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3. ABORDAGEM METODOLÓGICA

3.2. Instrumento de recolha de dados

No âmbito deste trabalho e prosseguindo o objetivo de investigar as estratégias de comunicação e a atividade online dos municípios portugueses, optamos pelas entrevistas semiestruturadas como instrumento de recolha de dados. Assim, procurou compreender-se de forma mais completa as informações sobre o assunto em análise, atribuindo especial destaque ao entrevistado, visto que pode exprimir mais livremente as suas ações e crenças (Albarello et al., 2005).

As entrevistas semiestruturadas permitem dar ao entrevistado a “máxima abertura” para exteriorizar os seus pontos de vista (Flick, 2013, p. 77 e 82) e permite reformular questões, esclarecer as respostas no local, possibilitando ainda que os entrevistados abordem outros tópicos que considerem relevantes. A entrevista assenta em duas condições metodológicas. Por um lado, exige uma relação verbal entre as duas partes, quer seja pessoalmente (relação direta), quer seja por telefone ou por outro meio (relação indireta) (Albarello et al., 2005). Por outro lado, tem por base um guião da entrevista. Este atua como forma de estruturar o pensamento do entrevistador no decorrer da mesma, concretizar os pontos que são desejáveis alcançar e, assim, perseguir a pertinência do objeto de estudo. Além disso, também pretende conseguir que o entrevistado se exprima mais confortavelmente (Albarello et al., 2005). A entrevista requer uma “transcrição precisa e contínua dos dados”, quer vise a descrição dos factos, a contextualização das afirmações ou a apreensão do modo de pensamento do sujeito (Albarello et al., 2005, p. 103 e 111). Para que isto aconteça, e para que o investigador possa estar mais focado no fluir natural da conversa com o entrevistado, é frequente a utilização de aparelhos de gravação, tornando o registo da entrevista independente das perspetivas de ambas as partes (Flick, 2013). Depois desse registo, é necessário proceder à transcrição daquilo que foi dito e, só depois, é possível iniciar a análise dos dados, um processo crucial na investigação qualitativa (Flick, 2013).

Numa investigação que recorre a entrevistas, o princípio fundamental da seleção da amostra prende-se com a sua relevância para o assunto e não com a sua representatividade (Flick, 2013). Para a realização desta dissertação, o objetivo foi selecionar os municípios com níveis médios de interação1 em social media mais elevados e criar variação considerando a dimensão

dos municípios. Para que as diferenças fossem mais pronunciadas, excluíram-se da análise os municípios de média dimensão.

Mediante isto, foram selecionados onze municípios com os níveis de interação mais elevados na rede social Facebook, considerando o período analisado, seis municípios de grande dimensão e cinco municípios de pequena dimensão. Para o primeiro grupo de municípios foram selecionados: Lisboa (1º), Vila Nova de Gaia (2º), Sintra (3º), Porto (4º), Maia (6º) e Cascais (7º). Ou seja, três municípios de grande dimensão da região de Lisboa e três municípios de grande dimensão da região Norte. Para o segundo grupo de municípios foram selecionados: Murtosa (9º),

Valpaços (10º), Penedono (23º), Mesão Frio (26º) e Castro Daire (28º). Estes são três municípios de pequena dimensão da região Norte e dois municípios de pequena dimensão da região Centro. A quantidade de municípios de grande dimensão para estudo é superior à quantidade de municípios de pequena dimensão, uma vez que selecionámos também um município de grande dimensão para a realização de um pré-teste. O objetivo do pré-teste foi analisar a aplicabilidade, pertinência e adequação do guião de entrevista face aos objetivos. Inicialmente, a ideia seria realizar o pré-teste no município de Cascais (em sexto lugar nos de grande dimensão). No entanto, devido à imediata disponibilidade do responsável pela comunicação do município da Maia para a realização da entrevista e em prol da gestão do tempo, o pré-teste foi realizado no norte do país. Para além do pré-teste e para proceder à análise, foram concretizadas quatro entrevistas a municípios de grande dimensão (Vila Nova de Gaia, Sintra, Porto e Cascais) e quatro entrevistas a municípios de pequena dimensão (Murtosa, Valpaços, Mesão Frio e Castro Daire). Tendo em conta a seleção inicial, não se concretizaram as entrevistas em dois municípios. No caso de Lisboa, apesar de agendado o encontro presencial, foi desmarcado pela instituição devido à súbita saída da dirigente responsável pelo Departamento de Comunicação e não foi possível remarcar devido a toda a incerteza quanto a uma possível data para nova marcação. No caso de Penedono, não foi obtida resposta ao e-mail enviado com o pedido para a realização da entrevista. Mais tarde, quando tentamos chegar à fala por chamada diretamente com o responsável pela comunicação, sugerimos realizar a entrevista por Skype, dada a dificuldade/impossibilidade de fazer a viagem de ida e volta no mesmo dia em transporte público. Perante a sugestão não foi apresentada grande disponibilidade por parte do entrevistado, que sugeriu que lhe enviássemos as questões por e- mail, evidenciando a falta de tempo naquele momento para proceder ao envio das respostas. Assim, e ainda hoje, não foi dada qualquer resposta por parte do município.

Em cada um dos municípios mencionados, o entrevistado foi o responsável pela área da comunicação por considerarmos que é quem detém o conhecimento e a experiência necessários sobre a temática em apreço. O local para a realização da entrevista deve facilitar a fluidez da conversa por parte do entrevistado, deve ser apropriado ao objeto de estudo e deve apresentar os requisitos para que o sujeito se sinta confortável no ambiente em questão (Albarello et al., 2005). As entrevistas decorreram no gabinete do entrevistado e tiveram a duração de entre 40 a 90 minutos, aproximadamente.

Para efeitos da análise e discussão dos resultados e de forma a existir uma conversa mais fluída e atenta, foi pedida autorização, no início, para o registo áudio a cada entrevistado, que foi

concedida por todos. Além disso, no corpo de texto da posterior análise não serão citados nem os entrevistados nem referenciadas as entidades respetivas. Desta forma, a identificação segue a ordem do alfabeto, neste caso de A a I, mediante a ordem cronológica com que foram realizadas. Assim, os municípios de grande dimensão são representados pelas letras A, C, D, H e I e as letras B, E, F e G representam os municípios de pequena dimensão.

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