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INTERPRETAR CONTOS É DEVANEAR COM PALAVRAS: caminhos

Perdeu a sua mosca azul.

4. INTERPRETAR CONTOS É DEVANEAR COM PALAVRAS: caminhos

metodológicos

A menor variação de uma imagem maravilhosa deveria servir-nos para sutilizar nossas investigações. A sutileza de uma novidade reanima origens, renova e redobra a alegria de maravilhar-se.

Gaston Bachelard

Diversos são os meios que um pesquisador pode usar para compreender a relação entre seu olhar, pensar, escutar e sentir com o mundo exterior, os outros e as coisas. A fortuna crítica sobre Machado de Assis e sua obra literária é ampla e variada tanto nos temas escolhidos como nos matizes de intepretações, métodos e metodologias de leitura da obra completa ou parte dela. Positivistas, marxistas, weberianos, historiadores, críticos literários, sociólogos, pré-modernos, modernos e pós-modernos, humanistas de várias correntes se dedicaram a ler a produção machadiana, e cada um, no seu tempo, fazendo uso das ideias disponíveis, contribuiu pouco mais ou pouco menos com sua compreensão.

Os leitores de Machado de Assis que mais influenciaram o presente trabalho por conta das contribuições de suas ideias ao seu desenvolvimento desde suas origens são: Raymundo Faoro, John Gledson e Roberto Schwarz. Com eles e através deles, aproximei-me do universo machadiano e de suas histórias mais incríveis, porém menos conhecidas. Dialogo com os três mestres em vários outros momentos da tese, mas a inflexão aqui é necessária para apresentar de uma vez só como o modo que compreendi essas leituras da obra de Machado de Assis ajudou na tecedura do método e da metodologia da pesquisa que gerou esta tese. Não é pretensão resenhar seus pensamentos ou fazer críticas, mas tão somente destacar de cada um deles dois ensinamentos metodológicos entre tantos que me pouparam anos de reflexões.

Inicio pelas contribuições dadas à pesquisa pelo pensamento desenvolvido por John Gledson, são elas: a) a ideia de investigar os contos com maior atenção e interesse por conta da vastidão de seus temas sociais e políticos que dão ênfase à vida dos integrantes das camadas mais

empobrecidas da sociedade brasileira e b) a advertência de sempre estar atento com as possíveis conexões entre o que é dito nos contos e os acontecimentos históricos brasileiros.

Quanto a Roberto Schwarz e sua interpretação marxiana da obra de Machado de Assis, destaco duas ideias: a) a proposição que ele desenvolve a partir de Antônio Cândido que defende que a crítica social e política feita por Machado de Assis se materializa no estilo irônico e humorístico do autor a partir de Memórias Póstumas de Brás Cubas; as mudanças estilística e estética acompanharam a transformação do modo como ele via e entendia os limites e as potencialidades da vida social brasileira. b) A ideia da qual a obra de Machado de Assis é um esforço crítico que leva ao centro dos debates os privilégios das classes sociais abastadas, sua indiferença e caprichos, lado a lado aos contrastantes suplícios e dependências aos quais os empobrecidos, escravos e mulheres eram submetidos.

Raymundo Faoro partindo das lições weberianas e seus ideais-tipos, ainda na década de setenta, chegou a conclusões que influenciou como nenhum outro até então os estudos e interpretações posteriores. Faoro ajuda a responder: se existe de fato algum valor real nessa tentativa de pensar a obra de arte como portadora de informações culturais, sociais, culturais e política? Quem seleciona o que vai ser mostrado e escondido? Vejamos o que diz Faoro:

[...] O valor cultural relevante está presente na configuração seletiva do historiador como na obra literária. No mundo real e no mundo imaginário, o mundo supostamente real do historiador e do espectador, há estruturas homólogas, capazes de projetar a esfera ideal, pela sua coerência e unidade, maior claridade na própria elaboração da consciência coletiva. [...] A lâmpada, que deforma a imagem no espelho, arde em todos os altares. Negá-la seria esconder os pressupostos das ciências sociais. Esforço inútil e estéril de escamoteamento, falsa arte que esfalfou os positivistas e naturalistas, nem só do século passado, senão os de agora, montados em outros dogmatismos. [...] O abandono da fórmula que reduz a criação artística ao influxo da realidade exterior, fórmula revitalizada com os pontos de referência e imputação da segunda sobre a primeira, não leva à identificação pura e simples de uma à outra. O mundo cultural se articula numa ordenação valorativa, na arte e na realidade, mas com intensidade diferente. A arte deforma a realidade, na mimésis dialética, não raro intencionalmente, por obra de sua estrutura específica. Na criação artística configura-se

uma categoria própria de história, recolhida da imagem quebrada e reconstruída, mediante simetria e desenho próprios. O processo deformativo – na realidade, processo de transmutação -, superando as velhas distinções entre forma e conteúdo, abrange o estilo e a própria realidade social. [Grifos Meus] Meus (FAORO, 2001, p. 528-529)

Ao ensinar que a literatura não é um espelho refletindo a vida social e política, mas uma lâmpada que ao mesmo tempo ilumina e deforma a realidade, ele abre espaço para interpretações menos positivistas e mais compreensivas dos sentidos sociais e políticos das obras literárias. A lâmpada arde, deforma, transforma e cria algo novo que não é a realidade, mas que também não deixa de influenciá-la e transformá-la atribuindo-lhe novos sentidos. Mas e os espaços que a luz da lâmpada não ilumina? Como diria Agamben, e a escuridão que permite enxergar nos contos aquilo que a luz esconde? Como essa escuridão pode ser acessada? Com a imaginação, melhor dizendo com o devaneio!

Quem me deu os mapas desses novos caminhos de possibilidades de entendimentos foi Gaston Bachelard e sua fenomenologia poética do devaneio que tem na imaginação seu princípio de criação. ―O fenomenólogo pode despertar sua consciência poética a partir de mil imagens que dormem nos livros. [...]‖ (BACHELARD, 2009, p. 7). E sobre a imaginação ainda diz enfaticamente:

A imaginação tenta um futuro. A princípio ela é um fator de imprudência que nos afasta das pesadas estabilidades. [...] certos devaneios poéticos são hipóteses de vidas que alargam a nossa vida dando-nos confiança no universo. [...] Um mundo se forma no nosso devaneio, um mundo que é o nosso mundo. E esse mundo sonhado ensina-nos possibilidades engrandecimento de nosso ser nesse universo que é o nosso. Existe um futurismo em todo universo sonhado. (BACHELARD, 2009, p. 08)

As tentativas de leituras fenomenológicas de imagens possibilitaram que a partir da própria pesquisa tenham sido desenvolvidas algumas de suas próprias estratégias e instrumentos metodológicos, bem como, seus próprios descaminhos e quimeras, pausas e retomadas, começos e recomeços.

A exigência fenomenológica com relação às imagens poéticas, aliás, é simples: resume-se em acentuar-lhes a virtude de origem, em apreender o próprio ser de sua originalidade e em beneficiar-se, assim, da insigne produtividade psíquica que é a da imaginação. [...] (BACHELARD, 2009, p. 02)

Na Poética do devaneio, é proposto um caminho fenomenológico para interpretação das imagens literárias. Essa interpretação fenomenológica deve se efetivar sem as amarras das fórmulas prontas e pré-concebidas, deixando a imaginação fruir livremente dando vazão a imaginação criadora.

[...] A imagem poética nova – uma simples imagem! – torna-se assim, simplesmente, uma origem absoluta, uma origem de consciência. Nas horas de grandes achados, uma imagem poética pode ser o germe de um mundo, o germe de um universo imaginado diante do devaneio de um poeta. (BACHELARD, 2009, p. 01)

Evidentemente contos não são poemas, mas neles há muita poesia, sendo um dos mais felizes ―destinos das palavras‖. E eles contêm em suas poucas páginas ―imagens poéticas‖ e ―devaneios‖, considerados pelo fenomenólogo devaneador com resquícios de matéria noturna deixada na claridade do dia.

Os contos ao serem lidos com a anima abriram novos mundos, criaram outros mundos e possibilidades interpretativas, fomentando o ambiente propício e facilitando o florescer da ―leitura feliz‖: exercício de devaneio, leitura- subversiva que rompe verdades pré-fabricadas e permite a descoberta do novo. Bachelard adverte que o ato de ler a literatura e suas coleções de imagens advindas de um devaneio criador, com a anima, exige ao mesmo tempo desejo e paciência:

Para isso, somos aconselhados a não ler com demasiada: rapidez e cuidado para não engolir trechos excessivamente grandes. Dividam, dizem-nos, cada uma das dificuldades em tantas parcelas quantas forem necessárias para melhor resolvê-las. Sim, mastiguem bem, bebam em pequenos goles, saboreiem verso por verso os poemas. Todos esses preceitos são belos e bons. Mas um princípio os

comanda. Antes de mais nada, é necessário um bom desejo de comer, de beber, e de ler. É preciso desejar ler muito, ler mais, ler sempre. (BACHELARD, 2009, p.26)

Uma pesquisa que se propõe qualitativa e fenomenológica deve dialogar com a teoria dessa seara epistemológica. ―A pesquisa qualitativa foca- se no ser humano enquanto agente, e cuja visão de mundo é o que realmente interessa.‖ (MOREIRA, 2002, p.59) Aqui concordamos com González Rey que apresenta a seguinte noção de Epistemologia Qualitativa:

A Epistemologia Qualitativa defende o caráter construtivo interpretativo do conhecimento, o que de fato implica compreender o conhecimento como produção e não como apropriação linear de uma realidade que se nos apresenta. A realidade é um domínio infinito de campos inter-relacionados independente de nossas práticas; no entanto, quando nos aproximamos desse complexo sistema por meio de nossas práticas, as quais, neste caso, concernem à pesquisa científica, formamos um novo campo de realidade em que as práticas são inseparáveis dos aspectos sensíveis da realidade. São precisamente esses os aspectos suscetíveis de serem significados em nossa pesquisa. É impossível pensar que temos um acesso ilimitado e direto ao sistema do real, portanto tal acesso é sempre parcial e limitado a partir de nossas próprias práticas. (REY, 2005, p. 5)

Como fontes de pesquisa primárias os contos foram submetidos a uma primeira obrigação metodológica da pesquisa que aprendi com o próprio Machado de Assis: não dissecá-los para não correr o risco de perdê-los, como o poleá do poema machadiano perdeu sua Mosca Azul, também não vamos medi-los e analisá-los até as entranhas ao melhor estilo de um Simão Bacamarte, do conto O Alienista ou de Strobius e Pítias, do Conto Alexandrino.

As leituras, desde o início primaram em ser mais demoradas e devaneadoras, menos explicativas e mutiladoras, proporcionaram a oportunidade dos contos serem pensados num duplo papel enquanto fontes primárias: a) campos de colheita e b) parceiros de diálogos. Convêm explicitar que conhecemos e concordamos com a ressalva feita por Bachelard que diz: ―[...] Certamente, toda esquematização corre o risco de mutilar a realidade; mas ajuda a fixar perspectivas.‖ (BACHELARD, 2009, p. 20)

Como campo de colheitas, os contos são lugares portadores de saberes e ideias; locais de visitas e passeio para a prática da observação, da escuta e da admiração desencadeadas pelos reencontros, coletas, insigths que surgem nas atividades de leituras orientadas. Lugares de saberes da invenção da vida social, política e cultural dos brasileiros nos quais permanecem inquietas e guardadas as informações, segredos, frivolidades, efemeridades cotidianas, ritos, ritmos e narrativas míticas sobre os modos de viver, inventar e simbolizar a dimensão política da experiência humana na sociedade brasileira; revelando segredos da forja do ―nós‖ coletivo, inventado e narrado na cultura.

Ser o outro, sujeito que também fala no diálogo, é ser um quem eticamente movido e socialmente limitado, provocando a comunicação, impondo a necessidade da escuta e da compreensão dialógica entre diferentes; não uma simples coisa medível, divisível, analisável, exaurível, mas um alguém que conta ao pé do ouvido sobre como e quem somos no Brasil quando vivemos e representamos o poder e a glória nas ações mais cotidianas e triviais da vida social.

Feitos esses esclarecimentos, falta responder uma última pergunta para que possamos finalizar o presente capítulo e prosseguir: como as noções de método e metodológicas acima discutidas se materializaram na organização das fases de leitura da pesquisa bibliográfica que tinha inicialmente como seu universo os duzentos e nove contos escritos por Machado de Assis?

Um olhar mais atento e sistemático às prateleiras das livrarias, das bancas, dos shoppings, dos aeroportos e das rodoviárias levará o curioso a constatar que os contos de Machado permanecem como nunca antes presentes no disputado mercado do entretenimento em papel. Publicados em antologias e coletâneas das mais diversas, compõem reedições dos livros compilados pelo autor ainda vivo e em variadíssimas antologias de ―melhores contos‖ do autor.

Libertos do papel e dos preços do mercado editorial, os contos estão gratuitamente disponíveis na internet, espalhados em milhares de endereços eletrônicos. Uma simples busca da expressão contos de Machado de Assis no

Google, em 25 de janeiro de 2016, gerou aproximadamente 528.000

resultados. Quando colocada entre aspas, a mesma expressão gerou aproximadamente 91.000 resultados.

Diante dessa enxurrada de material, a organização das etapas de leitura foi uma necessidade imperativa da pesquisa posta ainda nas fases de preparação do projeto de tese. O primeiro passo foi a escolha da edição dos contos que seria a fonte primária da pesquisa da qual retiramos a maioria dos trechos machadianos aqui citados. Optamos pelos contos publicados nos segundo e terceiro volumes das Obras Completas de Machado de Assis em

quatro volumes, editada pela Nova Aguilar em 2008.

No segundo volume da edição, estão as sete coletâneas reproduzidas em ordem cronológica como foram publicados pela primeira vez pela editora Garnier; e os contos avulsos não republicados pelo autor e seus editores. Essas histórias também seguem a ordem cronológica de suas publicações nos diversos jornais, revistas e almanaques. No volume 3 segue a ordem de publicação cronológica dos contos avulsos. Neste volume também constam as Poesias Completas, Miscelânea e Correspondência do autor.

Além disso, recorremos, para efeito de comparação e complementação, à antologia organizada por John Gledson e a organizada por João Cezar de Castro Rocha, ambas dignas de nota. A primeira antologia privilegia os contos da chamada segunda fase machadiana e contempla apenas uns poucos da primeira fase. São dois volumes em que 76 contos aparecem em sua ordem de publicação. A segunda é organizada em 81 contos, dividindo-os entre seis volumes temáticos que contemplam temas recorrentes e fundamentais nos contos de Machado de Assis. Essa coletânea traz contos raros com destaque para O Teles e O Tobias, o único não encontrado nas demais.

Com o mesmo fim recorremos aos sítios da internet: a) www.machadodeassis.net que abriga um amplo banco de dados sobre o teor, citações, alusões e considerações aos/sobre romances e contos de Machado de Assis organizados por um projeto da Casa de Rui Barbosa. b)

www.machadodeassis.ufsc.br, organizado pelo MEC e NUPILL/UFSC da

Universidade Federal de Santa Catarina.

As antologias e coletâneas virtuais se complementaram. Os contos que faltam em umas, estão nas outras, o que possibilitou que conseguíssemos catalogar um número de duzentos e nove contos. Em vários momentos, os textos foram comparados entre si, mostrando-se semelhantes uns aos outros, o que deu confiabilidade ao material lido nas várias antologias as quais utilizamos na organização das fontes primárias de pesquisa.

A escolha pela leitura principal usando a plataforma papel mesmo com a dificuldade de ler letras pequeninas, foi fundamental na fluidez da primeira fase da pesquisa bibliográfica realizada, facilitou a produção de dados e marcas nos textos permitindo melhor identificação nas fases seguintes da pesquisa. Seguimos os conselhos de Bachelard no que se referem à ―leitura feliz‖. Assim, vagueando sem pressa (ou quase) pelos contos coligidos, num período de doze meses, dei-me aos contos de forma mais compreensiva, sistemática e devaneadora.

Seguindo essas ideias, foram criadas as estratégias de leituras que permitiram o aparecimento de novas possibilidades para sua realização. As estratégias, táticas e itinerários de leituras seguiram três objetivos. O primeiro foi promover possíveis encontros com as diferenças e semelhanças da temática proposta em contos de diferentes fases e momentos do desenvolvimento de Machado de Assis como contista. Para isso, lemos os contos do primeiro ao último cronologicamente, mas não linearmente.

A escolha se mostrou acertada por revelar e potencializar novas possibilidades de compreensão de como o olhar do autor sempre esteve atento aos medalhões e caiporas por muitas vezes modificando suas interpretações sobre eles ao longo do tempo, entretanto sempre atento e crítico a estas duas coleções de subjetividades, constelações simbólicas da realidade nomotópica do humano.

O segundo objetivo foi fazer com que a leitura me levasse a entender o ato criador do devaneador que escreve contos (aqui considerados como artefatos portadores de saberes sobre o nomotopo). Para atingir tal proposição observei esses contos nos seus detalhes, formas, estilos e tempos (internos e externos), buscando entender as ideias desse contista que falou de política fazendo poesia e ironia. Por fim, resta dizer que também foi nosso objetivo ler os contos, observando mesmo que panoramicamente, a tensão entre o revelado e o escondido, entre aquilo escolhido por Machado de Assis e seus editores da Garnier para durar um pouco mais nos livros contos coligidos e o que foi escolhido para ser esquecido nas páginas dos jornais.

A proposta de leitura da primeira fase da pesquisa foi delineada partindo de um agrupamento dos contos em cinco conjuntos os quais tiveram como critério de organização dos grupos: 1) ordem de publicação dos contos e 2) republicados ou não republicados por Machado de Assis. Por uma questão de organização do andamento da pesquisa e de sua coleta de dados, cada um dos cinco conjuntos foi denominado com uma cor.

O primeiro conjunto – Conjunto Azul - era composto por 53 obras que abrangem os contos escritos entre as décadas de 1860 até 1872, entre eles os contos das duas primeiras coletâneas Contos fluminenses e Histórias

da meia-noite que foram lidos seguindo a ordem na qual foram publicados. O

segundo conjunto – Conjunto Verde - foi composto por 35 contos publicados entre os anos de 1873 e 1879. A maioria não republicada em vida por Machado de Assis.

O terceiro conjunto – Conjunto Amarelo - reuniu os contos escritos na década de 1880 não publicados em livros e é composto por 36 contos. O quarto conjunto – Conjunto Vermelho - foi composto pelos contos produzidos na década de 1880 republicados nas coletâneas Papéis avulsos, Histórias sem

data e Várias histórias que reúnem 46 contos. O quinto conjunto – Conjunto Branco - foi composto por 27 contos escritos durante a década de 1890, dos

quais 13 não foram publicados em livro, e 14 foram republicados em Páginas

publicados em Relíquias de casa velha e os últimos 3 contos escritos por Machado de Assis. Nos anexos, temos uma lista dos contos lidos.

O instrumental de coleta de dados acabou funcionando como um

formulário de dados/cadernos de anotações que serviram como fontes nas

fases de interpretação e escrita do trabalho. A ficha de leitura ajudou a pensar sobre o argumento da tese de forma estratégica sem abrir mão das descobertas que surgiram no fluir da pesquisa e das novas perspectivas por elas abertas. Os itens que compõem o instrumental de pesquisa foram sendo adaptados às necessidades e limites da pesquisa no seu transcorrer até chegar à sua atual configuração.

O instrumental (ver Anexos) é dividido em quatro seções compostas por determinados subitens complementares entre si e estão conectadas aos objetivos da tese e a sua própria estruturação. Dados quantitativos e

bibliográficos: aqui foram registradas informações gerais sobre os contos que

permitiram sua identificação e localização na obra de Machado de Assis e nas principais Antologias que estamos utilizando. Dados do Conto: aqui coletamos informações que facilitaram estabelecer elos entre os contos, bem como com obras e pensamentos de outros autores que neles estejam contidos ou que lhes façam referências e tragam contribuições.

Nem todos os duzentos e nove contos lidos foram submetidos ao preenchimento completo do formulário de dados. Em todos os lidos na primeira fase da pesquisa foram preenchidos o item 1 do formulário; e nos 52 que efetivamente citamos e usamos foram preenchidos o Item 2; na segunda fase da pesquisa nos 52 (cinquenta e dois) usados nas partes 2, 3 e 4, foram aplicados os itens 3 e 4 respectivamente.

Para melhor organização e coleta dos dados, foram desenvolvidos cinco cadernos divididos em cores contendo as fichas/roteiros de cada um dos contos seguindo os critérios estabelecidos. Os cadernos foram traduzidos para