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Indicadores de desempenho ambiental tipos e aplicabilidade

4.3 Indicadores de desempenho ambiental

4.3.1 Indicadores de desempenho ambiental tipos e aplicabilidade

O conceito é de amplo uso e diferentes indicadores têm sido formulados para qualificar e ou quantificar a situação das mais diversas áreas de interesse humano, onde adota- se índices ambientais que combinam diferentes parâmetros ou indicadores, como na saúde

(índice de natalidade, índice de mortalidade), educação (índice de repetência, índice de analfabetismo), economia (renda per capita), sociologia (índice de desenvolvimento humano), no meio ambiente (qualidade do ar, da água), entre outros. Estes indicadores não espelham a qualidade dos temas em sua totalidade, mas indiretamente servem de referência para abordá- los e tratá-los em seus aspectos mais sensíveis (FIESP; CIESP, 2005).

A OECD, em 1994, desenvolveu um modelo que atualmente é consagrado como suporte à construção de indicadores de desenvolvimento sustentável às organizações denominado Estrutura das Relações Pressão-Condição-Reação (Pressure-State-Response -

PSR). Este sistema baseia-se num conceito de causalidade: as atividades humanas exercem

pressões sobre o ambiente, modificando sua qualidade e a quantidade de recursos naturais; a sociedade, por sua vez, responde a estas mudanças por intermédio de políticas ambientais, econômicas e setoriais (ALMEIDA, 2008; WORLD BANK, 1999b). Este método pode ser melhor descrito pelos grupos de indicadores:

• indicadores de pressão ambiental: descrevem as pressões de atividades humanas sobre o meio ambiente, e referem-se a problemas existentes (ex.: emissão de poluentes na atmosfera; pesca predatória, processos erosivos) ou o resultado de um novo projeto ou investimento (ex.: poluição atmosférica oriunda de uma nova usina térmica);

• indicadores de condição ambiental: refletem as condições do ambiente num dado momento e suas alterações ao longo do tempo, com características mensuráveis (ex.: concentração de poluentes na atmosfera; população de peixes);

• indicadores de reação da sociedade: mede os esforços feitos para melhorar as condições ambientais ou mitigar os impactos, correspondendo às políticas e aos investimentos realizados para resolução de problemas identificados. Demonstram até onde a sociedade está respondendo às mudanças e preocupações ambientais em nível setorial, nacional e internacional. (ex.: investimentos em pesquisas ou instrumentos para reduzir a poluição; mudanças de comportamento; leis mais rigorosas).

Segundo Carvalho (2003), os indicadores de desenvolvimento sustentável podem se referir ao planeta, a um país, a uma região, a uma comunidade ou a uma empresa. O elenco de indicadores vai se modificar dependendo do contexto que está sendo considerado. Desta

forma, os indicadores de sustentabilidade direcionados às empresas terão características específicas.

A vantagem do sistema é evidenciar as conexões ou vínculos entre os elos da cadeia causal. No entanto, por outro lado, sugere relações lineares entre as atividades antrópicas e o meio ambiente, mascarando e prejudicando, assim, as relações de maior complexidade entre ecossistemas e entre economia e meio ambiente, por exemplo.

De acordo com este método, os critérios para seleção de indicadores resumem-se em três características gerais: (i) relevância para avaliação de políticas e utilidade para usuários; (ii) fundamentação técnica; (iii) facilidade de medição (ALMEIDA, 2008).

Em 1995, a Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da ONU, coordenada pelo Departamento para Coordenação de Políticas e Desenvolvimento Sustentável, desenvolveu um modelo para produção de indicadores onde seriam abordados não somente temas relacionados ao ambiente, mas incorporando quatro dimensões do desenvolvimento sustentável (social, econômica, ambiental e institucional).

Foi gerado um conjunto de 134 indicadores propostos, estruturados segundo os temas correspondentes da Agenda 21, e agrupados segundo a tipologia Força Motriz – Condição - Resposta (DSR - Driving Force - State - Response). Houve a alteração de Pressão por Força Motriz, sendo esta última mais apropriada para apresentar e medir impactos tanto positivos quanto negativos sobre o desenvolvimento sustentável, que este novo conjunto de indicadores permite (ALMEIDA, 2008).

Em 1996 foi realizada a revisão final deste trabalho, sob o título “Indicators of

sustainable development: framework and methodologies”, conhecido como “Blue Book”. Esse

documento foi encaminhado a diversos governos com o convite de aplicar o método como teste e apresentar um retorno de seus resultados. O teste foi realizado em 22 países, entre eles o Brasil, e verificou-se a inadequação de alguns indicadores. Em 1999, no workshop internacional em Barbados propôs-se delinear uma abordagem temática dos indicadores (15 temas, 38 sub-temas e 57 indicadores), mantendo a agregação nas 4 dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social, ambiental e institucional) e a menção aos capítulos da Agenda 21 e descontinuando a estrutura DSR anterior para simplificar o manuseio dos indicadores.

Em 1995 foi publicado pelo Banco Mundial o relatório “Monitoramento dos Processos Ambientais: um Relatório sobre Trabalhos em Andamento” (Monitoring Environmental

de indicadores novos e conceitos inovadores (ALMEIDA, op. cit.). Foram propostos indicadores ambientais e econômicos que permitissem avaliar 172 países quanto às contribuições negativas decorrentes das atividades designadas poluidoras, bem como os benefícios derivados da preservação dos ambientes naturais e da biodiversidade, ambos de forma global. Estes indicadores estavam relacionados a “emissão de poluentes de acordo com

índices econômicos, os bens naturais (recursos minerais, biodiversidade etc.), e o produto interno bruto do país” (WORLD BANK, 1995).

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítica - IBGE conduz um projeto para a produção de indicadores de sustentabilidade no país, e toma como referência o “Blue

Book” e as recomendações adicionais que o sucederam, adaptando seu conteúdo às

particularidades brasileiras. Em 2002, foi publicado “Indicadores de Desempenho Sustentável: Brasil, 2002”, com novas versões em 2004 e 2008.

Nesta última versão são propostos 60 indicadores organizados em quatro dimensões - Social, Ambiental, Econômica e Institucional. Fornecem, em sua dimensão ambiental, informações relacionadas ao uso dos recursos naturais e à degradação ambiental, organizadas nos temas atmosfera, terra, água doce, mares e áreas costeiras, biodiversidade e saneamento. Em sua dimensão social, os indicadores abrangem os temas população, trabalho e rendimento, saúde, educação, habitação e segurança, vinculados à satisfação das necessidades humanas, melhoria da qualidade de vida e justiça social. A dimensão econômica dos indicadores busca retratar o desempenho macroeconômico e financeiro e os impactos no consumo de recursos materiais e uso de energia mediante a abordagem dos temas quadro econômico e padrões de produção e consumo. Por sua vez, a dimensão institucional, desdobrada nos temas quadro institucional e capacidade institucional, oferece informações sobre a orientação política, a capacidade e os esforços realizados com vistas às mudanças necessárias para a implementação do desenvolvimento sustentável (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2008b).

Os indicadores formulados pelo IBGE cumprem muitas funções, e reportam-se a fenômenos de curto, médio e longo prazo. Eles viabilizam o acesso à informação já disponível sobre temas relevantes para o desenvolvimento, assim como apontam a necessidade de geração de novas informações. Servem para identificar variações, comportamentos, processos e tendências; estabelecer comparações entre países e entre regiões dentro do Brasil; indicar necessidades e prioridades para a formulação, monitoramento e avaliação de políticas; e, por

sua capacidade de síntese, são capazes de facilitar o entendimento ao público envolvido com o tema (ZAMBRANO, 2004).

Outros países como a Holanda, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos, propuseram ao longo dos últimos anos novos sistemas e conjunto de indicadores globais de desenvolvimento sustentável para avaliar o progresso das suas políticas ambientais.

Além de indicadores de desenvolvimento sustentável, no ambiente corporativo, são utilizados os indicadores de sustentabilidade empresarial. Empresas ligadas ao World

Business Council for Sustainable Development - WBCSD têm trabalhado com o conceito de

ecoeficiência na direção da aplicação do conceito de sustentabilidade empresarial, que “é

atingida quando a organização fornece produtos e serviços a preços competitivos, que satisfaçam as necessidades humanas, trazendo qualidade de vida, enquanto reduz progressivamente os impactos ecológicos e a intensidade do uso de recursos naturais, em todo o ciclo de vida, a um nível que, pelo menos, não reduza a capacidade de absorção do planeta” (WORLD BUSINESS COUNCIL FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT, 2002).

Existem duas abordagens para esta questão da sustentabilidade nas empresas. Primeiramente, as empresas podem investir em projetos e processos que consumam menos recursos materiais e energéticos, que poluam menos e que utilizem tecnologias mais limpas. Adicionalmente, podem também se relacionar de uma maneira mais transparente com autoridades governamentais, ONGs, associações de classe e comunidades, com objetivo de ter impactos ambientais e socioeconômicos positivos no local onde desenvolvem suas atividades (AMARAL, 2003). Assim, consumo de energia e materiais, emissão de gases e substâncias tóxicas, bem como lucratividade e vendas líquidas, são exemplos de indicadores de ecoeficiência.

No meio empresarial, a abordagem da ecoeficiência enfoca a utilização adequada de recursos materiais e energéticos, com o sentido de se reduzir custos e de se maximizar lucros. Este conceito, que adiciona valor aos negócios, através de uma adequada gestão ambiental, tem bastante atratividade para os empresários. No Brasil, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) vem usando e divulgando a expressão em seus “Relatórios Anuais de Sustentabilidade Empresarial” (AMARAL, 2003).

O CEBDS se constitui em uma entidade sem fins lucrativos formada pela iniciativa privada em março de 1997, como integrante da rede de conselhos vinculada ao WBCSD. A formação desta identidade coletiva contribui para que algumas das maiores empresas de

capital nacional e internacional que operam no Brasil sejam mais eficazes quando corresponde às exigências impostas pelo mercado.

Além dos indicadores de sustentabilidade, pesquisadores das diversas áreas do conhecimento propõem o uso de indicadores diversos para avaliar o desempenho ambiental desejado:

Aguiar (2004) pesquisou o desempenho das organizações não governamentais do Estado de São Paulo, que são entidades sem fins lucrativos, por meio de indicadores quantitativos (medidas de produtividade e índices de aplicação dos recursos) e qualitativos (análise do comprometimento com a qualidade).

Amaral (2003) e Chiummo (2004) verificaram o desempenho de indústrias químicas e petroquímicas brasileiras por meio da seleção de indicadores de desempenho ambiental.

Zambrano (2004) selecionou indicadores para avaliar o desempenho ambiental de edificações, tomando com estudo de caso a indústria farmacêutica e Silva (2006), com o mesmo propósito, tomou os hotéis como estudo de caso.

Silva (2003) propõe indicadores para avaliar o desempenho ambiental na extração da areia pelo método da dragagem em leito de rio.

Estes são apenas exemplos de um universo vasto do uso de indicadores para avaliar o desempenho ambiental nos mais variados ramos da pesquisa técnico-científica.

Como citado anteriormente, a Norma ISO 14031:1999 propõe a avaliação de desempenho ambiental por meio de duas categorias genéricas de indicadores, assim detalhados:

a) Indicadores de Desempenho Ambiental (Environmental Performance Indicators -

EPI), que são subdivididos:

a.1) Indicadores de Desempenho Gerencial (Management Performance Indicators

– MPI): são indicadores que correspondem às informações gerenciais

relacionadas ao meio ambiente, tais como as práticas ambientais adotadas, conformidade legal, programas e planos de gestão ambiental implementados. São caracterizados pelo não atendimento à legislação ambiental ou às exigências e condicionantes estabelecidas durante o licenciamento ambiental, bem como às licenças e autorizações ambientais específicas para as áreas de apoio, supressão de vegetação e intervenção em áreas de preservação permanente.

a.2) Indicadores de Desempenho Operacional (Operational Performance Indicator - OPI): estão relacionados às medidas e aos procedimentos ambientais empregados durante as atividades operacionais que compõem o empreendimento, que buscam reduzir os danos ambientais e proporcionar bem-estar aos funcionários e à população afetada, tais como implantação de barreira de sedimentos, bacias de retenção, cobertura vegetal de taludes entre outros.

b) Indicadores das Condições Ambientais (Environmental Condition Indicators -

ECI): compreendem as medidas de controle ambiental conforme as características

ambientais do local e dos aspectos ambientais envolvidos, promovendo a recuperação ou a melhoria das condições ambientais. São relacionados aos indicadores que descrevem as características do meio ambiente da área de inserção do empreendimento, e às possíveis alterações provocadas na qualidade da água, do ar, às intervenções que podem decorrer em impactos na fauna e flora local, bem como aos aspectos sociais, tais como distúrbios provocados por ruídos e vibrações, gases poluentes e levantamento de poeira.

Seguindo as categorias da ISO 14031, Cavalieri (1997) apresenta exemplos de indicadores para as áreas gerencial, operacional e ambiental, conforme Quadro 4.3.

Indicadores para a área gerencial

Indicadores para a área operacional

Indicadores para a área ambiental

Implementação de política e programas:

• número de objetivos e metas alcançadas;

• número de unidades da organização que atingiram os objetivos e metas ambientais; • número de iniciativas de

prevenção de poluição implementadas;

• número de empregados treinados.

Materiais:

• Quantidade de materiais usados por unidade de produto; • Quantidade de material de

embalagem usado ou descartado por unidade de produto;

• Quantidade de matéria-prima reusada na produção. Ar: • Concentração de contaminantes no ar; • Ruídos; • Odores. Conformidade:

• graus de adequação às normas ambientais;

• tempo de resposta a acidentes ambientais;

• número de auditorias implementadas versus planejadas;

• número de multas recebidas.

Energia:

• quantidade de unidades de energia gastas por ano por unidade de produto; • quantidade de cada tipo de

energia usada.

Água:

• concentração de contaminantes na água;

• número de coliformes por litro de água;

• oxigênio dissolvido.

Desempenho financeiro: • custos das atividades

relacionadas com o desempenho ambiental;

• fundos de pesquisa e desenvolvimento aplicados a projetos ambientais;

• retorno de investimento sobre projetos de melhoria ambiental.

Equipamento e logística: • média de consumo da frota de

veículos;

• número de viagens de negócios evitadas através de outros meios de comunicação.

Solo: • erosão;

• concentração de contaminantes no solo.

Relação com a comunidade: • número de programas ambientais

implantados;

• número de sítios com relatórios ambientais;

• progresso nas atividades de remediação.

Produtos:

• número de novos produtos introduzidos no mercado com redução de substancias tóxicas; • número de produtos que podem

ser reusados;

• número de produtos com selos verdes.

Flora:

• qualidade da vegetação; • número de espécies por unidade

de área.

Resíduos: • quantidade de resíduos por ano ou

por unidade de produto;

• quantidade de resíduos recicláveis ou reusáveis por ano.

Fauna:

• concentração de contaminantes em animais;

• número de espécies identificadas por unidade de área.

Emissões: • quantidade de emissões por ano;

• quantidade de emissões por unidade de produto;

• quantidade de material lançados em aterros por ano.

Homens, habitação: • saúde humana;

• erosão das construções.

Quadro 4.3 - Exemplos de indicadores para avaliar o desempenho ambiental.

O Ministério do Ambiente da Alemanha (Federal Environment Ministry, Bonn and

Federal Environmental Agency), desenvolveu três grandes grupos de indicadores ambientais

(FEM & FEA, 1997), sendo eles: Indicadores de gestão; Indicadores financeiros; e Indicadores das condições ambientais.

Os indicadores de gestão apresentam as ações da organização que procuram minimizar o impacto ambiental negativo; servem como controle interno, embora não reflitam os impactos causados pela empresa, não podendo ser utilizados sozinhos, para medir o desempenho ambiental. São eles: a política ambiental, o sistema de gestão ambiental, o sistema de gestão de risco, o sistema de gestão legal, a administração do produto e os programas de educação ambiental.

Os indicadores financeiros são elementos da organização que procuram definir e relacionar as questões financeiras com as variáveis ambientais, onde são analisadas as relações em moeda, com a movimentação e os investimentos, além dos gastos com programas e projetos ambientais e os possíveis retornos. São eles: o total das multas, o total dos investimentos, o total dos gastos em energia elétrica e sua relação com a produção, o total de combustível gasto e sua relação com a produção.

Os indicadores das condições ambientais apresentam o comportamento ambiental do empreendimento ou operação industrial, focalizada nos impactos significativos e baseiam-se nos relatórios de impacto ambiental e nos planos de controle ambiental. Exemplos destes indicadores são: ar (emissões, ruído e odores); água (contaminantes e sua concentração, OD – oxigênio dissolvido, coliformes presentes); solo (erosão); flora (diversidade); fauna (diversidade); homem (indicadores de saúde; indicadores de qualidade de habitação).

No entanto, a seleção de indicadores que serão tornados públicos é de inteira responsabilidade das empresas, já existindo uma convergência de opiniões no sentido de que os indicadores escolhidos para divulgação devam ser aqueles utilizados internamente. As empresas não estão obrigadas a tornar públicos os dados gerenciais relativos ao meio ambiente, que são usados de forma intensiva para atender a propósitos internos, o que pode representar uma dificuldade adicional no sentido de obter um alto nível de transparência (BERGAMINI JUNIOR, 1999).

Para empreendimentos civis, Bitar et al. (1993) apresentam indicadores que visam a medir e acompanhar os processos do meio físico modificados por ação humana, e descreve os parâmetros e unidades de medição para avaliação do comportamento de tais processos. Dentre eles, pode-se citar: feições erosivas, movimentos de massa, dimensões de assoreamento, grau

de umidade do solo, feições de afundamento ou colapso do solo, acidez da água e solo, entre outros.

Ainda para as alterações do meio físico, relacionadas especificamente aos processos geológicos e geomorfológicos, são utilizados os geoindicadores que, segundo Berger (1996), correspondem a medidas de magnitude e freqüência de tais processos que variam num período inferior a cem anos e se baseiam em análises, diagnósticos e procedimentos para o monitoramento do meio ambiente.

Sánchez (2006a) apresenta indicadores ambientais utilizados na AIA, onde descrevem a magnitude dos efeitos e impactos ambientais identificados em um EIA. Estes indicadores visam, por meio de parâmetros, índices ou medidas pré-estabelecidas, a avaliar os efeitos diversos dos impactos previstos e decorrentes da implantação de um empreendimento.

Estes indicadores estão relacionados à alteração nos processos de dinâmica superficial, geração de resíduos, efluentes e gases poluentes; supressão de vegetação; alteração da qualidade do ar, água e solo, alteração no uso e ocupação do solo, geração de empregos, impostos; aumento na demanda de bens e serviços, entre outros.

Para obras rodoviárias, são inúmeros os indicadores que podem ser utilizados na análise do desempenho ambiental do empreendimento. Em 2004, foi publicado pela Revista do Instituto Militar de Engenharia, em parceira com consultores do DNIT, o Manual de Gestão Ambiental de Estradas, que entre outras iniciativas, propõe a aplicação de indicadores para avaliar o desempenho ambiental no setor rodoviário. O modelo de ADA proposto é aplicado para a implantação de obras, baseado em indicadores de atendimento à legislação e para a recuperação de passivos ambientais e sociais. (BRASIL, 2005a)

No Estado de São Paulo, o DER/SP, quando da elaboração e implantação do seu sistema de gestão ambiental, elencou indicadores de desempenho ambiental a serem utilizados para medir os resultados dos programas e atividades ambientais, em função de critérios de eficiência e eficácia estabelecidos no âmbito do SGA e no seu Plano de Gestão Ambiental (SÃO PAULO, 2006c). Foram propostos os seguintes indicadores de resultados para avaliação de desempenho:

• Número de rodovias com pendências na obtenção de Licença Ambiental de Operação (LO);

• Situações de Não Conformidades na execução de obras rodoviárias; • Passivos Ambientais na malha viária do DER/SP;

• Plantios Compensatórios realizados (quantidade de mudas plantadas); • Conflitos com comunidades lindeiras (número de processos), e; • Agentes Internos capacitados.

Para os primeiros contratos de concessão de rodovias federais, Carvalho (1999) apresentou uma proposta para avaliar o desempenho ambiental, onde foram selecionados indicadores ambientais que retratassem a gestão da concessionária em relação aos aspectos ambientais. Visando à sistematização da avaliação de desempenho, os indicadores estavam relacionados ao processo de licenciamento ambiental, aos serviços de recuperação dos passivos ambientais e sociais, e aos programas de proteção e monitoramento ambiental. O critério utilizado para avaliar o desempenho da concessionária caracteriza-se na atribuição de valores percentuais que demonstram o atendimento aos requisitos ambientais e o estágio de implementação das medidas a partir de um cronograma pré-estabelecido.

Tomando-se por base os aspectos e procedimentos ambientais considerados relevantes e constantes dos editais de licitação, acrescidos de aspectos ambientais significativos das etapas de licenciamento; implantação, duplicação e melhoria dos sistemas de transporte e; operação dos referidos sistemas, Romanini (no prelo), responsável pelo departamento ambiental da Artesp, apresentou uma proposta com dez indicadores para a ADA, sendo eles:

1) Existência de Auto de Infração por descumprir a legislação ambiental; 2) Licenciamento Ambiental em nível federal, estadual e municipal;

3) Elaboração e Implantação de Planos e Programas de Controle Ambiental para mitigação dos impactos ambientais na etapa de implantação de obras novas;

4) Implantação de Planos e Programas para Monitoramento e Proteção Ambiental na etapa de operação dos sistemas de transporte;

5) Planos e Programas para Atendimento a Emergências, exigidos pelos órgãos de licenciamento e ou necessários à mitigação de impactos gerados pelo sistema em operação;

6) Levantamento e Plano de Recuperação do Passivo Ambiental existente; 7) Ocorrência e correção de NCAs;

8) Implantação Voluntária de Programas visando à proteção do meio ambiente (ex: Sistema de Gestão Ambiental, Educação Ambiental, etc.);

9) Registro das Ocorrências e Programas de Proteção dos atropelamentos de animais domésticos e silvestres e focos de incêndio; e

10) Destinação adequada do lixo, resíduos de poda, óleos e graxas, oriundos das etapas de implantação e operação dos sistemas.

Com exceção do indicador n.º 8, que é caracterizado como pontos extras atribuídos às