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Influência de mentores no papel dos educadores musicais em estudo e a mentoria

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO

4.2 Segunda e terceira questões norteadoras

4.2.1 Influência de mentores no papel dos educadores musicais em estudo e a mentoria

Nesta seção apresentar-se-á os dados coletados e discussão dos achados para analisar a influência de mentores no papel dos educadores musicais em estudo e a mentoria como parte do seu papel.

4.2.1.1 Apresentação, análise de dados e discussão dos achados:

Foram entrevistados dois educadores musicais, que atuam como oficineiros de música, no Programa Escola Aberta. As entrevistas foram realizadas seguidas de um roteiro contendo a fundamentação teórica em forma de perguntas (APÊNDICE C e D). Um oficineiro estudou até a 6ª série e o outro está na faculdade. Os oficineiros não possuem formação específica em música. Eles se enquadram no perfil de educadores do ensino não formal. Lembrando que a educação não formal é aquela cujo aprendizado ocorre “no mundo da vida”, via os processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivas cotidianas. O aprendizado gerado e compartilhado na educação não formal não é espontâneo porque os processos que o produz têm intencionalidades e propostas, ela é construída por escolhas.

Os dois oficineiros são da própria comunidade, e convive com os seus alunos fora das oficinas. Percebe-se que os dois oficineiros têm relacionamentos profundos com os seus alunos. Alguns de pai e outros de amigos. Depende muito da convivência que eles têm com os alunos, alguns alunos têm relacionamento de pai e/ou mãe, e com outros alunos têm relacionamentos de amigos ou irmãos. O fenômeno de mentoria mais uma vez é muito forte nesses relacionamentos.

Dos dois entrevistados, percebeu-se que eles demonstram a característica de um mentor. De acordo com as perguntas, a pesquisadora percebeu que existe uma preocupação dos dois oficineiros de música, ser exemplo para os seus alunos, ajudando- os, motivando-os encorajando-os a vencer na vida. As suas falas eram muito semelhantes e muito pertinentes. Quando se perguntou se eles percebiam que mentores, eles concordaram, pois havia as características das funções de mentoria latentes nas suas vidas em relação aos seus alunos.

A seguir se destacará algumas falas retiradas dos roteiros de entrevista dos oficineiros de música e identificando as funções de mentoria. Tanto funções de carreira como psicossociais. As falas dos oficineiros 1 e 2 estarão sendo analisadas juntas, pois se percebeu que são as mesmas respostas (APÊNDICE C e D).

Nessas entrevistas pôde se perceber que o oficineiro 1 ficou muito a vontade para falar. Para identificação das funções de mentoria, as respostas foram às seguintes:

Patrocínio ou apadrinhamento

Considerando assim, que nessa função o professor apóia e confia no aluno, não duvidando da sua competência e caráter. Analisa-se a frase a seguir:

(...) os alunos é que me motivam a ensinar (...) (oficineiro 1)

Percebe-se que o oficineiro é um verdadeiro patrocinador dos seus alunos, pois ele tem a maior vontade de estar com seus alunos e cuidando de cada um.

Proteção

Essa função se caracteriza por pela proteção e segurança que o mentor oferece ao mentorado, pois fazendo isso evita que o mesmo seja exposto, desnecessariamente, a experiências e contatos potencialmente prejudiciais ao seu desenvolvimento. A seguir, os depoimentos que demonstram essa característica:

(...) Que me faz mais a ter a capacidade de trabalhar com eles. E é uma preocupação muito grande de lês “tarem” na rua nessa idade né, ‘tá’ junto deles. (...) Tenho medo que eles se percam, por isso eu me mantenho firme (...) (oficineiro 2)

Amizade

Essa característica acontece quando o mentor desenvolve uma interação social com o mentorado que tem como resultado afetividade e compreensão mútua e trocas informais agradáveis sobre o trabalho e fora dele.

(...) É uma satisfação muito grande “ta” junto deles... (...)

(““...) Eu junto” cum” eles, to “tirano” eles das ruas.(...)(oficineiro 1)

Papel modelo

O papel modelo acontece quando consciente ou conscientemente, o mentorado ver no mentor um modelo a ser seguido. Diz-se respeito a um processo de aprendizagem baseado no respeito e na admiração. È bom destacar que nem sempre o mentor tem consciência de que esta sendo exemplo para o mentorado.

Percebe-se no depoimento abaixo, que os primeiros mentores da nossa vida são os nossos familiares (principalmente os pais), ou em outro momento os nossos professores, que aparecem como modelo, mas são referenciados pela sua atuação.

(...) para eles, como eles já disseram eu sou tudo (...) (oficineiro 1)

(...) É, é Rubinho, que foi meu professor, Angelita que ta junto comigo é que que é a diretora lá da escola, e meus pais.(oficineiro 1)

(...) me considero um exemplo pra eles... acho que posso sim, me encaixar nesse papel modelo. (oficineiro 2)

Nesse momento em que ele falava, percebeu que se emocionava, pois refletiu sobre a convivência com seus pais de uma forma bastante intensa e lembrar que seus pais já faleceram e deixaram marcas muito boas e experiências de alegria e crescimento para vida dele e do seu único irmão. Falou ainda que ele é exemplo para o seu irmão.

Tarefas desafiadoras

Essa função se destaca pelo motivo que o mentor oferece ao mentorado desafios ou tarefas viáveis para aumentar as habilidades do mesmo. Observa-se no depoimento abaixo:

(...) hum.. bem... eles que são a chave desse grande cadeado. Que me incaminhraram pra o sistema da escola, e isso pra mim é um orgulho (...) (oficineiro2)

A pesquisadora mostrou para o oficineiro uns cartões contendo as informações sobre a função de mentoria tanto psicossociais como de carreira, e perguntou se ele se identificava com algumas delas, mas se ele achasse que estava enquadrado em todas as funções, assim poderia concordar com todas.

(...) papel modelo, atenção e confiança, onde tenho confiança entre a escola e comunidade; Proteção, tarefas desafiadoras, na realidade todas tem haver comigo, acho q desempenho bem esse papel. E é bem importante pra mim (...) (oficineiro 1)

(...) Aconselhamento, não só os pais têm q dar mais os educadores também. O educador tem que ser os segundos pais deles. Eles tão aqui aprendendo o que a gente passa pra eles (..).(oficineiro 2)

Mentoria

(...) Me acho um mentor, porque daí que as minhas palavras pra eles são muito de conhecimentos pra eles que eles tenha a atenção no que eu falo..(... (oficineiro 1).

(...) acho que sou sim mentora... porque sempre que eles tem dificuldades em relação a qualquer coisa, tipo.. por exemplo... Emocional... eles recorrem a mim(...)(oficineiro 2)

(...) eu tirei Rufai da rua porque ele saiu do quartel e só queria ficar na rua com malandragem ai eu resgatei ele de que forma.trazendo ele pra escola,trazendo ele pra função da banda(...)(oficineiro 1)

(...) Bem(suspiro).. ajudo eles no que eles precisam... aconselho, repreendo...(...)(oficineiro 2)

Durante uma conversa informal com o oficineiro 1, uma frase chamou à atenção da pesquisadora quando o entrevistador perguntou se ele queria estar fazendo outra atividade naquele momento. Ele respondeu emocionado dizendo que não trocaria os seus alunos por nada, pois eles traziam alegria para sua vida. Que nenhum dinheiro trocava a experiência que ele estava tendo com aqueles adolescentes e jovens. E disse mais, que sentia orgulho daquele papel que ele exercia. Disse que essa função de educador só acabaria na sua morte. Pois tem muito orgulho de ser exemplo para os alunos.

Desta forma, o mentor era como se fosse um pai adotivo, e era permitida a ele a responsabilidade pelo desenvolvimento físico, social intelectual e espiritual dos jovens (CARR, 1999).

O contato com o oficineiro 2 foi bem interessante, no inicio da fala ele não entedia muito qual era o papel do mentor, aos poucos ele ficou muito feliz por descobrir que possuía algumas das características de mentoria. O seu relacionamento com seus alunos é muito interessante, pois todos o tratam como um amigo e o respeitam muito. Na primeira

vez que a pesquisadora teve contato com o grupo, percebeu-se a disciplina e o carinho que eles têm com o oficineiro. Observa-se muito nitidamente a presença do fenômeno da mentoria, Ele tem um relacionamento muito forte de amizade. Se vê que há funções de aconselhamento, proteção e papel modelo.