• Nenhum resultado encontrado

4.2 DADOS PRIMÁRIOS

4.2.5 Investimentos em treinamento e capacitação de pessoal

Os entrevistados também foram convidados a se manifestar sobre a importância de se investir em treinamento, formação e capacitação de pessoal para o sucesso das estratégias de inovação conduzidas pela organização. As opiniões encontradas foram as seguintes (Ver Apêndice C – item e):

E1 foi categórico ao afirmar que a organização pesquisada preocupa-se em

investir na capacitação do seu pessoal e, em sua opinião, essa característica é um grande diferencial. E1 e E2 reconhecem a importância dos investimentos em

treinamento e capacitação de pessoal para o pleno desenvolvimento da inovação, afirmando tratar-se de uma questão absolutamente essencial para o sucesso da iniciativa.

Todavia, E1 aponta que as organizações precisam inovar até mesmo nesse aspecto, oferecendo novas estratégias de aprendizagem que fujam do paradigma atual que vem da educação formal e que, segundo o entrevistado, não permitem que as pessoas realmente aprendam. E1 atua em uma área da organização pesquisada que é responsável por conduzir eventos de capacitação internacionais falando, portanto, por experiência própria.

Já E2 tem uma opinião similar e reconhece que as estratégias de treinamento, ensino e aprendizagem precisam evoluir bastante, pois, a realidade atual brasileira ainda é bastante frágil, principalmente se comparada com a situação encontrada nos países desenvolvidos, ou até mesmo outros países em desenvolvimento como o México, por exemplo.

E2 também ressalta que inovação é essencialmente aprendizado, e que

essa dimensão de aprendizado é tão constitutiva do processo como um todo que acaba se tornando o seu eixo central. Segundo E2, “inovação não vai ser apenas a

criação de um novo produto ou processo, mas vai ser também uma nova maneira de conduzir as coisas e o aprendizado de como se fazer isso”. Trata-se, portanto, de

um aprendizado coletivo e social que deve estar associado ao trabalho de difusão desse aprendizado por toda a organização.

Por sua vez, E3 percebe que a organização pesquisada investe bastante em treinamento e capacitação de pessoal, e que isso gera um impacto bastante positivo para a inovação. Segundo E3, a organização pesquisada praticamente todos os dias incentiva a participação em eventos, principalmente para quem trabalha na sede da empresa, ou em unidades próximas. Normalmente são eventos e treinamentos de curta e média duração focados em alguma área específica, ou participações em congressos. Ainda conforme E3, isso é tão incentivado que é valorizado na avaliação de desempenho das pessoas.

Além dos cursos e treinamentos de curta e média duração, E3 informa que a organização pesquisada também incentiva a formação dos colaboradores patrocinando cursos de pós-graduação, tanto no Brasil quanto no exterior. Segundo

E3, trata-se do ponto forte da organização pesquisada, que teve seu auge durante

as décadas de 1980 e 1990, quando a organização contratava seus pesquisadores sem muitas exigências de formação, e os encaminhava para cursar mestrado, doutorado e pós-doutorado nas melhores universidades, principalmente no exterior. Mas, mesmo atualmente, isso ainda é incentivado. E3 relata que em 2013, alguns dos seus colegas terão o curso de pós-doutorado patrocinado pela organização pesquisada.

Outro ponto que vale a pena destacar é que, na visão de E3, é que a liderança incentiva bastante que os colaboradores recebam todo esse investimento em treinamento e capacitação porque sabe que tudo isso contribuirá para trazer melhores resultados para a organização. E esses resultados virão não apenas devido à formação do pessoal em si, mas também pela oportunidade de parcerias com as universidades que esse investimento possibilita.

Da mesma maneira, E4 também concorda que a organização pesquisada valoriza bastante o investimento em formação, treinamento e capacitação de pessoal e acredita que foi essa crença a principal responsável por tornar a organização tão reconhecida pela sociedade em geral.

De maneira similar, E5 acredita que o programa de treinamento, formação e capacitação de pessoal foi decisivo durante a criação e nos primeiros anos da organização pesquisada, mas que hoje não desempenha um papel tão relevante quanto fora no passado. Atualmente, segundo E5, a organização opta por contratar pessoas já formadas, de modo que não seja necessário investir na sua formação. Isso tem um ponto positivo que é a economia de recursos, mas tem também um ponto negativo que é a pouca ou falta motivação.

Na visão de E5, os profissionais que já ingressaram na organização formados e não receberam investimentos em capacitação, demonstram pouca ou nenhuma motivação, pelo menos se comparados com os colaboradores mais antigos que foram formados pela organização. Dessa forma, na opinião de E5, esses investimentos em capacitação realizados no passado contribuíram para a formação de vínculos de confiança e motivação entre a organização pesquisada e seus colaboradores.

E6 também reconhece que a organização pesquisada investe na formação e

a capacitação de pessoas, mas opina que isso ocorrerá em duas categorias distintas. A primeira categoria visa à formação de curta duração, normalmente via ensino à distância. Já a outra categoria é voltada para a pós-graduação (mestrado, doutorado, pós-doutorado) e foi bastante decisiva no início da empresa, quando praticamente todo o pessoal foi formado pela organização porque não havia doutores no Brasil. Ainda hoje há programas de mestrado e doutorado patrocinados pela empresa, apesar da empresa ter decidido, por questão de economia, contratar via concurso o pessoal com a titulação desejada.

Segundo E6, de todas as empresas nas quais ele já trabalhou, a organização pesquisada é a que tem a política de treinamento mais efetiva. Na opinião de E6, esse investimento em formação e capacitação de pessoal, particularmente em mestrado e doutorado, desempenhou um papel bastante importante para o sucesso da inovação.

E7 considera que os investimentos que organização pesquisada realizou

ainda na década de 1970 em treinamento e formação de pessoal foram primordiais não só para o sucesso da inovação e da organização, mas também da agropecuária brasileira como um todo. Segundo E7, naquela época não havia no país pessoal qualificado para atender a demanda da organização pesquisada, de modo que a empresa precisou investir fortemente na formação de pessoal. E7 acredita que em um grande processo de mudança como é a inovação, só há duas formas de convencer as pessoas: educação e coerção. Todavia, na opinião de E7, a única que tem efeitos duradouros é a educação.

Finalmente, E8 reconhece que o investimento em treinamento e capacitação de pessoal que a organização pesquisada precisou realizar no passado, particularmente nos primeiros anos da empresa, foi decisivo para a obtenção do sucesso alcançado e para o desenvolvimento de inúmeras inovações que revolucionaram a agropecuária brasileira. Todavia, E8 considera que isso ocorria porque não havia pessoal qualificado para atender a demanda da empresa, situação que hoje é bem diferente, e a empresa já consegue contratar pessoas com o nível de formação requerido, de modo que o investimento em capacitação já não é mais tão relevante.