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Indústria de Transformação: modernização de segmentos tradicionais e avanço da Nova Indústria

SUMÁRIO

CAPÍTULO 2 – PERNAMBUCO NO AUGE DA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL DA SUDENE (1960-1985)

2.3 Indústria: revigoramento e reestruturação

2.3.1 Indústria de Transformação: modernização de segmentos tradicionais e avanço da Nova Indústria

Conforme se registrou, a indústria de transformação respondia por 80,7% do VAB industrial de Pernambuco, em 1985, apresentando ganho aproximado de 10 pontos percentuais, em relação a 1970. Durante os anos de 1970, a "Nova Indústria" sustentou o desempenho da indústria de transformação do Nordeste, articulada à indústria nacional. De fato, foi somente com a desaceleração da economia brasileira, na década de 1980,

que a indústria regional de transformação – já estruturada, em alguns segmentos, em

bases modernas – sofreria redução de dinamismo (Gráfico 2.7).

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As informações para a indústria extrativa mineral e para a indústria de energia e abastecimento de água apresentaram problemas no documento-base consultado para a elaboração dos dados utilizados. Considerando a menor importância relativa de ambos na conformação do VAB industrial do Estado, optou-se por restringir a análise da evolução da indústria, no período, aos ramos da indústria de transformação e da construção civil.

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É o caso da Construtora Odebrecht, que, em Pernambuco, participou da construção da Companhia Pernambucana de Borracha Sintética (COPERBO).

Isso implica reconhecer que o movimento da indústria, nesse período, só pode ser entendido quando se considera o que se passou nesse ramo. Para tanto, cabe destacar as principais características da "Nova Indústria" regional:

 Controlada por capitais cuja origem remetia ao Sul/Sudeste, como

destacaram Guimarães Neto e Galindo (1992);

 Oligopolizada e, portanto, dotada de maiores escalas de produção, segundo

ressaltaram Goodman e Albuquerque (1974);

 Articulada com mercados fornecedores e consumidores localizados fora da

região Nordeste, segundo Araújo (1979); e,

 Pautada em processos produtivos mais modernos e, por isso mesmo,

demandante de máquinas e equipamentos e de mão de obra mais qualificada, de acordo com Magalhães (1983).

No caso de Pernambuco, um aspecto importante deve ser ressaltado: embora a implantação da SUDENE tenha redefinido as possibilidades de acumulação de capital, a "Nova Indústria" representou tão somente um processo de "dissolução incompleta" da estrutura econômica do Estado (OLIVEIRA, 2008).

Apesar de a concorrência intercapitalista ter recrudescido com a integração produtiva, a tendência de homogeneização das condições de reprodução do capital não alcançou a totalidade das empresas locais, sobretudo as maiores. É o caso, por exemplo, das usinas de açúcar, para as quais outros foram os determinantes da trajetória percorrida, ao longo do período, que não a política de industrialização da SUDENE.

Assim, ainda que a chegada de novas firmas tenha representado, nos termos de Oliveira (1990), a "perda do exclusivo regional" por parte dos empresários locais, estes puderam sustentar as bases de acumulação sobre as quais haviam constituído suas fortunas e, portanto, a capacidade de exercer o poder político-econômico, pelo menos no

Estado63. Com o Golpe Militar de 1964 e consequente centralização do poder político no

Governo Central, a ascensão política local dos empresários pernambucanos estaria garantida por acordos que guardavam pouca relação com a perda relativa de importância econômica, pela qual vinham passando, desde a implantação da SUDENE.

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Foi flagrante, desde então, o declínio pernambucano na cena política nacional, o que guarda relação com a centralização do processo decisório nacional, mas também com a perda de importância relativa da economia estadual.

A indústria de transformação pernambucana, combinando a "Nova Indústria" e a modernização de segmentos tradicionais, apresentou considerável dinamismo no período de 1970-1985. O fato é que a indústria de transformação pernambucana, combinando a "Nova Indústria" e a modernização de segmentos tradicionais, apresentou considerável dinamismo no período 1970-1985, superando, até 1979, o agregado da região Nordeste; mas sofrendo, a partir de 1980, impactos mais severos da crise fiscal e

financeira por que passava a economia brasileira64. A indústria de transformação retomaria

algum dinamismo apenas no biênio de 1984-1985, resultado do crescimento conjuntural da produção de açúcar (Gráfico 2.8).

Gráfico 2. 8 – Nordeste e Pernambuco: série encadeada do VAB da indústria de transformação (1970=100), 1970- 1985

Fonte: elaboração a partir de SUDENE (1999), pp.118-121.

Entre os principais determinantes da retomada do crescimento da indústria de transformação pernambucana está o fato de, no Estado, o número de projetos industriais aprovados ter sido o maior da Região. Segundo informações compiladas por Jatobá (1975), 32,4% dos investimentos programados para o Nordeste, até o final dos anos de 1970, foram alocados em Pernambuco, sobretudo em indústrias "dinâmicas". Os projetos correspondentes, no entanto, não pertenciam a empresas locais, mesmo na fase inicial do

programa de industrialização da SUDENE65.

Tais investimentos, ao contrário do que ocorria em outros estados da Região, tinham prazo de implantação e maturação mais curto, de modo que entravam em

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Para estimar a trajetória da indústria de transformação de Pernambuco, foi preciso calcular um deflator a partir das variações do produto real da indústria pernambucana como um todo, calculadas pela SUDENE (1999), e aplicá-lo aos dados em valores correntes, fornecidos pela referida publicação.

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Mesmo na fase inicial dos projetos incentivados pela SUDENE, os empresários locais não se engajaram no programa de industrialização. Ver Guimarães Neto (1984).

95,0 145,0 195,0 245,0 295,0 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 Nordeste Pernambuco

operação pouco tempo após anunciados. Não por acaso, foram observados ganhos substanciais de produtividade no segmento manufatureiro, duplicados entre 1959 e 1970, como decorrência da implantação da "Nova Indústria" (JATOBÁ, 1975).

No caso da região Nordeste – em especial, do estado da Bahia – a dinâmica de crescimento acentuar-se-ia, a partir de 1976 e, sobretudo, após 1978, quando entrou em operação o polo petroquímico de Camaçari, cujo processo de implantação foi mais demorado.

No entanto, nem todos os projetos foram levados a êxito em Pernambuco: é o caso da Companhia Pernambucana de Borracha Sintética (COPERBO), criada em meados do decênio de 1960 para dar um uso produtivo ao excedente de melaço de cana e de álcool etílico, no contexto de estagnação da produção de borracha natural.

No período compreendido entre a concepção do projeto, a implantação e a operação da fábrica (1960-1965), ocorreram mudanças importantes no cenário externo, com destaque para o já mencionado caso do acesso preferencial que, por deliberação do IAA, teve a produção açucareira pernambucana ao mercado consumidor norte-americano,

em virtude da Revolução Cubana. Com isso, a produção local de álcool – considerada

fundamental para realizar a transformação da borracha sintética, na COPERBO – foi

reorientada para a fabricação de açúcar, com o estímulo adicional da alta no preço internacional desse produto. Além disso, frente à crise setorial, que se seguiria ao período de bonança do início dos anos de 1960, o Governo Federal tomaria medidas para sustentar a capacidade de acumulação do setor sucroalcooleiro, liberando as exportações de melaço da cana (insumo básico) e autorizando a importação de borracha natural (um bem "rival").

Com isso, o projeto da COPERBO foi "sustado", e somente seria viabilizado

mediante a execução do PROÁLCOOL – quando, então, a companhia já tinha passado

por mudança no controle acionário – da segunda metade dos anos de 1970 em diante. Do ponto de vista mais agregado, foi somente em 1981 que se verificou uma inflexão na trajetória de crescimento da indústria. No caso do Nordeste, esse impacto foi ainda mais acentuado, em virtude da orientação exportadora dos polos industriais situados

no Maranhão e na Bahia66. Em Pernambuco, incidiu de forma relevante sobre alguns grupos (Gráfico 2.8).

O aporte de informações coletadas nos Censos Industriais do período de 1960- 1985 permite ilustrar, de modo mais aprofundado, que grupos de indústria e segmentos contribuíram, de maneira mais ou menos significativa, para o valor da transformação industrial em Pernambuco e, por isso, foram decisivos para a dinâmica manufatureira estadual.

Essa análise inicia-se pelo exame do Gráfico 2.9, em que se destaca a distribuição do valor da transformação industrial (VTI), obedecendo à classificação adotada por Cano (2008) para definir os segmentos por grupos de indústrias, conforme seja o uso predominante do produto final.

Gráfico 2. 9 – Pernambuco: distribuição do Valor da Transformação Industrial, segundo grupos de indústrias de transformação (em %), 1960/1970/1975/1980/1985

Fonte: IBGE – Censos Industriais.

Nota: em 1985, a agregação dos dados divulgados não permitiu efetuar as adequações metodológicas nos segmentos, conforme se procedeu para os demais anos. Além disso, em virtude do sigilo de informações, os valores referentes a 1985 não totalizam 100%.

Observa-se, pelo exame do referido gráfico, o peso exercido na estrutura da indústria de transformação, em Pernambuco, pelo grupo de indústrias produtoras de bens de consumo não-duráveis. No entanto, a importância relativa desse grupo mostrou-se declinante, ao longo do período, passando de 73,9%, em 1960, para 51,6%, em 1985.

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É importante destacar que as estimativas realizadas pela SUDENE para a indústria de transformação, referentes ao ano de 1980, foram feitas com base no índice da produção física mensal calculada pelo IBGE. Para os estados que não eram contemplados por essa pesquisa, a SUDENE utilizou o índice de consumo de energia elétrica para estimar a produção industrial no referido ano. Esse procedimento terminou por superestimar os valores referentes ao ano de 1980 para a Região, em função do fato de muitos estados não serem contemplados pela PIM-PF. As estimativas referentes a 1980 também se refletem em 1981, ano em que ocorreu uma variação de -22% na produção industrial real, segundo a SUDENE. Muito embora se tratasse de uma conjuntura de crise generalizada em todo o País, é bem provável que os efeitos negativos tenham sido, por questões metodológicas, amplificados para a Região.

73,9 64,3 54,1 51,8 51,6 25,3 27,5 33,6 36,6 30,2 0,7 8,2 12,3 11,6 16,0 0 20 40 60 80 100 1960 1970 1975 1980 1985 BCND BI BCD e BK

Por outro lado, os grupos de indústrias produtoras de bens intermediários e de bens de consumo durável e de capital ganharam importante peso: o primeiro passou de 25,3% do valor da transformação, em 1960, para 30,2%, em 1985, após ter alcançado a cifra de 36,6%, em 1980. Já a produção de bens de consumo duráveis e de capital partiu de inexpressivos 0,7% do valor industrial transformado em Pernambuco, em 1960, para 16%, em 1985 (Gráfico 2.9).

Ao nível dos segmentos, é possível afirmar que o declínio dos bens de consumo não-duráveis se deveu à evolução da fabricação de alimentos e tecidos. Se, em 1960, tais segmentos, juntos, compunham 60,5% de tudo quanto era transformado pela indústria em Pernambuco, essa participação conjunta, em 1985, somou 34,6%, um indicativo de clara perda de importância relativa (Tabela 2.6).

Tabela 2. 6 – Pernambuco: distribuição do Valor da Transformação Industrial, segundo segmentos da indústria de transformação (em %), 1960/1970/1975/1980/1985

Especificação 1960 1970 1975 1980 1985

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Minerais não metálicos 8,1 13,2 9,3 9,5 6,4

Metalúrgica 3,0 5,4 10,1 7,1 5,9

Material elétrico e de comunicação 0,1 5,0 5,0 5,8 9,9

Papel e papelão 4,3 1,6 2,6 3,7 2,6

Química 6,4 5,1 7,4 10,1 11,9

Perfumaria sabão e velas 1,5 1,0 1,6 0,8 1,3

Produtos de matérias plásticas 0,1 1,1 3,5 5,0 3,0

Têxtil 19,9 13,2 11,0 10,9 10,2

Vestuário, calçados e artefato de tecido 1,0 2,2 4,5 6,3 8,1

Produtos alimentares 40,6 26,8 29,3 24,6 24,4

Bebidas 3,8 8,4 3,8 3,4 3,5

Mecânica 0,2 1,7 5,8 4,4 4,5

Outras 11,0 15,4 6,2 8,4 8,4

Fonte: IBGE – Censos Industriais.

Nota: em 1985, a agregação dos dados divulgados não permitiu efetuar as adequações metodológicas nos segmentos, conforme se procedeu para os demais anos. Além disso, em virtude do sigilo de informações, os valores referentes a 1985 não totalizam 100%.

Convém destacar, porém, que o período compreendido entre 1960 e 1985 não foi negativo para ambos os segmentos. Muito embora o lastro histórico de parcela considerável das usinas de açúcar e fábricas de tecidos exija que se leve em conta uma estrutura de capital tradicional, foi nesse período que ocorreram modernizações nas referidas unidades, que estiveram na base de importante expansão produtiva.

No caso das usinas, estimativas do IAA mostram um crescimento significativo da produção pernambucana de açúcar e álcool entre 1974 e 1984, paralela à

centralização de capitais usineiros, dado o fato de o número de unidades produtivas ter se

reduzido de 49 para 35, nos dez anos considerados. Fortaleceu-se a posição de alguns

grupos, enquanto outros pereceram, processo que envolveu, quase sempre, empresas

sob controle de capitais locais67 (ANDRADE, 1989).

Ressalte-se que, a partir de unidades produtivas maiores, o crescimento da produção também se deu com base em aumentos de produtividade, relacionados à incorporação de melhorias técnicas. Era abundante a oferta de crédito e os usineiros beneficiaram-se de estudos agronômicos, realizados pelo Governo Federal, para adaptar novas culturas no Nordeste, passando-se a utilizar adubação, herbicidas e fungicidas, além de sementes mais ricas (SZMRECSÁNYI, 1976).

No entanto, mais do que as referidas melhorias, a ampliação da área cultivada,

por meio da incorporação de usinas menores – reduzindo a descontinuidade entre o

fornecimento e a produção – foi o determinante principal dos resultados apresentados pelo complexo sucroalcooleiro, no período (ANDRADE, 1989).

A contar de meados da década de 1970, a instituição do PROÁLCOOL, pelo Governo Federal, estimulou o desempenho de novas linhas produtivas no setor, com o amparo de incentivos creditícios, preços remunerados e mercado garantido. Foi significativo o aumento do número de destilarias, anexas às usinas ou autônomas, cujo intuito era aproveitar o fato de o álcool ter deixado a condição de subproduto para tornar- se objeto de política (ALENCAR, 1997; ANDRADE, 1989).

No caso das indústrias têxteis, a compreensão da evolução desse segmento recomenda aprofundar a análise dos seus principais aspectos setoriais, diagnosticados pela SUDENE em 1962 e 1971.

O primeiro desses diagnósticos, publicado em 1962, identificava, como determinantes do atraso relativo da indústria têxtil nordestina, os seguintes fatores: rigidez da oferta, associada à produção de tecidos grossos; obsoletismo dos equipamentos, cuja idade média superava os 30 anos; elevação do custo relativo da mão de obra; problemas

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Szmrecsányi (1973) faz menção aos Decretos-Lei n.º 1.186, de 27 de agosto de 1971, e nº 1.226, de 26 de março de 1973, que estimularam, respectivamente, a modernização e fusão de usinas e instituíram cotas de fornecimento de cana-de-açúcar. Também é importante destacar a concessão de financiamento com juros baixos e prazos elevados de carência. Sobre os grupos, uma importante exceção, em termos de origem do capital, é a presença do Grupo Votorantim entre as principais usinas do Estado (Usina São José e Destilaria Tiúma).

administrativos, relacionados à gestão centralista e familiar das firmas; e indisponibilidade de fontes adequadas de financiamento (SUDENE, 1971).

Ao diagnóstico de 1962 seguiu-se a execução do primeiro programa de reequipamento, tendo por base a oferta de assistência técnica e de capacitação de pessoal (em parceria com o governo japonês), além do acesso a recursos externos, isenção de taxas e de impostos sobre importação de equipamentos.

Contudo, a adesão ao programa foi limitada. Mesmo com o suporte público, o desinteresse do empresariado têxtil local terminou revelando a incapacidade de atuar de forma "disruptiva". Segundo a SUDENE, os empresários alegavam as mais variadas dificuldades para não atender às exigências de contrapartidas do programa, entre elas, o compromisso com desfazer-se do equipamento obsoleto, de modo a evitar-se a utilização

em paralelo com a produção com máquinas modernas68.

Somente na segunda fase, a proposta de modernização da indústria têxtil ganhou impulso: além da ampliação da concessão de isenção fiscal, abarcou, além dos projetos de modernização do parque existente, propostas de implantação de novas indústrias. Na prática, frente ao conservadorismo e falta de engajamento da classe

empresarial nordestina, o programa – antes reservado à recuperação da indústria têxtil

regional – foi aberto para empresários de outras regiões do País.

Os primeiros resultados indicaram padrões produtivos bastante diferenciados entre as novas fábricas e as fábricas antigas modernizadas, sendo que, no caso das primeiras, a produtividade dos equipamentos chegava a situar-se entre as maiores da América Latina (SUDENE, 1971).

É interessante considerar, ainda, a mudança nos critérios de concessão de

incentivos, em termos da definição locacional dos projetos de indústrias têxteis69,

regulamentada pela SUDENE em 1969. Essa revisão privilegiava, no sistema de pontuação que pautava o enquadramento dos projetos por faixas de concessão, investimentos realizados fora de Pernambuco e da Região Metropolitana do Recife, dada

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Entre essas dificuldades, caberia mencionar: risco de câmbio; taxa de juros elevada; prazos de amortização; baixa rentabilidade relativa a outros ramos da indústria; falta de recursos próprios por parte das empresas; incapacidade administrativa; insuficiência de mão de obra qualificada para operar as novas máquinas; e complexidade dos mecanismos operacionais do órgão financiador. Ver SUDENE (1971).

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a concentração ocorrida nos anos anteriores. Com isso, parte considerável de novos e

modernos empreendimentos – sobretudo têxteis – migrou para outros estados da região

Nordeste, em especial para o Ceará, a Paraíba e o Rio Grande do Norte.

Com a ampliação do escopo do programa de reequipamento, ficou patente que, em Pernambuco, o dinamismo do setor têxtil seria determinado por indústrias instaladas até meados do decênio de 1970 e pelas estratégias assumidas por essas empresas, frente ao recrudescimento concorrencial na própria região Nordeste, onde se instalariam fábricas modernas e com alta produtividade, colocando em desvantagem relativa o segmento no Estado (MARANHÃO, 1983).

Por outro lado, a Tabela 2.6 também revela o fato de que segmentos antes

inexpressivos, no que se refere à transformação industrial no Estado – casos da

fabricação de material elétrico e de comunicações, da mecânica e da produção de

matérias plásticas –, passaram a apresentar participações relativas no VTI que, se não

foram excepcionais, indicaram mudança estrutural significativa.

Merecem destaque, ainda: a indústria química, que se tornou a segunda principal atividade da indústria de transformação, em 1985, e a fabricação de minerais não-metálicos, cujo comportamento reflete a estreita associação que possui com o ramo

da construção civil. Nesse conjunto de segmentos – com exceção de algumas empresas,

em especial na fabricação de minerais não-metálicos e mecânicas – as características da “Nova Indústria” expressaram-se de forma notável.

Foram, portanto, a dinâmica associada à reestruturação de segmentos tradicionais e a implantação da “Nova Indústria” que repercutiram, de forma relevante, na reestruturação do setor industrial em Pernambuco, entre 1960 e 1985. Com isso, importantes alterações também ocorreram nas relações de trabalho e no âmbito das frações de capital do setor.