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3 OBJETIVOS

4.4 INCLUSÃO DO TEMA SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA NO

4.4.1 Inclusão do tema saúde sexual e reprodutiva nos componentes curriculares obrigatórios do curso de Medicina da UFRN.

No planejamento das atividades regulares dos componentes obrigatórios oferecidos pelo Departamento de Tocoginecologia listados no quadro 2 acima, foi adotado o pressuposto de relacionar, ao máximo possível, os conteúdos desenvolvidos com a proposta pedagógica do curso, visando à formação do médico generalista.

O curso de Medicina da UFRN oferece uma formação sólida na área da Saúde da Mulher, especialmente no que tange aos aspectos biomédicos e formação clínica em nível ambulatorial e hospitalar. Como indicadores dessa afirmação, e no sentido de diagnosticar as características da formação regularmente ofertada aos estudantes, realizamos na etapa preliminar deste trabalho, uma análise documental dos conteúdos programáticos dos componentes curriculares obrigatórios relacionados à área da Saúde da Mulher, utilizando-se para tal os programas instituídos no período de 2006 a 2010.

O quadro 3 apresenta os conteúdos detectados com alguma interface com a atenção à saúde sexual e reprodutiva, onde se percebe uma predominância forte de conteúdos ligados às doenças ginecológicas e obstétricas, reforçando a formação centrada no modelo biomédico, em detrimento da abordagem de temas ligados aos Direitos Humanos, Sexuais e Reprodutivos.

Quadro 3 – Temas relacionados à Saúde Sexual e Reprodutiva incluídos nos

programas dos Componentes Curriculares obrigatórios desenvolvidos pelo Departamento de Tocoginecologia/UFRN.

Clínica Ginecológica Clínica Obstétrica Internato de

Tocoginecologia I e II  Ética em ginecologia  Desenvolvimento sexual normal e anômalo  Noções básicas de sexologia  Saúde reprodutiva e gênero  Patologia maligna do corpo uterino  Câncer cervical  Patologia maligna da mama  Doenças sexualmente transmissíveis  Climatério  Propedêutica do casal infértil  Métodos anticoncepcionais não hormonais  Métodos anticoncepcionais hormonais  Saúde sexual e reprodutiva do adolescente  Parto – assistência e condução  Abortamento  Anestesia em obstetrícia  Assistência pré- natal  Rastreamento do risco gestacional  Aspectos psicológicos do ciclo gravídico puerperal  Mortalidade materna  Relação médico-paciente  Atenção pós-aborto  Atendimento à mulher vítima de violência sexual  Atenção no climatério  Doenças sexualmente transmissíveis  Câncer de mama  Mortalidade materna  Direitos sexuais e reprodutivos  A sexualidade nas diversas fases da vida  Propedêutica básica do casal infértil  Reprodução assistida  Distúrbios sexuais  Rastreamento e tratamento do câncer de colo uterino  Planejamento familiar  O pré-natal feito pelo

médico generalista

4.4.2 Implementação do componente curricular optativo “Saúde Reprodutiva”

A disciplina de Saúde Reprodutiva foi implementada pelo Departamento de Tocoginecologia, a partir do semestre 2006.2, como continuidade das ações relacionadas com a implantação do novo projeto pedagógico do curso. A iniciativa decorreu do engajamento de professores e alunos no processo de discussão e avaliação do Curso de Medicina da UFRN e foi concebida de acordo com as Diretrizes Curriculares dos cursos de graduação da saúde, indo ao encontro da necessidade de formação de profissionais com competência técnica, ética e humanística, bem como o desenvolvimento do espírito reflexivo, crítico e transformador em relação ao sistema de saúde51.

Para a efetiva implementação desse componente curricular, foi necessário um processo de articulação interinstitucional, mobilizando professores da UFRN e profissionais da rede de saúde e da referência na atenção sexual, reprodutiva e jurídica do Estado do Rio Grande do Norte. Várias instituições foram envolvidas como Maternidade Escola Januário Cicco, Centro de Saúde Reprodutiva Professor Leide Morais, Delegacia da Mulher, Coordenadoria Estadual dos Direitos da Mulher e das Minorias, Centro de Referência da Mulher Cidadã – Natal/RN, Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva (NESC/UFRN), Grupo de Estudos Demográficos (GED/UFRN), Comitê Estadual de Mortalidade Materna e ONG Canto Jovem, entre outros.

A partir da interação entre os atores ligados às diversas instituições citadas, procedeu-se ao planejamento e operacionalização das atividades didáticas, incluindo: constituição da ementa da disciplina, objetivos, conteúdo programático, metodologias de ensino e de avaliação. Dentre os objetivos da disciplina de saúde reprodutiva destacam-se: a discussão dos problemas de saúde sexual e reprodutiva, com ênfase nas questões de direitos humanos, sexuais e reprodutivos, a partir de uma perspectiva inter e multidisciplinar, focalizando sua interface com a Tocoginecologia e outros saberes.

Para tal, foram delineados conteúdos nas áreas de direitos humanos, sexuais e reprodutivos, gênero, sexualidade, concepção, contracepção, aborto, morbimortalidade, planejamento reprodutivo, violência sexual e agravos à saúde, vulnerabilidades, controle de doenças sexualmente transmissíveis – (DST e

HIV/AIDS), humanização na atenção à saúde, prevenção do câncer e saúde do homem.

A metodologia de ensino empregada fundamentou-se na concepção de ensino-aprendizagem como um processo de interação com a participação ativa do estudante, cabendo ao docente o papel de facilitador da aprendizagem. Dentre as técnicas pedagógicas, destacam-se as aulas expositivas seguidas de discussão, sessões de vídeos, trabalho de grupos, mesas-redondas, seminários, rodas de conversas e debates. O processo de avaliação proposto foi de uma avaliação contínua e processual, através da participação dos discentes nas discussões, debates, seminários e oficinas de trabalho, entre outras.

Para fortalecer a iniciativa do Departamento de Tocoginecologia, tendo em vista a importância da inserção da temática saúde sexual e reprodutiva (SSR) e incorporação dos direitos humanos sexuais e reprodutivos (DHSR) no currículo do curso de Medicina, foi constituída uma parceria com o AADS/IPAS Brasil63, organização não governamental (ONG) que trabalha desde o ano de 1994 no País, pela melhoria da qualidade da atenção, oferecendo suporte técnico para profissionais de saúde nas questões relacionadas à saúde sexual e reprodutiva e aos direitos reprodutivos das mulheres.

Nos anos de 2008 e 2009, foram realizadas duas oficinas de capacitação docente, contando com a participação de professores da UFRN, colaboradores da disciplina “Saúde Reprodutiva”, e de professores externos (Profa. Lia Márcia Cruz da Silveira, pedagoga da Universidade Federal do Rio de Janeiro/ UFRJ, consultora do AADS/IPAS Brasil; Prof. Dr. Rivaldo Mendes de Albuquerque, do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco/ UPE; e Dra. Maria Beatriz Galli, advogada com atuação em direitos humanos, sexuais e reprodutivos, vinculada ao AADS/IPAS Brasil) Tratou-se de ações educativas em que se discutiram situações de ensino e aprendizagem que problematizassem as condições de vida e o processo saúde-doença das mulheres, com o objetivo de integrar o tema Direitos Humanos e práticas de saúde de qualidade, bem como contribuir com a formação profissional e a atenção à saúde sexual e reprodutiva das pessoas.

A partir do semestre letivo 2006.2, a disciplina Saúde Reprodutiva passou a ser ofertada semestralmente, como componente curricular optativo, apresentando elevada procura por parte dos estudantes de graduação em Medicina da UFRN.

Com vistas ao aperfeiçoamento progressivo da proposta pedagógica, a disciplina vem sendo avaliada continuamente, especialmente no que tange às necessidades de capacitação do corpo docente para atender aos objetivos explicitados na ementa. Nesse contexto é que se insere o presente estudo, que se propõe, entre outros objetivos, a avaliar o impacto da disciplina Saúde Reprodutiva sobre a formação dos estudantes, especialmente no que tange às habilidades e atitudes necessárias da parte dos profissionais de saúde, para a qualificação da atenção prestada nessa área.

4.5 AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTOS, HABILIDADES E ATITUDES EM SAÚDE