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Interactividade: Conceitos, Características e Níveis

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.4 MULTIMÉDIA E APRENDIZAGEM

3.4.3 Interactividade: Conceitos, Características e Níveis

CONCEITO D E INTERACTIVIDADE

Poderemos definir interacção como a sequência de acções que o utilizador da interface executa para alcançar um determinado objectivo, sendo que se podem identificar dois modelos de interacção entre o homem e o computador:

• Acção-objecto - Este é o modelo menos flexível e consiste em eleger primeiro a acção (por exemplo activando o comando "Abrir") e depois o objecto sobre o qual a acção se cumprirá (o documento a abrir, por exemplo, manuscrito.doc). Este é um sistema presente por exemplo em processadores de texto como o Word.

• Objecto-acção - Neste sistema, muito mais flexível e que dá ao utilizador bastante liberdade, primeiro elege-se o objecto e depois realiza-se uma acção sobre ele. Por exemplo num programa de edição de imagem, como o Adobe Photoshop, pode- mos seleccionar um determinado espaço da imagem e aplicar-lhe um filtro ou um efeito, alterando-a.

Nesta abordagem clássica que não é pacífica ou, pelo menos, não reflecte todas as possibi- lidades que a interacção permite, temos sempre uma relação homem-máquina. Mas existem outras possibilidades interactivas que a utilização das TIC propícia e que não são de forma nenhuma menos importantes, como seja a interacção entre indivíduos ou com um determinado

ambiente. PINTO (2002) dá-nos uma definição que nos parece bastante abrangente e que reflecte de forma ampla todas as possibilidades interactivas possíveis no âmbito do uso das TIC:

"Interactividade num sistema de informação e comunicação é uma relação binária entre pelo menos dois pólos de acção que actuam reciprocamente através de um conjunto de componentes, onde pre- domina a comunicação, o controlo e o retorno ou feedback. "

Desde cedo que o desenvolvimento da informática associou o modelo da mente humana ao computador, procurando que estes reproduzissem a actividade mental (compreensão de lin- guagem, aprendizagem, raciocínio), transformando-o assim num simulador dos processos men- tais (DIAS, 1994). Se muitas das interfaces de hoje têm uma capacidade de manipula- ção/interacção por parte do utilizador bastante limitada, o futuro aponta noutra direcção e que vai mais plenamente de encontro aquilo que acabamos de referir, ou seja, o futuro aponta para a criação de interfaces que permitam ao utilizador adequar as formas de representação do mundo virtual às suas necessidades e objectivos, transformando a interacção num processo imersivo que permite a construção individual do conhecimento.

CARACTERÍSTICAS/COMPONENTES DA INTERACTIVIDADE

Num sistema interactivo existem sempre dois grandes objectivos de aprendizagem, sendo um a capacidade de reproduzir ou reconhecer o material apresentado (retenção), e o outro a capacidade de transferir esse mesmo material para novas situações de aprendizagem. Esta nature- za, própria da interacção, é favorecida pelos componentes ou características envolvidos no pro- cesso, nomeadamente, o controlo, a comunicação, o tempo, o feedback, a adaptabilidade e a co- criatividade.

O controlo que está em relação directa com a motivação do utilizador, refere-se à possibili- dade e responsabilidade que é proporcionada a este para a actuar sobre os elementos do projecto e que pode ser uma coisa tão simples como o acto de "ligar/desligar". O facto de o utilizador estar no centro de decisão do caminho a seguir e o facto de poder optar tem uma influência deci- siva na sua motivação.

A comunicação corresponde ao suporte material da interacção, devendo ser pelo menos bidi- reccional, e ainda simples, directa e eficaz. O nível de interactividade depende destes últimos fac- tores. As vias ou os meios comunicacionais podem ser, chats, fóruns de discussão, video- conferência, etc.

O tempo. Refere-se ao tempo que temos de esperar até obtermos uma resposta, por exem- plo, após termos accionado um determinado botão. Esta espera pode ser de um milésimo de segundo, ou muito mais. Deste factor depende a qualidade da interacção ou da comunicação.

Feedback ou retorno. O elemento que inicia a acção, tem necessariamente que receber o resul-

tado dessa mesma acção. Sem feedback ou retorno não existe interacção.

Adaptabilidade. O grau de adaptabilidade à acção do utilizador varia de produto para produ-

to e está ligado à complexidade de cada solução, que pode ir desde a simples mudança de página, até uma resposta personalizada. Por exemplo, a variabilidade das respostas previstas para cada acção e as possibilidades de actualizar a base de conhecimentos da solução, favorecem a adaptabi- lidade ao utilizador, incrementando igualmente as suas capacidades interactivas.

Co-criatividade. Refere-se à possibilidade que algumas aplicações dão ao utilizador de ser ele

a criar as suas próprias aplicações multimédia com suficiente variabilidade e adaptabilidade que lhe permita ser o autor dos processos interactivos.

NÍVEIS DE INTERACTIVIDADE

Segundo Sims, citado por PINTO (2002), podemos entender a interactividade segundo dois tipos de abordagem, respectivamente, segundo a relação entre o sujeito e as TIC e segundo uma perspectiva sensorial. Tanto na primeira como na segunda abordagem temos três níveis de interactividade, respectivamente, interactividade, reactiva, co-activa e proactiva e na segunda abordagem, interactividade de nível básico, médio e elevado. Caracterizemos agora cada um des- tes níveis:

Segundo a relação sujeito /TIC, a interacção é reactiva quando se caracteriza por um baixo nível de interacção entre o sujeito e os conteúdos, sendo apenas possível usar os controlos de navegação e obtenção das respectivas respostas; A interacção é co-activa quando a aplicação permite que o utilizador controle as sequências ou as estruturas lógicas organizadas, sobre cada um dos seus passos e sobre o modo de expressão; A interacção é proactiva quando permite que o utilizador possa controlar quer as estruturas, quer os conteúdos. Temos aqui o mais alto nível de interacção possível.

Segundo uma perspectiva sensorial a interacção é básica quando existem apenas respostas imediatas, lidas pelo sujeito; O nível de interacção é médio quando a aplicação permite a actuação dos sentidos e da inteligência na obtenção de respostas e modificações à estrutura lógica da apli- cação; A interacção é considerada elevada quando é permitido ao utilizador o controlo dos con- teúdos e das formas, gerando assim um alto nível de envolvência (imersão).

CAPÍTULO 4

CARACTERIZAÇÃO, CONCEPÇÃO E EVOLUÇÃO DO PRO-