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A Intensidade de Danos Potenciais foi dimensionada em função dos usos existentes ou planejados na sub-bacia, pelo desequilíbrio que podem acarretar ao córrego Guará e à área de preservação permanente que o margeia (FIGURA 27). Os usos considerados como indicadores de danos potenciais encontram-se detalhados no item 3, correspondente à descrição da área de estudo, e foram definidos com base na leitura do mapa de uso de uso e ocupação do solo do Distrito Federal (FIGURA 4).

- Indicadores de intensidade de danos potenciais

a) Áreas Protegidas - na área de estudo, além das Áreas de Preservação

Permanente, considerou-se como Áreas Protegidas: a Reserva Ecológica do Guará, o Parque Ecológico Ezechias Heringer e o Jardim Zoológico de Brasília. Trata-se de áreas contíguas, que formam um corredor de vegetação ao encontro da ARIE do Riacho Fundo e do Jardim Zoológico de Brasília. A ocupação irregular desses espaços traz danos ao córrego, levando a resultados opostos aos pretendidos, com a sua criação. Nessas áreas, não há saneamento básico nem coleta de lixo. Os moradores cavam poços e fossas negras, contribuindo assim para o lançamento de resíduos sólidos e líquidos no córrego, e destroem a mata ciliar (FIGURA 27)

Dentro da Reserva Ecológica do Guará, ocorre concentração de chácaras, principalmente perto das nascentes do córrego. Próximo à estrada de ferro, há uma grande pressão sobre o córrego, por parte de moradores que desmatam, cavam poços para coletar água subterrânea e jogam lixo. Ocorre também o lançamento de drenagem pluvial.

No Parque Ecológico Ezechias Heringer, há chácaras localizadas ao longo de praticamente toda a margem do córrego. Próximo à linha do metrô, ocorrem

depósitos clandestinos de lixo, plantação de espécies exóticas, assoreamento e erosão. A situação é mais crítica na Área 28 e na área urbana da Candangolândia, onde as rodovias EPGU e EPIA cortam o córrego: há muitas chácaras, interrupções na mata de galeria (FIGURA 27), assoreamento (FIGURA 28) e depósitos de lixo (FIGURA 29). Nessas chácaras, verifica-se criação de animais (FIGURA 30) e agricultura de subsistência, ou seja, os moradores retiram a vegetação nativa para construir suas casas e plantar, e os animais se alimentam da vegetação nativa. Com o desmatamento, há perda da biodiversidade local e desestabilização física do curso d’água. As matas ciliares também são retiradas, deixando assim de desempenhar seu importante papel no equilíbrio do ecossistema aquático, ao regular a entrada e filtrar as águas pluviais e servir de fonte de alimento e abrigo para a fauna. O trecho do córrego localizado no Jardim Zoológico é a sua parte melhor

preservada, com mata de galeria nativa e presença de macroinvertebrados, o que indica um bom nível de integridade biótica.

Figura 27 - Interrupção da mata de galeria na Área 27 do Parque Ecológico Ezechias Heringer. Fonte: MENDONÇA, 2003.

Figura 28 – Assoreamento e lixo no córrego Guará, no PEEH. Fonte : STARLING, 2005

Figura 29 - Depósito de lixo na Área 28 do Parque Ecológico Ezechias Heringer. Fonte: MENDONÇA, 2003.

Figura 30 – Criação de cabras na Área 28 do PEEH. Fonte: A autora.

b) Vias e rodovias - na área de estudo, as principais vias e rodovias são: linha

de metrô, ferrovia, rodovias DF-095 (EPCL), DF-085 (EPTG), DF-003 (EPIA), DF-051 e EPGU. Em alguns trechos, as rodovias EPIA, EPGU, EPTG e a linha do metrô (FIGURA 31) cortam o córrego Guará. Os impactos desses usos no córrego referem-se à alteração hidrológica; fragmentação da vegetação e, conseqüentemente, interrupção da passagem de animais; deposição de óleo e resíduos sólidos no curso d’água; e erosão.

Figura 31 – Parte da linha do Metrô que corta o córrego Guará, no PEEH. Fonte: MENDONÇA, 2003.

c) Uso misto habitação e comércio - na sub-bacia do córrego Guará encontra-

se o uso misto habitação e comércio no Guará I, Guará II, no Setor Residencial Lúcio Costa e na Candangolândia. De acordo com o Plano Diretor do Parque do Guará (GDF/CODEPLAN/COORDENAÇÃO ESPECIAL DO METRÔ & HIDROGEO, 1993), um dos impactos mais prejudiciais aos ecossistemas da área de estudo, relacionado à área urbana, é a ocorrência de diversos processos erosivos. Essa erosão é causada principalmente pelo desequilíbrio hídrico em função da impermeabilização da bacia devido à área urbana no entorno do Parque. Outro impacto é a concentração e deposição irregular de resíduos sólidos.

d) Uso exclusivo comércio e serviços institucionais - na área de estudo,

todo o Setor de Indústria e Abastecimento; no Setor Policial e no Setor de Múltiplas Atividades Sul, onde estão localizados três Hipermercados e um Shopping. Os impactos decorrentes deste uso são a compactação e impermeabilização do solo, contaminação de aqüíferos devido à concentração de efluentes urbanos e deposição de resíduos sólidos.

e) Oficinas e postos de combustíveis - este uso ocorre, principalmente, no

Setor de Oficinas Sul (FIGURA 32). Além da poluição sonora e atmosférica, têm-se como impacto a contaminação das águas do córrego pelo despejo de combustível e outras substâncias tóxicas transportadas pela rede pluvial.

Figura 32 – Ferro velho no Setor de Oficinas Sul , adjacente ao PEEH. Fonte: MENDONÇA, 2003.

f) Armazenamento de Cargas e Inflamáveis - ocorre no Setor de

Armazenamento de Cargas, localizado no SIA. O impacto refere-se à compactação e impermeabilização do solo; e erosão. Vale ressaltar que esse setor está localizado próximo aos limites da Reserva Ecológica, onde se encontram as nascentes do córrego Guará.

g) Garagem de veículos pesados - ocorre no Setor de Garagens Sul, bem

próximo aos limites do Parque Ecológico Ezechias Heringer, e no Setor de Armazenamento de Cargas, localizado no SIA. O principal impacto causado no córrego Guará é a contaminação das águas por óleo e graxa despejados

na rede pluvial na lavagem de veículos.

h) Esporte e lazer - as áreas de lazer consideradas na sub-bacia do córrego

Guará são: o CAVE (FIGURA 33), o Jóquei Clube de Brasília e o Estádio Pelezão, e são todas adjacentes a áreas protegidas (Reserva, Parque ou Zoológico). O impacto referente a este uso é a contaminação e assoreamento do córrego em virtude do carreamento dos resíduos sólidos acumulados nas proximidades.

Figura 33 – Campo de treinamento na área externa do Estádio do CAVE com o Parque Ecológico Ezechias Heringer em segundo plano – 2007.

Fonte: A autora.

- Hierarquização e agregação dos Indicadores de Intensidade de Danos ao córrego Guará

A hierarquização dos indicadores de Intensidade de Danos Potenciais causados por usos antrópicos ao córrego Guará, que possibilitou a construção da árvore de intensidade de danos (FIGURA 34), teve como base as informações contidas no Quadro 6. A hierarquia dos usos existentes e planejados é a seguinte:

VIII - Área Protegida

2 - Com ocorrência de chácara 1 - Sem ocorrência de chácara

VII - Vias e rodovias

2 - Cortam o córrego Guará 1 - Não cortam o córrego Guará

VI - Uso misto habitação e comércio 2 - Adjacente à área protegida 1 - Não adjacente à área protegida

V - Uso exclusivo comércio e serviços institucionais 2 - Adjacente à área protegida

1 - Não adjacente à área protegida

IV - Oficinas e postos de combustíveis 2 - Sim

1 – Não

III - Armazenamento de cargas e inflamáveis 2- Sim

1- Não

II - Garagem de veículos pesados 2- Sim

1- Não

I - Esporte e lazer 2 - Sim

Nível

Hierárquico Indicador Processo de degradação Fonte de degradação

Possibilidade de controle/reversão dos danos

VIII Área Protegida

Assoreamento, erosão, desmatamento, contaminação da água por carreamento de resíduos

sólidos

Chácaras em Áreas protegidas com criação de animais e agricultura de subsistência

Remoção das chácaras e fiscalização, recuperação de áreas degradadas, implantação de plano de manejo nessas áreas.

VII Vias e Rodovias

urbanas

alteração hidrológica; fragmentação da vegetação e conseqüentemente interrupção da

passagem de animais; deposição de óleo e resíduos sólidos no

curso d’água; erosão.

Drenagem pluvial Manutenção na infra-estrutura de

drenagem pluvial

VI Uso misto habitação e

comércio

Compactação e impermeabilização do solo, erosão, contaminação da água.

Edificações , concentração e deposição de resíduos sólidos.

Ações de educação ambiental, construções que minimizem a retirada de vegetação, a compactação e impermeabilização do solo

V Uso exclusivo comércio

e serviços institucionais

Compactação e impermeabilização do solo,

contaminação da água.

concentração de efluentes urbanos e deposição de resíduos sólidos.

Ações de educação ambiental, construções que minimizem a retirada de vegetação, a compactação e impermeabilização do solo

IV Oficinas e postos de

combustíveis

Compactação e impermeabilização do solo e

erosão, contaminação dos aqüíferos e do curso d’água.

Lavagem de carros, utilização de substâncias tóxicas, despejo de combustível e outras substâncias tóxicas na rede pluvial

Fiscalização, ações de educação ambiental, cumprimento da Legislação, destinação adequada às substâncias tóxicas liberadas.

III Armazenamento de

cargas e de inflamáveis

Compactação e impermeabilização do solo e erosão, contaminação da água.

Edificações

Fiscalização, ações de educação ambiental, cumprimento da Legislação, construções que minimizem a retirada de vegetação, a compactação e impermeabilização do solo II Garagem e veículos pesados Compactação e impermeabilização do solo e

erosão contaminação dos aqüíferos e do curso d’água.,

Despejo de óleo e graxa na rede pluvial, lavagem de veículos pesados.

Fiscalização, ações de educação ambiental, cumprimento da Legislação, destinação adequada às substâncias tóxicas liberadas.

I Esporte e lazer

Compactação e impermeabilização do solo e

erosão, contaminação da água.

Acúmulo de resíduos sólidos, que são carreados para o curso d’água.

Fiscalização, ações de educação ambiental.

Quadro 6 - Indicadores de Intensidade de Danos ao córrego Guará. Fonte: A autrora.

Da agregação dos indicadores de Intensidade de Danos Potenciais ao córrego Guará resultaram três níveis de intensidade: Nível III - Intensidade alta; Nível II - Intensidade média e Nível I - Intensidade baixa (FIGURA 34).

2

Níveis decrescentes de Intensidade a Danos

Figura 34 - Árvore de Intensidade de danos ao córrego Guará.

Área Protegida 1 2

Vias e rodovias

III

Uso misto habitação e comércio

Uso exclusivo comércio e serviços

Oficinas e postos de combustíveis

Armaz. de cargas e inflamáveis

Esporte e lazer

II I

Garagem de veículos pesados 1 1 1 1 1 2,1 2,1 2 2 2 2

Nível III - Intensidade alta: corresponde ao espaço ocupado por: área

protegida com chácaras; e/ou vias e rodovias que cortam o córrego; e/ou uso misto habitação e comércio adjacentes a áreas protegidas; e/ou uso exclusivo de comércio e serviços adjacentes a áreas protegidas.

Nível II - Intensidade média: está associado a vias e rodovias que não

cortam o córrego; e/ou uso misto habitação e comércio não adjacentes a área protegida; e/ou uso exclusivo comércio e serviços não adjacentes a área protegida; e/ou oficinas e postos de combustíveis; e/ou armazenamento de cargas e inflamáveis; e/ou ao espaço ocupado por garagem de veículos pesados;

Nível I - Intensidade baixa: corresponde ao espaço ocupado por esporte e

lazer; e/ou áreas localizadas em áreas protegidas sem chácaras, e áreas com remanescentes de cerrado.

Nível III Nível II

Nível I

Figura 35- Mapa de intensidade de danos potenciais causados por usos antrópicos ao córrego Guará Fonte: A autora.