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Principais iniciativas

No documento tese zeila c piotto (páginas 112-119)

3 A QUESTÃO AMBIENTAL

3.4 D ESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ECO EFICIÊNCIA

3.4.4 Ferramentas da eco-eficiência

3.4.4.4 Relatórios de desempenho ambiental

3.4.4.4.3 Principais iniciativas

Como já foi dito nos parágrafos anteriores, muitas organizações já desenvolveram ou estão desenvolvendo padrões para os relatórios de desempenho ambiental. Neste trabalho, serão abordados os modelos propostos pelas seguintes organizações:

• GRI – CERES; • PERI;

• EMAS; • DEFRA; • INEM.

a) GRI –CERES

A Global Reporting Initiative- GRI originou-se da Coalition For Environmentally Responsible Economies – CERES em cooperação com a UNEP. O processo de elaboração das diretrizes envolveu vários segmentos da sociedade, como ONGs, universidades, empresas e associações, entre outros. A primeira reunião do grupo aconteceu em 1997. Em junho de 2000 foram publicadas as diretrizes para a elaboração do relatório de sustentabilidade, englobando os aspectos econômicos, sociais e ambientais.

O texto contendo as diretrizes foi dividido em quatro partes: introdução e orientação geral, princípios e métodos para elaboração de relatórios de sustentabilidade; conteúdo do relatório e anexos.

As principais características qualitativas dos relatórios são: relevância; veracidade; clareza; comparabilidade, periodicidade e verificabilidade. Como elementos de informação sobre o desempenho tem-se:

Categorias: áreas ou agrupamentos de aspectos ou impactos (poluição atmosférica, economia local, etc.);

Aspectos: Elementos relacionados a uma categoria específica (emissões de gases que causam o efeito estufa, energia consumida, etc.)

Indicadores: Valores específicos associados aos aspectos considerados.

É recomendado também aos relatores que, sempre que possível, explicitem os critérios adotados para escolha e cálculo dos indicadores, destaquem e justifiquem escolhas relacionadas ao âmbito do relatório, mudanças na estrutura organizacional, entre outros.

Estrutura do relatório: 1) Declaração do presidente; 2) Perfil da organização;

4) Visão e estratégia;

5) Política, organização, sistemas de gestão e relações com as partes interessadas; 6) Desempenho (ver Figura 31).

Figura 32 - Resumo geral de avaliação do desempenho ambiental, social e econômico segundo GRI

Fonte: GRI (2000)

Políticas, sistema de gestão, relações com partes interessadas

Desenvolvimento e envolvimento dos funcionários e operações da empresa

nas questões ambientais Sistemas de incentivo e remuneração

com foco em desempenho ambiental Desenvolvimento e patrocínio a pesquisas

Contabilização ambiental Auditorias

Plano de atendimento à emergências Relações com fornecedores Relações com a comunidade

Desempenho ambiental Indicadores gerais

•Energia comprada •Total energia utilizada •Emissão de gases estufa

•Resíduos gerados •Desempenho dos fornecedores

Indicadores específicos

•Energia fóssil consumida por tonelada produzida

•Quantidade de resíduos reciclada ou reaproveitada

•Consumo de produtos químicos •Emissões atmosféricas (MP, VOCs , etc.)

•Emissões hídricas

•Requisitos ambientais relativos a selos verdes e outros critérios específicos

(certificação florestal, etc.) •Programas de recuperação e preservação

•Exigências legais •Multas e penalidades

Desempenho Social Qualidade da Gestão de pessoas

Saúde e segurança ocupacional Remuneração e Benefícios Formação e educação Trabalho infantil Discriminação e minorias Liberdade de associação Direitos humanos Desempenho dos provedores Niveis de satisfação de clientes Desempenho Econômico Lucros Ativos Investimentos Salários Impostos Fornecedores Produtos e serviços Direitos humanos

Desempenho Ambiental, Social e Econômico

Indicadores integrados (proposta)

Sistêmicos –Correlacionam a atuação

da corporação comparativamente ao setor ou a região

Transversais -Correlacionam a informação

Entre dois ou mais elementos da sustentabilidade com o desempenho da

organização (eco - eficiência, custos externalizados, etc.

Políticas, sistema de gestão, relações com partes interessadas

Desenvolvimento e envolvimento dos funcionários e operações da empresa

nas questões ambientais Sistemas de incentivo e remuneração

com foco em desempenho ambiental Desenvolvimento e patrocínio a pesquisas

Contabilização ambiental Auditorias

Plano de atendimento à emergências Relações com fornecedores Relações com a comunidade

Desempenho ambiental Indicadores gerais

•Energia comprada •Energia total utilizada •Emissão de gases estufa

•Resíduos gerados •Desempenho dos fornecedores

Indicadores específicos

•Energia fóssil consumida por tonelada produzida

•Quantidade de resíduos reciclada ou reaproveitada

•Consumo de produtos químicos •Emissões atmosféricas (MP, VOCs , etc.)

•Águas residuárias á

•Requisitos ambientais relativos a selos verdes e outros critérios específicos

(certificação florestal, etc.) •Programas de recuperação e preservação

•Exigências legais •Multas e penalidades

Desempenho Social Qualidade da Gestão de RH

Saúde e segurança ocupacional Remuneração e Benefícios Formação e educação Trabalho infantil Discriminação e minorias Liberdade de associação Direitos humanos Desempenho dos provedores Niveis de satisfação de clientes Desempenho Econômico Lucros Ativos Investimentos Salários Impostos Fornecedores Produtos e serviços Direitos humanos

Desempenho Ambiental, Social e Econômico

Indicadores integrados (proposta)

Sistêmicos –Correlacionam a atuação

da corporação comparativamente ao setor ou à região

Transversais -Correlacionam a informação

entre dois ou mais elementos da sustentabilidade com o desempenho da

organização (eco - eficiência, custos externalizados, etc.)

b) PERI – Public Environmental Reporting Initiative

Surgiu em 1992, a partir da iniciativa de empresas americanas em estabelecer um relatório padrão de desempenho ambiental. Evoluiu no decorrer dos anos e passou a ser de aplicação para qualquer empresa, organização ou setor.

Este padrão foi revisado e adaptado de forma a contemplar outras exigências ou modelos voluntários ou compulsórios, como por exemplo, Responsible Care, demandas legais americanas como TRI e européias CEFIC e EMAS.

Estrutura do relatório: 1) Perfil da organização; 2) Política ambiental; 3) Gestão ambiental; 4) Emissões;

5) Conservação de recursos naturais; 6) Gestão de riscos ambientais; 7) Atendimento legal;

8) Responsabilização/gestão do produto;

9) Programa de incentivo, remuneração e treinamento de funcionários; 10) Relacionamento com as partes interessadas.

c) EMAS- EcoManagement Auditing Scheme

O EMAS é um rótulo europeu ambiental de gestão de adesão voluntária, adotado em 1993 pelo Conselho da UE e aberto à participação das indústrias desde 1995.

Este sistema, entre outras exigências, preconiza a comunicação do desempenho ambiental às partes interessadas, através da declaração ambiental.

A declaração ambiental deve ser emitida a cada três anos, atualizada anualmente e ser validada por auditor externo.

Os indicadores de desempenho ambiental são divididos em: indicadores de desempenho operacional e indicadores de gestão.

Estrutura do relatório:

1. Descrição da organização (atividades, produtos e serviços); 2. Política ambiental e descrição do sistema de gestão;

3. Descrição dos aspectos e impactos ambientais significativos; 4. Programa ambiental e seus objetivos;

5. Resultados do programa ambiental;

6. Indicadores de desempenho (ano anterior e atual); 7. Data e identificação do auditor externo.

d) DEFRA – Department for environmental, food and rural affairs- UK

Esta iniciativa do governo inglês teve por objetivo facilitar e orientar a elaboração de relatórios de desempenho ambiental. São sugeridos indicadores gerais e específicos, expressos de forma absoluta, normalizados e com a sua evolução ao longo do tempo. Os indicadores sugeridos estão relacionados às categorias de impactos: emissões atmosféricas, consumo de recursos naturais, transporte, energia, emissões hídricas, uso do solo, biodiversidade, geração de resíduos perigosos e ruído.

Estrutura do relatório: 1) Declaração do presidente; 2) Política ambiental; 3) Perfil da organização;

4) Aspectos e Impactos ambientais significativos; 5) Indicadores de desempenho ambiental;

6) Objetivos e metas;

e) INEM – International Network for Environmental Management

Esta iniciativa, patrocinada pelo governo alemão, é voltada à questão da sustentabilidade, abordando, portanto, aspectos ambientais, sociais e econômicos. A publicação: “The INEM Sustainability Reporting Guide – A Manual on Practical and Convincing Communication for Future-Oriented Companies” (INEM, 2001) aborda de forma detalhada o objetivo, princípios, design e apresentação dos relatórios de sustentabilidade. Estrutura do relatório: 1) Fatos relevantes; 2) Declaração do presidente; 3) Perfil da organização; 4) Visão e estratégia; 5) Políticas da organização; 6) Sistemas de gestão;

7) Desempenho (social; ambiental e econômico).

Este modelo é bastante similar ao proposto pelo GRI inclusive na recomendação de validação do relatório por auditor externo.

Como se pode observar, das iniciativas apresentadas, duas mostram a abordagem dos relatórios alinhadas com o conceito de sustentabilidade (GRI e INEM). As demais enfocam, principalmente, a dimensão ambiental, embora estimulem a abordagem mais abrangente.

3.4.4.4.4 Tendências

A EEA - Agência Ambiental Européia - no relatório: “Business and the Environment: Current Trends and Developments in Corporate Reporting and Ranking” (EEA, 2001c) discute a questão de avaliação de desempenho ambiental e seus indicadores, assim como as novas tendências de integração do desempenho

ambiental com os aspectos sociais e econômicos das organizações. As principais tendências observadas são:

• Auditoria externa;

• Aumento da demanda por informações ambientais em diversos segmentos, principalmente por clientes e agentes financeiros;

• Aumento da comparação de desempenho - benchmarking (intra e extra-setorial); • Uso dos relatórios para comparação e classificação das empresas;

• Aumento da pressão pela emissão compulsória de relatórios em vez de voluntária;

• A inclusão da dimensão social no desempenho das organizações.

Na pesquisa realizada em 1999 pela empresa KPMG sobre este tema, das 1.100 companhias européias pesquisadas, 269 (24%) elaboraram relatório de desempenho ambiental e destes, 36% englobaram aspectos de sustentabilidade. Para as empresas classificadas como poluidoras esta percentagem foi de 44% (EEA, 2001d).

A federação européia de contabilistas – FEE - discutiu a evolução dos relatórios de desempenho ambiental no trabalho denominado: “Towards a generally accepted framework for environmental reporting”. Segundo este trabalho, a evolução na forma de relatar e medir o desempenho ambiental, principalmente nos aspectos relacionados à credibilidade e comparabilidade (por segmento), tende a estimular a sua maior utilização pelo setor financeiro (FEE, 2001).

A publicação recente feita pela UNEP e o Grupo Sustainability - denominada “Trust US” (UNEP, 2002) aborda de forma abrangente a questão da divulgação de informações ambientais pelas empresas. A base deste trabalho foram duas pesquisas feitas em 2000 e 2002, tendo como base os relatórios de desempenho publicados e as informações disponibilizadas nos websites de 100 empresas associadas ao World Business Council for Sustainable Development –WBCSD.

Segundo este trabalho, a década de 1992-2002 foi caracterizada pela demanda por transparência, enquanto que a seguinte deverá ser a década da confiança, com duas prioridades: a materialidade e a integração.

A materialidade implica na necessidade das empresas evidenciarem de forma concreta suas ações, programas, gestão, resultados e estratégia com respeito a sustentabilidade. A segunda prioridade será a integração, com foco em 04 áreas: balanços financeiros, governança, marcas e novos modelos de negócios (UNEP, 2002).

A demanda da sociedade por transparência das empresas, a globalização, a evolução da tecnologia de comunicação, a abertura de mercados e instrumentos reguladores, entre outras razões, tendem a ampliar o processo de avaliação, classificação e divulgação do desempenho ambiental das organizações nos diversos setores da economia.

No documento tese zeila c piotto (páginas 112-119)