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PARTE II RESULTADOS 76

5   Resultados da pesquisa na Web of Science 117

5.1   Rede de pesquisadores em leishmaniose 119

5.1.4   Subgrupos de pesquisa em leishmaniose 132

Uma vez definidos os aspectos relacionados aos dados bibliométricos, às medidas de rede e às colaborações nacionais e internacionais, decidiu-se avaliar se havia subgrupos distintos dentro da rede que pudessem ser avaliados ou mesmo caracterizados. De acordo com a pesquisa na PubMed, grande parte das divisões em grupos se dava por questões geográficas. Agora se pretendeu entender um pouco mais e avaliar as divisões em um universo mais bem definido.

No que tange à formação de comunidades, existem muitos algoritmos que buscam a divisão da rede de forma automatizada. Com base nos relacionamentos, decidiu-se usar o algoritmo leading eigenvector, de Newman (2006). A decisão foi tomada em razão da possibilidade de sua aplicação em redes de grande porte, o que não é possível para outros algoritmos mantendo-se um nível similar de modularidade, uma medida da qualidade da divisão da rede.

Uma vez aplicado o algoritmo foram encontradas vinte comunidades distintas. Dessas, nove tinham um número maior de pesquisadores e relacionamentos, contabilizando

aproximadamente 94% da rede. Na Figura 39 estão representados os grupos, definidos por cores, encontrados na rede geral de pesquisa em LN e suas relações.

FIGURA 39. Rede de relacionamentos de pesquisa sobre leishmaniose, por grupos

Fonte: elaboração do autor

Legenda: os nós representam os pesquisadores, e as arestas (ligações entre os nós) representam o compartilhamento da autoria de uma publicação científica. As cores dos nós indicam o grupo ao qual o pesquisador pertence. Foram colocados apenas os nove maiores grupos.

A divisão dos grupos só foi possível com a aplicação de um algoritmo que analisa se as relações em um determinado grupo de pesquisadores é mais intensa do que com pesquisadores externos a esse subgrupo. Com as aplicações de cores distintas para cada grupo, percebeu-se uma maior intensidade de colaboração na comunidade, no entanto isso não impede que pesquisadores de comunidades distintas colaborem em diferentes publicações.

Os subgrupos formados possuem características bastante regionalizadas. Tomando como referência as unidades da Fiocruz e as regiões brasileiras, notam-se grupos bem definidos entre a Universidade Federal da Bahia e a Fiocruz Bahia, representados pelos nós de cor vermelha na Figura 39. Esse mesmo padrão de colaboração entre unidades da Fiocruz e universidades repete-se em Pernambuco e em Minas Gerais, bem como no Rio de Janeiro, tendo a colaboração neste último caso menos clareza, uma vez que a cidade do Rio de Janeiro concentra um número elevado de diretorias da Fiocruz.

Com o objetivo agora de melhor entender as relações entre os diferentes grupos, fez-se uma análise similar à anterior, mas agora aglutinando todos os pesquisadores de cada grupo

em um só nó. Dessa maneira, as relações entre os diferentes grupos puderam ser mais bem percebidas. A Figura 40 apresenta essa figura com os nós da rede representando cada um dos grupos encontrados.

FIGURA 40. Rede de relacionamentos entre grupos de pesquisa sobre leishmaniose

Fonte: elaboração do autor

Legenda: os nós representam os grupos, e o compartilhamento da autoria de uma publicação científica entre os membros dos grupos é indicado por uma ligação entre os respectivos nós. A espessura das linhas indica a intensidade ou a frequência das relações.

Em uma análise pontual dos grupos e suas relações destacam-se os grupos ou clusters 1, 3 e 5. O grupo 1 é bastante coeso e formado por pesquisadores essencialmente da Fiocruz Bahia (Centro de Pesquisa Gonçalo Muniz) e da Universidade Federal da Bahia. O grupo 3 possui pesquisadores da Fiocruz Pernambuco (Centro de Pesquisa Ageu Magalhães) e das Universidade Federal de Pernambuco e USP, com pesquisadores dessas instituições como referências. Além destes, o grupo 3 possui vários componentes de outras universidades no Nordeste. O grupo 5 é formado por pesquisadores de unidades do Rio de Janeiro e da Federal do Rio.

O entendimento acerca da localização ou da formação dos pesquisadores do grupo auxilia no entendimento das características regionais e respectivas colaborações. Os grupos 1 e 3 têm forte relação entre eles, o que pode creditado à proximidade geográfica. Contudo, o grupo 3 possui também forte relação com outros grupos, provavelmente devido aos membros

da USP, que acabam por manter relações com pesquisadores de estados mais ao sul do Brasil. O grupo 5 demonstra sua característica articuladora, uma vez que mantém forte relação com vários grupos no Brasil e por ser o centro de várias unidades de pesquisa da Fiocruz, como por exemplo o Instituto Oswaldo Cruz, um dos maiores centros de pesquisa da Fiocruz, e a Escola Nacional de Saúde Pública, que prepara diversos pesquisadores na área.

Com base no recorte de grupos, foram calculados alguns indicadores. Na Tabela 17 estão indicados os números de pesquisadores que compõem cada grupo, os graus médio e máximo, além da análise de relações dentro e fora do grupo. Esta última análise é interessante de se avaliar para que se tenha uma ideia de quais grupos tendem a ser mais ou menos fechados no que diz respeito a colaborações externas ao seu grupo de trabalho.

TABELA 17. Indicadores da rede de colaboração em pesquisa sobre leishmaniose

Grupo Nós Grau médio Gra u máximo Rela ções no grupo Relações com outros grupos

1 420 13,87 175 2.913 1.091 2 168 7,88 32 662 687 3 439 10,89 89 2.391 1.243 4 266 11,24 79 1.495 1.165 5 226 6,96 61 787 793 6 53 5,06 25 134 252 7 111 5,95 26 330 471 8 44 4,77 9 105 52 9 61 6,95 22 212 105 10 9 8 8 36 1 11 13 0,77 2 5 19 12 33 4,61 10 76 35 13 2 1 1 1 9 14 5 4 4 10 7 15 2 1 1 1 7 16 9 2 3 9 19 17 4 2 3 4 8 18 5 2 3 5 10 19 3 2 2 3 6 20 1 0 0 0 4

Os dois maiores grupos da rede são respectivamente o 1 e o 3. Esses dois grupos são os que contêm também o maior número de pesquisadores da Fiocruz. Isso explica a forte relação entre os dois grupos, fato evidenciado pela espessura da linha que os une na Figura 41. A comunidade 5 também possui muitos pesquisadores da Fiocruz e curiosamente tem uma forte relação com a comunidade 2, que possui pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Quanto às relações dentro e fora dos seus respectivos grupos, são destacados dois grupos com características distintas. O primeiro é o grupo 1, cujo número de relações dentro

do grupo é aproximadamente três vezes maior que o número de relações com outros grupos. Esse é o maior valor dentre os grupos com maior número de pesquisadores. Isso demonstra uma alta coesão dentro do grupo, com os pesquisadores tendendo a trabalhar muito uns com os outros. No outro extremo há o grupo 5, que possui quase o mesmo número de colaborações tanto internas quanto externas. A característica desse grupo são suas fortes relações com outros grupos, podendo servir como um agregador de conhecimento entre as diferentes unidades ou regiões.