• Nenhum resultado encontrado

Introdução à Ecotoxicologia Aquática

No documento Tópicos em Fisiologia Comparativa (páginas 137-139)

Bianca Maymi Kida biancakida@usp.br

Essa aula abordará, de forma geral, os conceitos básicos que embasam o entendimento dessa ciência e como esta tem contribuído para sociedade, visto que cada vez mais os ambientes são impactados e consequentemente a vida dos organismos também é afetada. Além disso, será um fechamento das aulas, mostrando a aplicação da fisiologia sobre esse estudo.

Existem vários conceitos novos envolvidos nessa ciência, que devem ser compreendidos. A Ecotoxicologia é uma ciência que estuda os efeitos de substâncias naturais ou sintéticas sobre os organismos vivos, populações e comunidades terrestres ou aquáticos, que constituem a biosfera, incluindo a interação das substâncias com o meio nos quais os organismos vivem (Zagatto e Bertoletti, 2006). Esses organismos, quando são indicativos de algum tipo de alteração no ambiente são chamados de biondicadores, ou seja, fornecem informações sobre as condições ambientais a partir de sua presença ou ausência, ou pelo seu comportamento que reflita os efeitos de um determinado fator antrópico ou natural com um potencial impactante no ecossistema (Oost et al., 2003).

A partir do momento em que esses organismos podem sofrer algum efeito decorrente de uma exposição a um contaminante, estes podem apresentar diferentes formas de resposta, denominadas biomarcadores, que são medições e respostas em fluidos corpóreos, células e tecidos indicando modificações bioquímicas ou celulares devido à presença de poluentes (NRC, 1987). Em um contexto ambiental, os biomarcadores atuam como indicadores sensíveis, identificando a entrada de agentes tóxicos e quais os efeitos causados ao organismo.

Portanto, esses efeitos podem ser causados por diversas fontes de origem antrópica, mas principalmente por poluentes. Estes então são substâncias, compostos ou elementos causadores de poluição e podem existir diversos poluentes, sendo os principais os poluentes orgânicos persistentes (POP´s), que são compostos altamente estáveis e capazes de persistirem no ambiente, resistindo à degradação química, fotolítica e biológica e os metais pesados, que são altamente reativos e bioacumuláveis, sendo alguns essenciais para o funcionamento do organismo, como o zinco e o manganês, mas que em altas concentrações podem ser altamente tóxicos.

Ao entrar em contato com o organismo, podem ocorrer diferentes processos de interação do poluente com o sistema biológico. Pode então, ocorrer uma bioacumulação,

na qual é a razão do resíduo químico no tecido do animal pela concentração do mesmo numa fase ambiental externa, como água, sedimentos ou alimentos, e é medido em condições de estado estacionário, em que organismos e alimentos são expostos. Quando a interação ocorre através da água, ocorre um processo chamado bioconcentração, no qual é a razão entre a concentração de um resíduo químico no tecido animal e na água. O fator, neste caso, não está associado à exposição da cadeia alimentar. E por fim, quando há um aumento na concentração de resíduos químicos em organismos na parte mais alta da cadeia alimentar, primariamente como o resultado de acumulação a partir da dieta, ocorre o que chamamos de biomagnificação (Zagatto e Bertoletti, 2006).

Para se estudar tais processos, a Ecotoxicologia busca conhecer o efeitos letais e sub- letais sobre os organismos através de testes que permitem avaliar a contaminação ambiental por diversas fontes poluidoras, assim como avaliar a resultante dessa exposição. Portanto, estes utilizam os organismos bioindicadores, que podem apresentar alguma alteração, seja ela fisiológica, morfológica ou comportamental, quando expostos a determinados poluentes. Estes testes podem ser do tipo agudo, quando objetivam avaliar uma resposta severa e rápida dos organismos aquáticos a um estímulo que se manifesta, em geral, num intervalo de 0 a 96 horas, ou teste crônico, que avalia a ação dos poluentes em concentrações sub-letais, no qual o estímulo continua por longo tempo, a fim de verificar efeitos nas funções biológicas como na reprodução, crescimento, entre outros (Magalhães e Ferrão Filho, 2008).

Dessa forma, a Ecotoxicologia Aquática utiliza o Biomonitoramento como uma forma de avaliar a integridade de ecossistemas aquáticos e, consequentemente, a qualidade de suas águas, através do uso sistemático de respostas biológicas para avaliar mudanças ambientais com o objetivo de utilizar esta informação em um programa de controle de qualidade.

Para que esse biomonitoramento ocorra, existem normas e leis estabelecidas por órgãos estaduais e federais que devem ser cumpridas. Como exemplo, existe a resolução CONAMA 357 de 17 de março de 2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, a partir da necessidade de se criar instrumentos para avaliar a evolução da qualidade das águas, em relação às classes estabelecidas no enquadramento, de forma a facilitar a fixação e controle de metas visando atingir gradativamente os objetivos propostos, como o controle da poluição, a proteção da saúde, garantia do meio ambiente ecologicamente equilibrado e a melhoria da qualidade de vida (Brasil, 2005).

Referências bibliográficas

BRASIL. 2005. Resolução CONAMA n° 357, de 17 de março de 2005. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília (DF). 18 de março. Seção 1, p. 58.

CETESB – COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL. 2012. Relatório de Qualidade das Águas Interiores do Estado de São Paulo. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria do Meio Ambiente.

MAGALHÃES, D. P., FERRÃO FILHO, A. D. 2008. A Ecotoxicologia como Ferramenta no Biomonitoramento de Ecossistemas Aquáticos. Oecologia Brasiliensis 12(3), 355-381. NRC: Committee on Biological Markers of the National Research Council, 1987. Biological

markers in environmental health research. Environmental Health Perspectives 74, 3-/9. OOST, R. V. D., BEYER, J., VERNELEUNEN, P. E. 2003. Fish bioaccumulation and

biomarkers in environmental risk assessment: a review. Environmental Toxicology and

Pharmacology 13, 57-149.

ZAGATTO, A. P., BERTOLETTI, E. (Eds) 2006. Ecotoxicologia Aquática – princípios e

No documento Tópicos em Fisiologia Comparativa (páginas 137-139)