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4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1. Análise de conteúdo descritiva

4.1.2. Características e dinâmicas organizacionais

4.1.2.1. Objetivos iniciais

Os objetivos iniciais subdividem-se em três subindicadores, sendo eles os objetivos da comunicação digital, as vantagens/benefícios e as desvantagens/riscos/desafios.

a) Objetivos da comunicação digital

Os objetivos da comunicação digital que surgiram de forma transversal em todas as entrevistas dizem respeito à intencionalidade de uma maior proximidade com os cidadãos. Mais concretamente, tentar manter o contacto com os seus munícipes, comunicar com eles e fazer chegar informação foi evidenciada em cinco entrevistas (Municípios A, C, F, G e I). Um dos objetivos referidos por mais do que um entrevistado (Municípios A, F e I) assenta na “divulgação e promoção das potencialidades” do município e da sua “ação diária na parte municipal” (excertos do entrevistado do Município F, 7 de junho), ou seja, dar a conhecer as atividades e iniciativas que a Câmara Municipal faz e promove. A questão da transparência também é focada por dois entrevistados, sendo que o Município C tinha como objetivo estar entre os dez primeiros no Índice de Transparência Municipal e foi bem-sucedido e o Município D realça a importância de ser transparente com responsabilidade. A entrevistada do Município I invoca, também, a promoção do município. A promoção do próprio território, no sentido da “fruição do turismo” (excerto do entrevistado do Município G, 14 de junho) é também referida, assim como o elo de ligação com as comunidades, com os seus emigrantes. O Município D pretende prestar um melhor serviço, um serviço personalizado direcionado a cada pessoa em específico. Por sua vez, o Município E aposta na imagem e na divulgação dos eventos que promovem os produtos de excelência do concelho e, também, potenciando as possibilidades de exportação. O objetivo referido como primordial pelo Município H é que a comunicação digital seja identificada como sendo da cidade e nunca como sendo um portal de notícias da Câmara Municipal. Para terminar, a responsável pelo Município B

considera que trabalham sempre “numa perspetiva de crescimento” (excerto da entrevistada do Município B, 22 de maio), quanto mais pessoas alcançarem melhor, mas não têm objetivos definidos.

b) Vantagens/Benefícios

Este subindicador visa aferir quais as maiores vantagens que consideravam para o município relativamente à utilização de plataformas de comunicação digital.

Considerando a abrangência e diversidade das vantagens que poderiam ser apontadas pelos entrevistados, a estratégia seguida foi a de apresentar um conjunto de 21 vantagens/benefícios aos entrevistados, de entre os quais foram escolhidas as três que consideravam mais importantes. Sete desses indicadores não foram escolhidos por nenhum dos entrevistados, oito foram escolhidos apenas uma vez e a maior incidência ocorreu em seis vantagens, dado que cada uma foi selecionada, pelo menos, duas vezes.

Assim, estimular a participação do cidadão em assuntos do seu interesse foi uma das vantagens mais relevantes, uma vez que foi selecionada por cinco municípios (A, D, E, H e I). A entrevistada do Município I justificou que, desta forma, conseguem “perceber, através da participação dos cidadãos, aquilo que está a correr melhor e aquilo que não está a correr tão bem”; além disso, conseguem “perceber que tipo de notícias é que os cidadãos gostam de ver” e consideram “importante perceber o que é que o público nos segue para ver” (excertos da entrevistada do Município I, 21 de junho). Preferida também por cinco municípios (B, C, E, G e I), foi a capacidade de fornecer informação sobre atividades da Câmara, pois consideram que a comunicação digital ajuda a disseminar a informação de forma mais direta e mais fácil. A terceira vantagem que teve mais incidência foi a divulgação de iniciativas para tornar o concelho mais atrativo, selecionada pelos Municípios F, G e H. Os argumentos são centrados na divulgação dos recursos e atividades do município, com efeitos promocionais e de aumentar a sua atratividade. Os Municípios A e B realçaram a importância de divulgar eventos organizados pela Câmara, sendo fundamental porque “a Câmara Municipal faz um investimento para criar eventos, para dar dinâmica à cidade e para a população ter qualidade de vida e, portanto, é muito importante que as pessoas tenham conhecimento dessas atividades” (excerto do entrevistado do Município A, 4 de maio).

Traçar planos estratégicos ou políticas com o público também é uma opção, pelo menos para os Municípios C e F. O entrevistado do Município F acredita que, enquanto uma entidade pública e que presta serviços públicos, todos os contributos podem ser importantes e as pessoas podem ser não só o “foco daquilo que é o objetivo enquanto prestador de serviços, mas também um ativo no sentido de dar contributos” aos próprios dirigentes, o que faz parte do “plano estratégico de desenvolvimento do concelho” (excertos do entrevistado do Município F, 7 de junho).

Dois dos entrevistados (Municípios B e G) salientaram a relevância de permitir que a população reutilize conteúdo partilhado pelo município. Para o entrevistado do Município G “pressupõe uma participação muito ativa do cidadão enquanto agente divulgador da sua terra” e considera importante “fomentar o sentimento de pertença das pessoas” (excertos do entrevistado do Município G, 14 de junho). Por sua vez, a representante do Município B salientou que a partilha é uma forma de aumentar o alcance e de legitimação do conteúdo veiculado.

Apresentar medidas políticas é importante para o Município A, porque é possível comunicar diretamente com as pessoas e é “importante para não haver uma distorção da mensagem” a transmitir. Mais ainda, o entrevistado mencionou ser importante as pessoas saberem, por exemplo, acerca dos “grandes investimentos que estão a ser feitos” (excertos do entrevistado do Município A, 4 de maio). O Facebook é referido pela entrevistada do Município I como uma ferramenta “muito importante” pelo efeito de proximidade com as pessoas e é, então, imprescindível a representação da instituição nas plataformas digitais com potencial. Para o Município C, releva incentivar o uso da comunicação digital para a resolução de problemas locais, dado que também possui aplicações próprias diretamente para estas questões. O responsável pela comunicação do Município H afirmou a relevância de incentivar o público a compartilhar conteúdos em diferentes formas com a instituição municipal. Aliás, incluem, no seu portal, uma área para que “as instituições da cidade partilhem conhecimento e ações e que possam utilizar a plataforma para as divulgar” (excerto do entrevistado do Município H, 18 de junho). A representante do Município D considera importante a divulgação de serviços da Câmara e incentivar o uso de formas alternativas para a comunicação de problemas, isto porque o município tem apostado na comunicação com os cidadãos através de aplicações e do telefone e as pessoas têm aderido porque têm resposta naquele momento.

A entrevistada do Município E considera importante atrair públicos mais jovens na interação com a Câmara através da comunicação digital com base no argumento de que “há bastante público jovem a querer investir e até regressar à terra com novas ideias” (excerto da

entrevistada do Município E, 29 de maio). Por fim, e escolhida pelo entrevistado do Município F, foi a vantagem que possibilita gerar feedback recíproco porque considera “ser um canal bidirecional” e é necessário ter a “capacidade de transmitir, mas também, ao mesmo tempo, estar abertos para receber por parte do público e por parte dos munícipes aquilo que é perceção da [sua] ação” (excertos do entrevistado do Município F, 7 de junho).

c) Desvantagens/Riscos/Desafios

A questão das desvantagens, riscos e/ou desafios que as plataformas de comunicação digital acarretam não foi alvo de atenção na realização da entrevista por parte dos entrevistados. Sendo que todos eles incidiram realmente naquelas que são as grandes vantagens e os benefícios para os municípios, aquilo que lhes é possível fazer e de que forma.

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