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Capítulo 3: O e-learning e o e-assessment

3.2 Alguns pressupostos do e-assessment

3.2.2 O e-assessment e Situações de Plágio

3.2.2.1 Intenção e Extensão do Plágio

James, McInnis & Devlin (2002) defendem que se podem considerar vários níveis de plágio, ou seja, na análise deste tipo de atitude dever-se-á ter em conta quer a intenção do aprendente em plagiar, quer a quantidade ou extensão da informação plagiada, para que este se possa combater mais eficazmente. Assim, será necessário, antes de mais, procurar entender o que leva os estudantes a adoptar este tipo de atitudes. Estes autores - de entre outros como Wilhoit (1994) e Harris (2004) – realçam que as razões pelas quais se comete plágio não serão necessariamente intencionais. Por outras palavras, por um lado, haverá aprendentes que plagiam porque são preguiçosos; por parecer ser o caminho mais fácil; para tentarem obter boas classificações; por não terem interesse no tema a tratar; por não respeitarem as regras da escrita académica; ou, simplesmente, por terem lacunas ao nível das competências de escrita, de análise crítica, de argumentação, etc. Por outro lado, também há os que o fazem por estarem habituados a impunidade por parte dos docentes e das instituições; por não terem competência para gerir o tempo que têm disponível para realizar a tarefa (sendo que o tempo dado por alguns docentes por vezes é mesmo escasso); por terem vários trabalhos para desenvolver ao mesmo tempo, etc. Desta forma, poder-se-á considerar um continuum com dois pólos distintos:

Figura 5 - Continuum da intenção no acto de plagiar. (Fonte:Adaptado deJames, McInnis & Devlin, 2002:39)

Não obstante, James, McInnis & Devlin (2002:39) salientam que:

“a proportion of the incidence of plagiarism in higher education is also attributable to misunderstanding and ignorance among students about why they should avoid plagiarism and how they can do so.”

No caso particular dos trabalhos de grupo, para além de tudo o que se acabou de referir, ter-se-á de também de alertar aprendentes menos atentos para o que se considera, ou não, uma colaboração desejável/ aconselhável (tanto interna quanto externa ao próprio grupo). Será, então, a relação entre estes tipos de colaboração e a noção de plágio que se procura representar na figura que se segue35:

Colaboração Fraude Copiar

Figura 6 - Continuum do grau de colaboração em situação de trabalho de grupo. (Fonte:Adaptado deCulwin & Naylor, 1995, apud James, McInnis & Devlin, 2002:40)

35 Para uma melhor compreensão da Figura 6, será de realçar que os autores apresentam o acto de copiar como o limite máximo de uma situação de plágio.

A partir deste ponto pode estar-se perante uma

situação de plágio

A partir deste ponto está-se definitivamente

perante uma situação de plágio Fazer uso do trabalho de

outrem sem consciência das implicações que tal

atitude acarreta

Utilizar deliberadamente o trabalho de outrem como

Já em relação à extensão da informação plagiada, James, McInnis & Devlin (2002) consideram que se deve ter em mente que esta também pode determinar a gravidade36

do acto de plagiar, uma vez que poderá revelar as razões que estão por detrás deste. A título de exemplo, podem referir-se dois casos paradigmáticos que ilustram situações de gravidade distinta: o caso do indivíduo que refere os trabalhos consultados, mas não identifica graficamente a informação que não é de sua autoria e o caso do indivíduo que adquire um trabalho via Internet a partir de sites criados para o efeito37. Tal como referem

James & McInnis (2001:6), esta última situação é, infelizmente, cada vez mais visível nas universidades, uma vez que:

[the] electronic technologies lend themselves to the grosser forms of ‘cut-and-paste’ cheating and an industry in internet ‘cheat sites’ has sprung up to exploit this opportunity, including a trade in ‘made to order’ assignments.”

Estes posicionamentos podem, então, representar-se num continuum cujos opostos se apresentam na figura seguinte:

Figura 7 - Continuum da extensão no acto de plagiar. (Fonte:Adaptado deJames, McInnis & Devlin, 2002:41)

Por último, e explicado o que se entende por intenção e extensão do acto de plagiar, será então importante analisar cada caso e procurar a melhor solução. James, McInnis & Devlin (2002) cruzaram os vectores da intenção e da extensão e fazem as seguintes propostas para se lidar com algumas situações de plágio: se for inteiramente acidental e de extensão reduzida, o conselho é que não se ignore e que haja uma preocupação em explicar o que se espera de um trabalho académico a este nível; se for inteiramente

36 Como não poderia deixar de ser, considera-se que qualquer tipo de plágio é condenável; todavia, para o presente trabalho entende-se que o menos grave será aquele que é motivado pelo puro desconhecimento das normas de citação, uma vez que será uma situação de fácil resolução.

37 Exemplos destes sites serão: http://www.essay.com; http://www.directessays.com/; http://www.cyberessays.com/.

Extensão Reduzida: Fazer uso incorrecto das convenções de autoria (em

especial em relação a citações)

Extensão Extrema: Fazer

download de um trabalho e entregá-lo como sendo de

acidental, mas de extensão extrema, é provável que se um caso de má interpretação das convenções de autoria; daí que se deva apostar na explicação cuidada destas; se for inteiramente deliberado, mas de extensão reduzida, aconselha-se que o enfoque não seja dado à punição, mas à educação; por último, se for inteiramente deliberado e de extensão extrema, estar-se-á perante uma atitude bastante reprovável e recomendar-se- -á uma penalização imediata. Não obstante, nem sempre será fácil, por um lado, prevenir e, por outro lado, caracterizar o tipo de plágio com que se estará a lidar; daí que será aconselhável que os docentes (e porventura os aprendentes) sejam conhecedores de estratégias e ferramentas próprias para o efeito, como se apresenta na secção que se segue.