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A importância do plano municipal de saneamento básico para a celebração dos

4. A ATUAÇÃO DAS AGÊNCIAS REGULADORAS EM MATÉRIA DE

4.2 Diretrizes para uma atuação mais efetiva das agências reguladoras em Santa

4.2.1 A importância do plano municipal de saneamento básico para a celebração dos

A Lei n. 11.445/07, muitas vezes referida no decorrer deste trabalho, estabelece diversas exigências a serem cumpridas pelos entes para que os mesmos viabilizem as condições necessárias para se implementar a regulação efetiva do setor. Sendo assim, seu artigo 8 “Os titulares dos serviços públicos de saneamento básico poderão delegar a organização, a regulação, a fiscalização e a prestação desses serviços, nos termos do art. 241 da Constituição Federal e da Lei n.o 11 107 6 2005”

Além do mais, cabe ao titular dos serviços formular a respectiva política pública de saneamento básico, devendo, para tanto: elaborar os planos de saneamento básico, nos termos desta Lei; prestar diretamente ou autorizar a delegação dos serviços e definir o ente responsável pela sua regulação e fiscalização, bem como os procedimentos de sua atuação; adotar parâmetros para a garantia do atendimento essencial à saúde pública, inclusive quanto ao volume mínimo per capita de água para abastecimento público, observadas as normas nacionais relativas à potabilidade da água; fixar os direitos e os deveres dos usuários; estabelecer mecanismos de controle social, nos termos do inciso IV do caput do art. 3o desta Lei; estabelecer sistema de informações sobre os serviços, articulado com o Sistema Nacional de Informações em Saneamento; intervir e retomar a operação dos serviços delegados, por indicação da entidade reguladora, nos casos e condições previstos em lei e nos documentos contratuais. (LEI n. 11.445, art. 9, incisos I ao VII).

Com o intuito do próprio Estado se adequar às exigências dispostas na aludida lei, na data de 11 e 12 de julho de 2007, a Federação Catarinense dos Municípios (FECAM), principal entidade representativa dos Municípios Catarinenses, realizou, na Assembleia Legislativa do Estado, o Seminário intitulado O Município Frente ao Novo Marco Regulatório do Saneamento, com o intuito de discutir aquelas atribuições disposta na lei, há pouco enumeradas.

Desse a “ õ M nova Política Nacional de Saneamento Básico, regulamentada pela Lei n. 11.445/07, são a

instituição da Política e do Plano Municipal de Saneamento Básico, além da definição da agência ” ( ANTA ATARINA 2008 08)

No que concerne à Política e o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), determina a Lei n. 11.445/07 em seu artigo 9 que cabe ao titular da política pública de saneamento básico formulá-lo e em seu artigo 19 traz em seus incisos às exigências que devem abranger esses planos:

I - Diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, utilizando sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos, bem como apontando as causas das deficiências detectadas;

II - Objetivos e metas de curto, médio e longo prazos para a universalização, admitidas soluções graduais e progressivas, observando a compatibilidade com os demais planos setoriais;

III - Programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e as metas, de modo compatível com os respectivos planos plurianuais e com outros planos governamentais correlatos, identificando possíveis fontes de financiamento;

IV - Ações para emergências e contigências;

V - Mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações programadas.

Cumpre ressaltar que esses planos devem contemplar o cenário atual do Município, para isso deve ser elaborado um estudo adequado de suas metas acerca do saneamento básico, eles consolidam as informações e mostram de que forma poderão ser atendidas as demandas atuais e futuras relativas aos Sistemas de Abastecimento de Águas e Sistema de Esgoto Sanitário no município. Observa-se, ademais, que o município pode elaborar planos específicos, caso assim ache adequado, para cada um dos componentes que envolvem o saneamento básico, mas a unificação destes planos deverá ocorrer no PMSB.

Moraes (2009, p. 48) afirma que o referido P “ ações de investimentos necessários para a prestação universal, integral e atualizada dos serviços públicos de Saneamento Básico é definida com base no estado de salubridade ambiental e nos níveis de prestação dos serviços.”

Com o objetivo de elaborar o PMSB o município, no caso o titular, poderá utilizar estudos fornecidos pelos prestadores de cada serviço21; caso ocorra a formulação de planos específicos para cada componente de Saneamento Básico, o município fica responsável pela sua

21 Art. 19. A prestação de serviços públicos de saneamento básico observará plano, que poderá ser específico para cada serviço, o qual abrangerá, no mínimo:

§ 1o Os planos de saneamento básico serão editados pelos titulares, podendo ser elaborados com base em estudos fornecidos pelos prestadores de cada serviço.

consolidação e compatibilização22; e ainda o plano deverá ser compatível com planos de bacias hidrográficas23; e por conter objetivos e metas de longo prazo, deverá ser elaborado para um prazo de 20 anos e ser revisto periodicamente, pelo menos a cada 04 anos, antes da elaboração do Plano Plurianual24.

Em consonância com os princípios de transparência das ações (artigo 2º, IX) e de controle social (artigo 2º, X) as propostas dos planos de Saneamento Básico e os estudos que as fundamentam devem ser amplamente divulgadas, inclusive, com a realização de audiências ou consultas públicas (artigo 19, parágrafo 5º), todos artigos extraídos da Lei n 11.445/07. (MORAES, 2009).

Para iniciar a formulação do PMSB pode-se instituir no Município um fórum permanente para debater as questões sobre o Saneamento Básico, e este pode se transformar no embrião de Conselho da Cidade ou de Conselho Municipal de Saneamento Básico ou equivalente, caso ainda não exista. Contudo, para isso é necessário que o Poder Público Municipal tome a decisão política de primeiramente, realizar o Plano. (KUZOLITZ, 2011).

E se for essa a vontade, a Prefeitura municipal deverá compor equipe para tal tarefa, e caso necessite, para contribuir na elaboração, pode firmar convênio com Universidade ou Centro de Pesquisa/ Tecnologia público da região, ou até contratar uma ONG ou empresa de consultoria que esteja apta para tratar do tema (MORAES, 2009).

O Conselho Municipal de Saneamento Básico ou da Cidade ou equivalente deve ser uma instância colegiada de caráter deliberativo e consultivo, composto por representantes do Poder Público Municipal, dos prestadores de serviço, dos usuários e de outros segmentos sociais, devendo ser criado por lei municipal. O Conselho tem a competência de formular e avaliar sua implementação. Seu regulamento e suas competências devem ser compatíveis com os princípios, diretrizes e objetivos da Política Nacional de Saneamento Básico. (MORAES, 2009, p. 45).

Ainda, segundo Moraes (2009) as atividades de aprovar o planejamento, regular, fiscalizar e avaliar a prestação dos serviços de Saneamento Básico, mediante apoio técnico de instituição capacitada cabe a este Conselho e demais instâncias municipais competentes, estas que podem

22 Art. 19. § 2o A consolidação e compatibilização dos planos específicos de cada serviço serão efetuadas pelos respectivos titulares.

23Art. 19. § 3o Os planos de saneamento básico deverão ser compatíveis com os planos das bacias hidrográficas em que estiverem inseridos.

24 § 4o Art. 19. Os planos de saneamento básico serão revistos periodicamente, em prazo não superior a 4 (quatro) anos, anteriormente à elaboração do Plano Plurianual.

resultar de associação entre municípios ou pertencer ao governo estadual ou ainda ser apenas municipal.

A figura 4 abaixo apresenta as etapas e atividades para elaboração, aprovação, institucionalização, implementação e avaliação do Plano, este que acordo com as experiências brasileiras, tem levado em média doze meses para ser elaborado por meio do processo participativo é o que afirma Moraes em seu artigo a “Política e Plano Municipal de Saneamento Básico: aportes conceituais e metodológicos” (2009, p. 47):

Figura 4: Etapas e atividades para o desenvolvimento do Plano Municipal de Saneamento Básico Fonte: MORAES, 2009, p.47.

Devido a isso o Plano Municipal de Saneamento Básico, ainda segundo Moraes (2009, p. 43) “[ ] entendimento ” PM B deve ter uma linguagem acessível e clara a fim de que todos possam participar de sua elaboração, pois o Plano deve ser elaborado sobre um processo de planejamento integrado e de uma construção coletiva.

A fim de que o processo seja público e transparente é de suma importância:

A construção de estratégias eficazes de comunicação, utilizando-se de diversos meios como rádio, jornais, televisão, internet, cartilhas, elementos importantes para a mobilização da população e divulgação das informações e propostas. As redes sociais estabelecidas na sociedade civil organizada, formada por associações de moradores, entidades profissionais, sindicatos, ONG´s, entidades de classe e outras, como a escolar, a do orçamento participativo, as igrejas, devem ser envolvidas para a sua divulgação. Os documentos para consulta devem estar à disposição em locais públicos e de conhecimento da população. (MORAES, 2009, p. 43).

É importante compreender o PMSB como uma forma de consolidar as informações acerca do serviços saneamento básico. E cumpre ressaltar, também, que os PMSB mostram de que maneira poderão ser atendidas as demandas atuais e futuras relativas aos Sistemas de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário no município. Nesta ocasião, necessário se levar em conta que o Convênio de Cooperação depois de elaborado o PMSB devidamente ajustado ao Plano Diretor do Município continuará em vigor. Entretanto, a relação entre a concessionária e o Município após a aprovação do PMSB, sofrerá um ajuste em sua relação jurídica, haja vista que será assinado mediante Contrato de Programa.

Deve-se, ainda, compreender o PMSB como uma etapa no planejamento integrado no que concerne à prestação regular dos serviços de saneamento básico, uma vez que a sua criação é condição de validade dos contratos que tenham por objeto a prestação de serviços públicos de saneamento básico.

Ademais, cumpre ressaltar que garantir o cumprimento das condições e metas estabelecidas nos contratos e planos de saneamento faz parte dos objetivos elencados à entidade reguladora, como dispõe o artigo 22 da Lei n. 11.445/0725

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Art. 22. São objetivos da regulação: I - estabelecer padrões e normas para a adequada prestação dos serviços e para a satisfação dos usuários; II - garantir o cumprimento das condições e metas estabelecidas;III - prevenir e reprimir o abuso do poder econômico, ressalvada a competência dos órgãos integrantes do sistema nacional de defesa da concorrência; IV - definir tarifas que assegurem tanto o equilíbrio econômico e financeiro dos contratos como a modicidade tarifária, mediante mecanismos que induzam a eficiência e eficácia dos serviços e que permitam a apropriação social dos ganhos de produtividade.

Sendo assim, para o efetivo cumprimento das metas estabelecidas pelos planos municipais de saneamento, devem as agências reguladoras presentes no Estado de Santa Catarina exigir dos prestadores dos serviços de saneamento o respeito ao cumprimento das disposições ali fixadas, que nortearão os planos de investimento e ampliação das atividades de abastecimento de água e esgotamento sanitário.

Cabe ainda, apontar que nos municípios que ainda não tenham o PMSB, também é papel da agência reguladora, em conjugação aos princípios já aludidos no decorrer da monografia, cobrar dos titulares à formulação de tal plano.

E essa cobrança, pode ser feita por meio de notificação, advertência, além de cobrar a agência possui o papel de auxiliar, fornecer subsídios para a elaboração dos PMSB.

E naqueles municípios que já existam, o PMSB deve ser visto como a principal diretriz para uma maior atuação das agências reguladoras, tendo em vista a importância que aquele tem para o estabelecimento da realidade local, metas a serem alcançadas.

4.2.2 Condições a serem observadas para a correta regulação do setor de saneamento básico no