• Nenhum resultado encontrado

Implementação da produção mais limpa

No documento tese zeila c piotto (páginas 53-60)

3 A QUESTÃO AMBIENTAL

3.4 D ESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ECO EFICIÊNCIA

3.4.4 Ferramentas da eco-eficiência

3.4.4.1 Produção mais limpa/prevenção à poluição

3.4.4.1.3 Implementação da produção mais limpa

Para ter sucesso, a implementação da produção mais limpa deve ter uma abordagem integrativa, ser economicamente viável e, por vezes, inovadora.

Esse processo, na maioria das vezes, é iniciado por instrumentos governamentais com objetivos claros, estimulando o desenvolvimento e a implantação de alternativas tecnológicas, aliando a estes programas educativos e de treinamento para assegurar resultados a longo prazo.

A metodologia proposta pela UNEP, para identificar e avaliar as oportunidades de implementação de tecnologias limpas em indústrias em geral, pode ser dividida em cinco etapas: planejamento e organização; pré-avaliação; avaliação; estudo de viabilidade e implementação, conforme está demonstrado na Figura 11.

A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) do Estado de São Paulo elaborou um manual com a metodologia para implementação de um programa de prevenção à poluição, muito similar ao que foi proposto pela UNEP (CETESB, 2001b).

Figura 11 - Etapas para implementação de um programa de produção mais limpa.

Fonte: UNEP-DTIE (2001b)

a) Planejamento e organização

A partir da identificação da necessidade de se implementar um Programa de Produção mais Limpa, os elementos-chave para seu sucesso são:

Comprometimento da alta gerência: O gerente geral da indústria deve dar início ao

processo, para obter colaboração e comprometimento de todos.

Envolvimento dos funcionários: Embora o gerente possa dar o “pontapé inicial” no

programa, a identificação das oportunidades de melhoria e de prevenção à poluição dependem basicamente dos funcionários, principalmente daqueles envolvidos com as atividades de processo e de manutenção no chão-de-fábrica, que normalmente detêm o conhecimento de como e por que são geradas as emissões e os resíduos, e principalmente o que pode ser feito para minimizá-los.

Identificação da necessidade de implementar Produção mais limpa

4- Estudo de viabilidade

5- Implementação 1 - Planejamento e organização

2- Etapa de Pré avaliação

3 - Avaliação

Avaliação dos resultados

Continuação Do Programa Identificação da necessidade de

implementar Produção mais limpa

4- Estudo de viabilidade

5- Implementação 1 - Planejamento e organização

2- Etapa de Pré avaliação

3 - Avaliação

Avaliação dos resultados

Continuação Do Programa

Controle adequado dos custos, de modo a mostrar para a alta gerência e funcionários

que prevenir a poluição reduz custos de tratamento e disposição de resíduos.

Abordagem organizada, coordenada por equipe multidisciplinar que:

• Detenha conhecimentos do processo produtivo, para avaliar as sugestões propostas e que tenha capacidade e autonomia para implementá-las;

• Identifique as barreiras que possam existir para implementação do programa e • Estabeleça os objetivos desafiadores para a companhia.

O planejamento sistemático que faz parte da implementação do Programa de Produção mais Limpa permite assegurar a escolha das opções mais viáveis economicamente; alinhar os objetivos do programa com os demais objetivos da empresa, facilitar o planejamento dos investimentos e, por fim, pode servir como base para financiamentos .

b) Etapas de pré-avaliação e avaliação

Durante esta fase, é feito o balanço de material de modo a identificar quais perdas podem ser reduzidas. A equipe responsável pela implantação do programa deve identificar quais são as alternativas para prevenção à poluição, buscando referências em outras companhias, em literatura, em fornecedores e outras fontes. É recomendável também fazer “brainstorming” com funcionários da empresa para identificar as oportunidades de melhoria ambiental.

Pode-se dividir este processo em três fases:

• Balanço de massa do processo industrial, associado com o fator custo, apresentando em um fluxograma as fontes de geração de resíduos e de emissões; • Identificação dos fatores que influenciam o volume, a quantidade, a composição

e as propriedades das emissões e dos resíduos;

• Propositura de alternativas para controlar ou eliminar as causas da geração dos resíduos e das emissões. As práticas genéricas de prevenção à poluição identificadas na etapa de “brainstorming” devem ser usadas para desenvolver as

alternativas mais apropriadas para o resíduo ou emissão em questão. A partir daí, as opções selecionadas devem ser submetidas à avaliação técnica e econômica, como qualquer outra inovação. As alternativas de tecnologia mais limpa podem ser relacionadas como indicado na Figura 12.

Figura 12 - Avaliação do processo –principais alternativas.

Fonte: UNEP-DTIE (2001b)

Mudança nos insumos ou matérias-primas

O uso de insumos mais puros ou sua substituição permite reduzir ou eliminar compostos perigosos no processo, ou a toxicidade - periculosidade dos resíduos gerados.

Processo Mudança

tecnológica Boas práticasde operação

Mudança

nos Produtos nos insumosMudança

Reuso e reciclagem interna

Processo Processo Mudança

tecnológica Boas práticasde operação

Mudança

nos Produtos nos insumosMudança

Reúso e reciclagem interna

Mudança tecnológica

A mudança tecnológica pode estar voltada para o processo, equipamentos, mudanças em variáveis do processo e uso de automação.

Boas práticas de operação

Boas práticas de operação incluem adequada manutenção e uma gestão administrativa voltada para a redução das emissões e da geração de resíduos. Compreendem as seguintes práticas:

• Treinamento e conscientização de funcionários, programas de estímulo à redução de resíduos e emissões;

• Estocagem e programação adequada do uso de materiais, evitando perdas de produtos por danos ou por excederem prazos de validade.

• Controles adequados das perdas, evitando e minimizando vazamentos e transbordos;

• Segregação de resíduos para evitar a contaminação com os demais, ou mesmo inviabilizar sua reutilização ou recuperação;

• Contabilização dos custos de tratamento das emissões e da disposição dos resíduos, e sua apropriação nas áreas geradoras;

• Programação de produção adequada visando minimizar as perdas, principalmente em processos produtivos intermitentes (ou batelada).

Mudança no produto

Mudança na especificação de qualidade, na composição e na durabilidade dos produtos, ou mesmo por intermédio da sua substituição com objetivo de minimizar a geração de resíduos, de águas residuárias e de emissões gasosas.

As mudanças feitas nos produtos podem alterar os impactos ambientais associados nas diversas etapas do ciclo de vida dos mesmos, desde a extração da matéria-prima até sua disposição final.

Reúso e reciclagem interna

Implica na reutilização dos resíduos no próprio processo de origem (reciclagem) ou como insumo em outro processo (reúso).

c) Estudo de viabilidade

Esse estudo tem a finalidade de verificar a viabilidade técnica e econômica aliada aos ganhos ambientais das alternativas propostas. Este processo pode ser dividido em 05 fases:

1. Avaliação preliminar

Nesta etapa as alternativas são segregadas em função da necessidade ou não de dados complementares. Aquelas que envolvem decisões apenas gerenciais podem não requerer avaliação técnica, assim como opções mais simples, podem não exigir avaliação ambiental.

Similarmente, opções de baixo custo não requerem estudos econômicos tão detalhados como aqueles exigidos nas opções mais complexas.

2. Avaliação Técnica

Consiste na verificação de dois fatores básicos.

- Existência de equipamentos disponíveis e adequados para a sua implementação; influência na qualidade e produtividade e, por fim, mudanças na forma de utilização e de manutenção dos equipamentos.

- Mudanças no fluxo de materiais, induzindo a necessidade de novos balanços de massa e de energia.

3. Avaliação econômica

Requer no mínimo o levantamento de dados tais como investimentos, custos operacionais e benefícios, retorno financeiro das alternativas tecnicamente viáveis. É importante fazer uma análise criteriosa dos custos envolvidos, com uma visão de longo prazo a fim de incorporar as vantagens da produção mais limpa.

4. Avaliação ambiental

Os objetivos da avaliação ambiental são os de determinar os impactos (positivos ou negativos) das alternativas propostas ao meio ambiente, tendo em conta todo o ciclo de vida de um produto.

Essa avaliação pode ser feita basicamente de duas formas: qualitativa ou quantitativa. A avaliação quantitativa baseia-se no estabelecimento de critérios mensuráveis, que serão comparados com os valores calculados para as alternativas propostas. Os critérios podem ser os custos de tratamento e disposição final, energia consumida nas diferentes fases do produto, etc.

5. A abordagem qualitativa implica em elaborar uma matriz comparativa com os diferentes aspectos e impactos ambientais nas diferentes fases do ciclo de vida, para as alternativas propostas.

6. Seleção das alternativas viáveis

Devem ser excluídas as alternativas que se mostraram inviáveis tecnicamente, ou com baixa significância em ganhos ambientais. As demais devem ser analisadas de forma a conciliar os ganhos ambientais com os custos.

d) Implementação e monitoramento

Nesta etapa devem ser estabelecidos critérios de mensuração para avaliar e monitorar os resultados da implementação da(s) alternativa (s) selecionada(s) para o projeto de produção mais limpa.

Para o sucesso do programa é necessário:

• Elaborar um plano de ação detalhado de todas as fases, com data, responsabilidades e atribuições dos envolvidos;

• Para as alternativas que envolvam custos elevados ou projetos complexos, é necessário estabelecer um planejamento adequado que inclua a necessidade de desembolso nas diferentes fases. Também é importante o acompanhamento e comissionamento do projeto por uma equipe técnica capacitada, para assegurar o desempenho e a eficiência dos novos processos, sistemas ou equipamentos. • Monitorar o progresso do projeto de produção mais limpa, informando-o às

equipes, indivíduos e departamentos envolvidos no mesmo. A escolha de como medir o progresso é crucial e deve envolver a quantificação das emissões, do

consumo de energia ou insumos e o aumento da lucratividade. Mudanças na forma e composição dos produtos também devem ser incluídas.

• A manutenção do programa pode requerer mudanças estruturais na organização e na gestão da empresa.Os elementos-chaves neste processo são integração entre a área de desenvolvimento com os demais setores, contabilização dos resíduos e participação e envolvimento dos empregados.

3.4.4.1.4 Barreiras para implementação da produção mais limpa na

No documento tese zeila c piotto (páginas 53-60)