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Realizar um Choque de Gestão: aumentar a eficiência da Administração Pública

Um Estado Promotor do Crescimento Económico e do Desenvolvimento Sustentável

Eixo 3. Realizar um Choque de Gestão: aumentar a eficiência da Administração Pública

O Programa para a Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE) desenvolvido pelos governos do Partido Socialista a partir de 2005 teve efeitos muito reduzidos, não tendo alcançado os seus objectivos fundamentais no sentido de conseguir um efectivo emagrecimento da estrutura e dos custos fixos do Estado e o aumento de níveis de eficiência e qualidade de serviço.

Pelo contrário, os organismos públicos continuaram a proliferar. De acordo com estimativas recentes, existem actualmente perto de 360 institutos públicos e 640 fundações públicas. O número de diferentes entidades e organismos no conjunto da Administração Central, Regional e Local supera os 10 mil.

Neste contexto, o PSD tem por objectivos:

Moralizar as despesas de funcionamento das Administrações Públicas de forma a demonstrar junto dos portugueses que os sacrifícios não são só para os cidadãos;

Aumentar a eficiência da Administração Pública e reduzir os custos para dentro dos limites das capacidades reais do País;

Modernizar a Administração Pública de forma a acompanhar as novas exigências dos cidadãos na sociedade da informação e das empresas na economia do conhecimento;

Dignificar, valorizar, apoiar e envolver os funcionários públicos e outros agentes do Estado que, com o seu espírito de missão e competência, são os responsáveis últimos pela concretização das políticas públicas e pelo desempenho da Administração Pública.

Medidas de Moralização

Registo de alguns exemplos de medidas referenciadas no programa:

Despolitizar o Estado, implementando um sistema em que o recrutamento de dirigentes será transparente e baseado em avaliação externa;

 Redução substancial do número de assessores em cada ministério (20% no imediato e 50% no final da legislatura) e nas empresas públicas (idem);

 Redução substancial das despesas de representação tanto no Governo como nas empresas públicas (30% anual);

 Redução substancial do número e tipologia de viaturas do Estado;

 Por regra, as empresas públicas que não actuem num mercado concorrencial, deverão ter conselhos de administração executivos de apenas três elementos;

Redução do número de cargos de direcção e administração e de dirigentes intermédios, respeitando os constrangimentos legais;

 Redução de despesas com bens transversais aos vários ministérios (papel, impressoras, equipamento informático, segurança, energia, comunicações, entre outros) em pelo menos 15%;

 Caminhar rapidamente para o pagamento a 60 dias aos fornecedores do Estado e das Empresas Públicas, Municipais e Regionais.

À luz da experiência recente em Portugal e noutros Países, de forma a tornar a Administração Pública mais eficiente e sustentável, o PSD irá actuar de forma determinante nas seguintes áreas:

Melhoria de processos e simplificação de estruturas organizativas; Melhoria das actividades de suporte;

Controlo e redução de custos; Reforço dos instrumentos de gestão.

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Nestas quatro áreas e de um modo geral no processo de transformação da Administração Pública, o PSD irá adoptar os seguintes princípios de actuação:

Abordar esta transformação com uma perspectiva de médio prazo, como um processo sustentável, com impactos perenes e não numa lógica imediatista e de tacticismo eleitoralista;

Adoptar uma abordagem pragmática de intervenção baseada na transformação de processos operacionais dentro de uma cadeia de valor focada no serviço ao cidadão;

Trabalhar numa lógica de projecto, com objectivos claros e calendarizados, recursos controlados e não gastando energias em reformas globais de cariz muito abrangente;

Aproveitar as estruturas orgânicas existentes de forma a obter resultados imediatos e evitar, sempre que possível, reestruturações orgânicas que sempre causam atrasos na capacidade de obtenção de resultados;  Evitar descontinuar políticas, estruturas e projectos em curso que estejam a cumprir os seus objectivos.

Avaliar quais as alterações de enquadramento legal e processual que deverão e poderão ser realizadas de forma a permitir uma efectiva, atempada e consequente implementação das decisões de carácter estratégico e operacional que venham a ser tomadas.

No âmbito da melhoria dos processos e simplificação das estruturas organizativas, destacamos as seguintes iniciativas:

 Extinguir, fundir ou reduzir estruturas (fundações, institutos, observatórios, etc.) consideradas dispensáveis ou de dimensão excessiva, permitindo um primeiro ganho de eficiência;

Realizar uma abordagem de base zero, isto é, questionar tarefas e funções, de forma a identificar outras estruturas que sejam passíveis de eliminação ou redimensionamento e os processos que devam ser alvo de uma reengenharia significativa.

No âmbito da melhoria das actividades de suporte, destacamos as seguintes iniciativas:

 Optimização das Compras Públicas. A actuação da Agência Nacional de Compras Públicas (ANCP) tem ficado aquém do esperado em termos de calendário de implementação de medidas e de eficácia de actuação. A actividade da ANCP, bem como das Unidades Ministeriais de Compras, devem ser reforçadas no sentido de atingir uma poupança anual mínima de 250 milhões de euros, na aquisição de bens transversais;

 Contratação pública electrónica. Desmaterialização progressiva de todo o ciclo da contratação pública, de forma a melhorar níveis de eficiência e de eficácia e aproveitar todo o potencial de poupança possível através da contratação pública electrónica;

 Serviços Partilhados. A eficiência, a redução de custos e a qualidade de serviço podem ser melhoradas através da gestão partilhada de actividades de suporte, nomeadamente ao nível das áreas de contabilidade e finanças, gestão de recursos humanos, de infra-estruturas, de sistemas de informação, de serviços de segurança e de património. Neste contexto, serão adoptadas as seguintes medidas:

 Avaliação do actual modelo de actuação da GERAP;

 Maior envolvimento dos ministérios no processo de implementação dos serviços partilhados;  Avaliação de soluções prestadas pelo sector privado;

 Promoção da subcontratação de certas actividades acessórias que possam ser desempenhadas de uma forma mais eficiente por entidades privadas que operem no mercado, desde que dai não resulte qualquer prejuízo para os cidadãos.

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No âmbito da redução de custos, tomaremos as seguintes iniciativas, que vão contribuir para o Programa Nacional de Poupança, libertando crédito para as empresas e para as famílias:

Optimização progressiva dos meios humanos afectos à Administração Pública através da gestão de entradas e saídas, incentivando a mobilidade dos trabalhadores entre os vários organismos, e entre estas e o sector privado, facilitando rescisões por mútuo acordo, e seguindo uma política de recrutamento altamente restritiva em articulação com os movimentos normais de passagem à reforma dos servidores do Estado;

Plano de Recursos Humanos na Administração Pública Central que garanta a regra de uma entrada de 1 elemento no activo por cada 5 elementos que se reformem ou saiam;

Continuação dos programas de racionalização do património do Estado;

Remodelar os edifícios existentes em termos de lay-outs mais funcionais, em vez de adquirir novos edifícios e utilizar os edifícios devolutos;

Redução do parque de viaturas das administrações públicas de uma forma considerável;

Redução do número de cargos de direcção e administração e de dirigentes intermédios, respeitando constrangimentos legais;

Revisão dos mecanismos de prevenção e controlo que impeçam deslizamentos de custos e prazos inaceitáveis, na concepção, contratação e execução das obras públicas, acima de um determinado montante;

Alargamento da fiscalização do Tribunal de Contas a todos os organismos que recebam apoios do Orçamento do Estado. Número de Entidades Financiadas pelo Orçamento de Estado (Directa ou Indirectamente)

Administração Central 5.271 Administração Local 5.095 Administração Regional 204 Empresas Públicas 1.182 Institutos Públicos 356 Empresas Municipais e Regionais 343 Fundações 639

Sem Fins Lucrativos 485

Outros 166

Total 13.740

Estudo sobre a evolução do Tribunal de Contas em linha com a sua maior ênfase actual na auditoria, em contraste com a função de tribunal;

No âmbito do aperfeiçoamento dos instrumentos de gestão, tomaremos as seguintes iniciativas: Introdução de sistemas de informação de gestão;

Generalização da utilização de Acordos de Nível de Serviço (ANS), entre serviços públicos e entre estes e os fornecedores;

Reforço do princípio da orçamentação por programas, devendo os organismos receber transferências financeiras destinadas à concretização de objectivos definidos e quantificados, por oposição a transferências para financiar o funcionamento corrente;

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Estabelecimento de limites para certas rubricas de despesa, como garantia adicional do controle efectivo da despesa pública;

Reforço do planeamento plurianual das actividades. Para além de possibilitar uma gestão baseada numa visão de médio prazo, permitirá que a componente variável do sistema remuneratório esteja associada ao desempenho de médio prazo;

Promoção de uma cultura orientada para os resultados e para a responsabilização. Eixo 4. Promover um Serviço Público de Excelência: Serviço Centrado no Cidadão

Portugal, desde os tempos da criação da UMIC, em 2002, e da elaboração dos primeiros planos estratégicos na área da governação electrónica, tem sabido aproveitar a evolução e progresso tecnológico.

Portugal ocupa a 21ª posição entre 27 países analisados, no indicador da “percentagem da população que utiliza os serviços electrónicos” e a 15ª no indicador “empresas que utilizam os serviços electrónicos”.

Tendo em atenção que Portugal ocupa a primeira posição na percentagem de serviços disponibilizados pela internet, Portugal tem das mais baixas taxas de eficácia dos seus investimentos na governação eletrónica, indicando um investimento excessivo para os resultados alcançados, ou um foco em servir os indicadores mais do que os cidadãos. O próprio relatório refere que a governação electrónica tem tido agendas diversas em diferentes países, sendo em alguns a “transformação” e, noutros, “estar bem nos indicadores comparativos”.

O relatório de 2010 da Nações Unidas sobre o desenvolvimento de serviços de Governo Electrónico no mundo mostra uma queda de oito posições de Portugal para 39º na tabela, face aos dados de 2008.

Uma Visão da Transformação

A nossa visão é acelerar a evolução da Administração Pública no seguinte sentido:

 Em termos organizacionais, o Estado centralizado, organizado em silos isolados, dará lugar ao funcionamento em rede e integrado;

 A informação circulará dentro da Administração, deixando esta de exigir ao cidadão que preste informação de que a própria Administração dispõe em outros departamentos;

Esta alteração permitirá também uma evolução no relacionamento entre o Estado, a Sociedade Civil, os cidadãos e os funcionários públicos, para maior interacção e parceria de responsabilidades e espaço para maior participação individual e da sociedade civil. Esta alteração de paradigma do funcionamento da Administração Pública contribuirá, ainda, para o aumento da eficiência e da eficácia dos processos, através da desmaterialização dos mesmos, bem como para a redução de custos operacionais, após o investimento inicial de transformação;

No âmbito do elevado potencial de transformação da aplicação das tecnologias de informação e comunicação na Administração Pública, iremos adoptar os seguintes princípios de actuação:

Os investimentos em tecnologia deverão ser avaliados, decididos e medidos em termos do seu potencial impacto na transformação perene das organizações e dos processos, na qualidade do serviço ao cidadão e às empresas e na sua efectiva utilização;

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