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Informação e documentação científica

13 Gato, 11 meses Piretróides Permetrina

1.4 Informação e documentação científica

A farmácia dispõe de uma vasta área de documentação relativa ao bom funcionamento da mesma. Desde o formulário galénico português, farmacopeia portuguesa VIII, prontuário terapêutico, índice nacional terapêutico, livro de registo de manipulados que se encontram disponíveis a todos os colaborados da farmácia para que possam consultar sempre que necessário.

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Daniela Rodrigues Fernandes

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas|2013-2014

2. Medicamentos e Produtos

A farmácia é um espaço de saúde onde os utentes podem adquirir não só medicamentos, como também produtos ao nível da dermo-cosmética, higiene, ortopedia, produtos fitoterapêuticos, suplementos alimentares e dispositivos médicos.

Visto que os medicamentos possuem maior ênfase na saúde e bem-estar dos doentes, é importante definir o conceito de medicamento.

De acordo com o decreto-lei nº176/2006 de 30 de agosto, medicamento define-se como “toda a substância ou associação de substâncias apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas.”

Durante o período em que estive a estagiar, foram inúmeros os casos em que os doentes pediram auxílio farmacêutico acerca de sintomas gripais. O aconselhamento por parte do farmacêutico teve por base as patologias e historial clínico de cada doente, assim como a sua medicação crónica. Após perceber e interpretar os sintomas e sinais que apresentavam, foi possível alertar para possíveis interações e efeitos adversos. Em muitos casos foi mesmo necessário aconselhar a ida ao médico.

O farmacêutico é um profissional de saúde indispensável à população e possui um papel ativo e integrante na equipa multidisciplinar de profissionais de saúde. Este profissional destaca-se pelo aconselhamento e serviços prestados à população e, é neste âmbito que se deve impor face aos outros profissionais de saúde. Para o aconselhamento é necessário que o farmacêutico possua um conhecimento profundo e atualizado dos medicamentos e produtos disponíveis na farmácia. Como tal, torna-se necessário fazer a distinção entre medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) e medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM), uma vez que no aconselhamento poderá surgir a necessidade de recorrer a medicamentos, e apenas os MNSRM podem ser dispensados. Os MSRM, segundo o decreto-lei nº176/2006, artigo 114º são definidos como:

“1 - Estão sujeitos a receita médica os medicamentos que preencham uma das seguintes condições:

a) Possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;

b) Possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam;

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c) Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja actividade ou reacções adversas seja indispensável aprofundar;

d) Destinem-se a ser administrados por via parentérica.

2 - As indicações, modelos ou formato a que devem obedecer as receitas médicas são aprovados por portaria do Ministro da Saúde.”

Enquanto para os MNSRM segundo o decreto-lei nº176/2006, artigo 115º considera que: “ 1 - Os medicamentos que não preencham qualquer das condições previstas no artigo anterior (114º) não estão sujeitos a receita médica;

2 - Os medicamentos não sujeitos a receita médica não são comparticipáveis, salvo nos casos previstos na legislação que define o regime de comparticipação do Estado no preço dos medicamentos;

3 - O Infarmed, I.P., pode autorizar a reclassificação de medicamentos sujeitos a receita médica em medicamentos não sujeitos a receita médica dependentes de dispensa exclusiva em farmácia, atendendo ao seu perfil de segurança ou às suas indicações terapêuticas, com observância pelas farmácias de protocolos de dispensa;

4 - O disposto no número anterior é igualmente aplicável à classificação de medicamentos que obtenham autorização de introdução no mercado.”

A farmácia onde realizei o estágio a procura por produtos e medicamentos de uso veterinário era uma constante. Como tal, torna-se necessário perceber a distinção entre ambos.

O medicamento de uso veterinário é definido segundo o Decreto-Lei n.º 148/2008 de 29 de jul., alterado pelo Decreto-Lei n.º 314/2009de 28 de out., como “toda a substância ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas.”

Enquanto o conceito de produto de uso veterinário de acordo com o Decreto-Lei n.º 237/2009de 15 de set., “consiste na substância ou na mistura de substâncias destinadas quer aos animais (para tratamento, prevenção das doenças e seus sintomas, maneio zootécnico, promoção do bem-estar e estado hígio-sanitário, correção ou modificação das funções orgânicas, ou diagnóstico médico), quer às instalações dos

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animais e ambiente que os rodeia, ou a atividades relacionadas com estes ou com os produtos de origem animal”.

Para uma melhor compreensão da distinção destes dois conceitos tem-se como exemplo de medicamentos de uso veterinário a terramicina, ivermectina, pílulas contracetivas enquanto dos produtos fazem parte os champôs, coleiras para desparasitar, spot-on.

2.1 Encomendas

As encomendas são realizadas através do Sifarma 2000 e nesta farmácia as mais comuns são as “instantâneas”, as diárias ou por via telefónica diretamente aos fornecedores. As “instantâneas” são realizadas via internet pelos colaboradores que estão no atendimento e que se deparam com a falta de determinado medicamento ou produto. Existem também as encomendas diárias, que são efetuadas pelo menos duas vezes ao dia, e têm por base os consumos diários de medicamentos e produtos. Uma efetiva gestão de stocks torna-se crucial, sendo por isso necessária uma criteriosa análise, de forma a determinar quais os medicamentos que são mais necessários para o bom funcionamento da farmácia. Uma gestão de stocks eficaz, assegura que não haverá falta de medicação ao utente, como também tem em conta a componente financeira da farmácia, por forma a não empatar capital em stocks elevados para o padrão de vendas. É de salientar que o Sifarma 2000 é um bom instrumento de gestão, uma vez que possui ferramentas estatísticas de compras e vendas para todos os produtos e aquando da realização da encomenda, podemos ter acesso a essa informação para nos auxiliar na realização da encomenda que será enviada para os fornecedores.

2.2 Receção

Nesta farmácia a receção das encomendas está a cargo de dois técnicos, que asseguram bons resultados a este nível. Por dia rececionam duas encomendas diárias do fornecedor principal e as restantes encomendas instantâneas.

Inicialmente, para cada encomenda, é necessário verificar se está acompanhada pela fatura original e duplicada. Seguidamente é importante conferir se as quantidades encomendadas correspondem às quantidades enviadas pelo fornecedor, assim como o estado de conservação de cada medicamento e seus prazos de validade. Caso contrário, as não conformidades têm de ser devidamente reportadas ao fornecedor, e serão mencionadas no tópico das devoluções.

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Após conferir a encomenda, é necessário dar entrada desta no sistema informático, Sifarma 2000. Como a farmácia possui Robot, não é necessário fazer a receção de cada embalagem manualmente. Os medicamentos são colocados no tapete rolante do Robot e introduz-se para cada embalagem a data de validade correspondente. A informação relativa ao stock e prazos de validade é transferida diretamente para o Sifarma 2000. No final, se for necessário, faz-se a receção manual de alguns produtos e medicamentos, nomeadamente os que necessitam de etiquetagem. Por último, é necessário conferir o valor do preço de venda à farmácia (PVF) para cada medicamento e os preços impressos na cartonagem (PIC), de modo a que o valor total faturado da encomenda corresponda ao valor total da encomenda rececionada.

Por último, os medicamentos encomendados e que não foram enviados são transferidos para uma nova encomenda, que poderá ser enviada para o mesmo ou diferente fornecedor.

Todas as faturas relativas às notas de encomenda são arquivadas em pastas em armários que se encontram no escritório da farmácia.

Quando há receção de psicotrópicos e estupefacientes nas encomendas diárias, o Sifarma 2000 pede para gravar o número da fatura correspondente, para que no final de cada mês se possa imprimir a listagem com o balanço de entradas e saídas de psicotrópicos e estupefacientes. O documento original é enviado para o Infarmed, devidamente rubricado e carimbado, e o duplicado é arquivado na farmácia. É necessário o envio para o Infarmed até ao dia 8 de cada mês.

2.3 Armazenamento

O Robot armazena todos os MSRM e alguns MNSRM segundo a sua lógica de arrumação, tendo em conta a data de validade e tamanho da embalagem, de modo a que os medicamentos com prazo de validade mais curto sejam distribuídos primeiro. O Robot não armazena nem segundo nomes nem princípios activos. Este garante condições de temperatura e humidade segundo as normas estabelecidas (temperatura inferior a 25ºC e humidade inferior a 60%), de modo a garantir a qualidade na conservação dos medicamentos.

A farmácia possui um frigorífico onde estão armazenados todos os medicamentos que necessitam de uma temperatura inferior a 8ºC, nomeadamente vacinas, alguns colírios, insulinas, produtos vaginais e alguns suplementos alimentares. Todas as segundas-feiras são impressos os gráficos de controlo de temperatura e humidade, tanto do Robot como do frigorífico, e após validação esta informação é devidamente arquivada.

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A farmácia possui também um armazém onde estão guardados os MNSRM e produtos de cosmética que têm stocks mais elevados e já se apresentam expostos na área de atendimento.

Nos lineares encontram-se expostos produtos e medicamentos das áreas da dermo- cosmética, MUV e PUV, artigos de puericultura, higiene íntima, higiene oral e nutrição. A sua exposição tem sempre em conta os prazos de validade: o primeiro a sair é o que possui validade inferior. A localização de cada produto e medicamento está registada na ficha de cada produto no Sifarma 2000.

2.4 Distribuição

A distribuição está automatizada sendo que o principal interveniente é o Robot. Este tem quatro saídas, sendo três delas para os balcões da área de atendimento e a quarta para a zona de receção das encomendas. A distribuição é feita segundo a ordem em que é feito o pedido, mas dá prioridade máxima ao atendimento.

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