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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.2 INFORMAÇÃO E TECNOLOGIA UTILIZADA

Os dados sobre o tipo de informação e tecnologias utilizadas pelos estudantes foram obtidos por meio dos instrumentos de coleta de dados (levantamento e aplicativo). Quanto ao aplicativo foram registrados quatro perfis monitorados por trinta dias. No levantamento, para identificar o tipo de tecnologia usada pelos estudantes, questionou- se sobre o acesso a rede e facilidade de uso do DM.

Sobre o acesso a rede, a primeira questão busca identificar qual o suporte mais usual. Os estudantes foram questionados sobre o acesso à rede ser mais frequente em DM (Var9). Parcela de 1/3 dos respondentes concordou (32,66%), mas a maioria discordou (53,27%). Parcela de 14,07% declarou-se neutra, com números similares para ambos os gêneros. As mulheres concordaram mais (39,83%) mais que os homens (21,06%).

As grandes áreas que mais concordaram foram Humanas (50%), Saúde (47,37%) e Sociais Aplicadas (35,94%), as que menos concordaram foram as Exatas (9,52%), Engenharias (24,72%) e Interdisciplinar (26,19%).

Os resultados mostram que os estudantes de pós-graduação da UFSC ainda não substituíram os desktops para acessar a rede. Aparentemente as tarefas realizadas em DM são outras. Algumas grandes áreas usam o DM para navegar em rede com mais intensidade, em pé de igualdade com os desktops (Humanas e Saúde).

A segunda questão sobre o acesso à rede segue a linha da questão anterior. Os estudantes foram questionados sobre a ‘maior parte’ do acesso à rede ocorrer em DM (Var18). Parcela de pouco mais de 1/3 concordou (35,43%) e a maioria discordou (54,52%). Parcela de 1/10 declarou-se neutra. As mulheres concordaram mais (42,28%) que os homens (24,25%).

As grandes áreas que mais concordaram foram Saúde (54,39%), Humanas (47,5%) e Letras (42,85%) e as que menos concordaram foram Exatas (19,05%), Interdisciplinar (26,19%) e Agrária (26,32%).

Os resultados mostram que a maior parte do acesso à Internet pelos estudantes de pós-graduação da UFSC não ocorre via DM, apesar da mobilidade oferecida. Também mostram os homens em harmonia com desktops e as mulheres com mais afinidade com os DM.

O resultado reforça as respostas à Var9 e evidencia a forte influência dos computadores tradicionais entre os estudantes analisados. Também mostra as mulheres como maiores utilizadoras de DM para acessar a rede. Evidencia-se também preferência dos estudantes de áreas

correlatas (Engenharias e Exatas) pelos tradicionais desktops para acessar a rede.

As respostas confirmam os trabalhadores da área da Saúde entre os trabalhadores mais móveis (IDC, 2015). O acesso à rede via DM entre os estudantes da grande área da Saúde é quase o dobro se comparado com a grande área de Engenharia e quase cinco vezes maior se comparado aos estudantes de Exatas.

Gráfico 1: Tipo de informação e tecnologia.

Fonte: Elaborada pelo autor no programa Statistica 2.0.

Os resultados contrariam a pesquisa brasileira de hábitos de mídia (BRASIL, 2014) que aponta o DM como principal meio de acesso à rede, número que seria maior conforme nível educacional. Os estudantes da UFSC se mostram diferentes dos estudantes da Coreia do Sul, tipo de estudante com perfil de uso do DM mais orientado como dispositivo computacional, e não telefone. (JUNG, 2014, p. 305).

Os estudantes da UFSC demonstram comportamento parecido aos estudantes americanos, que possuem ‘crenças mais positivas em relação aos desktops’, os classificam como melhores, mais rápidos, realistas e significativos em comparação aos DM; já os sul-coreanos apontam os

DM como mais estimulantes, imediatos e atraentes. (SUNG; MAYER, 2012, 1335).

O resultado contraria estudos anteriores que apontam como prática mais usual em DM como acessar a rede e enviar e receber e- mails. (LAPOINTE; BOUDREAU-PINSONNEAULT; VAGHEFI, 2013, p. 1064).

Os resultados são corroborados por Jordaan e Surujlal (2013, p. 284) que apontam 72.81% dos estudantes universitários da África do Sul preferir usar desktops para navegar na Internet. Contudo, os resultados se aproximam de outro estudo com estudantes da Coreia do Sul cujo uso principal do DM para acesso à rede é de apenas 17,3%, e a maioria (52,6%) ainda usa para chamadas telefônicas. (KWON et al., 2013, p. 2).

Verificou-se que os DM não são utilizados pela maioria para acessar a rede. Porém, qual o tipo de informação acessada em DM? Para responder essa questão os estudantes foram questionados sobre o uso de redes sociais e sobre a realização de pesquisas acadêmicas em DM.

Quais seriam as redes sociais dominantes em DM? Para descobrir a resposta os estudantes foram questionados sobre as redes sociais serem o conteúdo mais acessado em DM (Var11). A maioria concordou (59,3%) e parcela de 11,31% declarou-se indiferente, as mulheres (8,54%) menos que os homens (15,79%). As mulheres (68,29%) concordaram mais que os homens (44,73%).

As grandes áreas que mais concordaram foram Saúde (77,19%), Biológicas (68,42%) e Humanas (67,5%), as que menos concordaram foram Exatas (38,09%), Letras (42,85%) e Agrárias (52,63%).

Os resultados evidenciam a predominância das redes sociais em DM. As redes sociais são o conteúdo predominante em DM. Por conseguinte, a informação dominante diz respeito a conteúdo social e pessoal. Destarte, a informação oriunda de redes sociais possui alguns problemas, como a credibilidade.

Os resultados também mostram diferenças entre os gêneros e as grandes áreas. Os números mostram as mulheres mais ativas nas redes sociais. As grandes áreas apresentam comportamentos distintos acerca dos conteúdos acessados via DM, mas todas as grandes áreas - no mínimo 1/3 – têm como principal conteúdo acessado em DM as redes sociais.

Os resultados podem ser comparados com outros estudos. São corroborados pelo estudo de Lapointe, Boudreau-Pinsonneault e Vaghefi (2013, p. 1072) que apontam o uso intenso de redes sociais em DM

entre os perfis analisados: moderados (31%), regulares (67%), copycats (80%) e addicts (79%). Os estudantes de pós-graduação da UFSC se encontram entre usuários moderados e regulares.

Os resultados são consoantes com outros estudos (JORDAN; SURUJLAL, 2013, p. 284; BOMHOLD, 2013, p. 428; JUNG, 2014, p. 310; KIBONA; MGAYA, 2015, p. 781; OULAVIRTA et al., 2011; BRASIL, 2014). Outras pesquisas mostram que os homens são menos dedicados aos fins sociais em DM. (DEURSEN et al., 2015, p. 417; BOLLE, 2014; CARBONELL; OBERST; BERANUY, 2013, p. 906). As mulheres permanecem mais tempo sobre os DM. (ZHONG, 2013, p. 1747). Bolle (2014, p. 20) aponta que as mulheres de fato usam mais o DM que os homens e “have a stronger relationship with their mobile phones”.

Gráfico 2: O uso das redes sociais entre os gêneros.

Fonte: Elaborada pelo autor no programa Statistica 2.0.

O uso predominantemente social dos DM pode ocorrer em detrimento de conteúdos acadêmicos. Para descobrir os estudantes foram questionados sobre a realização de pesquisas acadêmicas ‘frequentes’ no DM (Var19). Apenas 12,82% concordaram. Parcela de 15,33% declarou-se indiferente, as mulheres mais (17,89%) que os

homens (11,18%). As mulheres concordaram ligeiramente mais (13,41%) que os homens (11,85%).

As grandes áreas que mais concordaram foram as Letras (25%), Humanas (22,5%) e Sociais Aplicadas (17,19%), as que menos concordaram foram Biológicas (0%), Exatas (4,76%) e Engenharias (7,86%).

Os resultados mostram a grande maioria dos estudantes da UFSC não possuem o hábito de realizar pesquisas acadêmicas no DM. Mas algumas grandes áreas aparentemente são mais habituadas a realizar pesquisas em DM do que outras, mas nenhuma grande área em sua maioria possui esse hábito.

Gráfico 3: Tipo de informação e tecnologia utilizada pelas grandes áreas.

Fonte: Elaborada pelo autor no programa Statistica 2.0.

Pode-se especular acerca dos resultados. Talvez seja evidência da preferência dos estudantes pelo desktop para a realização de pesquisas ou atividades mais sérias. Pode ser também que o entretenimento e relações sociais sejam o foco do uso do aparelho.

Os resultados podem ser comparados com outros estudos. Corroboram pesquisas que mostram o DM ser pouco utilizado por estudantes para fins acadêmicos. Kibona e Mgaya (2015, p. 781)

apontam amostra em que apenas 20% usam o DM com finalidades acadêmicas (número que se aproxima de algumas grandes áreas da UFSC) e 15% para fins sociais e acadêmicos, mas a maioria (65%) usa apenas para fins sociais. Pode ser que haja baixa aceitação do aparelho para tal atividade. (PONNURANGAN; KURIAKOSE, 2013, p. 1418). Os resultados contrariam a afirmação de Kassab e Yuan (2013) sobre a busca de informação em rede ser tão central em DM quanto interações sociais.

Os resultados mostram que os estudantes de pós-graduação da UFSC têm comportamento distinto dos sul-coreanos. Entre os últimos a busca de informação está entre as funções mais utilizadas do DM juntamente com as redes sociais. (JUNG, 2014, p. 310). Os resultados também contrariam estudo de Verkasalo et al. (2010, p. 243) onde se destaca a pesquisa em rede como um dos serviços mais usados.

Gráfico 4: Os aplicativos mais utilizados.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Pode-se inferir que os estudantes de pós-graduação da UFSC percebem os DM como não adequados para fins educacionais (TRAXLER, 2010) ou que o uso seja predominante social e ligado ao cotidiano. (MERCHANT, 2012). Talvez a atividade de realizar pesquisa no catálogo da biblioteca ou mesmo nos buscadores comerciais em rede esteja fora das práticas móveis dos estudantes da UFSC.

Talvez seja sensação de desconforto ou mera preferência pelos tradicionais PCs. (KOBUS; RIETVELD; VAN OMMEREN, 2013, p. 30) para realização da pesquisa. O baixo uso do DM para realizar

pesquisas (por tratar-se de estudantes de Pós-Graduação) pode revelar o fosso móvel (PARK, LEE, 2015, p. 80-81) onde apenas os mais habilitados conseguem explorar com sucesso a plena capacidade dos DM.

Também pode ser questão de letramento ou competência em lidar com informação. (BORGES; SILVA, 2006; CAREGNATO, 2000; DUDZIAK, 2003; VITORINO; PIANTOLA, 2011; EUROMEDIA, 2004). Os estudantes holandeses parecem se comportar de forma parecida, onde o uso de DM para fins acadêmicos é muito pequeno na maior parte das instituições, mesmo os estudantes holandeses utilizando DM para quase tudo. (KOBUS, RIETVELD, VAN OMMEREN, 2013, p. 30).

Bomhold (2013, p. 430) mostra que apenas 10,4% dos aplicativos usados são constituídos de motores de busca, enciclopédias e bibliotecas, mas ainda assim 76% de sua amostra demonstrou usar aplicativos para encontrar informações acadêmicas. Cenário distinto do verificado na UFSC.

Os dados do aplicativo Data Diary ajudam a elucidar aspectos ligados às informações e tecnologias utilizadas pelos estudantes, também confirmam o questionário em relação a algumas variáveis. Primeiro: o acesso se mostra grandemente mediado pela tecnologia wifi gratuita da universidade, sendo sempre de mais de 90% entre os perfis analisados. Segundo: verificam-se usos muito variados. Muitas tarefas - como o acesso à Internet - de fato ainda são realizadas em desktops.

Os estudantes parecem valorar mais a comunicação e a interação social em DM, mesmo o Facebook não sendo apontado pelo aplicativo entre os estudantes que instalaram o aplicativo Data Diary. Ainda assim, surgem outras redes sociais e mídias apontadoras do papel do DM na interação e entretenimento. Os dados do aplicativo mostram o uso do DM muito variado e com poucas constantes. Destacam-se o aplicativo de comunicação WhatsApp e a loja virtual de aplicativos GooglePlay. Essa última pode ser explicada pelo fato das atualizações automáticas remeterem ao acessar o aparelho aos links respectivos.

O Gráfico 4 permite comparar os resultados com outras pesquisas (OULASVIRTA et al. 2011), verifica-se uso similar em relação aos navegadores, e-mail e loja de aplicativos. Contudo, os resultados da presente pesquisa são diferentes do resultado de Verkasalo et al. (2010, p. 243) que apontam as mensagens SMS, os tipos de toques, ícones e pesquisa em rede como serviços mais usados.

Através da análise das variáveis: tipo de informação e tipo de tecnologias utilizadas obtêm-se algumas respostas. Os estudantes

demonstram usos variados do DM com predominância das redes sociais. Também realizam pouca pesquisa nesses aparelhos. Utilizam majoritariamente as redes sem fio gratuitas, ou seja, não são consumidores de serviços de operadoras para conexão. Porém, os estudantes demonstram principalmente preferência por navegar em rede por meio de desktops, ou seja, os estudantes de pós-graduação da UFSC não usam o DM para acesso à rede.

Quais são as motivações dos estudantes para o uso majoritário de redes sociais e da pouca pesquisa acadêmica realizada em DM? A seguir serão mostrados os resultados relacionados à variável motivação de uso do DM que compreende quatorze questões componentes do levantamento.