• Nenhum resultado encontrado

Normas da série ISO 14000

No documento tese zeila c piotto (páginas 124-131)

3 A QUESTÃO AMBIENTAL

3.4 D ESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ECO EFICIÊNCIA

3.4.4 Ferramentas da eco-eficiência

3.4.4.5 Sistemas de gestão ambiental

3.4.4.5.1 Normas da série ISO 14000

a) Introdução

A série de normas ISO 14000 foi desenvolvida para auxiliar as empresas na gestão ambiental das suas atividades. Elas foram elaboradas pela organização internacional denominada ISO - International Organization for Standardization em 1991. Consistem em uma série de documentos que definem os elementos-chaves da gestão ambiental, tendo em vista os aspectos ambientais relacionados às atividades desenvolvidas pelas empresas. A primeira norma foi publicada oficialmente em 1996. A norma 14001 foi elaborada a partir de normas européias e canadenses, quais sejam: BS 7750 (Inglaterra); EMAS (União européia) e Environmental Management Program CSA- Canadian Standards Association (Canadá).

Destaca-se que as normas não determinam padrões de desempenho ambiental, elas indicam somente a sistemática para gerir o desempenho ambiental por meio de diferentes ferramentas de gestão.

A sua adoção tem caráter voluntário e não compulsório. Até o momento foram listadas 27 normas desta série, sendo que destas, 24 já foram publicadas e as demais estão nas versões intermediárias que precedem a sua publicação, conforme indicado na Tabela 7.

No Brasil a divulgação das normas traduzidas é feita pela ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Tabela 7 - Normas da série ISO e sua abrangência.

Normas Abrangência A série 14001 e 14004 Refere-se à gestão ambiental

Norma 14015 Refere-se a avaliação de organizações e empresas. A série 14020, 14021,

14024 e TR 14025 Refere-se a certificação de produtos (selos verdes). A série 14031 e 14032 Refere-se a avaliação de desempenho ambiental

Normas Abrangência (indicadores) A série 14040, 14041, 14042, 14043, TR 14047, TR 14048 e TR 14049

Refere-se a avaliação do ciclo de vida dos produtos (onde TR significa relatório técnico).

Norma 14050 Refere-se ao glossário de termos e definições.

Norma TR 14061 Refere-se a informações para auxiliar o uso das normas 14001 e 14004 em corporações florestais.

Norma TR 14062 Refere-se a gestão ambiental para integrar aspectos ambientais do projeto e desenvolvimento de produtos.

Norma 19011 Refere-se a instruções para auditoria (substitui as normas 14010, 14011 e 14012).

ISO Guide 64 Refere-se a instruções para inclusão dos aspectos ambientais de produtos.

ISO Guide 66 Refere-se a instruções gerais para registro e avaliação de organismos certificadores.

Fonte: ISO (2002)

Existem três documentos que estão em fase de elaboração/discussão (14047, 14063 e 14064) e que relacionam-se à análise de ciclo de vida, a comunicações ambientais e a medição, divulgação e verificação de projetos relacionados às emissões de gases estufa, respectivamente.

Esta parte da revisão bibliográfica abordará somente a norma relacionada à gestão ambiental 14001. As demais foram discutidas em detalhes na publicação: “Global Green Standards: ISO 14000 and Sustainable Development” da IISD (IISD, 1996) e no site: http://www.iso.org.

Segundo o relatório feito pela ISO, até dezembro de 2001 existiam 36.765 empresas certificadas no mundo, conforme a norma 14001. Como se pode ver nas Figuras 34 e 35, a maior parte das certificações estão na Europa e Ásia. O Brasil tinha até 2001,

350 empresas certificadas. O país com maior número de certificações é o Japão, com 8.123 certificados (ISO, 2002).

Figura 34 - Número de certificados ISO 14001 emitidos no mundo até 2001.

Fonte: ISO (2002)

Figura 35 - Distribuição dos certificados ISO 14001 emitidos até 2001.

Fonte: ISO (2002).

0

5000

10000

15000

20000

Certificados ISO 14001

Africa e Leste da Asia América Central e do Sul América do Norte Europa Asia Austrália a Nova Zelândia

2%

7%

50%

34%

4% 3%

Africa e Leste da Asia América Central e do Sul América do Norte Europa Asia Austrália a Nova Zelândia

b) Principais características da norma ISO 14001

O objetivo desta norma é estabelecer um padrão de conformidade para a gestão ambiental, tendo como foco a melhoria do desempenho ambiental (IISD,1996; ABNT, 1996).

Estas normas têm cinco componentes principais, que por sua vez são subdivididos em elementos.

Os principais componentes são: • Política ambiental;

• Planejamento;

• Implementação e operação; • Verificação e ações corretivas e • Análise crítica (revisão).

Como pode ser observado, o padrão de PDCA (P-Plan; D-do; C-Check; A-act) é refletido nos componentes da norma, similarmente às normas ISO voltadas para a gestão da qualidade.

A política ambiental deve explicitar o compromisso da organização com: • A melhoria contínua;

• Atendimento às normas e regulamentos; • Prevenção à poluição.

A política deve ser apropriada à escala e natureza da empresa e deve ser conhecida por todos os funcionários e disponível ao público em geral

O planejamento compreende a identificação dos principais aspectos ambientais e das demandas legais; o estabelecimento de objetivos e metas e o programa de gestão ambiental.

O planejamento deve identificar os responsáveis, a infra-estrutura e demais detalhes que permitam o efetivo acompanhamento e atendimento dos objetivos e metas.

Destaque-se que, embora o foco da ISO 14001 seja a gestão ambiental, a norma não desencoraja a inclusão dos aspectos relacionados à segurança e a saúde ocupacional.

A implementação e operação compreendem os seguintes elementos: • Estrutura e responsabilidade; • Treinamento e capacitação; • Comunicação; • Documentação; • Controle da documentação; • Controle operacional e

• Preparação e atendimento a emergência.

A organização deve ter uma sistemática para identificar situações de risco visando implementar ações corretivas e preventivas para minimizar os danos ao meio ambiente.

A verificação e ações corretivas compreendem os seguintes elementos: • Monitoramento e medição;

• Não conformidades, ações corretivas e preventivas; • Registros e

• Auditorias.

As auditorias de rotina podem ser feitas por auditores internos ou externos, enquanto que a auditoria de conformidade (para fins de certificação e manutenção do certificado) é feita por auditores externos vindos de empresas habilitadas.

A análise crítica (revisão) do sistema pela alta gerência permite verificar a adequação e eficácia da gestão ambiental, indicando onde há necessidade de mudanças e de correções de rumo, inclusive revisão da política ambiental, se for o caso.

c) O que a norma estabelece, permite ou induz e o que a norma não estabelece, permite ou induz

A norma estabelece; induz ou permite:

• A sistemática para gerir as questões ambientais, identificando falhas na gestão de alguns aspectos e permitindo a sua integração à gestão da empresa;

• A gestão adequada dos objetivos e metas, validando essa gestão por um organismo certificador externo;

• A melhoria do desempenho ambiental das organizações;

• A redução de pressões regulatórias e permite o atendimento às demandas legais com menores gastos de fiscalização pelo governo.

No entanto a norma NÃO estabelece; permite ou induz:

• Mudanças nos requisitos legais;

• Garantia do cumprimento às normas e requerimentos legais, ela só indica que a gestão do atendimento às exigências legais é feita pela empresa;

• Padrões de desempenho ambiental;

• Maior divulgação de informações relativas ao desempenho ambiental da empresa, conforme é mandatário no sistema europeu EMAS.

d) A ISO 14001 e a prevenção à poluição

Em 1998, um grupo de trabalho do Programa Nacional de Prevenção à Poluição da USEPA elaborou um documento que discutiu a questão da prevenção à poluição e suas implicâncias com a norma ISO 14001.

Neste documento, embora reconheça inúmeros aspectos positivos da norma, o grupo identificou os seguintes aspectos negativos:

• A norma é voltada para a gestão e não para o desempenho ambiental e neste sentido, ela não demanda sua melhora, medida por meio de indicadores ambientais;

• A definição do termo “prevenção à poluição” não distingue a prevenção do controle da poluição. Segundo o documento, ela falha por não destacar explicitamente a redução na fonte, prioritariamente a outras alternativas como reutilização e reciclagem, tratamento e disposição final;

• Baixa demanda relacionada à comunicação com as partes interessadas, deixando para a empresa o poder de definir sua abrangência e forma;

• A questão de confidencialidade das auditorias;

• “Propaganda” distorcida da norma, exagerando a sua utilidade e abrangência. A partir destas observações, o grupo fez algumas recomendações, dentre elas: treinamento em prevenção à poluição para os auditores e para os demais atores envolvidos na certificação; explicitar a redução na fonte como primeira estratégia para prevenir a poluição e maior envolvimento e transparência com as partes interessadas (USEPA, 1998b).

De certa forma, o trabalho do grupo evoluiu para uma proposta de um sistema integrado de gestão ambiental com uma abordagem mais ampla, voltada para a prevenção à poluição e que também considera os critérios de DfE –design for environment e de responsabilidade pós-consumo. Como conseqüência, em 2000 foi publicado um guia para implementação do sistema integrado, cuja formatação está alinhada com o conceito de PDCA - já empregado nas normas da série ISO (USEPA, 2000).

Em paralelo ao encaminhamento dado pela agência de proteção ambiental americana, várias modificações e inclusões estão sendo discutidas nos comitês da ISO relacionadas aos padrões ambientais. A norma 14001 está em processo de revisão, enquanto que outros relatórios estão sendo elaborados, como o TR 14063 – que está em fase de discussão, relativo às comunicações ambientais.

3.4.4.5.2 Sistema Europeu de Certificação – EMAS (European Eco-

No documento tese zeila c piotto (páginas 124-131)