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4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1. Análise de conteúdo descritiva

4.1.2. Características e dinâmicas organizacionais

4.1.2.2. Recursos

Os recursos subdividem-se em três subindicadores: recursos humanos, recursos técnicos e recursos financeiros. A intenção subjacente a este indicador era identificar, por ordem de relevância, os três subindicadores apresentados, com base na sua importância para a comunicação online, ou seja, para criar e manter uma conta nas plataformas digitais (como o Facebook, por exemplo). Em relação aos recursos humanos, englobava-se o número de colaboradores no departamento de comunicação, a sua dedicação exclusiva e a sua respetiva formação. Os recursos técnicos diziam respeito ao manuseamento de determinado software para tratamento de som, imagem, vídeo, com a disponibilidade desse software no próprio local de trabalho, o hardware disponível, bem como a qualidade das infraestruturas. No caso dos recursos financeiros, seriam úteis para promoção da página oficial da Câmara Municipal e para as estratégias de marketing das publicações.

Nas respostas obtidas foi evidenciada, por esmagadora maioria, uma certa ordem de relevância. Os entrevistados dos Municípios B, C, D, E, G, H e I consideraram que os recursos humanos são imprescindíveis e “o mais difícil de encontrar” (excerto da entrevistada do Município D, 23 de maio). Em segundo lugar estão os recursos técnicos, visto que “é preciso criar conteúdos, fotografar, filmar” (excerto do entrevistado do Município G, 14 de junho) e a menção à interdependência entre estes e os recursos humanos. Os recursos financeiros foram identificados

como o terceiro grupo na ordem de relevância, dado que a presença nas redes sociais é caracterizada por ser “um meio de promoção de baixo custo” e de “presença gratuita” (excertos do entrevistado do Município G, 14 de junho). O entrevistado do Município F inverteu a segunda e a terceira posição identificadas, ao ter considerado que é necessário ter recursos humanos “eficazes e qualificados”, mas também ter recursos financeiros que permitam possuir recursos técnicos para “fazer face àquilo que são as necessidades” (excertos do entrevistado do Município F, 7 de junho). Já o entrevistado do Município A divergiu completamente das restantes respostas, uma vez que salientou a extrema importância dos recursos financeiros, colocando-os em primeiro, segundo e terceiro lugar, sendo a base que possibilita obter recursos humanos e recursos técnicos.

a) Recursos humanos

De forma mais pormenorizada, iniciamos a descrição das respostas no âmbito dos recursos humanos, integrando o número de colaboradores no departamento de comunicação, a sua dedicação exclusiva, a sua formação e se possuem ou não funções diárias.

O Município B possui dois funcionários afetos à gestão da comunicação online do município, porém nenhum dos dois desempenha funções em total exclusividade à parte da comunicação online. Existem algumas funções diárias que os dois membros desempenham, nomeadamente “acompanhar o Presidente nas atividades internas e externas em que ele se faz representar” (excerto da entrevistada do Município B, 22 de maio). A entrevistada tem formação em Ciências da Comunicação e Jornalismo e o outro colaborador, ainda que não tivesse terminado o curso em Engenharia Informática, o seu percurso profissional incluiu trabalho em empresas que, de certa forma, já tinham algum nível de comunicação. Ao nível de formação, a entrevistada realizou apenas estágios curriculares e profissionais que lhe permitiram adquirir mais conhecimento nesta área. Contudo, consideram que existem formações especializadas que seriam uma mais-valia.

À semelhança deste, o Município G tem dois colaboradores, o que é apontado como insuficiente, já que nenhum assume dedicação exclusiva e acumula funções de outra índole (sejam, num caso, tarefas associadas aos pelouros como Vice-Presidente e, no outro caso, funções de secretariado e apoio a outras áreas). O representante que nos concedeu a entrevista possui formação em Engenharia Eletrónica e Telecomunicações e considera que, embora não tenha mais formação do ponto de vista académico, todas as experiências que desenvolveu ao longo da sua

vida (rádio, escrita e fotografia) foram muito úteis, ainda que de modo informal. Porém, tem noção da existência de ações de formação que seriam proveitosas para as suas funções diárias.

O número de colaboradores no Departamento de Comunicação do Município A é o mesmo que os anteriores dois, um deles com dedicação exclusiva. O entrevistado deste município de grande dimensão é responsável pelo Facebook, onde têm a grande parte da comunicação e o outro membro está mais dedicado ao Instagram. Este representante, para além da sua área de formação em Ciências da Comunicação, tem também alguma formação na área financeira. Relativamente às funções que desempenha, afirmou não sentir necessidade de realizar outro tipo de formações especializadas.

A instituição F dispõe de três pessoas afetas à comunicação, sendo que dois deles têm dedicação exclusiva. O entrevistado afirmou que os recursos que têm são poucos para o Gabinete de Comunicação e suprimem essas lacunas pela interação com técnicos das outras áreas que vão dando contributos. O entrevistado refere que os dois elementos exclusivos estão a desempenhar funções há muito pouco tempo e, embora não tenham tantos conhecimentos a nível teórico, possuem mais conhecimentos na prática e são ótimos profissionais, sendo que fazem a divisão das funções mediante as necessidades diárias. O representante do gabinete tem formação em Comunicação Social e, apesar de fazer a coordenação dos dois técnicos, agora também desempenha funções em outras áreas. Além disso, é da opinião de que existem várias ações de formação que nos vão “enriquecendo e dando um background cada vez maior na área” (excerto do entrevistado do Município F, 7 de junho).

Cinco é o número de colaboradores afetos à comunicação online do Município C e, embora a equipa dê ao representante boas condições para fazer um trabalho que considera bom “e, muitas vezes, muito mais que bom”, realçou que existem sempre algumas lacunas. De forma mais concreta, afirmou que a existência de um web designer e de quatro pessoas para a comunicação escrita, uma delas só para a imprensa e relacionamento com os jornalistas e as outras três fazem a informação estática. Mas, apenas dois da comunicação escrita e um técnico desempenham funções em exclusividade e os outros dois acumulam outras tarefas. No fundo, esta instituição de grande dimensão possui técnicos qualificados que permitem fazer diversas funções. Para além de ter a formação em História da Arte e especialização em Novos Media e Prática de Internet, o entrevistado tem também “formação média na questão do design” (excerto do entrevistado do Município C, 23 de maio).

Por sua vez, o Município E tem seis pessoas ligadas de alguma forma à comunicação, quatro afetas de forma exclusiva e duas ligadas à informática, que, quando é preciso, dão contributos nesta área. A representante da instituição tem formação em Ciências da Comunicação está na parte do texto e depois têm os outros elementos ligados ao registo fotográfico e à elaboração de cartazes, flyers e vídeos. Considera que existem ações de formação que podem auxiliar nas funções diárias e sublinha a sua importância nesta área, dado que é necessário acompanhar a sua evolução constante.

Um outro município de grande dimensão, H, refere que sete pessoas estão envolvidas na sua comunicação online e todas estão em exclusividade. Três delas são responsáveis pela produção dos conteúdos, dois são fotógrafos que suportam a questão visual e dois formam uma equipa de vídeo. O entrevistado é formado em Gestão de Empresas e tirou MBA em Marketing. Realça a especificidade da comunicação de um organismo público e, deste modo, é preciso ter técnicos e recursos humanos que consigam perceber a política de comunicação e interpretá-la de forma ideal.

No caso do Município I, são dez os membros que desempenham funções no Gabinete de Comunicação, e em exclusivo. A entrevistada deste município de grande dimensão, para além da sua formação em Gestão do Património e posterior especialização em Turismo, afirmou não ter sentido necessidade de outro tipo de ações de formação especializadas e adiantou que a sua aprendizagem resulta da sua orientação natural e de pesquisas que realiza.

Por último, o Gabinete de Comunicação do Município D é composto por vinte e cinco pessoas com funções diárias diferentes com resultados na comunicação interna, embora a sua exclusividade dependa da área e dos recursos disponíveis. A equipa é constituída por técnicos especializados e formados e também por pessoas que tinham perfil e apetências para algumas áreas e que foram escolhidas para integrar a equipa de comunicação, proporcionando-lhes formação específica. Ainda que a área de formação da entrevistada seja História da Arte, todo o seu percurso profissional esteve ligado à comunicação e, atualmente, gere 300 pessoas de áreas diferentes. Ao longo dos anos e, de forma pontual, tem realizado formações por iniciativa própria, porém considera que as suas competências foram adquiridas com a prática e com pesquisas.

b) Recursos técnicos

Os recursos técnicos são globalmente tidos como importantes pelos entrevistados por constituírem a condição primeira para a produção de conteúdos e o que possibilita o trabalho dos

recursos humanos, que por sua vez permite múltiplas partilhas entre diferentes plataformas. São os recursos que permitem a produção de conteúdos que precisam de “ter no site para também partilhar na página do Facebook” (excerto da entrevistada do Município I, 21 de junho). Por exemplo, a entrevistada do Município D refere a aposta que faz ao nível dos equipamentos, para tudo o que é conteúdo multimédia, a questão das redes, da ligação à Internet e, também, do software, dado que têm subscrição de modo a terem acesso às últimas versões. Por outro lado, o entrevistado do Município G considera que o software é o menos importante pela facilidade em obtê-lo sem grandes custos associados. A entrevistada do Município E salientou que este novo Executivo fez uma grande aposta nesta área e, neste momento, têm à disposição os meios adequados à dimensão do município e ao tipo de eventos que realizam. E acredita que existe disponibilidade, por parte de quem gere, em aceder a determinada necessidade evidenciada. Por sua vez, também existem municípios, como é o caso do Município B, que não fazem uma grande aposta em mais e melhores equipamentos. Tudo pode depender, e muito, daquilo que financeiramente cada instituição consegue dispor. Por exemplo, o Município F esforça-se no sentido disponibilizar serviços e os meios técnicos necessários, porém gostariam de possuir outros recursos que lhe permitissem ter “uma maior amplitude e uma maior rapidez no tratamento dos conteúdos” (excerto do entrevistado do Município F, 7 de junho). Quer o entrevistado do Município C, quer o do Município H realçam que nunca têm tudo o necessário dado o permanente surgimento de novos projetos e ideias, caso contrário seria sinal de acomodação.

c) Recursos financeiros

Os recursos financeiros foram selecionados pelo Município A como de extrema importância, talvez porque, como refere o entrevistado, os seus recursos financeiros “são muitos baixos” (excerto do entrevistado do Município A, 4 de maio). Também a representante do Município B salienta que se tivessem recursos financeiros disponíveis recorreriam a empresas para a produção de serviços de vídeo especializados, com o objetivo de despertar o interesse para o município. O Município C privilegia muito a expressão “Prata da Casa”, ou seja, reúnem esforços e tentam fazer o máximo possível internamente, resultando disso uma “estratégia de 80 a 90%” (excertos do entrevistado do Município C, 23 de maio), embora haja situações que não possuem tecnologias específicas porque não têm recursos técnicos e humanos para isso e necessitam de recorrer a empresas externas.

A entrevistada do Município D salientou o investimento realizado nas subscrições para terem acesso às últimas versões de software, bem como em todo o equipamento que é necessário à criação de conteúdo multimédia. Embora haja uma pessoa responsável paga para produzir a informação que é disponibilizada online, “não é preciso muito dinheiro para comunicar e bem” (excerto da entrevistada do Município E, 29 de maio). Ou seja, a comunicação online “é mais acessível e gratuita no sentido de quem a recebe e do veículo de informação” (excerto da entrevistada do Município E, 29 de maio), como também salienta o entrevistado do Município G. A entrevistada do Município D considerou, também, que “fazer campanhas no Facebook é barato” (excerto da entrevistada do Município D, 23 de maio), visto que não é um veículo de comunicação que necessite de um grande investimento e a existência de um grande leque de canais disponíveis e de parcerias proporciona uma projeção maior. Desta forma, existem “retornos de outra forma” (excerto da entrevistada do Município D, 23 de maio), não sendo possível contabilizar financeiramente todo o processo.

Também o representante do Município H identifica a utilidade dos recursos financeiros, com o objetivo de “despertar interesse na comunicação social e nas entidades que também comunicam e fazer com que os conteúdos sejam para eles importantes e que divulguem e exponenciem o alcance” (excerto do entrevistado do Município H, 18 de junho). Grande parte dos custos está também associada à evolução informática e de multimédia e, deste modo, é necessária uma atualização constante, diz o entrevistado do Município F. Nomeadamente, “os equipamentos vão ficando obsoletos, há sempre novas áreas, novas tecnologias que vão aparecendo (...) e o aparecimento das novas ferramentas é sempre oneroso” (excerto do entrevistado do Município F, 7 de junho). Por sua vez, a entrevistada do Município I não atribuiu grande destaque a estes recursos porque raramente fazem publicidade, só em certos eventos que pretendem divulgar e alcançar o público-alvo.

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