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Requisitos e princípios dos serviços públicos sob a perspectiva dos serviços de

2. SERVIÇO PÚBLICO E SANEAMENTO BÁSICO

2.3 Requisitos e princípios dos serviços públicos sob a perspectiva dos serviços de

Na prestação dos serviços públicos pela Administração Pública, sua titular, ou por terceiros, seus concessionários ou permissionários, devem ser observados os princípios informadores dos serviços públicos, mesmo que a doutrina não seja unânime em enumerá-los, como se verá a seguir.

São esses os princípios da continuidade, da igualdade e da mutabilidade do regime jurídico. Sendo os serviços de saneamento básico serviços públicos, aqueles devem respeitar os aludidos princípios.

Hely Lopes Meirelles sintetiza os requisitos do serviço público ou de utilidade pública em cinco princípios que a Administração deve ter sempre presentes, para cobrá-los de quem os preste e além do que tais princípios devem ser observados ao serem prestados aos usuários:

[...] o princípio da permanência impõe continuidade no serviço; o da generalidade impõe serviço igual para todos; o da eficiência exige atualização do serviço; o da modicidade exige tarifas razoáveis; e o da cortesia traduz-se em bom tratamento com o público. O art. 6 e seus §§ da Lei n. 8.987/95 [que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos] dizem que serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários ‘ õ eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade ’ [ ] F õ ú ico ou de utilidade pública, é dever da Administração intervir para restabelecer seu regular funcionamento ou retomar sua prestação. (MEIRELLES, 2010, p. 371, itálico do autor) Expõe, ainda, Gasparini (2006, p. 296), que:

A inobservância desses requisitos ensancha à Administração Pública competente a oportunidade de exigir seu total cumprimento, de aplicar, depois do devido processo legal, as penas cabíveis e de intervir na prestação, quando executado por concessionários ou permissionários. Todas as medidas, administrativas e judiciais, que a situação exigir para restabelecer, de pronto, o regular funcionamento do serviço devem ser tomadas pela Administração Pública titular dos serviços trespassados, que nesse particular não têm qualquer disponibilidade. A dificuldade de avaliar se a entidade titular desses serviços públicos pode ser minorada se a entidade titular desses serviços tiver a seu dispor pertinente legislação [...].

A respeito dos aspectos jurídicos e os meios hábeis de se poder tomar as medidas necessárias para regular a prestação dos serviços públicos, mais especificamente as do saneamento básico, serão retomadas no capítulo 3.

Maria Sylvia Di Pietro é mais sucinta ao se referir aos princípios inerentes ao regime jurídico dos serviços públicos, seguindo a linha da doutrina francesa, dessa forma para a autora os

princípios resumem-se a: “continuidade do serviço público, o da mutabilidade do regime jurídico e da igualdade dos usuários” (DI PI TR 2010 108).

Para MELLO (2010, p. 678) os princípios do serviço público – que se constituem no aspecto formal do conceito e compõem, portanto, seu regime jurídico – são os seguintes:

1) dever inescusável do Estado de promover-lhe a prestação, seja diretamente, [...] seja indiretamente [como no caso do saneamento básico] mediante autorização, concessão ou permissão [...]. Segue-se que, se o Estado omitir-se, cabe, dependendo da hipótese, ação judicial, para compeli-lo a agir ou responsabilidade por danos que tal omissão haja causado.

2) princípio da supremacia do interesse público [...] o norte obrigatório de quaisquer decisões atinentes ao serviço serão conveniências da coletividade [...].

3) princípio da adaptabilidade, ou seja sua atualização e modernização [...].

4) princípio da universalidade, por força do qual o serviço é indistintamente aberto à generalidade do público;

5) princípio da impessoalidade, do que decorre a inadmissibilidade de discriminações entre os usuários;

6) princípio da continuidade, significando isto a impossibilidade de sua interrupção e o pleno direito dos administrados a que não seja suspenso ou interrompido.

7) princípio da transparência, impositivo da liberação a mais ampla possível ao púlbico em geral do conhecimento de tudo o que concerne ao serviço e à sua prestação, aí estando implicado o

8) princípio da motivação, isto é, o dever de fundamentar com largueza todas as decisões atinentes ao serviço;

9) princípio da modicidade das tarifas [...].

10) princípio do controle (interno e externo) sobre as condições de sua prestação. (itálico do autor)

No que diz respeito aos princípios do saneamento a Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (ASSEMAE) dispõe que são eles:

a) Universalidade – por sua estreita vinculação com a saúde e qualidade de vida, o acesso aos serviços de saneamento é um direito de todos e um dever do Estado, como definido na Constituição.

b) Eqüidade – o cidadão tem direito a serviços de saneamento com qualidade. O padrão do serviço ofertado não deve ser discriminado segundo a classe social.

c) Integralidade – os serviços devem ser ofertados conforme a necessidade dos cidadãos. (ZIMMERMANN, 2003, p. 129)

“De qualquer maneira, os serviços públicos deverão ser prestados, não importando a forma (direta ou indireta) dessa prestação, de modo adequado, como quer a Lei Maior (art. 175, ú IV)” (GA PARINI 2006 296).

Ademais, o marco legal do saneamento básico, Lei n. 11.445/07 em seu artigo 2,10

encontram-se os princípios aplicáveis aos serviços públicos de saneamento, sendo este artigo

10 Art. 2o Os serviços públicos de saneamento básico serão prestados com base nos seguintes princípios fundamentais: I - universalização do acesso; II - integralidade, compreendida como o conjunto de todas as atividades

considerado um rol exemplificativo, pois há princípios não citados expressamente na relação do artigo 2 como os já aludidos anteriormente. “A ó L n. 11.445/2007, no art. 21, por exemplo, relaciona outros princípios:

Art. 21. O exercício da função de regulação atenderá aos seguintes princípios:

I - independência decisória, incluindo autonomia administrativa, orçamentária e financeira da entidade reguladora;

II - transparência, tecnicidade, celeridade e objetividade das decisões.

Extrai-se do exposto que grande parte dos princípios que concernem à prestação dos serviços públicos foram abordados, entretanto, cumpre ressaltar que diante à ampla definição de serviços públicos, muitos outros princípios podem ser elencados. Sendo assim, não se excluem quaisquer outros aqui não mencionados, uma vez “ ó L n. 11.445/07, no artigo 21, ” (MILARÉ, 2007, p. 611)

e componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento básico, propiciando à população o acesso na

conformidade de suas necessidades e maximizando a eficácia das ações e resultados; III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente; IV - disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e de manejo das águas pluviais adequados à saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e privado; V - adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as peculiaridades locais e regionais; VI - articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante; VII - eficiência e sustentabilidade econômica; VIII - utilização de tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de pagamento dos usuários e a adoção de soluções graduais e progressivas; IX - transparência das ações, baseada em sistemas de informações e processos decisórios institucionalizados; X - controle social; XI - segurança, qualidade e regularidade; XII - integração das infra-estruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos hídricos.

3. REGULAÇÃO NO SANEAMENTO BÁSICO: O PAPEL DAS AGÊNCIAS