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3.2 SUB-BACIA DO CÓRREGO GUARÁ

3.2.3 Região Administrativa da Candangolândia (RA XIX)

A RA XIX foi criada pela Lei nº 658, de 27 de janeiro de 1994 (DISTRITO FEDERAL, 1994), e é formada por área urbana (cerca de 20% do território), pelo Jardim Zoológico de Brasília e pela Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Santuário de Vida Silvestre do Riacho Fundo. Desses componentes, apenas parte

da área urbana (FIGURA 17), e do Jardim Zoológico de Brasília encontram-se na sub-bacia do córrego Guará sendo que o córrego atravessa a área do Jardim Zoológico, antes de desaguar no ribeirão Riacho Fundo.

Com área de 6,6 km² e população de apenas 13.660 habitantes, a RA XIX é a menor região administrativa do Distrito Federal. Tem como limites: ao norte, a BR- 51; ao sul, a DF- 025; a leste, a DF-047; e a oeste, a DF-003.

Figura 17- Área urbana da Região Administrativa da Candangolândia - RA XIX Fonte: Google, 2007 .

O primeiro acampamento oficial para abrigar os pioneiros que trabalharam na construção de Brasília foi construído na Candangolândia, em 1956. Nele se encontravam a sede da Companhia Urbanizadora da Capital do Brasil - NOVACAP (FIGURA 18), um posto policial, dois restaurantes, uma escola, um mercado, um acampamento para os funcionários (FIGURA 19) e residências para as equipes técnicas (FIGURA 20).

Figura 18- Sede da NOVACAP - 1956

Fonte: GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL. Administração Regional da Candangolândia,2007.

Figura 19- Alojamento dos candangos - 1956

Fonte: GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL. Administração Regional da Candangolândia, 2007.

Figura 20- Rua dos Engenheiros - 1956

Fonte: GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL. Administração Regional da Candangolândia, 2007.

Em 1959, a NOVACAP foi transferida para o Plano Piloto e a Candangolândia passou a receber migrantes que chegavam com a intenção de trabalhar na construção. O entorno da cidade passou a ser ocupado de forma irregular, por famílias vindas do Núcleo Bandeirante e de outras áreas do Distrito Federal. Somente em 1989 foi projetada uma expansão do núcleo original, contendo lotes residenciais de aproximadamente 150 m², em uma área total de 41,99 ha.

- Jardim Zoológico de Brasília

central do Brasil. Criado em 6 de dezembro de 1957, com o objetivo de realizar o manejo e estudo dos animais em cativeiro, bem como propor meios para um convívio equilibrado; lazer; educação ambiental; e realização de pesquisa, abriga cerca de 1.300 animais, num total de 58 espécies de mamíferos, 43 espécies de répteis e 108 espécies de aves.

Figura 21 - Configuração espacial do Jardim Zoológico de Brasília. Fonte: GOOGLE ,2007.

O Zoológico é cortado pelo ribeirão Riacho Fundo e pelo córrego Guará. Tem uma área de 139,75 ha, que abrange um teatro de arena; um circo; um auditório; área para piquenique; churrasqueiras; parques infantis; lanchonetes; bebedouros; banheiros; um pavilhão de veterinária; uma biblioteca e um museu de taxidermia. Anualmente, recebe mais de um milhão de visitantes (CASTRO, 2004).

Além da conscientização realizada junto aos visitantes, são desenvolvidas atividades com escolas, inclusive camping para alunos da 5ª à 8ª série e colônia de férias para crianças entre 5 e 10 anos. O Zoológico edita a publicação infantil gratuita denominada Nossos Bichos e realiza atividades internas (manejo de animais e pesquisa científica) no ramo da Veterinária, Zoologia, Nutrição, enriquecimento ambiental, paisagismo e jardinagem, técnicas de tratamento de animais mortos. - Área urbana da Candangolândia

Brasília, o gabarito da Candangolândia não permite a construção de edifícios residenciais, constituindo-se em padrão de habitação local a edificação de casas de até dois pavimentos. Qualquer alteração de escala deve ser precedida de exame pelos órgãos de proteção ao patrimônio histórico.

A maioria da população reside em moradias do tipo casa (GRÁFICO 4), com 100% de abastecimento de água e 99,4% de esgotamento sanitário realizados pela rede geral da CAESB. A coleta pública de lixo cobre 99,7% do total gerado, sendo que os restantes 0,3% são incinerados ou enterrados (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL. CODEPLAN, 2004). 93 0,7 0,3 0,3 2,3 3,3 apartamento casa kitinete barraco prédio comercial/ind/residencial outros

Gráfico 4- Domicílios urbanos segundo o tipo de residência na RA XIX - Candangolãndia. Fonte: GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL. CODEPLAN, 2004.

Na RA XIX, 45% da população apresenta renda mensal bruta entre 2 e 10 salários mínimos (GRÁFICO 5). As atividades principais são o comércio e a administração pública do GDF (GRÁFICO 6). Quanto ao grau de instrução, tem-se que 30% da população possuem o 2º grau completo (GRÁFICO 7). Na região, há seis escolas e cinco bibliotecas e praticamente nenhuma estrutura para o lazer e a cultura. O único espaço cultural é um salão comunitário localizado em escola pública (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL. Administração Regional da Candangolândia, 2007).

17,4 12 24,4 21,1 18,4 6,7 Até 1 s.m 1-2 s.m 2-5 s.m 5-10 s.m 10-20 s.m mais de 20 s.m

Gráfico 5- Distribuição dos domicílios por classe de renda da RA XIX - Candangolândia Fonte: GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL. CODEPLAN, 2004.

0 500 1000 1500 2000 Serviços em geral Serviços domésticos Saúde Educação Comunicação Transporte Adm Pública GDF Adm Pública Federal Comércio Indústria Construção civil Agropecuária

Gráfico 6– Distribuição da população urbana residente com 10 anos e mais de idade por atividade principal remunerada na RA XIX - Candangolândia. Fonte: GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL. CODEPLAN, 2004.

0 5 10 15 20 25 30 Analfabeto

Sabe ler e escrever Alfabetização de adultos Pré-escolar 1º grau incompleto 1º grau completo 2º grau incompleto 2º grau completo Superior incompleto Superior completo Menores de 7 anos fora da escola

Gráfico 7- População urbana residente por grau de instrução na RA XIX - Candangolândia. Fonte: GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL. CODEPLAN, 2004.

4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

Na avaliação dos efeitos da ocupação urbana da sub-bacia do córrego Guará, na sustentabilidade do córrego, foi utilizado o método Análise do Risco Ecológico-ARE, desenvolvido por Faria (1996). Esse método utiliza-se de um modelo que agrega indicadores de intensidade de danos potenciais causados por usos antrópicos a fatores naturais e indicadores da sensibilidade de cada fator natural a esses mesmos usos, para compor o risco ecológico ao qual uma determinada área está submetida. A agregação dos indicadores é realizada com base em funções lógicas do tipo “e/ou” (álgebra booleana).

Neste trabalho, a aplicação do método ARE foi realizada com foco específico no fator natural Água Superficial, representado na área de estudo (FIGURA 3) pelo córrego Guará, cujo curso se encontra totalmente inserido na bacia do Lago Paranoá.

A escolha desse método justifica-se pelo fato de possibilitar uma quantificação e espacialização dos riscos de danos que as atividades antrópicas representam para os fatores naturais da paisagem.

Os procedimentos utilizados foram os seguintes:

a) Levantamento bibliográfico e de campo sobre a estrutura atual de uso e ocupação do espaço e seus condicionantes legais e institucionais.

Dados e informações referentes ao marco legal e institucional e a estrutura atual de uso e ocupação do solo foram levantados nas bibliotecas da Universidade de Brasília e Universidade Católica de Brasília, na Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH), na Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUH), naSecretaria de Estado de Administração de Parques e Unidades de Conservação (COMPARQUES, extinta em 2007), Administração do Metrô do Distrito Federal, Administração do Guará, Administração do Setor de Indústria e Abastecimento, Agência Nacional de Águas (ANA), Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (CAESB), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Companhia Urbanizadora da Capital do Brasil (NOVACAP),

bem como em seus respectivos sítios na Internet;

b) Identificação, hierarquização, agregação de indicadores e elaboração dos mapas da Intensidade de Danos Potenciais ao Córrego Guará e da Sensibilidade do córrego Guará a danos causados por usos antrópicos localizados em sua sub- bacia.

A fonte básica de informação para escolha, hierarquização e agregação dos indicadores, que possibilitaram a avaliação da Sensibilidade do córrego Guará a danos causados por usos antrópicos na sub-bacia, com base em indicadores de aptidão de uso e de interdependência, e da Intensidade de danos potenciais ao córrego, foi o Programa de Reabilitação de Mananciais do Distrito Federal (CAESB, 2004), denominado Projeto Corrente, que realizou análise visual e coleta de dados do córrego, em seis pontos (ANEXO B). O método de análise visual, utilizado no Programa, conforme Starling e Gonçalves (2005, p. 21), “mede um máximo de quinze elementos e baseia-se na inspeção visual das características físicas e biológicas dos córregos e dos ambientes ribeirinhos adjacentes. A cada elemento é dada uma nota (score numérico) relativa às condições de referência e uma contagem (score global) para o trecho do córrego é calculada”. As notas variam de 1 a 10, em ordem crescente de qualidade.

Além de observações complementares, coletadas no campo, foi ainda utilizado como fonte de informação o Plano Diretor do Parque Ecológico Ezechias Heringer (GDF/CODEPLAN/COORDENAÇÃO ESPECIAL DO METRÔ & HIDROGEO, 1993).

c) Combinação dos resultados da avaliação da Sensibilidade a Danos e da Intensidade de Danos Potenciais para determinar o Risco de Danos ao córrego Guará, que afetam a sua sustentabilidade, e elaboração de mapas de Risco de Danos do córrego Guará.

d) Interpretação dos resultados da Análise de Risco Ecológico.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 SENSIBILIDADE DO CÓRREGO GUARÁ A DANOS CAUSADOS POR USOS