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4. O MUNICÍPIO DE ARACAJU

4.2 Transporte Público Coletivo em Aracaju

O serviço de transporte coletivo é essencial na vida das pessoas. Ele é parte fundamental da estrutura de funcionamento das cidades, devendo ser organizado e gerido pelo poder público de forma a oferecer melhor atendimento à população com conforto, fluidez e segurança (BRASIL, 2015).

O PlanMob (2015) define também que o sistema de transporte coletivo deve ser organizado de forma que se integre os diversos modos de transporte e prestado de forma profissional com uma adequada manutenção da frota e operação de tráfego.

No município de Aracaju, o transporte coletivo deve ser organizado, planejado, implementado e gerenciado através da SMTT (ARACAJU, 2015). Já os serviços são operacionalizados por empresas de ônibus através dos Terminais de Integração, sendo fiscalizado pelo referido órgão (VASCONCELOS, 2014). Portanto, cabe a ele, seguir as recomendações constantes no guia PlanMob (2015).

O ônibus é o principal meio de transporte nas cidades brasileiras (BRASIL, 2015). No caso de Aracaju, o transporte coletivo é feito exclusivamente por um sistema de ônibus e integra, além da capital Sergipana, a sua região metropolitana, sendo organizado através de um sistema integrado composto por terminais de integração onde é permitido o transbordo de passageiros entre suas diversas linhas sem a necessidade de pagamento de uma nova passagem (FERRO e FONSECA, 2013).

A partir de 2016, após diversas discussões e inúmeras críticas, esse modo de transporte passou a contar com faixas exclusivas para sua circulação, o que contribuiu para a melhoria dos serviços, especialmente no que diz respeito à fluidez dos ônibus.

Para a implantação das faixas exclusivas, a SMTT enfrentou alguns obstáculos. Um deles foi o ajuizamento de uma ação civil pública pelo Ministério Público de Sergipe (MPE/SE), na qual foi concedida uma liminar em 15 de julho de 2016 determinando a retirada das placas de sinalização

indicativa de faixa exclusiva de ônibus em todas as vias de Aracaju onde já foram implantadas.

O MPE/SE alegou que a implantação dos corredores exclusivos para ônibus em Aracaju pela SMTT, sem a prévia e necessária adequação das vias mediante a execução de obras públicas de intervenção viária não apresentou um resultado positivo para o trânsito levando em consideração o teor de reclamações de cidadãos recebidas pelo respectivo órgão.

Essa ação reflete a ainda rejeição de parte da população no que se refere a priorização do transporte coletivo em relação ao particular. Essa rejeição se dá tanto pela má qualidade do transporte coletivo quanto pelas pessoas não quererem abrir mão do conforto do seu veículo particular para utilização de outros modos de transporte, o que ajudaria na mobilidade urbana em geral. É necessário verificar o real motivo antes da tomada de decisão.

O MPE/SE alegou ainda que a SMTT antecipou-se na implantação das faixas exclusivas, causando uma piora no trânsito com o aumento dos engarrafamentos, pois as avenidas não foram adequadas ainda para a implantação das referidas faixas. No entanto, apesar de inicialmente ter sido concedida a liminar, a mesma foi suspensa pelo Tribunal de Justiça de Sergipe a pedido da SMTT e a faixa exclusiva foi novamente posta em prática.

Consta no Projeto de Lei de instituição do Plano de Mobilidade Urbana, a priorização da realização da licitação da concessão dos serviços de transporte coletivo público, seguindo o que rege a Política Nacional de Mobilidade Urbana (ARACAJU, 2015). Porém, o que se vê é o descumprimento dessa regra, visto que esses serviços são executados através de contratos de permissão.

Ferro e Fonseca (2013) criticam o meio como as empresas adquiriram o direito de exploração das linhas de ônibus. Segundo eles, é um agravante a concessão de permissão para essa exploração sem qualquer tipo de licitação pública, pois não há concorrência quanto ao oferecimento das melhores condições aos usuários.

Na reportagem “Licitação do transporte coletivo: Aracaju na contramão da lei” feita por Eclair Nascimento, veiculada no site A8SE na data 16 de janeiro de 2018, há uma declaração do atual prefeito de Aracaju garantindo que irá fazer a licitação do transporte até 2019, porém sem dar

grandes detalhes. Ela é, sem dúvida, essencial para a melhoria dos serviços de transporte. A grande vantagem é a definição de regras na realização dos serviços, definindo direitos e deveres para os gestores, empresas e usuários.

Em relação às condições dos terminais de integração na Região Metropolitana de Aracaju, Ferro e Fonseca (2013) também observaram que eles estão bem distribuídos, recebendo um grande número de pessoas. Isso pode ser considerado um benefício para seus usuários. Em contrapartida, constataram um descontentamento generalizado em relação às condições físicas dos terminais de integração e uma falta de organização quanto à entrada e saída do transporte, questões essas que precisam de melhoria.

Vasconcelos (2014), em seu estudo, também verificou as condições de infraestrutura oferecidas aos usuários do transporte público em Aracaju no que se refere aos terminais de integração, ônibus e seus abrigos. Foi constatado, na opinião dos usuários, pouca acessibilidade a portadores de necessidades especiais, deterioração e falta de limpeza dos veículos, não cumprimento dos horários por parte dos ônibus e baixa qualidade dos abrigos ou sua inexistência, sendo necessário um plano de ação para resolução desses problemas.

Em contrapartida, Vasconcelos (2014) enxergou que a capital sergipana caminhava para uma mudança significativa nas condições do sistema de transporte público da capital sergipana. A colocação de novos abrigos e principalmente a implantação do BRT, com promessa de corredores e faixas exclusivas para sua circulação com disponibilização dos horários de chegada, se apresentaram como algumas soluções.

Porém, em 2017, o que se vê é que algumas melhorias foram concretizadas e outras não e a realidade é que os serviços de transporte público continuam de baixa qualidade. Os trabalhos científicos são de grande importância para o desenvolvimento do tema. Porém deve haver por parte do poder público municipal um monitoramento da qualidade desses serviços disponibilizados para toda a população com o objetivo de melhoria contínua.

Em 2016, foram disponibilizados à população os aplicativos Citta Mobi e Meu Ônibus. Eles permitem acompanhar o itinerário das linhas de ônibus, os horários de paradas em seus respectivos pontos, entre outras comodidades. O passageiro pode agora programar melhor sua viagem,

evitando a espera nos pontos de ônibus. Com certeza foi uma medida bastante útil para a população.

Porém essas melhorias pontuais ainda não suficientes. É necessário acompanhar o transporte público coletivo em seus diversos temas e a proposta de estrutura de indicadores pode ajudar nisso. Essa estrutura possibilitará o acompanhamento dos resultados obtidos através das políticas adotadas pelo poder público em relação ao transporte público coletivo como um todo. A melhoria desse modo de transporte é bastante relevante para a maioria da população, visto que ele tem a capacidade de atingir um grande número de pessoas.

5. ESTRUTURA DE INDICADORES PARA O TRANSPORTE

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