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De acordo com o que foi discutido na primeira parte deste capítulo o esporte ao se tornar um fenômeno sociocultural de múltiplas possibilidades abre espaço para ser pensado sob um viés educacional contribuindo para o desenvolvimento humano.

Todavia se tratado fora de um contexto que aprecie os seus aspectos sócio-culturais corre risco de representar um instrumento de manipulação e reprodução de valores vigentes. Pretendemos com os parágrafos seguintes discutir a possibilidade da iniciação esportiva orientada para uma perspectiva onde o professor considere o ser humano como um todo. Desde seus aspectos subjetivos sem deixar de valorizar sua individualidade e suas diferenças.

Segundo Pilatti (1996), a iniciação esportiva deve ser discutida uma vez que seu produto final tem sido acrítico e submisso, reproduzindo o interesse do sistema. Isso significa que a educação para a iniciação esportiva deve afastar a crença de que o esporte é coisa de quem tem talento unicamente ou uma reprodução do esporte profissional. Quando isso acontece não se respeitam diferenças, pois o referencial maior passa ser a competição e o seu resultado.

Isso significa passar a perceber que a pratica educativa na iniciação esportiva pode ser trabalhada sob um viés inclusivo. Pode ser percebida na construção de valores como responsabilidade, respeito ao próximo, respeito às regras, desenvolvimento da personalidade, tolerância, integração e convívio (BENTO, 1998).

Tani (1996) apresenta argumentos que oferecem alternativas quanto aos objetivos do esporte em diferentes contextos e nesse sentido podemos fazer uma breve análise sobre as diferentes situações: Esporte-Rendimento e Esporte - Conteúdo da Educação Física. De acordo com o autor o Esporte- Rendimento caracteriza-se fundamentalmente por: (a)objetivar o máximo de rendimento, pois visa resultado; (b)ocupar-se com o talento, preocupando com os melhores; (c)submeter pessoas ao treinamento com orientação para a especificidade, ou seja, uma única modalidade; (d)enfatizar o produto, que é

igual a resultado; (e)resultar em constantes inovações, utilizar novas metodologias e estratégias visando maximizar ações que se potencializem na performance. Nessa perspectiva o esporte e sua prática têm como objetivo central o resultado, seleção dos mais aptos fisicamente e repetição de gestos a fim de se potencializar o movimento a ser representado em ambiente de competição.

Para Medina (2003, p.145) o esporte praticado sob essas orientações „”deixa de ser um agente dinâmico de aproximação da saúde integral, de educação libertadora ou de uma cultura corporal-esportiva que poderia promover a compreensão e a solidariedade entre as pessoas”, pois há uma íntima relação entre as forças e as práticas produtivas, culturais e sociais onde predominam as forças econômicas que acabam por reproduzir no esporte os valores dominantes da sociedade.

O Esporte - Conteúdo da Educação Física, visto como Patrimônio Cultural da Humanidade, pode ser caracterizado por: (a) objetivar o ótimo rendimento, respeitando interesses e condições do praticante; (b) ocupar-se com a pessoa comum, destacando possibilidades de acesso e participação; (c) preocupação com a prática, acesso a diferentes públicos e objetivos ligados a eles; (d) orientar-se para a generalidade, acesso a diferentes modalidades; (e) enfatizar o processo e não o produto em forma de rendimento ou recordes, e essa orientação resulta na difusão do esporte como patrimônio cultural (TANI, 1996). O Esporte a partir dessa perspectiva valoriza o praticante e o seu resultado como algo importante para o seu próprio desenvolvimento. Ao se preocupar com a prática e se orientar pela generalidade passa o entendimento da criação de uma cultura esportiva que pode até levar ao esporte de alto rendimento, porém não é o seu principal objetivo.

O esporte e sua iniciação, nesse sentido educativo, carregam consigo novas possibilidades. Segundo Santana (2005, p.20) “a iniciação esportiva é um fenômeno de múltiplas possibilidades pedagógicas” o que significa que deve ser um facilitador educacional atuando na direção de ampliar as possibilidades de participação do praticante.

Para Kunz (1998) é necessário que a iniciação esportiva seja uma prática prazerosa educando para uma competência critica e emancipadora. O autor (1998) ainda cita outras competências que podem ser desenvolvidas por quem passa pela ação educativa do esporte, que são: competência objetiva, quando o aluno desenvolve a autonomia através da técnica; competência social, que são referentes aos conhecimentos que o aluno deve adquirir para compreender seu próprio contexto sociocultural e a competência comunicativa, que é um processo reflexivo responsável por desencadear o pensamento crítico.

Freire (2003) também entende a necessidade de se ensinar e aprender de forma lúdica e prazerosa. O autor quando fala do processo de ensino- aprendizagem do futebol destaca quatro princípios básicos que podem servir de base para uma reflexão no processo de iniciação esportiva:

ensinar a todos, valorizando a capacidade de cada um. Os que possuem uma habilidade e desenvoltura maior devem ser orientados tanto quanto os que não as possuem; ensinar bem a todos, onde se deve valorizar a forma de ensino independente do nível de habilidade do aluno; ensinar mais que o esporte a todos, pois a pratica educacional não será utilizada apenas no campo de jogo, será verificada no aprendizado da vivência com o outro questionando e construindo regras em grupo; ensinar a gostar do esporte, esse princípio destaca que as práticas de ensino devem ser prazerosas, por meio de brincadeiras e diversão fazendo com que a pessoa goste de praticar o esporte (FREIRE, 2003, p.8-10).

Porém, a especialização precoce, repetição de gestos técnicos e a pratica esportivisada, que são fruto de uma visão tecnicista e mecanicista prevalentes no modelo científico, dão suporte ao entendimento de especialização esportiva. Kunz (2000) entende que o treinamento e especialização precoce acontecem quando:

[...] as crianças são introduzidas, antes da fase pubertária, a um treinamento planejado e organizado a longo prazo e que se efetiva em um mínimo de três sessões semanais, com o objetivo do gradual aumento do rendimento, além da participação periódica em competições esportivas (KUNZ, 2000, p.49).

O treinamento e especialização precoce trazem algumas consequências como aponta Kunz (2000):

Formação escolar deficiente, devido à grande exigência em acompanhar a carreira esportiva; A unilateralização de um desenvolvimento que deveria ser plural; Reduzida participação em

atividades, brincadeiras e jogos do mundo infantil, indispensáveis para o desenvolvimento da personalidade na infância (KUNZ, 2000, p.50).

Segundo Ferreira, Galatti e Paes (2005) esses valores não contribuem para uma formação integral do ser humano. Pelo contrário o excesso de cobranças e outros estímulos geram o desinteresse:

[...] a utilização desses métodos utilizados com profissionais na iniciação tem submetido os iniciante, especialmente crianças e adolescentes, a cobranças e pressões em busca de vitórias e títulos, estando sujeitos a especialização precoce, stress e estímulos fisiológicos inadequados, o que poderá levá-los ao desinteresse pelo esporte também de forma precoce (FERREIRA, GALATTI, PAES, 2005,p.134).

Essas formas de compreender o esporte e seus objetivos devem dar espaço a novas possibilidades de entendimento a partir de práticas pedagógicas que colaborem para tal afastando-se da visão classificada como reducionista. Segundo Santana (2005, p.4) a visão reducionista se manifesta da seguinte maneira:

Despreza dimensões sensíveis como a moralidade, a afetividade, a sociabilidade e privilegia a dimensão racional (avaliação e treinamento);

Elege um modelo de atleta ideal a ser (per) seguido;

Compartilha da preocupação mercadológica da revelação de talentos; Tem uma tendência à especialização esportiva precoce;

Seleciona crianças para o esporte a fim de compor equipes de competição;

Reproduz modelos de eventos competitivos do esporte profissional; Elege a competição como o principal referencial de avaliação.

A partir do exposto não podemos achar que a iniciação esportiva deva levar só ao alto rendimento, mesmo sabendo que pode fazer parte desta ação. A iniciação ao esporte, e no caso ao Paraesporte, deve configurar, sobretudo, uma oportunidade educativa que encaminhe o aluno ao sentido da pratica corporal.

Rodrigues (2006, p.66) observa que “a cultura desportiva e competitiva, dominante nas propostas curriculares da Educação Física, criam obstáculos à inclusão” e quanto a prática esportiva afirma:

A própria prática desportiva - em particular quando usada sem uma perspectiva pedagógica - é uma atividade que não favorece a

cooperação, não valoriza a diferença e gera igualmente sentimentos de insatisfação e de frustração. Essa cultura competitiva constitui uma segunda fonte de exclusão (RODRIGUES, 2006, p.67).

Diante do exposto surge o seguinte questionamento: Como conciliar uma prática pedagógica esportiva sem se prender a reducionismos técnicos? Para Santana (2005) e Mauerberg de Castro (2006) a pedagogia do esporte não deve deixar de ensinar capacidades e habilidades, mas deve cultivar um modo de pensar e agir comprometido com quem está envolvido na ação pedagógica.

Para Araújo (2002, p.14) a iniciação esportiva é um fenômeno complexo. A complexidade, por sua vez, é um fenômeno que não pode ser reduzido a explicações simples como o de talento ou a busca de resultados físicos como objetivos. Segundo Paes e Balbino (2005, p.11) “a perspectiva da complexidade na iniciação esportiva deve educar para a autonomia, fazer com que o praticante goste do esporte e introduzir uma cultura de lazer esportivo.”

Santana (2005, p.10) destaca alguns princípios para uma educação esportiva comprometida com a complexidade que podem ser colocados como exemplo:

1. Tratar pedagogicamente a competição, de modo que ela apoie o desenvolvimento infantil;

2. Buscar o equilíbrio entre o racional e o sensível;

3. Investir em aulas que reconheçam a diferença entre os iguais; 4. Investir em uma pedagogia sedutora;

5. Dialogar e negociar saberes com o sistema humano que orienta a iniciação esportiva;

6. Investir em métodos de ensino comprometidos com a participação e a construção da autonomia;

7. Capacitar (educação de habilidades e desenvolvimento de capacidades) e formar (educação de atitude).

Nesse sentido a iniciação esportiva no contexto da inclusão exige que se leve em conta aspectos subjetivos, afetivos e criadores que se contraponham aos paradigmas racionalistas que nos impedem uma visão do essencial.

Santana ainda refletindo sobre pontos que sinalizariam para o entendimento da complexidade no tratamento pedagógico da iniciação esportiva observa:

Considerar na iniciação esportiva os desejos, necessidades e possibilidades do aprendiz e refletir sobre possíveis incompatibilidades entre esses fatores e as ideias, atitudes e objetivos do sistema humano;

Considerar na iniciação esportiva a convivência com uma base de conhecimento interdisciplinar, possibilitando trazer para o processo ensino-aprendizagem subsídios de ouros ramos do conhecimento;

Propor uma pedagogia que contraponha o fenômeno da especialização esportiva precoce e a mentalidade predominante de resultados em curto prazo. Deve derivar dessa pedagogia uma metodologia que valorize (a) a participação da criança, (b) que explore os valores implícitos no jogar e competir, (c) que invista nas relações com pais, dirigentes esportivos e árbitros, (d) que resgate nas aulas de esporte os jogos da cultura infantil e (e) que se preocupe em criar eventos competitivos com regulamentos alternativos (SANTANA, 2005, p.18).

Ao se especializar o conhecimento, quando o fazemos concebendo o ser humano como máquina, esperando reações automáticas ao treinamento ou um comportamento pré-estabelecido socialmente como o mais adequado, deixamos de reconhecer suas inter-relações. Isolamos a sua possibilidade de contextualização e assim negligenciamos sua complexidade.

4.3 O PROGRAMA CID-PARALÍMPICO

Ao buscar documentos que datassem e aprofundassem as origens e objetivos do Programa CID-Paralímpico observou-se a ausência de tais referenciais. E dessa forma, na pesquisa qualitativa, dados descritivos, como depoimento e extratos de vários tipos de documentos fazem parte do contato de pesquisador com a situação investigada (LUDKE; ANDRÉ, 1986), buscou- se o depoimento de quatro professores que fizeram parte do Programa precursor do CID-Paralímpico, o qual se chamava Programa de Reeducação e Orientação às Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais – PRO- PNE .

Segundo os depoimentos, o PRO-PNE teve início em 1999, juntamente com a proposta de governo de tornar as escolas inclusivas. Nessa época, muitos alunos de Centro de Ensino Especial foram transferidos para escolas inclusivas. O Programa tinha como objetivo “oferecer uma prática regular de

Educação Física Adaptada às Pessoas com Necessidades Especiais do Distrito Federal”7.

Enfocando a inclusão do aluno com necessidades especiais a proposta do Programa se baseava no “atendimento especializado em Educação Física Adaptada às pessoas com necessidades educacionais especiais” (Anexo-B). Essa argumentação à época encontrava respaldo no artigo 208, item III da Constituição Federativa do Brasil, que determina o “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência preferencialmente na rede regular de ensino”, no Decreto Lei nº 1.044 de 21/10/69, que dispõe sobre o atendimento especializado para os alunos com necessidades especiais, no Regimento da Administração Central da Fundação Educacional do Distrito Federal, Decreto nº 12.488/91 – GDF – 1990, Título I, artigo 1º item V que assegura a “oferta de Educação adequada aos Portadores de Necessidades Especiais” e na LDB, que destaca o papel da Educação para todos, enfocando a inclusão do aluno com necessidades especiais (ANEXO- B).

A clientela atendida pelo Programa era constituída por:

Pessoas com Deficiência Mental, Física, Visual e Auditiva Pessoas com condutas típicas e altas habilidades/

superdotados

Pessoas da terceira idade Pessoas com obesidade

Pessoas com diabetes, asma, cardiopatia e outros comprometimentos orgânicos.

Para os depoentes, o Programa visava atender essa demanda de alunos na área de Educação Física em duas vertentes:

1) Assistência pedagógica aos professores de Educação Física para que os alunos especiais pudessem participar das aulas (inclusive aqueles alunos dispensados da prática da Educação Física Escolar). Essa assistência era feita com visitas a todas as escolas da Administração Regional. Com o tempo, as visitas acabaram privilegiando escolas que tinham muitos alunos com deficiência (escolas com classes especiais e escolas "piloto" destinadas a atender algum tipo de deficiência específica);

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2) Iniciação Esportiva e Treinamento para alunos que pudessem frequentar as aulas ministradas no contra turno. Em alguns casos (classe especial). O que acabou se tornando atendimentos a turmas específicas no próprio turno em função da melhor frequência e pelo fato desses alunos não terem aula de Educação Física na grade horária8.

A trajetória do PRÓ-PNE durou de 1999 até 2006, o que de acordo com dois dos depoentes, “acabou com uma reunião, onde nos foi apresentado o CID-Paralímpico”.

De acordo com a Orientação Pedagógica da SEEDF (DISTRITO FEDERAL, 2006) o CID-Paralímpico “é um programa de atendimento complementar especializado na modalidade sala de recursos que oferece aos alunos com comprometimento funcional físico, auditivo, visual e mental a educação física e o desporto adaptado como forma de inclusão social e participação nos programas educacionais e esportivos”9. Entende-se em seus objetivos gerais que a oferta da prática esportiva adaptada possui uma interlocução com o desenvolvimento de potencialidades que por sua vez podem contribuir para um melhor estilo de vida e inserção social.

E em seus objetivos específicos além de oferecer atividade física esportiva adaptada, promove: “ações de parceria com outros programas, pesquisa novas maneiras de atendimento educacional, capacitação profissional na área de Educação Física Especial além de formalizar parcerias, representar o Distrito Federal nas atividades esportivas e eventos educacionais, divulgar e sensibilizar a participação dos alunos com comprometimento funcional (visual, auditivo, intelectual e físico no esporte adaptado) além de implementar Núcleos Regionais do CID-Paralímpico” (ANEXO-A).

A fundamentação legal do programa está baseada na Lei Orgânica do Distrito Federal de 1993 que em seu Artigo 255 aponta que: “as ações do poder público darão prioridade ao desporto educacional”; Lei de Diretrizes e Bases 9394 (art. 58 e 59) que trata sobre o “atendimento de Educação Especial” e as

8

Com base no Plano Orientador das ações da Educação Especial nas escolas da rede pública do Distrito Federal, alunos de Classe Especial no Distrito Federal não possuem Educação Física Escolar.

9

http://cief.org.br/2011/index.php/gtd/cid-paraolimpico/orientacoes-pedagogicas.html acessado em 8/2/2012.

“garantias aos educandos com Necessidades Educacionais Especiais”; Constituição Federal (art. 206 e 208) que dispõe respectivamente sobre a “igualdade de condições para acesso e permanência na escola” e a “garantia do atendimento educacional especializado”. Além de outros documentos que ratificam a importância e a legalidade do esporte educacional de maneira assistemática para pessoas com necessidades educacionais especiais (ANEXO-A).

Quanto à sua estrutura organizacional e de coordenação o CID- Paralímpico atualmente se apresenta ligado ao Governo do Distrito Federal (GDF), Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF), Subsecretaria de Educação Básica (SUBEB) e Coordenação de Educação Física e Desporto Escolar (CEFDESC).

Figura 1 – Estrutura Organizacional e de Coordenação do Programa CID-Paralímpico.

Fonte: Do autor

A Gerência de Desporto Escolar (GEDESC) coordena as ações do CID- Paralímpico, por contato feito diretamente aos professores ou por intermédio da Coordenação Intermediária, localizadas nas cidades satélites. Atualmente existe um Coordenador em cada regional de Ensino coordenando o trabalho dos seguintes grupos de professores: São Sebastião (3 Professores), Santa Maria (1 Professor), Gama (1 Professor), Guará (2 Professores), Taguatinga (2 Professores), Ceilândia (3 Professores), Núcleo Bandeirante (2 Professores) e Plano Piloto (2 Professores), além disso funciona também através do Convênio com o centro de treinamento em Educação Física Especial (CETEFE).

Dentro das atribuições pedagógicas do professor observa-se a premissa de analisar as características dos alunos considerando a funcionalidade e interesse de forma que possa estabelecer suas ações pedagógicas a fim de promover a inclusão social (DISTRITO FEDERAL, 2006, p.7).

a) Estimulação das habilidades básicas; b) Estimulação das habilidades específicas; c) Estimulação afetivo-psico-sócio-motora; d) Promoção do lazer e cultura;

e) Desenvolvimento funcional corporal;

f) Iniciação e aperfeiçoamento aos fundamentos esportivos; g) Treinamento esportivo.

De 2006 até a presente data o Programa teve duas novas propostas pedagógicas, em 2009 e 2011, sem grandes mudanças em torno dos objetivos já tratados. Atualmente uma nova proposta está em discussão para o ano de 201310.

METODOLOGIA

Para realização do presente estudo foi adotada uma abordagem que permite a compreensão dos múltiplos aspectos que envolvem seu objeto de estudo fazendo com que o pesquisador se posicione frente às informações levantadas e registre suas análises e críticas.

Desse modo o estudo em questão foi caracterizado como qualitativo e descritivo. De acordo com Ludke e André (1986, p.11) na pesquisa qualitativa é muito importante o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente ou situação investigada.

O desenvolvimento da pesquisa combinou três dimensões: bibliográfica, documental e campo. Pesquisa bibliográfica: utilizada para construir o referencial teórico. Análise documental: Documentos como o artigo 205 e 208 da Constituição Federal de 1988; Plano de desenvolvimento da educação de 2007; Decreto nº6949 de 2009, Resolução CNE/CEB Nº4/2009 dentre outras, assim como dados de relatórios e orientação pedagógica do CID-Paralímpico

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http://www.cief.com.br/arquivoupgdesc/orientacaopedagogicacidparalimpico.pdf acessado em 12/09/2012.

que evidenciam a possibilidade do atendimento complementar como sala de recurso em escola regular. Estudo de campo por meio de entrevistas semiestruturadas.

O projeto da pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Brasília, sob o registro: CAAE: 03940412.1.0000.0029.

5.1 UNIVERSO DA PESQUISA

Foram convidados a participar das entrevistas os professores do CID- Paralímpico de todas as cidades satélites e Plano Piloto, no total de 16 professores, dos quais 10 participaram do estudo. Os critérios de inclusão para a participação foram:

Atuar há pelo menos um ano no CID-Paralímpico.

Participar regularmente nas reuniões realizadas no Centro Interescolar de Educação Física-CIEF pela coordenação do Programa.

Concordar em participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE.

5.2 INSTRUMENTOS

Foi utilizada a entrevista para a construção dos dados, adotando-se um roteiro semiestruturado dividido em duas partes. A primeira parte abordou questões como dados pessoais e profissionais. A segunda, a partir de perguntas geradoras, buscou analisar concepções acerca dos princípios pedagógicos do Programa, facilitadores e dificultadores para o desempenho das atividades pedagógicas, além de práticas pedagógicas relacionadas ao ensino no Programa CID-Paralímpico relatada pelos entrevistados.

As perguntas geradoras foram as seguintes:

2) Existe relação entre a iniciação esportiva do programa CID- Paralímpico e a educação inclusiva?

As entrevistas foram gravadas em um aparelho MP3/4 (Player Music no Limit) e transcritas para posterior análise.

A análise documental foi feita a partir de arquivos organizando a documentação com as fichas de leitura. Nesse sentido as leituras e o fichamento tiveram um papel central nesta etapa. Cada documento possuía uma ficha de leitura contendo resumo, referência bibliográfica de publicação além de algumas transcrições de trechos que foram utilizados de acordo com o desencadeamento das discussões.

5.3 PROCEDIMENTOS

Após entrar em contato com a Gerência de Desporto Escolar (GEDESC) obtivemos, por meio da assinatura da instituição coparticipante, a autorização para a realização do estudo.

Na primeira etapa através de reunião e mensagem via email, buscou-se explicar aos professores o objetivo e os procedimentos de participação na pesquisa. Após o convite 10 dos 16 professores que obedeciam aos critérios de inclusão no estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido deixando bem claro que o participante teria a confidencialidade de seus dados resguardada e poderia, caso quisesse, deixar de participar da pesquisa a qualquer momento.

Para a realização da entrevista foi agendando um horário no próprio ambiente de trabalho do professor. O local foi escolhido em virtude da