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7. Fatores que influenciam o crescimento económico

7.3 Inflação

A inflação, considerada como a subida contínua e generalizada do nível dos preços, é uma medida quantitativa do nível médio a que sobem os preços de um cabaz selecionado de bens e serviços, numa economia, ao longo de um determinado período de tempo, sendo que esta medida quantitativa é expressa em percentagem. Desta forma, Laidler e Parkin’s (1975) referem que a inflação é considerada como o processo do aumento contínuo dos preços ou como o decréscimo contínuo do valor do dinheiro, enfatizando também a persistência ou continuidade de mudança nos preços como característica que define a inflação.

Da mesma forma, Friedman (1963) menciona que a inflação representa o aumento constante e contínuo do nível geral dos preços. No entanto, o mesmo autor dá ênfase à distinção entre duas formas de inflação, a estável e a intermitente, sendo que a inflação estável é aquela que é mais o menos constante e, a inflação intermitente, aquela que reduz e aumenta de forma repentina. Friedman (1963) realça a importância da distinção entre as duas formas de inflação uma vez que a inflação estável ou constante é mais facilmente expectável, enquanto a inflação intermitente ou transitória não é tão facilmente prevista ou antecipada.

De acordo com McNabb e McKenna (1990), a mesma distinção feita anteriormente é agora referida como inflação antecipada e inflação não antecipada. No que concerne à inflação antecipada, se a mesma fosse totalmente antecipada seria espectável que aspetos como valores nominais, salários, taxas de juro e pensões, seriam totalmente ajustados para que em termos reais não ocorressem alterações. No entanto na realidade tal não se verifica uma vez que mesmo uma inflação totalmente antecipada acarreta custos para a economia. Tal situação ocorre porque quando se verificam subidas da taxa de inflação ocorre também perda do poder de compra, ou seja, uma perda no valor da moeda, tendendo assim os detentores de riqueza a reduzir os montantes de saldo disponíveis, podendo isto ocorrer a qualquer momento, esta mesma redução origina efeitos reais de alocação de recursos na economia.

De outra forma, quando se verifica inflação não antecipada não ocorre um ajustamento total às mudanças ocorridas nos níveis dos preços, trazendo isto um conjunto de consequências para a distribuição de riqueza e gerando incerteza na sociedade, podendo tornar as empresas relutantes no que diz respeito aos investimentos e os credores a fixar elevadas taxas de juro.

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Ao nível da inflação verificam-se ainda casos excecionais em que ocorre hiperinflação, isto é, quando a inflação é considerada como fora de controlo, podendo ser associada a situações de recessão, de acentuada desvalorização da moeda, devido a problemas nas contas públicas e impressão de moeda de forma descontrolada, e também de subida elevada dos preços dos produtos. Alguns dos casos mais marcantes deste fenómeno são a hiperinflação alemã no período posterior à I Guerra Mundial, e a hiperinflação húngara, no período após a II Guerra Mundial.

Além das subidas da taxa de inflação é ainda importante referir que reduções na taxa de inflação impõem também custos para a economia, tais como baixa produtividade e elevados níveis de desemprego, que podem até ser superiores aos verificados aquando das subidas da inflação. Quando ocorre uma redução da taxa de inflação estamos perante o efeito de deflação, sendo este o oposto da inflação, em que ocorre uma redução contínua e prolongada do nível dos preços, ocorrendo um aumento do valor real do dinheiro, no entanto este fenómeno acarreta efeitos nefastos uma vez que ocorre, normalmente, em períodos de recessão.

Segundo Barro (1995), nos últimos anos, muitos bancos centrais aumentaram as preocupações associadas à estabilidade de preços, pelo que a política monetária, expressa tanto através de taxas de juro como também através de agregados monetários, tem sido cada vez mais orientada para a obtenção de taxas de inflação mais reduzidas e ao mesmo tempo estáveis. Desta forma, os bancos centrais vêm a estabilidade de preços como um objetivo central uma vez que consideram que subidas da taxa de inflação acarretam elevados custos, tanto gerados pela própria taxa de inflação como pela imprevisibilidade e incerteza associadas à mesma. Estes últimos fatores, a imprevisibilidade e incerteza, estão também associados a uma fraca performance de famílias e empresas. Tal facto é realçado por Roger (1998), que refere que nas últimas décadas os bancos centrais têm feito da procura por baixas taxas de inflação o seu objetivo primário.

No caso particular das instituições bancárias, segundo Staikouras e Wood (2004) a inflação é capaz de originar efeitos diretos e indiretos na rentabilidade dos bancos. Efeitos diretos no que concerne ao aumento do preço do trabalho e indiretos no que respeita à alteração de taxas de juro, assim como dos preços dos ativos. Pelo que os efeitos da inflação na performance bancária dependem das expectativas associadas à inflação serem ou não antecipadas. Sendo as expectativas antecipadas, as taxas de juro são ajustadas de forma que as receitas cresçam mais rapidamente do que os custos, tendo esta situação um impacto positivo na rentabilidade. No entanto, se as expectativas relativamente à inflação não forem antecipadas, os bancos tornam-se

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mais morosos a ajustar as taxas de juro, originando que os custos cresçam mais aceleradamente do que as receitas, tendo tal situação tem um impacto negativo na rentabilidade.

Enquanto fator explicativo, a inflação é, em grande parte das vezes medida a preços do consumidor.