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2.1 ASPECTO ORGANIZACIONAL

2.1.5 Inovação e eficiência

Vários autores representam as organizações através de tipos ideais, seja para retratar os aspectos estruturais ou, até mesmo, estratégicos das organizações. No primeiro caso, podemos citar Burn e Stalk e Weber, embora com focos completamente diferentes, que traduziram algumas possibilidades estruturais em tipos ideais. Na perspectiva estratégica, Porter classifica o posicionamento das empresas no mercado em função do custo e da diferenciação promovida. Mesmo não sendo os elementos principais dessa pesquisa, o conteúdo supracitado permite desenvolver uma analogia importante para o entendimento e operacionalização da pesquisa.

Ao retratar tipos ideais, os autores passam a ter um referencial para entender e explicar o comportamento e o desempenho organizacional. Em vários modelos desenvolvidos para tipificar as organizações, os autores posicionam os tipos ideais em um continuum que evidencia a necessidade de trade off de características para que uma organização tramite de um tipo ideal para outro. Em outras palavras, certa opção ou tipo ideal estão associados a um conjunto de características e traz determinados resultados a uma organização, enquanto outros

tipos ideais apresentam outras caracterizações e promovem distintas respostas ao ambiente. Em muitos casos, as empresas se estruturam de tal sorte, buscando priorizar sua capacidade de inovação ou sua eficiência interna, por exemplo.

Acerca da inovação, Dosi (1998) afirma que inovação engloba a busca, a descoberta, a experimentação, o desenvolvimento, a imitação e a adoção de novos produtos, novos processos de produção e novas formas organizacionais. Para Galbraith e Lawler III (1995), a inovação é definida como um processo que gera algo novo. É um método criativo de obter novas aplicações para o conhecimento existente ou ainda de combinar fragmentos de conhecimentos existentes para criação de uma nova habilidade ou de novas soluções (ZILBER et al, 2005). Nesse mesmo sentido, Afuah (1998) aborda a inovação como o uso de novos conhecimentos para oferecer um novo produto que o mercado demanda.

Alguns autores definem a inovação de forma mais ampla, como incluindo melhores maneiras de fazer as coisas (MONTGOMERY; PORTER, 1998) ou como uma mudança que cria nova dimensão de desempenho (DRUCKER, 2000). Enfim, inovar é romper com modelos pré-estabelecidos. Portanto, pode-se concluir que o processo de inovação é, em sua raiz, caracterizado pela incerteza e decorrente não apenas de fatores tecnológicos, mas também porque o comportamento do ambiente de seleção não pode ser completamente deduzido (DOSI, 1998).

Todavia, o ciclo contínuo de inovações tem exigido das organizações características estruturais e estratégicas adequadas. É possível ainda afirmar que tais características estão associadas à capacidade de inovar da organização e que, dependendo das mesmas, uma organização pode apresentar maior ou menor grau de inovação. Whitley (2000) demonstra que organizações que adotam estratégias inovadoras apresentam características comuns, tanto na estrutura, quanto na estratégia, como também compartilham um ambiente com características semelhantes.

Segundo Martins (2007), algumas características são comunicadas pelas as empresas cujo objetivo é a inovação:

• A vantagem competitiva é criada com produtos inovadores e únicos; • A empresa tem o costume de patentear os produtos desenvolvidos;

• Os projetos são desenvolvidos com tecnologias específicas e ainda não padronizadas;

• A empresa mantém parcerias com instituições de pesquisa e ensino; • A empresa está aberta a correr riscos na criação de novos produtos;

• Conhecimentos científicos e tecnológicos são vistos como insumos primordiais para o negócio;

• Existem pessoas dedicadas à pesquisa e ao desenvolvimento de produtos inovadores;

• A empresa possui mão de obra altamente qualificada (especialistas, mestres e doutores);

• Os funcionários têm autonomia para adotar novas formas ou abordagens de trabalho.

Por outro lado, outras configurações organizacionais podem promover a eficiência interna. O conceito de eficiência se refere à combinação ótima dos insumos e métodos necessários no processo produtivo, de modo que gerem o máximo de produto e resultados. Isto significa que a eficiência é a capacidade de fazer certo as coisas, de minimizar a relação insumos/resultado. Visa a assegurar a otimização da utilização dos recursos e, portanto, relaciona-se com os meios e não com os fins (ROSANO, 2008).

Segundo Catelli (2001), eficiência é o processo pelo qual a organização maximiza seus fins com uso mínimo de recursos. Eficiência diz respeito a método, a modo certo de fazer as coisas. É definida pela relação entre volumes produzidos/recursos consumidos. Uma empresa eficiente é aquela que consegue o bom volume de produção com o menor dispêndio possível de recursos.

Para melhor se compreender a eficiência interna de uma organização, é necessário compreender o conceito de função de produção, do qual se deriva a definição e a medida de eficiência. Esta função expressa a relação entre a quantidade física de fatores de produção ou insumos e a máxima quantidade física de bens e serviços produzidos, pressupondo o método de produção mais eficiente.

Segundo Rosano (2008), a eficiência pode ser de dois tipos: eficiência técnica e eficiência econômica. Um método de produção é eficiente do ponto de vista tecnológico, quando se emprega o menor nível de insumos possível para produzir um nível dado de produção, ou quando se obtém o maior nível de produção possível com um dado nível de insumo. Ou ainda, diz-se que um produtor, que produz dois ou mais produtos, é eficiente para certa quantidade de insumo, se ele somente conseguir aumentar a produção de um produto, quando diminuir a produção de algum outro.

Um método produtivo é mais eficiente, do ponto de vista econômico, que outro quando o primeiro consegue uma quantidade de produto igual ao do segundo com menor

custo, ou quando com o mesmo custo se obtém um nível de produção maior. A eficiência econômica é uma extensão da eficiência técnica, uma vez que envolve, além dos aspetos físicos, os monetários. A produção para ser economicamente eficiente requer a máxima eficiência técnica. Porém, uma organização tecnicamente eficiente pode ser ineficiente em termos econômicos, se ela não usa a melhor combinação dos insumos que minimiza os custos. Na literatura, é possível identificar algumas características pertencentes às empresas que priorizam a eficiência interna:

• Trabalham com produtos/serviços com concorrentes ou similares no mercado; • O preço é definido com base nos custos;

• Atende um grande número de clientes com um único produto;

• O baixo custo e produção em larga escala são fonte de vantagem competitiva; • A empresa tem a capacidade de atender de imediato o pedido do cliente;

• Há definição e cumprimento rigorosos de custo e prazo envolvidos no processo de desenvolvimento;

• O reaproveitamento e reuso de recursos é uma prática comum;

• Possui alguma certificação que garante a padronização do processo produtivo e o controle da qualidade;

• Cada pessoa exerce um cargo (papel) bem definido dentro da organização. • A maioria do pessoal técnico possui apenas nível médio ou de graduação.

Assim, associado aos conceitos aqui apresentados de inovação e eficiência existem, como dito anteriormente, configurações organizacionais cujas características podem tornar uma empresa propensa a obter resultados inovadores e/ou eficientes. Neste estudo, os modelos de negócios das empresas investigadas são caracterizados a partir de uma série de características estruturais e de opções estratégicas associadas à propensão à inovação e/ou eficiência, representando assim a resposta do sistema organizacional investigado ao ambiente institucional.