes também o que acontece é que elas não tem repertório pra ler o que está aqui e entender. Também tem isso, né. Então é complicado. Agora que existe material, que existe formação, existe.

Quando perguntado se há uma ou mais área específica em que o professor polivalente, na sua grande maioria, necessita de formação continuada, ele responde que haveria necessidade de se trabalhar ciências, história e geografia, que não são trabalhadas na formação continuada do professor polivalente, pois o foco está sendo língua portuguesa e matemática:

Então, o que que acontece: por causa das avaliações externas, veja que tudo gira em torno das avaliações externas. As avaliações externas cobram o que? Língua Portuguesa e Matemática. Então, a formação ela é voltada pra Língua Portuguesa, que é uma crítica que especialistas fazem. Por que? Está se deixando de trabalhar História e Geografia, e Ciências nos Anos Iniciais, nós estamos esquecendo que são componentes importantes e só focando Língua Portuguesa e Matemática. Isso na formação continuada. Agora, que existe material pra História, Geografia, Ciências também existe. Mas como os nossos alunos não estão se saindo bem é.... nas avaliações externas em Língua Portuguesa e Matemática, a gente mal consegue aí na média chegar a quase 5,0, tirar a nota 5,0 no IDESP, por exemplo, que é uma nota que não é adequada. O adequado é a partir de 7,0. Depois de sete seria, né? Mas pouquíssimas escolas conseguem. Então, mas nós temos escolas que conseguem. Então, o que que acontece? O foco acaba sendo Língua Portuguesa e Matemática. Mas haveria necessidade também de se trabalhar Ciências, História e Geografia.