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A INCLUSÃO EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: AÇÕES APRESENTADAS EM PESQUISAS

Natana Pozzer Vestena

A INCLUSÃO EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: AÇÕES APRESENTADAS EM PESQUISAS

No ano de 2016, foi realizada uma busca em bases de dados do Portal de Periódicos CAPES, da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) e do Scielo, incluindo os descritores atendimento educacional, deficiente e Educação Superior combinados (AND) e contidos nos assuntos (apenas no Scielo foi realizada pelo resumo, pois não continha a opção assunto) de produções publicadas.

No Portal de Periódicos CAPES foram encontrados quatro artigos e, filtrados pela leitura do resumo, dois foram selecionados partindo da aproximação com a presente pesquisa e lidos em sua totalidade. Sendo os dois artigos selecionados “A inclusão de estudantes com deficiência na Educação Superior: revisão de literatura” (SILVA, et al., 2012) e “Inclusão de uma aluna cega em um curso de licenciatura em Química” (REGIANI; MOL, 2013).

Neste periódico, o primeiro artigo teve como objetivo fazer um levantamento bibliográfico com o intuito de entender os atores que podem facilitar ou dificultar o ingresso do estudante com deficiência na universidade e mapear a sua situação neste espaço da Educação Superior, em bases de dados entre 2001 e 2012. Dentre os resultados obtidos apontou-se para o despreparo de professores, falha de estratégias pedagógicas, disparidade entre documentos legais e seu cumprimento para o acesso e permanência do estudante com deficiência na ES, apontando para ações que favoreçam estes processos ao estudante.

O segundo artigo do Portal de Periódicos da CAPES, com o objetivo de refletir sobre a inclusão de uma estudante com deficiência visual no curso de Química, teve como alguns dos resultados a necessidade da superação de barreiras pedagógicas, onde os docentes, sujeitos desta pesquisa, apontaram a falta de materiais didáticos e seu despreparo quanto à interação com as “necessidades específicas” da estudante (principal causa da dificuldade da formação desta, segundo eles).

Continuando a pesquisa, na BDTD não foram encontrados resultados, bem como no Scielo. Assim, foi realizada nova busca nestes dois sites, com os mesmos descritores, porém ela deu-se em todos os campos e a seleção foi constituída realizando a leitura dos resumos.

Portanto, na BDTD foram encontrados oito trabalhos, onde dois selecionados falam sobre a formação em cursos de graduação para a inclusão de alunos com deficiência nas disciplinas escolares, o que neste momento não configura interesse da revisão uma vez que o contexto dos dados é outro.

No Scielo, contando com os mesmos que apareceram no Portal da Capes, foram encontrados 28 trabalhos, dentre eles quatro foram selecionados para leitura do resumo. Destes, um fala da formação do professor de educação especial com ênfase na Sala de Recursos Multifuncional na escola e o seguinte sobre a formação de professores em relação aos conhecimentos sobre “talentos/superdotação”, o que neste contexto não faz parte desta revisão. Os outros dois discorrem sobre a inclusão na ES, são eles: “Universidade inclusiva: (trans)formação e cidadania” (FERNANDES, 2016) e “Acesso e

permanência do aluno com deficiência na instituição de Educação Superior” (ROCHA; MIRANDA, 2016).

O primeiro artigo discorreu sobre o processo de inclusão de uma universidade a partir de questionamentos norteadores da pesquisa, obtendo como resultado que a formação dos estudantes com deficiência na instituição pesquisada tem revelado um processo de múltiplas facetas, o que requer professores capazes de criar recursos, situações de ensino, entre outros serviços para suporte ao estudante e outros tipos de serviços, para atender a diversidade frente as deficiências.

O segundo artigo procurou analisar as condições para o acesso e a permanência do aluno com deficiência na ES, o que revelou o despreparo de professores e da instituição pesquisada para realizar um atendimento necessário e adequado às necessidades dos estudantes, prevendo que haja uma política institucional para beneficiar o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes por meio de Tecnologias Assistivas.

Percebe-se que, nessas duas últimas pesquisas citadas, há também uma preocupação em como oferecer, melhorar condições de aprendizagem e participação da pessoa com deficiência no espaço da Educação Superior, relevando que as instituições possuem docentes preocupados com estas questões, pois percebem-se despreparados e não há orientação para a realização de uma abordagem de ensino, de construção de recursos didáticos, entre outros. O que novamente leva a considerar um profissional capacitado a fim de realizar alguns trabalhos com relação as necessidades educacionais dos estudantes com deficiência, bem como para orientar e estabelecer vínculos com outros setores que venham a contribuir no processo de inclusão dos estudantes.

Percebe-se nos resultados apontados pelas pesquisas que, mesmo em relação a preparação/construção de materiais pedagógicos, que atendam as especificidades educativas dos estudantes, compreende-se também, a necessidade de algum profissional habilitado para o trabalho com os estudantes com deficiência, bem como para realizar orientações aos discentes no seu trabalho e interação com o estudante com deficiência.

Sendo a inclusão um processo complexo e dever de todos, para que se tenha a possibilidade de desenvolvê-la, compreende-se que não há necessidade somente de ações e adequações para realizar este processo. Neste processo está envolvida também a aprendizagem do estudante com deficiência, pois a Educação Superior, além de todos seus objetivos para com seus estudantes, como a formação de um cidadão, também envolve processos supostos a uma profissão. Segundo Antunes (2014), nestas

relações, não é necessária a informação, mas sim o “saber” e “fazer”, o que envolve o desenvolvimento de habilidades e competências específicas em cada formação.

Há portanto, uma emergência, sobre tudo, na formação, inicial e/ou continuada, considerando que muitos professores e outros profissionais da educação e demais envolvidos, neste caso na Educação Superior, encontram-se desprovidos de saberes teóricos e práticos em relação a estes estudantes (neste artigo fala-se especificamente da inclusão de estudantes com deficiência). Assim, além destes saberes, necessita-se igualmente de políticas públicas, principalmente com a promulgação da Lei 13.409 (BRASIL, 2016) que torna o acesso de estudantes com deficiência na Educação Superior uma questão obrigatória.

Segundo documentos que subsidiam o processo de inclusão principalmente na Educação Básica, e alguns apontamentos em relação à Educação Superior, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) e a Resolução CNE/CEB nº 2 que institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001), a formação dos profissionais que atuam diretamente com este público está composto de “professores capacitados” para a sala de aula regular e “professores especializados em educação especial”, ambos na Educação Básica. Nos dois casos envolve a formação, tanto inicial quanto continuada. Da mesma forma, a Lei Brasileira de Inclusão (BRASIL, 2015) prevê, por exemplo, que as provas dos estudantes com deficiência sejam em formato acessível, contudo questiona-se, o professor da sala de aula está preparado para reconhecer e/ou transformar um recurso em formato acessível? Ele desenvolveu, durante sua formação ou na sua experiência, habilidades e competências para tal ação?

No quesito formação, no entanto, encontra-se dificuldade em relação a pluralidade envolvida não só durante o processo formativo, mas também em relação a singularidade característica da cada estudante com deficiência, onde não se pode negar suas especificidades e “encaixotá-los” reduzindo-os à uma classificação, como pode-se perceber

Uma das dificuldades encontradas na formação dos educadores, no estudo de alguns fundamentos teóricos para o trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais, é o amplo leque de realidades sócio-culturais existentes em nosso país. Para atender esta demanda tão diversa, o material dirigido à formação tem se proposto oferecer uma linguagem suficientemente abrangente para ser acessível a todos. Porém, em alguns casos, se observa a excessiva simplificação dos conteúdos propostos, aliada a uma superficialidade que se distancia das situações problemáticas concretas de cada realidade. (PAULON; FREITAS; PINHO, 2005, p.21).

Superior, onde não há uma definição sobre a maioria dos processos de inclusão, ela também está presente. E, até mesmo pensando a formação, há de se considerar os aspectos acima mencionados para que não haja a superficialidade no processo formativo, na forma de pensar estes sujeitos e suas especificidades.

Assim, profissionais com uma formação aprofundada na área da educação especial, modalidade esta que deve ser transversal da Educação Infantil à Superior (BRASIL, 2008), e atuantes na Educação Superior, construindo, interagindo e pesquisando processos e práticas relacionados a este nível, orientando e trabalhando com diversos setores da Educação Superior, e os demais professores e profissionais da educação, pode-se pensar em processo de inclusão. Contudo, como mencionado inicialmente, estes profissionais não devem ser os únicos responsáveis pelo processo, o que inclui também a necessidade de políticas públicas específicas a este contexto para a efetivação do processo.

CONCLUSÃO

Frente às conclusões e discussões das pesquisas presente nos quatro artigos estudados, infere-se que há necessidade de investimento na formação de professores para a Educação Superior e dos demais profissionais da educação neste contexto. Da mesma forma, como na Educação Básica, onde há a formação de profissionais para atuar com estudantes com deficiência e trabalhar em conjunto com professores da sala de aula, deve-se atenção da mesma forma à Educação Superior, seja numa nova e/ou mais completa formação desse profissional, até mesmo na sua existência no nível superior de educação, uma vez que ele poderá trabalhar com conjunto com professores que já estão inseridos neste contexto e já possuem, ou irão deparar-se com especificidades diversas dos estudantes com deficiência.

Contudo, a discussão gira também em torno da construção e/ou ampliação de políticas públicas em relação ao processo de inclusão de estudantes com deficiência na Educação Superior, procurando debater e definir os processos e práticas inclusivas neste nível, bem como as parcerias que podem e devem ser firmadas nos mais diversos setores das instituições, para que de fato, todos participem do processo de inclusão, construindo práticas moldadas as suas necessidades, seu alunado, seu contexto. Contudo, para que seja efetivo o processo de inclusão torna-se necessário definir também ações, para a implementação dos documentos, decretos e legislações.

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. Introdução à educação. São Paulo: Paulus, 2014.

BRASIL. Lei n. 12.711, de 29 de agosto de 2012. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 29 ago. 2012. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cotas/docs/ lei_12711_2012.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2017.

_______. Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da

República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 6 jul. 2015. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm.> Acesso em: 28 jul. 2017.

________. Lei n. 13.409, de 28 de dezembro de 2016. Altera a Lei no 12.711, de 29 de agosto de 2012, para dispor sobre a reserva de vagas para pessoas com deficiência nos cursos técnico de nível médio e superior das instituições federais de ensino. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 28 dez. 2016. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/L13409.htm>. Acesso em: 28 jul. 2017.

_______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: 2008. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf.> Acesso em: 28 jul. 2017. _______. Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de dezembro de 2001. Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/ arquivos/pdf/CEB0201.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2017.

FERNANDES, Zenilda B. Universidade inclusiva: (trans)formação e cidadania. 2016. Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/1471-3802.12251/epdf.> Acesso em: 28 jul. 2017.

PAULON, Simone M.; FREITAS, Lia B. de L.; PINHO, G. S. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. Documento subsidiário à política de inclusão. Brasília. 2005. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/docsubsidiariopoliticadeinclusao.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2017.

REGIANI, Anelise M.; MOL, Gerson de S. Inclusão de uma aluna cega em um curso de licenciatura em Química. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v19n1/09. pdf.> Acesso em: : 29 set. 2016.

ROCHA, Telma B.; MIRANDA, Theresinha G. Acesso e permanência do aluno com deficiência na instituição de Ensino Superior. 2016. Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/

educacaoespecial/article/view/273/132>. Acesso em: 29 set. 2016.

SILVA, Henrique M.; et al. A inclusão de estudantes com deficiência no Ensino Superior: revisão de literatura. 2016. Disponível em: <http://revistas.unincor.br/index.php/revistaunincor/ article/view/722/pdf.> Acesso em: 29 set. 2016.

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