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5. RESULTADO DA ANÁLISE QUANTITATIVA

5.3 Análise por indicador

5.3.1 Inputs

Os inputs são as entradas de um processo produtivo, em outras palavras, constituem os fatores de produção. Portanto são itens que visam atingir um valor menor para alcançar um maior valor das saídas (os outputs) – ou seja, quanto menor a quantidade utilizada, melhor será o resultado do processo. Transferindo essa idéia para a análise de desempenho de empresas, pode-se dizer que os inputs são indicadores do tipo “quanto menor, melhor”. Conforme referência anterior, esta pesquisa aplicou a Análise Envoltória de Dados, seguindo o modelo BCC e a orientação aos inputs. O método se baseia, então, na redução dos insumos utilizados.

Nesta pesquisa, os chamados inputs são os seguinte indicadores:

endividamento, cobertura vinculada, capacidade de emissão, adequação das provisões de

sinistro a liquidar e prêmio margem, que estão detalhados na seção 3.5 e encontram-se

analisados a seguir, com base no resultado da pesquisa.

O endividamento diz respeito a quanto será necessário realizar do ativo total para pagamento de obrigações; ou seja, quanto do ativo da seguradora está comprometido com capital de terceiros. Por meio da análise dos alvos (TAB. 13), percebe-se uma já esperada diminuição do indicador em comparação com o resultado atual das seguradoras (TAB. 8). Evidencia-se que a média anual do indicador diminuiu, destacando-se o ano de 2004, cuja média chegou a uma redução de 32%. A mediana, que no valor original apresenta valores maiores que a média, a partir dos alvos, passa a apresentar valores abaixo da média em todos os anos, mostrando que as empresas que estão acima do percentil 50% apresentam alvo de

endividamento maior do que aquelas que estão abaixo, fazendo com que a média seja elevada.

de mínimo e máximo não diminuem. Isso pode ser explicado pelo fato de as DMUs que apresentam tais valores serem consideradas eficientes. A única exceção é o ano de 2005, cujo valor máximo original não corresponde a uma DMU eficiente. Ainda de acordo com os resultados, observa-se que nos anos 2001, 2002, 2003 e 2004 existiram empresas que precisariam diminuir mais de 70% do seu endividamento para se tornarem eficientes, destacando a DMU 43 no ano de 2003, que necessitaria de uma diminuição equivalente a 95% do endividamento original.

Com o índice cobertura vinculada, verifica-se o comprometimento das aplicações da seguradora, reduzindo a liberdade de utilização do seu ativo. De acordo com os resultados para essa variável, percebe-se que os alvos têm sua média mais baixa do que os valores originais, além de manterem os valores de mínimo e máximo, como ocorrido no caso do endividamento. Outra característica importante é a variação da média ao longo dos anos, que se manteve na faixa de 0,23 e 0,27, mostrando a característica de estabilidade da cobertura vinculada ao longo do tempo. Isso pode ser justificado pela regulamentação do Banco Central e da SUSEP com o ativo garantidor explicado no item 2.4 desta dissertação. Nota-se, ainda, que o coeficiente de variação dos valores alvo em todos os anos foi maior se comparado com os valores originais, ratificando a presença de diferenças de tamanho entre as seguradoras estudadas. Nota-se que, novamente, a DMU 43 no ano de 2003 apresenta-se com maior variação, sendo que o alvo propõe uma diminuição de 98% do valor da cobertura vinculada original da seguradora.

Por meio do índice de capacidade de emissão, verificam-se quantas novas apólices podem ser emitidas pela seguradora. Quando uma apólice de seguro é vendida, as despesas com sua emissão reduzem imediatamente o patrimônio líquido da seguradora, mas essa redução é compensada na medida em que o prêmio vai sendo ganho ao longo do prazo da apólice. A venda da apólice aumenta o volume de prêmios emitidos e reduz o patrimônio

líquido, por causa da imediata dedução das despesas com a sua aquisição. O indicador é, portanto, considerado do tipo “quanto menor, melhor”, tendo em vista que, de acordo com Myhr e Markham (2006), os prêmios emitidos não devem exceder três vezes o valor do patrimônio líquido. Da mesma forma como nos índices anteriores, os alvos para as empresas apresentam média com valor bem menor do que a média dos valores originais, destacando-se o ano de 2004, cuja média atingia 3,14 para os valores originais, enquanto que a média para os alvos seria 1,79. Percebe-se, ainda, a ocorrência de valores de máximo e mínimo constantes, o que para esse índice é ruim, já que não seria bom o índice ultrapassar o valor 3,00, de acordo com a bibliografia, o que acontece com os valores de máximo. Porém, analisando a média do setor e a mediana, percebe-se que as DMUs que mantêm valores acima de 3,00 são minoria. Mantendo a característica do indicador, diversas DMUs tiveram alteração no valor do original para o alvo maior que 1.00. No ano de 2004, seis seguradoras precisariam diminuir mais de 90% do seu icape original, o mesmo acontecendo com 1 seguradora em 2003 (a DMU 43, citada anteriormente) e duas em 2001.

A adequação das provisões de sinistros a liquidar avalia o impacto potencial no patrimônio líquido, provocado por deficiência ou redundância da provisão de sinistros a liquidar. Essa provisão deveria incluir as indenizações sobre sinistros ocorridos e que ainda não foram avisados à companhia, porém, para esta pesquisa não foi considerado esse ajuste, devido à dificuldade de obter esse valor nos balanços dos anos de 2000 a 2002. Logo, para manter a coerência, foi utilizada apenas a provisão de sinistros a liquidar do passivo circulante. Analisando-se os resultados alvo, percebe-se que o valor médio dos alvos diminuiu em comparação aos valores originais e manteve-se entre 0,18 e 0,22, mostrando equilíbrio do indicador ao longo do tempo. Tendo em vista que as provisões técnicas também são regulamentadas pelo CNSP, entende-se o motivo do valor equilibrado do indicador ao longo do tempo. Há de se destacar que a maioria das seguradoras precisaria diminuir menos de 50%

de seus indicadores originais de acordo com o alvo. Porém, três seguradoras em 2006, duas em 2005 e 2003, uma em 2004, 2001 e 2000 precisariam diminuir mais de 90% do apsl para se tornarem mais eficientes.

O prêmio margem mostra se a seguradora terá problemas futuros de solvência, considerando que o PL é, também, base de cálculo para a margem de solvência da seguradora, embora para esse fim o PL seja ajustado. Considerou-se o indicador como do tipo “quanto menor, melhor”, visto que, segundo Silva (1999), se o valor desse indicador for muito grande (superior a cinco), significa que os prêmios retidos superam cinco vezes o valor do patrimônio líquido e o montante em que esse valor for superado mostrará a porcentagem em que o PL é insuficiente para cobrir o volume de prêmios retidos. E ainda, segundo Luporini (1993), companhias em dificuldade financeira emitem agressivamente novos negócios com o objetivo de melhorar o fluxo de caixa, porém prejudicam ao longo do tempo o seu patrimônio líquido. Para esse índice também nota-se uma diminuição da média dos valores alvos, em relação aos originais. Porém, ao contrário do que acontece com os outros inputs, o valor da mediana diminui em relação à mediana dos valores originais, mostrando que as empresas que estão abaixo do percentil 50% apresentam alvo com relação ao prêmio margem maior que aquelas que estão acima. O coeficiente de variação também sofre aumento, mostrando que a amostra é composta por DMUs de diferentes portes. As variações de cada seguradora em relação ao valor original também são grandes, tanto que no ano de 2001 obtém-se que 16 empresas deveriam diminuir o valor prêmio margem em mais de 1.00.

Percebe-se com os resultados e as análises obtidos que os alvos propostos pela metodologia DEA consideram as características das empresas em cada análise, já que em cada ano os alvos estavam de acordo com as características gerais das empresas e dos inputs.