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3. METODOLOGIA E INDICADORES DE DESEMPENHO

3.4 Indicadores de Mobilidade Urbana

A Mobilidade Urbana seguiu a mesma linha de outros serviços públicos. Com o aumento da concentração da população nas grandes cidades e regiões metropolitanas, a demanda por deslocamentos em seus espaços cresceu. Isso exigiu que os municípios definissem medidas para a melhoria das políticas públicas voltadas para essa área. Porem, o que se nota é uma deficiência desse serviço na maioria das cidades brasileiras.

Os constantes engarrafamentos, a má qualidade do transporte público e das vias urbanas, a falta de estrutura para o transporte não motorizado, falta de integração entre os modos de transporte são exemplos de deficiências nesse setor.

Como foi dito, a demanda por serviços públicos é diretamente relacionado ao número de habitantes, principalmente os de mobilidade. Em busca no site do IBGE, verificou-se que em 1991 o município estudado (Aracaju) possuía 402.341 habitantes e em 2017 (estimativa em consulta no dia 20/09/2017), 650.106, ou seja, um crescimento de 38,11%.

Comparando esse número com o Brasil que em 1991 possuía 146.825.475 habitantes contra 207.660.929 (estimativa em consulta no dia 20/09/2017), com um crescimento de 29,30%, percebe-se que variação da população foi consideravelmente maior. Isso faz crescer ainda mais a necessidade de se aumentar a eficiência dos serviços de mobilidade urbana e principalmente do transporte público coletivo.

Os problemas referentes à mobilidade urbana são agravados por investimentos insuficientes e às vezes inadequados, e também pela ausência de políticas públicas que priorizem os modos coletivos e os não motorizados

em relação aos outros modos no espaço urbano (ABDALA e PASQUALETTO, 2013).

A falta de serviços adequados vem prejudicando bastante a qualidade de vida da população, principalmente a de baixa renda, que depende de transporte público, que é inseguro e ineficiente e não possuem meios de se deslocar por transportes não motorizados devido à falta de vias com esta finalidade, tendo que se arriscar muitas vezes no meio dos veículos motorizados.

O agravamento dos problemas urbanos, incluindo os problemas relacionados à mobilidade urbana, tem impulsionado a adoção de ferramentas inovadoras, que superem as limitações dos atuais instrumentos de gestão (COSTA; SILVA e RAMOS, 2004).

Indicadores de desempenho voltados para um diagnóstico e monitoramento da Mobilidade urbana em qualquer cidade torna-se uma peça fundamental para um planejamento e sua melhoria. Eles fornecerão informações que mostrem qual a situação atual de determinada cidade em relação à Mobilidade Urbana e poderão ser utilizados para o monitoramento das políticas públicas relacionadas.

Como reflexo da necessidade de se implantar essa ferramenta nas cidades brasileiras, diversos autores desenvolveram pesquisas com o intuito de levantar os indicadores necessários para traçar o panorama da mobilidade urbana em diversas cidades e metas a serem alcançadas por elas, e, consequentemente, obter melhoria nos serviços para a população.

A diferença é que este trabalho terá como foco a melhoria do transporte público coletivo por conseguir transportar um maior número de pessoas a distâncias maiores. Desse modo, uma análise dessas pesquisas será importante para a construção de uma estrutura de indicadores voltada para o transporte público coletivo de Aracaju.

Costa, Silva e Ramos (2004) realizaram um estudo que tinha como objetivo principal identificar indicadores de mobilidade urbana para cidades de médio porte no Brasil (106) e em Portugal (121), com base na preocupação inicial de promover a sustentabilidade. Segundo eles, a carência de dados e

informações é um dos principais problemas associados à construção de indicadores de mobilidade.

Machado e Merino (2012) propuseram um Índice para avaliação da Sustentabilidade da Mobilidade Urbana (IMS) formado por um conjunto de indicadores alimentados por dados capturados por órgãos nacionais e municipais a fim de oferecer subsídios ao planejamento da mobilidade. Ele foi aplicado em 10 (dez) dos 31 (trinta e um) municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) e proporcionou comparações tanto temporais como territoriais dos impactos da mobilidade motorizada na sustentabilidade.

Campos e Ramos (2005) apresentaram uma proposta de indicadores de mobilidade sustentável com base na conjugação das características do uso e ocupação do solo e do sistema de transporte. Eles justificam que esses conceitos possuem relação estreita e é necessário estudá- la melhor, o que contribuirá para a adoção de medidas que busquem o desenvolvimento sustentável das cidades.

Costa (2008) desenvolveu uma ferramenta para avaliação e monitoramento da mobilidade urbana, o IMUS (Índice de Mobilidade Urbana Sustentável), e aplicou em uma cidade brasileira. O objetivo era identificar os aspectos positivos e aqueles que necessitavam ser aprimorados para o seu emprego efetivo na elaboração das políticas públicas para a mobilidade urbana sustentável. O índice foi elaborado com 87 (oitenta e sete) indicadores de desempenho voltados para uma mobilidade urbana sustentável, servindo de base para outros trabalhos.

Lóra e Campos (2016) usaram o trabalho de Costa (2008) e diminuíram seus indicadores de mobilidade identificados de 87 (oitenta e sete) para 24 (vinte e quatro). Isso foi feito após análises dos que seriam viáveis para aplicação no município de Vitória. Foram excluídos os que apresentavam pouca importância relativa na análise de mobilidade urbana e os que não seriam passíveis de mensuração no município estudado.

Porém, há problemas que devem ser enfrentados, e a falta de informações para a mensuração dos indicadores é um deles. Este trabalho buscará, além da montagem de uma estrutura de indicadores, demonstrar os

meios de mensuração dos mesmos, mas caberá ao ente público buscar estas informações.

Como foi dito anteriormente, a estrutura de indicadores proposta, além de ter como referências pesquisas anteriores, deve estar de acordo com os princípios e diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, mencionadas no capítulo 2 deste trabalho, e da Política Municipal de Mobilidade Urbana de Aracaju, um dos assuntos do próximo capítulo.

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