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31.12. N Último dia do

2.2.1. Importância do Relato Integrado

“O relato integrado é visto como um grande desenvolvimento em comunicação corporativa.” (Azevedo et.al, 2013:37)

Os investidores, cada vez mais exigentes e atentos, requerem um incremento das informações prospetivas sobre diversos indicadores da empresa para poderem conseguir a tomada de decisão mais justa e equilibrada (KPMG, 2012b). Esse aumento de informação é exigido devido ao direcionamento das vontades de conhecimento profundo da empresa e relaciona-se com a estratégia, os modelos de negócios, o processo de criação de valor acrescentado e dos riscos específicos das empresas, bem como outros indicadores não financeiros importantes para a avaliação da mesma (KPMG, 2012b).

Existe um sentimento crescente entre inúmeras partes interessadas – os conselhos de administração, os comitês de auditora e os investidores – que o relato financeiro executado atualmente, ou seja, o relato que é realizado com base nos padrões internacionais de relato financeiro emitidos pelo IASB (normas IFRS) para a maioria das grandes empresas cotadas nas bolsas europeias, está cada vez menos adequado à realidade financeira mundial (KMPG, 2012b).

Os investidores expressam cada vez mais alguma frustração e insatisfação pela informação fornecida pelas empresas, por não se enquadrarem nas necessidades dos mercados pelo facto das informações serem estáticas e referentes a eventos do passado, por serem principalmente de natureza financeira e por serem difíceis de entender e de comparar

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http://www.theiirc.org/

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Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA contabilidades e critérios de avaliação (Terol, 2012:5-6).

As demonstrações financeiras têm sido, tradicionalmente, um elemento chave na cadeia de comunicação empresarial (KPMG, 2012b). Mas será que continuarão a sê-lo daqui a 10 anos? A essa pergunta, Mark Vaessen e Oliver Tant (consultores da KPMG), pensam que não, a menos que as demonstrações financeiras evoluam com os tempos para poderem oferecer uma nova visão corporativa e financeira (KPMG, 2012b).

Na realidade, as demonstrações financeiras têm sofrido duras críticas, uns por julgarem que as demonstrações se tornam demasiado complexas por causa da volumosa divulgação presente através dos julgamentos e notas adicionadas no anexo, ou outros por acharem que não estão suficientemente ligadas à estratégia global e ao modelo de negócio da entidade, ao contrário do relatório de gestão (KPMG, 2012b). Esses comentários negativos sucedem-se por causa do desenvolvimento preocupante e da sofisticação gradual do mundo dos negócios e das finanças notificada nos últimos anos, mas também, por acreditarem que só os peritos contabilistas (TOC em Portugal) e os auditores conseguem entender a informação inserida nas demonstrações financeiras e não os diversos interessados pela informação (KPMG, 2012b).

Num período de turbulência em que vivemos, diversas entidades internacionais ligadas à normalização contabilística (IIRC, IASB, EFRAG, FASB, etc.) estão empenhadas em desenvolver iniciativas e projetos direcionados para uma mudança aceite a nível global sobre soluções conceptuais de apresentação e divulgação de informação económico-financeira (KPMG, 2012b).

Este espírito de transformações no relato reflete-se devido às grandes mudanças na forma de orientação dos negócios, sobretudo, no que diz respeito à criação de valor acrescentado e em que contexto em que as empresas operam. Essas ditas mudanças vieram alterar de forma substancial o modelo de relato financeiro tradicional, tais como (IIRC, 2011:3):

- Globalização;

- A crescente atividade política em todo o mundo acerca das temáticas financeiras, de governação e outras crises;

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Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA - Escassez de recursos reais e potenciais;

- Crescimento da população; e - Preocupações ambientais.

Outro problema erguer-se quando falamos em organizações que operam em diversos mercados internacionais onde subsistem jurisdições empresariais diferentes em cada país. Esse facto dificulta a comparação do desempenho das empresas multinacionais e aumenta a necessidade de uma normalização das regras de relato (IIRC, 2011:3).

Por outro lado, é necessário entender que a relevância do relato integrado deve igualmente ser abordada num ponto de vista mais empresarial e de continuidade, pelo motivo que o modelo de negócio (business model) é percebido como um processo que procura criar e sustentar valor (value creation) numa organização que é delimitada através de escolhas que não dependem da própria mas sim do meio ambiente, como por exemplo (IIRC, 2011:10):

- A influência pelos fatores externos (condições económicas, questões sociais e mudanças tecnológicas) que apresentam riscos e oportunidades no contexto em que a organização opera;

- A preponderância das relações com os terceiros (funcionários, parceiros, fornecedores e clientes); e

- A dependência da disponibilidade, acessibilidade, qualidade e gestão otimizada dos recursos ou “capitais” (capitals) (financeiro, produção, humano, intelectual, social e natural).

Portanto, como uma entidade não sobrevive sem uma interação efetiva com o mundo exterior, o relato integrado deve fornecer informação acerca de como os fatores externos, as relações com terceiros e os recursos (não apenas financeiros) afetam positiva ou negativamente a organização e de como o modelo de negócio interage com os mesmos de maneira em gerar e assegurar valor a longo prazo. Assim, o relatório integrado contribui significativamente para uma ampla explicação do desempenho da organização com o seu meio envolvente e ilustra o método utilizado pela mesma na alocação eficiente de recursos escassos

26 “O conceito da accountability parece estar ligado à visão de que o sistema contabilístico deve produzir e divulgar informação útil à tomada de decisões económicas racionais. Assim, a informação contabilística terá um papel preponderante no processo de accountability se, para além de, permitir a verificação da legalidade e da execução do controlo financeiro, proporcionar a análise da consecução dos princípios de eficácia, da eficiência e da economia.” (Carvalho et al., 2011:43)

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Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA verificar pela imagem seguinte (IIRC, 2011:10).

Figura nº 6: Fatores externos do Relato Integrado

Fonte: IIRC, 2011:10

Para além do que foi referido anteriormente, a importância do relato integrado aumenta devido a inúmeras queixas e frustrações dos interessados pela informação (especialmente os investidores no mercado de capitais) sobre as carências evidentes do modelo atual de relato, nomeadamente, quando as características-chave do desempenho financeiro são frequentemente enterradas em volumosas e extensas demonstrações financeiras (necessidade de uns relatórios financeiros mais resumidos com informação mais relevante) ou quando raramente são relatados assuntos primordiais como a sustentabilidade e a administração da empresa que podem comprometer a estratégia de negócios, a tomada de decisões eficientes e a criação de valor (carência de um relato de sustentabilidade e do governo das sociedades) (KPMG, 2011:7).

Em suma, torna-se primordial a criação de um único relatório para reduzir o esforço de fornecimento de informação por parte das organizações e que condensa todo o tipo de esclarecimentos relevantes e necessários para avaliar o desempenho passado, atual e futuro das mesmas. Desta forma, o relatório integrado agrupa os diversos relatórios (obrigatórios ou não), já existentes em separados, como por exemplo, os documentos exigidos na prestação de contas (relatório de gestão, demonstrações financeiras,…), o relatório de sustentabilidade e o relatório de governo das sociedades, bem como consegue demonstrar a conetividade existente entre eles.

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