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INDÚSTRIA NAVAL DA REGIÃO DE ITAJAÍ E NAVEGANTES

Para estimular a formação de um cluster industrial devem-se considerar as características industriais e culturais da região. A metodologia aplicada para o desenvolvimento de um cluster deverá clarear o entendimento por parte dos seus atores, que sua formação possibilitará redução dos custos produtivos e encurtamento dos prazos de entrega, bem como incitar a constante evolução tecnológica local.

A região teve um crescimento endógeno propiciado pela localização na Foz do Rio Itajaí-Açu que por ser navegável possibilitou a instalação de um complexo portuário composto por terminais de uso privado e pelo Porto de Itajaí, administrado pela Superintendência do Porto de Itajaí, autarquia municipal da Prefeitura de Itajaí (ANTAG, 2012).

Itajaí é também o maior polo pesqueiro do Brasil gerando cerca de 50 mil empregos indiretos e 15 mil diretos. A frota pesqueira conta com mais de 700 embarcações de propriedade de cerca de 250 armadores associados ao Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região – SINDIPI. São capturadas cerca de 200 mil toneladas de peixe por ano na região. Mais de 1 milhão de latas de sardinha e de atum são produzidas por dia em Itajaí e Navegantes e 80% da produção brasileira de pescado congelado é catarinense (SEPESCA, 2010).

A região conta ainda com diversos fornecedores de navipeças, de equipamentos de pesca, entreposto pesqueiro e o apoio de empresas metalúrgicas além de ser próxima ao polo da indústria metal mecânica de Joinville, também em SC.

4.1.1 Principais Tipos de Navios Produzidos

A indústria naval da região de Itajaí e Navegantes se dedica a produzir embarcações destinadas aos serviços de apoio a plataformas, rebocadores e embarcações destinadas à pesca, tanto de madeira quanto de aço. Nota-se também a presença de 6 estaleiros de construção de embarcações de recreio.

4.1.1.1 Navios de Apoio a Plataforma Offshore

O Brasil conseguiu evoluir muito na oferta de navios de apoio offshore, depois da instituição do PROMEF mas ainda carece de navios de bandeira brasileira. Sua frota atual é de

450 embarcações, sendo 224 de bandeira nacional e 245 estrangeiras (SYNDARMA; ABEAN25 – WEB 2012), ou seja, mais de 54% da frota é de origem externa.

A quantidade futura necessária de navios de apoio offshore está intimamente relacionada à evolução da exploração de óleo e gás e segundo o Plano de Negócios e Gestão da Petrobras 2015-2019 (2016) no período existe a previsão de investir cerca de US$ 80 bilhões na exploração e produção de petróleo, num total de US$ 98,4 bilhões, distribuídos em outras áreas conforme Figura 26 abaixo.

Figura 26 - Previsão de investimentos da Petrobras

Fonte: Ajustes no Plano de Negócios da Petrobras 2015-2019 (2016)

A formação de um cluster de indústrias navais no segmento, poderá desenvolver novas tecnologias e possibilitar aumento de produtividade e competitividade para atender as futuras demandas da Petrobras, bem como desenvolver mercados para exportação.

De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Naval de Itajaí e Navegantes (SINCONAVIN), além do Estaleiro Itajaí, empenhado na construção de três navios de transporte de gás para a Transpetro, mais dois estaleiros de Navegantes estão ampliando sua estrutura para atender as novas demandas por navios reflexo da descoberta do pré-sal.

4.1.1.2 Rebocadores Portuários e Oceânicos – Frota Antiga e Defasada

Barradas Filho (2009) menciona que o envelhecimento da frota nacional de rebocadores deu-se principalmente em função da legislação restringente às importações de

25 Syndarma – Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima

novos equipamentos. Segundo o autor, outro fator restritivo a renovação da frota é o pequeno número de estaleiros controlados por grandes operadores do mercado de rebocadores.

Somando-se ao fato da necessidade de renovação da frota de rebocadores com idade média de 13,7 anos (SNM, 2012), o Plano de Aceleração do Crescimento – PAC de 2012 prevê a ampliação da capacidade de escoamento da produção agrícola e mineral do Brasil com a construção de novos portos e terminais, o que exigirá o aumento na frota de rebocadores para atender estas novas demandas.

Um estudo encomendado pelo BNDES a um consórcio de consultorias liderado pela Booz&Company para orientar o desenvolvimento de políticas públicas para o setor de infraestrutura portuária, concluiu que o Brasil vai precisar de 106 novos terminais portuários para atender o transporte de cargas para importação, exportação e cabotagem (transporte entre portos do país) previsto para 2031 (MDIC, 2014). Com estes novos terminais, haverá demanda de novas unidades de rebocadores.

4.1.1.3 Embarcações de Pesca Comercial

A região que engloba os municípios de Itajaí e Navegantes possui a maior frota pesqueira do Brasil, concentrando mais de 600 embarcações de descarga de pescado sendo responsável por cerca de 20% da produção nacional (GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2014). De acordo com a Associação Empresarial de Navegantes (ACIN), o município é o terceiro maior centro pesqueiro da América Latina e o primeiro do País (ACIN, 2016).

Apesar dos números atestarem a liderança regional nas atividades de pesca, estudo recente (RENCK, 2014) demostra a defasagem tecnológica da frota pesqueira brasileira em comparação com países europeus e mesmo sul americanos como o Peru. A autora constatou grande defasagem em relação ao tamanho, ao tipo de material empregado na construção e aos equipamentos de bordo destinados a pesca. A pesquisa da autora revelou que os poucos barcos sendo construídos na região ainda são feitos em madeira.

A consolidação de um cluster de indústrias naval na região poderia ser uma forma de desenvolver capacidade de inovação com desenvolvimento de tecnologias para melhor capacitação das embarcações de pesca.

4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO DO CLUSTER