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CAPITULO II FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3. Publicação Periódica em Cabo Verde (1975-2008)

3.2. Jornais Públicos e Privados

Os jornais sejam eles públicos ou privados, tiveram e mantiveram um lugar privilegiado na história da informação e comunicação cabo-verdiana. Desde o aparecimento dos primeiros jornais, o país garante, de acordo com o seu tamanho físico e demográfico, uma quantidade significativa de títulos de jornais, uns de curta duração, outros com períodos razoáveis de actividade.

Os jornais publicados antes da Independência são caracterizados por uma presença forte do poder político, com uma censura muito apertada da forma ideológica de escrever, não obstante iniciativas fortes dos jornalistas que escreviam artigos de ideologia política, denunciando situações mais graves e difíceis. Constatava-se a falta de artigos nos domínios económico e de outras áreas importantes. Com a independência nacional e com a chegada de uma ideologia revolucionária, o país conheceu, durante 15 anos, alguns jornais. Entre os mais importantes destacam-se:

Voz di Povo- surgiu na Cidade da Praia em 1975 e extinguiu em 1992. Foi uma

sequência lógica do Jornal Colonial O Arquipélago editado pela Direcção de 39

Informação e Propaganda e Turismo. O Voz di Povo deu substituiu o O Arquipélago, no estado de Cabo Verde e passou a ser editado pela Direcção Nacional de Informação em 1975. O Semanário passou depois para Trissemanário composto e impresso na INCV na Praia com uma tiragem que chegou aos 5.000 exemplares. Apresentou durante uma década, 1975-1985, artigos de ideologia revolucionária, onde apoiou o sistema político liderado pelo PAIGC/PAICV e, nesses dezassete anos, este periódico foi um dos que mais se destacaram na sociedade cabo-verdiana40.

Este Jornal passou a publicar um Suplemento Cultural coordenado por Osvaldo Osório e Ondina Ferreira41. Foi interrompido em 1992, um ano após as eleições multipartidárias

de 1991, sendo substituído pelo Novo Jornal Cabo Verde.

Terra Nova – Periódico religioso mais antigo, periodicidade mensal, regular, fundado

em 1968 na ilha da Brava. Era propriedade dos Irmãos Capuchinho de Cabo Verde. Este jornal acabou por ser extinto em 1974 e reiniciou a sua actividade com a Independência Nacional em 1975, com a denominação de Terra Nova, desta vez editado na ilha do Fogo - São Filipe e anos depois na ilha de São Vicente. Continuou a ser mensal e pertencente a Igreja Católica, tendo como director e representante o Padre António Fidalgo de Barros e administrador o padre Paulino de Andrade de Pina42.

Este periódico43 teve a particularidade de ser a única publicação periódica não oficial

fundado antes da Independência. Servia-se para a difusão das informações religiosas no sentido de informar e formar a população. Mais tarde, entra em choque com o novo sistema político e acaba por se tornar a porta-voz da população e, consequentemente, foi submetido a vários julgamentos no Tribunal da Comarca de São Vicente. Devido a dificuldades de gestão e a inexistência de uma reforma profunda, caiu em desinteresse da população a partir das eleições de 1991.

Nôs Luta – Periódico quinzenal surgiu no Mindelo, em 1975 e manteve-se até 1976. É

propriedade da Rádio Voz de São Vicente, composto e impresso na Gráfica de Mindelo44. Trazia temas ligado a política e a vida social dando destaque a participação

popular.

40 Idem. OLIVEIRA, João Nobre de. A Imprensa Cabo-Verdiana (1820-1975) …p. 638. 41 Idem.

42 Idem. p. 599. 43 Idem. p. 600. 44 Idem. p. 619.

Tribuna – Órgão de Informação do Sector Urbano da Praia pertencente ao PAICV.

Surgiu na Cidade da Praia em 1984. É composto e impresso na Grafedito da Praia, com uma periodicidade quinzenal e, na direcção, tinha Georgina Melo, Nicolau Melo e Carlos Burgo45. Este jornal abarcava informações de caris político e deixou de ser

publicado em 199146.

Notícias – Periódico mensal que apareceu na Cidade do Mindelo em 1987 e

propriedade da Editora Notícias. Tinha como directora Madalena Almeida, chefe da redacção Herman Colomba e como redactor Eduíno Santos47. Este periódico passou

para quinzenal, com informações ligadas a política. Extinguiu-se em 199248.

Com a abertura política, aparece outros partidos políticos em 1990, o que desembocou em eleições legislativas, presidenciais e municipais. O país conhece assim, a publicação de uma série de títulos de jornais. Em geral, os jornais, a partir de 1991, de iniciativa privada, são caracterizados por artigos com forte vertente ideológica e temas que retratam os eventos de uma forma clara, causando um impacto positivo na população. Assim, até este momento, pode listar-se os seguintes jornais:

A Semana – Periódico vivo, semanal, que surgiu na Cidade da Praia. É propriedade da

Sociedade Nova Editora S.A., composto e impresso no Grafedito da Praia, com informações de caris político. Este jornal tinha como director Jorge Soares, como redactores António Oliveira, Doralis Castilho e Júlio Vera – Cruz Martins, e como editores Alice Matos, Emanuel C. D’ e Manuel Brito Semedo49.

Novo Jornal Cabo Verde – Periódico bissemanal que surgiu na Cidade da Praia em

1992. É propriedade da Editora de Cabo Verde50. Jornal do Estado de caris informativo,

devido a problemas na gestão do mesmo foi extinto em 199751.

Artiletra – Surgiu no Mindelo, em 1991, periódico vivo, com uma periodicidade

bimestral, composto e impresso na Gráfica do Mindelo. Este periódico abarca várias

45 In: Tribuna.Ano I.Nº1.1984. 46 In: Tribuna.AnoVII.IISérie.1991. 47 In: Notícias. Ano I. 1987. 48 In: Notícias. Ano II. Nº 22.1989. 49 In: A Semana. Ano I. Nº 0. 1991.

50 In: Novo Jornal Cabo Verde. Ano I.Nº 0.1992. 51 In: Novo Jornal Cabo Verde. Ano V. Nº 544.1997.

informações ligadas a cultura e tem como directores Larissa Rodrigues e João Rodrigues52.

Correio Quinze – Periódico quinzenal, que surgiu na Cidade da Praia em 1994. É

propriedade de “Ecos de Cabo Verde, SARL” e tinha como director Oliveira Barros, director-adjunto António Maurício dos Santos53. Este jornal continha informações de

caris político e deixou de ser publicado em 199654.

O País – Periódico semanal que apareceu em 1995 na Cidade da Praia. Os seus

proprietários são Marina dos Anjos, Álvaro Leitão da Graça (Filho), Alberto Loff e Daniel Pinto Mascarenhas. Tinha como directora Raquel Spencer Medina55. Este

periódico abrangia informações de caris político e cessou a sua actividade em 199656.

Horizonte – Publicação semanal que apareceu na Cidade da Praia em 1999,

propriedade da Inforpress (Empresa de Produção e Divulgação da Informação). O director era Fernado Monteiro e o chefe da redacção era Alexandre Semedo57. Este

periódico dava maior realçe às informações do caris político e desactivou a sua publicação no ano de 200758.

Expresso das Ilhas – Semanal, surgiu em 2002, na Cidade da Praia, com uma

periodicidade semanal, tendo como director Apolinário das Neves. Este periódico é propriedade da Média Comunicações, ligado a oposição política59.

A Nação – Periódico semanário vivo. Surgiu em 2007, na Cidade da Praia, propriedade

de Alfa-comunicações Lda., director -geral deste jornal é Fernando Rui Tavares Ortet. O director é Alexandre Semedo e os redactores são Kuanda Simas, Gisela Coelho. É um jornal de caris informativo60.

52 In: Artiletra. Ano I. NºI.1991. 53 In: Correio e Quinze.AnoI.nº2.1994. 54 In: Correio e Quinze. Ano II. Nº46.1996. 55 In: O País. Ano.I.Nº2.1995.

56 In: O País.AnoI.Nº17.1996. 57 In: Horizonte.AnoI.Nº0.1999.

58 In: Horizonte. Ano VIII. II Série.Nº458.2007. 59 In: Expresso das Ilhas. Nº 4. 2002.

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