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2 Fundamentos Teóricos Norteadores da Pesquisa

2.2 A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) como espaço de formação

2.2.2 Núcleo de Formação de Professores (NFP)

Em 2003, um grupo de professores formadores da UFSCar, vinculados ao Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, iniciou uma articulação para criar um espaço na universidade em que se desenvolvessem programas e projetos voltados à formação de professores.

Foi implantado, efetivamente, em 2010, como uma Unidade Multidisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão, denominada de Núcleo de Formação de Professores (NFP), localizada no Campus São Carlos, com a proposta de constituir-se em um espaço físico para o desenvolvimento de atividades relacionadas à formação dos licenciandos da Universidade em que essa Unidade está inserida, e à formação continuada de professores tanto do ensino básico quanto do ensino superior.

O NFP tem uma estrutura arquitetônica arrojada: trata-se de um belo prédio, planejado para propiciar a circulação, permanência e vivência integrada dos licenciandos da Instituição, de diferentes grupos de docentes que atuam nas licenciaturas e de professores que atuam na Educação Básica. Sua estrutura física não está completa, conforme o projeto inicial aprovado, contando atualmente com salas de aula, salas para desenvolvimento de projetos, laboratório de informática, laboratório multidisciplinar, um

espaço para ser implantada uma oficina para pequenos trabalhos de marcenaria e serralheria, destinada à confecção de maquetes e de diversos materiais didático- pedagógicos, além de área administrativa, compreendendo salas para coordenações, secretaria e almoxarifado, outros espaços de serviços e uma área de circulação e convivência de 220 m2. A parte do prédio ainda não construída prevê salas, biblioteca setorial e auditório.

O seu histórico aponta que um grupo de professores formadores atuava com a formação de professores (Pró-Ciência) ofertando cursos de atualização de conteúdos de Ciências e Matemática, atendendo às demandas da Secretaria de Educação, que promovia os referidos cursos.

Um professor desse grupo, em entrevista, no ano de 2014, à autora deste trabalho, com a finalidade de reunir depoimentos e documentos para registrar a trajetória do NFP, explica que esse grupo de professores formadores almejou criar “um grupo de formação continuada de professores”, já que não havia um programa de formação continuada proposto pela Universidade. Porém, perceberam que havia uma lacuna nos processos de formação inicial de professores: “os alunos licenciandos, principalmente os das áreas técnicas e científicas: biologia, física, química e matemática, não tinham identidade própria”, pois não havia um espaço propriamente destinado aos licenciandos, nem no departamento específico de cada área do conhecimento, onde eles cumpriam parte dos conteúdos, nem no departamento de metodologia, onde, posteriormente, cumpriam o restante dos conteúdos. E declara: “Os alunos do bacharelado faziam os seus programas de iniciação científica; já os licenciandos passeavam por lá, mas não tinham espaço. O núcleo criaria essa identidade física com o licenciando de ciências”. E conclui dizendo que quando a ideia chegou nas instâncias superiores da universidade, decidiu-se que deveria ser criado um Núcleo de Formação de Professores para todas as licenciaturas daquela instituição.

Em sua concepção, o NFP deveria se tornar um espaço multidisciplinar de produção de conhecimento, formação e aprimoramento profissional e apoio pedagógico, que visaria a integração da Universidade com os demais sistemas de ensino, primando pela contínua melhoria da qualidade da educação e tendo por finalidade desenvolver atividades de pesquisa, ensino e extensão no âmbito da formação de professores, integrando

diferentes áreas do conhecimento e campos de atuação de forma interdisciplinar (Regimento Interno da Unidade).

Na justificativa para a constituição do NFP citou-se que havia várias iniciativas de docentes de diferentes departamentos, desenvolvendo atividades de pesquisa e extensão voltadas para a formação de professores, porém muitos trabalhos eram realizados de forma dispersa, dificultando que a Universidade tivesse uma maior projeção no cenário nacional, a despeito do que efetivamente vinha sendo realizado e do potencial enorme do seu corpo docente e discente (documentos internos da Unidade).

Após seis anos do início das atividades dessa Unidade, percebe-se que esse quadro continua o mesmo. Recentemente, após a realização de um trabalho de “marketing” do espaço e de seus serviços, algumas atividades que estavam pulverizadas pelo campus universitário, somaram-se às que já aconteciam no NFP. Contudo, muitas atividades voltadas à formação inicial e continuada de professores permanecem em seus respectivos departamentos, sem haver, aparentemente, interesse do docente formador, responsável pela atividade, em conhecer esse espaço agregador. Uma dessas atividades é a ACIEPE. Há as que ocorrem no NFP e há as que acontecem no departamento acadêmico de origem do coordenador(a) da ACIEPE.

Atualmente, o Núcleo de Formação de Professores sedia a secretaria da Coordenação Geral do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/UFSCar. As reuniões da coordenação geral, dos coordenadores de áreas, supervisores e licenciandos pibidianos acontecem nessa Unidade, bem como a guarda e disponibilização de jogos e de materiais de consumo para confecção de material didático- pedagógico para as atividades que serão realizadas nas escolas.

Acontecem nesse espaço algumas das atividades do Observatório da Educação (OBEDUC), do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), algumas Atividades Curriculares de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão, conforme explicitado acima, entre outras. Entretanto, a percepção da equipe de trabalho dessa unidade organizacional é que ela ainda está se constituindo. E a percepção da comunidade acadêmica parece ser, pelos relatos informais, que a Unidade não desempenha o seu papel social eficazmente.

O NFP tem mantido uma estreita relação com a Secretaria Municipal de Educação e com a Diretoria de Ensino, ouvindo as suas demandas e ofertando palestras,

oficinas e cursos com especialistas das diversas áreas do conhecimento para tratarem de temas importantes e urgentes para a Educação Básica.

Muitos são os esforços envidados, muitas vezes de forma solitária, para que ações no âmbito da formação – inicial e continuada – de professores se concretizem na Unidade, embora ela conte com uma equipe de trabalho reduzidíssima15 para o que se almeja para ela: torná-la um espaço de referência para o desenvolvimento de atividades relacionadas à formação inicial e continuada de professores, de acordo com o seu regimento.

Sendo uma unidade de conhecimento e informação e sendo um subsistema dentro de um sistema maior, o NFP está permanentemente influenciando e sendo influenciado pelo ambiente, necessitando de monitoramento do ambiente interno e externo e, portanto, necessitando de um sistema de gestão de informações. Esse sistema poderia ser integrado a sistemas de informações já existentes na organização para evitar duplicidade ou desatualização de informações.

A formulação do NFP é resultante de um processo histórico em que ações se desenvolveram e criaram impasses e questionamentos, contudo a sua constituição parece não haver partido de necessidades como a de importantes alterações curriculares nos cursos de licenciatura e de mudança na cultura acadêmica em relação à formação e ao desenvolvimento profissional de professores.

Acreditava-se que a existência de um espaço físico, com características específicas que o tornaria adequado a uma nova concepção de formação de professores, deveria permear/orientar as reformulações curriculares. Porém, isto implicava a definição e assunção de uma política de formação de professores coletivamente construída e processualmente avaliada. O que não ocorreu.

Os currículos dos cursos de formação inicial ainda não são permeados pela interdisciplinaridade e as áreas, departamentos, e até mesmo alguns grupos de pesquisa ainda trabalham de forma isolada.

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15 O Núcleo de Formação de Professores conta atualmente com uma pedagoga (coordenadora pró-tempore

do NFP), uma assistente em administração e um físico, que está se desvinculando do NFP para atuar no Observatório Astronômico/ProEx. Por funcionar de segunda a sexta-feira, das 7 às 22 horas, aos sábados, das 7 às 14 horas, e, eventualmente, acolher atividades nos finais de semana após as 14 horas dos sábados, conta com o serviço terceirizado de uma portaria.

A expectativa para o NFP era, e ainda é, que ele seja um espaço agregador de ações de formação inicial e continuada de professores, de projetos coletivos de pesquisa que contem com a contribuição de docentes das diversas áreas de conhecimento e com a participação de discentes de diferentes cursos.