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PARTE II RESULTADOS 76

4   Resultados da pesquisa na base PubMed 76

4.5   Interação entre comunidades e geografia 112

O próximo passo é decifrar como as comunidades, e sua estrutura de poder, evoluem. A visão quantitativa do crescimento global das comunidades e seus relacionamentos são apresentados na Figura 32. O foco principal é estabelecer um entendimento sobre o número de relações dentro e fora dos grupos. Primeiro foi avaliado o número de links dentro das comunidades em relação às ligações entre as comunidades. A intensidade de colaborações intracomunidades e intercomunidades aumenta ao longo do tempo. Na parte superior da Figura 32 são apresentadas primeiro as relações dos hubs dentro dos seus grupos e entre os diferentes grupos, com a proporção mantendo-se e assim corroborando o fenômeno do clube dos ricos. O segundo gráfico da figura demonstra as relações dos hubs com os demais pesquisadores da rede dentro dos grupos e entre os grupos. Neste momento pode-se notar que

existe uma tendência de relacionamentos mais focada entre os pesquisadores em geral com os hubs dos seus próprios grupos. O último gráfico da parte superior exibe as relações entre todos os nós da rede dentro dos seus próprios grupos e entre os grupos. Embora o número de ligações intracomunitárias geralmente supere o de ligações intercomunitárias, é significativamente maior o número de ligações entre hubs e outros cientistas a partir de 2000, confirmando a importância do papel dos hubs na formação dessas comunidades.

FIGURA 32. Evolução da rede de leishmania dentro e entre comunidades

Fonte: elaboração do autor

Ainda quanto à Figura 32, na parte inferior desta são apresentadas as relações dentro de cada uma das comunidades, com um foco especial nas comunidades 1 e 3, que possuem o maior número de relações. Seguindo a lógica da parte superior da figura em questão, são apresentadas as ligações entre hubs do lago esquerdo, entre hubs e outros pesquisadores ao centro e entre todos os pesquisadores à direita. Neste caso são apresentadas apenas as ligações entre nós da mesma comunidade.

Com a análise desses resultados pode-se notar que o crescimento da rede LN está relacionado diretamente ao crescimento das comunidades 1 e 3, que consequentemente têm seu crescimento diretamente relacionado às relações entre os hubs da própria comunidade. Dessa maneira, embora muitas comunidades apareçam com grande relevância em uma análise estática do conjunto de dados LN, apenas dois grupos realmente se tornam relevantes no

último período (2009 a 20012). Isso significa que essas duas comunidades e seus principais cientistas são os protagonistas da maior produtividade científica quanto aos números de coautorias e de publicações. Curiosamente o crescimento das comunidades 1 e 3 ocorre principalmente depois de 2000, o que corresponde ao calendário de investimentos em leishmaniose.

Para investigar a validade da estrutura da comunidade identificada e entender o que significa, examinou-se se a geografia desempenhou algum papel na formação dos grupos e se suas interações sociais dependeram dela (ONNELA et al., 2011). Uma vez que os hubs são responsáveis pela formação da estrutura de comunidade de rede, que explorou a relação entre suas posições topológicas e geográficas, constatou-se que a organização do clube dos ricos à luz da geografia é um fator significativo. As fronteiras geográficas de algumas comunidades são bem claras, como as da comunidade 4, que compreende a maioria dos hubs que trabalham no Brasil, as da comunidade 2, na França, as da comunidade 6, no Canadá, as da comunidade 5, no Reino Unido, as da comunidade 20, na Suécia, e as da comunidade 33, na Alemanha.

As comunidades mais importantes, no entanto, compartilham hubs de diferentes países. Curiosamente, a comunidade 1, muito central, conforme observado na Figura 25, consiste, não surpreendentemente, em ligações principalmente entre os centros de trabalho nos Estados Unidos, mas também inclui cientistas-chave de instituições brasileiras, enquanto a comunidade 3 é definida por ligações entre os cientistas em sua maioria provenientes do Reino Unido, da Bélgica e da Índia.

Na Figura 33 analisa-se a evolução do comportamento dos hubs e a geografia das comunidades 1 e 3 em diferentes momentos da rede LN. O resultado mais importante é que os líderes de cada comunidade foram se alternando com o passar dos anos. A comunidade 1 é por um longo tempo liderada essencialmente por pesquisadores americanos, enquanto os cientistas brasileiros começam a assumir o controle depois do ano 2000. A comunidade 3 passa a ser dominada por cientistas indianos depois de 2004.

FIGURA 33. Interações entre os hubs dos grupos 1 e 3

Fonte: elaboração do autor

Legenda: evolução da produtividade científica por país (esquerda). Legenda de países das comunidades 1 e 3 por país (à direita). Países com o maior volume de publicações como primeiro autor através do tempo. Posições de primeiro autor possuem mais crédito, sendo considerados cargos “chave” em artigos biomédicos. Cada barra de cor representa um autor, e a cor representa o país no qual a instituição ao qual está afiliado se encontra. O posicionamento dos nós obedece ao número de publicações no período demonstrado na parte exterior da figura, com o crescimento dos períodos seguindo o sentido horário.

A Figura 33 é distribuída usando-se um algoritmo de desenho gráfico direcionado que leva em conta a distribuição dos autores no período em que estes são mais ativos quanto às suas publicações. O grafo é posicionado como uma face do relógio analógico, com os períodos sendo alocados no sentido horário dos marcadores de horas. Os pesquisadores ativos em mais de um período estão posicionados entre esses períodos, com uma proximidade maior para o período em que são mais ativos. Pesquisadores igualmente ativos em todos os períodos são colocados exatamente no centro do gráfico. Para uma avaliação quantitativa sobre a atividade global dos hubs através do tempo são utilizados também histogramas que demonstram o quanto cada pesquisador publicou naquele período. O tamanho da barra apresenta o número de publicações, e as cores da barra de comutação variam progressivamente de vermelho no primeiro período para verde no mais recente. Hubs são também identificados pela origem geográfica das respectivas instituições de pesquisa usando-

se retângulos com códigos de cores sob histogramas, como indicado na inserção direita. A transição de azul (hubs dos EUA; comunidade 1) para vermelho (hubs brasileiros; comunidade 1) e, finalmente, para bege (hubs indianos; comunidade 3) é facilmente perceptível.