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Impactos da intervenção (Quais os efeitos produzidos?) 6.1 Impactos no território de intervenção

6.1.1. Satisfação de necessidades humanas básicas não satisfeitas ou não reconhecidas/consideradas pela comunidade

(utilização de diagnóstico de necessidades; tipo de necessidades satisfeitas)

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 Integração de necessidades materiais (casa, trabalho, espaço público, serviços sociais, etc.) e/ou de necessidades de expressão artística e cultural (incorporação de atividades artísticas e culturais; criação de espaço e oportunidades para a livre cultura e sociabilidade; preservação do património; outras…) 6.1.2. Empowerment da comunidade

(redes sociais pós-intervenção; expressão identitária da comunidade pós-intervenção; potenciais conhecimentos e competências adquiridas pela comunidade no âmbito dos projetos; capacidade de aprendizagem coletiva após a intervenção; capacidade de aprendizagem coletiva após a intervenção)

 Criação/reforço dos laços sociais ao nível da comunidade

 Criação/reforço da identidade da comunidade e sentido de pertença ao lugar

 Criação/reforço de competências e conhecimentos de moradores e sua potencial influência no mercado de trabalho

 Criação/reforço do ensino/aprendizagem comunitária partilhada

6.1.3. Mudança das relações sociais e de poder em termos de governança territorial (no interior da comunidade e entre esta e atores institucionais locais)

(perceção da comunidade sobre si mesma; opinião/ imagem pública sobre a comunidade pós-intervenção; relações entre a comunidade e atores institucionais locais públicos e privados)

 Mudança da perceção da comunidade relativamente a si própria

 Mudança da perceção externa das atitudes sociais e culturais que dizem respeito à comunidade

 Aumento das relações de governança e da participação da comunidade local na tomada de decisões político-territoriais e ligação de diferentes escalas de governança/ criação de parcerias e melhoramento da “gestão urbana local”

6.2. Impactos noutros territórios

(expansão/reprodução do projeto pelos mesmos agentes e/ou outros noutros territórios)

 Tipicamente as iniciativas começam pequenas e locais para aumentarem de escala e se tornarem maiores: estabelecem por afinidade relações com projetos e movimentos a outras escalas (dinâmicas de comunicação e aprendizagem paralelas), abrangem outros territórios ou são reproduzidos por outros agentes.

Adaptado de: André e Abreu (2006); André e Rousselle (2010); Cloutier (2003); Diogo (2010); Malheiros (2008); González et al. (2010)

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2. Estratégia Metodológica

2.1 Métodos de recolha da informação

Considerando-se as iniciativas de intervenção dos arquitetos na Cova do Vapor como objeto de estudo, alvo de uma pesquisa de natureza qualitativa orientada pela grelha analítica anteriormente definida, apresentam-se como métodos de recolha de informação sobre o caso: a análise bibliográfica, documental e de outros dados preexistentes relativos ao território, agentes e projetos de intervenção; a realização de entrevistas semi-diretivas individuais aos agentes de intervenção, indivíduos pertencentes à comunidade64 e representantes institucionais de governança local; e, como complemento, a observação direta quer da dinâmica da Biblioteca do Vapor (derivação do projeto Casa do Vapor), quer dos debates promovidos sobre o território e a Casa do Vapor.

A análise bibliográfica centra-se sobretudo em dissertações de mestrado que apresentam como objeto de estudo a comunidade/território da Cova do Vapor e que permitem delinear o enquadramento histórico-geográfico do local e caracterizá-lo física e socialmente de forma a atingir uma maior compreensão sobre as condições existentes antes das intervenções (cf. Mateus, 2010; Santos, 2010). No que respeita à análise documental, esta engloba não só legislação e documentos pertencentes à Câmara Municipal de Almada (cf. CMA, 2008, 2011a; 2011b) que complementam a caracterização do meio de intervenção, como também documentos relativos aos projetos e agentes, sejam documentos textuais como artigos de imprensa, sejam documentos fotográficos e audiovisuais que cumprem a função de um maior entendimento sobre o processo e impactos da intervenção. Destaca-se como importante fonte de informação sobre o projeto Casa do Vapor o web-documentário “Casa do Vapor: Um dia a casa virá abaixo” (Público, 2013). Como complemento a estas informações, apresentam-se os dados estatísticos do INE (2011) relativos ao território e os dados recolhidos através de websites e páginas de redes sociais oficiais de ambos os projetos e da associação de moradores, entre outras.

Relativamente às entrevistas, estas têm o intuito de recolha de dados primários e originais junto de informantes privilegiados sobre cada uma das intervenções. Tratam-se de entrevistas semi-diretivas65 estruturadas a partir de três guiões diferentes.66

64 Às entrevistas somaram-se algumas conversas informais, nomeadamente com comerciantes locais.

65 A entrevista “é semidirectiva no sentido em que não é inteiramente aberta nem encaminhada por um grande número de perguntas precisas.” (Quivy e Campenhoudt, 2008: 192)

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O primeiro guião dirige-se aos agentes promotores e operadores das intervenções e encontra-se estruturado sobretudo para avaliar os processos de intervenção e identificar a presença de critérios associados às ESC. Para além de possibilitar a reconstituição e a interpretação dos sentidos de ação dos agentes e a compreensão das relações sociais e institucionais estabelecidas ao longo dos processos de intervenção, o guião permite também identificar a perceção dos agentes relativamente às condições preexistentes no meio e aos consequentes impactos das iniciativas.

O segundo guião destina-se a ser aplicado diretamente a alguns habitantes da Cova do Vapor com o intuito de avaliar especialmente as condicionantes do meio e os efeitos das intervenções em termos de inovação sócio-territorial. Estas entrevistas dirigem-se a diferentes categorias da população, nomeadamente habitantes permanentes e sazonais de diferentes idades, no sentido de reunir diversas perspetivas relativamente à vivência da comunidade e à participação nas iniciativas.

Por último, o terceiro guião elaborado para as entrevistas aos representantes de instituições de governança local, nomeadamente da Associação de Moradores da Cova do Vapor e a da Câmara Municipal de Almada, pretende interpretar o grau de envolvimento destas instituições nas iniciativas, sendo especialmente útil para avaliar as possíveis mudanças das relações de poder entre ambas e entre as mesmas e a população local.

Correspondem a cada guião três amostras de entrevistados, elaboradas por critério de conveniência, uma vez que a amostragem não pretende ser representativa das perceções dos diferentes grupos de entrevistados, mas antes identificar aspetos críticos que possam fundamentar a essência e os impactos das iniciativas em termos de inovação sócio-territorial. Opta-se por não identificar o nome dos entrevistados para garantir a confidencialidade das informações partilhadas.

A primeira amostra referente às entrevistas aos atores chave na definição e implementação das iniciativas agregava inicialmente 8 entrevistados, 2 relativos ao projeto TISA e 6 relativos ao projeto Casa do Vapor, uma vez que se trata de um projeto que nasce da colaboração de um coletivo de arquitetura com uma associação cultural. Embora tenham sido previstas entrevistas aos arquitetos promotores de ambas as intervenções (Filipe Balestra e Alexander Römer) e se tenham contactado os mesmos nesse sentido, o tempo disponível para a realização do trabalho e sua conciliação com a disponibilidade dos mesmos inviabilizou a sua concretização. Contudo, a análise das suas perceções acerca dos projetos conseguiu ser parcialmente colmatada por via da informação bibliográfica e

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documental disponível – facilitada pela elevada exposição mediática dos projetos – e pela realização de entrevistas aos agentes operadores dos mesmos, cuja amostra corresponde assim a 6 entrevistados, 1 relativo ao projeto TISA e 5 relativos ao projeto Casa do Vapor (Quadro 2.2.).

Quadro 2.2. Entrevistas realizadas a agentes operadores das intervenções na Cova do Vapor