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Desafio da Mudança

A Cultura é o fundamento da identidade nacional, quer numa perspectiva histórica, na sua vertente patrimonial, quer numa perspectiva contemporânea, através da sua vertente criativa e linguística.

A Cultura e os seus agentes precisam de estabilidade e condições para cumprir integralmente o seu potencial e a sua missão na sociedade:

 A nível institucional, redefinindo as orgânicas e competências institucionais – de que são exemplos a revisão do estatuto da OPART e regresso à excelência das produções do Teatro Nacional de S. Carlos e Companhia Nacional de Bailado, e promovendo a autonomia dos Teatros Nacionais de D. Maria II e S. João do Porto.  A nível orçamental – o financiamento das estruturas culturais do Estado tem de ser feita a um nível que

permita o cabal cumprimento das suas obrigações constitucionais, legais e de serviço público, envolvendo a Administração Central, as Autarquias e a Sociedade Civil. Em simultâneo, deve-se - repensar os apoios a fundações e outras entidades que dependem, quase exclusivamente, das subvenções.

 A nível normativo – garantindo a continuidade da legislação aplicável a apoios e quadros de funcionamento, de maneira a possibilitar um estável planeamento plurianual.

No actual estado de desestruturação do sector e agonia dos seus agentes, a ideia da sustentabilidade deve constituir um primado das acções a promover. Mais do que refazer configurações institucionais de funcionamento, legislação e orgânicas, é necessário garantir condições para que as instituições, organizações e agentes possam prosseguir a sua missão, tornando público, e ao serviço dos cidadãos, o melhor do seu esforço e do seu trabalho. A ideia da excelência, das boas práticas, do fazer bem e melhor, deverá constituir a mensagem fundamental de motivação do sector cultural.

Objectivos para a Mudança

É imperioso promover a ligação entre o sector criativo e cultural, entre parceiros institucionais e privados (autarquias, empresas), apoiando outras soluções de financiamento a projectos artísticos e culturais, assumindo as seguintes prioridades:

 Aperfeiçoar o Estatuto dos Profissionais das Artes, que concretize todos os direitos e obrigações legais destes profissionais, e seja a base real da sua estabilidade profissional, sustentabilidade e criatividade;

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 Aprofundar a contratualização dos apoios, aumentando os prazos de concessão no sentido de possibilitar a criação de projectos artísticos plurianuais com maior liberdade criativa, maior impacto na sociedade e melhor sustentabilidade;

 Aumentar a circulação interna da criação artística, promovendo os circuitos integrados e a co-produção e programação regionais;

 Promover a proximidade e articulação entre os criadores e as indústrias de modo a potenciar o valor económico de projectos e talentos;

 Apostar na divulgação internacional dos criadores portugueses em todos os quadrantes das artes, reconhecida a sua capacidade de acrescentar valor e contribuir para a exportações nacionais;

 Assegurar a ligação entre os vários Ministérios, Institutos, serviços e o sector empresarial do Estado de modo a promover e incentivar o trabalho conjunto de criadores, indústrias produtivas e prestadoras de serviços. No domínio das estruturas de criação e produção tuteladas pelo Estado devem ser assumidas as responsabilidades em relação aos seus activos de administração directa (Património edificado e Património intangível, E.P.E./Teatros Nacionais, Arquivos e Bibliotecas, Livro e Audiovisual), sendo o Orçamento de Estado a sua base primordial de sustentação, assumindo-se claramente o papel do mecenato como complementar, numa lógica de “match-funding”: a garantia de investimento do Estado aportará aos privados uma maior credibilidade e segurança dos projectos, incentivando a participação da sociedade civil, facilitando a aposta conjunta nos domínios artísticos e culturais, pelo seu valor intrínseco, pela contribuição para as políticas de responsabilidade social das empresas e pelo seu papel na preservação da identidade do País através da Cultura.

Eixos de Acção para a Mudança Património

Representando a Herança Comum de todos os portugueses, o Património tangível e o Património intangível são factores de identidade nacional, referências fundamentais na educação dos portugueses e elementos de enorme potencial para a nossa economia. Daí a necessidade de assumir a manutenção responsável e a valorização dos museus e monumentos nacionais, a promover com as Autarquias, as Escolas e a Sociedade Civil, reconhecendo um contributo que não se esgota na sua contemplação e fruição.

Investir no Património é reconhecer o impacto positivo da sua manutenção e reabilitação (do património monumental e dos centros históricos urbanos) para lá do sector cultural, seja a nível das obras públicas e políticas urbanas, criando melhor habitação e melhores cidades, seja a nível do emprego, contribuindo para qualificação pessoal e laboral, através de formação profissional específica, seja pelas suas implicações no mercado do turismo.

Teatros Nacionais/ Entidades Públicas Empresariais

É fundamental restaurar a identidade cultural e o prestígio dos Teatros Nacionais, debilitados por políticas erráticas e irracionais. Como tal, impõe-se:

 Definir contratos-programa para estas entidades, aprofundando a sua dimensão de serviço público.  Estabelecer e precisar as missões e objectivos culturais dos organismos.

 Promover o trabalho em rede, incentivando a participação nas plataformas internacionais de criação artística. Cinema

Correspondendo à emergência de novos talentos, dever-se-á reforçar, privilegiadamente o apoio a primeiras obras, garantido, simultaneamente, a variedade da produção e o acesso a novos públicos. Para tal é fundamental:

 Aprofundar a ligação do sector do cinema ao serviço de televisão, garantindo maior visibilidade, impulsionando o papel da televisão como co-produtor/comprador de ficção e não-ficção, e ainda o seu papel como promotor no alargamento de mercados, repondo desta maneira uma relação equilibrada entre as duas áreas e garantindo o acesso generalizado de públicos mais vastos à produção cinematográfica nacional.  Normalizar a alternância no acesso aos apoios, garantindo que estes atingem um maior número de jovens

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