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Kar) Barth (1886-1968)

No documento Tratado de Teologia Adventista (páginas 192-200)

Fernando L Canale

A. Antecedentes Filosóficos

2. Kar) Barth (1886-1968)

Segundo Barth, Deus é uma essência única, simples e atemporal, cujo conteúdo é senhorio ou soberania. Sua personalidade é una e idêntica com Sua essência. O teó­ logo suíço consegue, contudo, crer num Deus trinitárío. Ele inverte, portanto, a rejeição de Schleiermacher da doutrina clássica da Trindade, não apenas adotando-a e desenvol­ vendo-a, mas também fazendo dela a estru­ tura de toda a sua Dogmatics. Barth adota o ponto de vista agostiníano de que "pessoas” são uma mera convenção de linguagem que somos forçados a usar para não permanecer­ mos em silêncio. As três pessoas são modos de existência dessa única essência, reque­ rida pelo fato da revelação. A fim de evitar o triteísmo, não se deve associar a ela a ideia moderna de personalidade independente. Em suma, a concepção barthiana sobre Deus e a Trindade é muito parecida com a de Aquino. As diferenças principais entre Barth e Aquino residem na equiparação que Barth faz da simplicidade de Deus com Sua soberania e a substituição da concepção intelectualista da Trindade, adotada por Aquino, pela aná­ lise da lógica da revelação em Jesus Cristo. 3. Alfred Whitehead (1S61-1947)

YVhitehead desenvolve um sistema meta­ físico cuja peça de remate é Deus, A partir de uma estrutura platônica, ele constrói seu

sistema sob a influência do empirismo bri­ tânico — John Locke (1632-1704) e David Hume (1711-1776). De acordo com o sis­ tema whiteheadiano, Deus é uma entidade que, como qualquer outra, deve se confor­ mar aos mesmos princípios metafísicos váli­ dos para a interpretação do mundo. Ao aplicar a Deus os princípios metafísicos de entida­ des mundanas, o filósofo britânico chega à conclusão de que a natureza de Deus é bipo- Iar. O polo primordial na natureza de Deus é atemporal, ilimitado, conceituai, livre, com­ pleto, potencial, verdadeira mente deficiente e inconsciente (Whitehead, 521, 524). Já o polo consequente na natureza de Deus é tempo­ ral, determinado, incompleto, inteiramente real e consciente (524). "A natureza conse­ quente de Deus é a consumação da experi­ ência [conhecimento] que Ele obtém quando recebe a múltipla liberdade da realidade [o processo do mundo] dentro da harmonia de Sua própria realização. É Deus como de fato real, completando a deficiência de Sua mera realidade conceituai [seu polo primordial]” (530). Esse sistema permite ao polo atempo­ ral e primordial divino agir apenas por meio de "persuasão" ou "sedução” (522), A natureza consequente e temporal de Deus conhece e vivência o mundo, completando-se a Si mesmo e alcançando a plena efetividade (realidade). Segundo o sistema de Whitehead, Deus não cria o mundo; Ele o salva (526). Deus “salva o mundo à medida que esse passa para a ime­ diação de Sua própria vida”. Nisso consiste o “julgamento divino” do mundo (525).

"O que se faz no mundo é transformado em realidade no Céu, e a realidade celeste devolvida para o mundo. Por causa dessa relação recíproca, o amor no mundo passa a amor no Céu, e transborda de volta para o mundo. Nesse sentido, Deus é o grande com­ panheiro — o companheiro de infortúnio que compreende” (532).

Deus e o mundo são, portanto, mutua­ mente interdependentes. Muito embora a 166

DOUTRINA DE DEUS crítica de Whitehead contra o pensamento

clássico seja justificável, sua visão bipolar da natureza de Deus se assemelha mais ao pensa­ mento clássico do que ao pensamento bíblico. 4. Wolfhart Pannenberg (n. 1928)

Pannenberg é o principal teólogo neoclás- sico que escreve no fim do século 20. Para ele, Deus é infinito, atemporal, onipotente e onipresente (Pannenberg, 1:397-422). As três pessoas divinas também são descritas como três formas ou modos da existência de Deus. O Espírito, como essência de Deus, deve ser entendido não como intelecto (nous), senão como uma força de vida impessoal, descrita §► posteriormente numa analogia com a ideia do campo universal de Michael Faraday. O conhecimento das três pessoas da deidade- seus nomes e suas distinções - deriva-se do testemunho bíblico que se ocupa da Trindade econômica. A relação entre a Trindade imanente e a econômica é explicada pela maneira como Pannenberg compreende a ação divina, que não pode envolver nem o estabelecimento nem a consecução de metas que afetariam a eterna autossuficiência de Deus (384-396). A ação divina não pode ser atribuída à Trindade imanente, senão à Trindade imanente acl extra, isto é, em rela­ ção ao mundo. Para Pannenberg, a atividade divina ad extra é a autorrealização do Deus eterno no tempo, ou seja, a duplicação tem­ poral da vida eterna de Deus. Divergindo de Barth, porém, Pannenberg não aplica a ideia de repetição eterna à duplicação de pessoas na própria Trindade imanente, a não ser a duplicação do eterno Deus Pai no espaço e no tempo (o Filho e o Espírito).

5* A "Visão Aberta” de Deus

A designação "aberta” parece refletir o fato de que essa concepção requer a aber­ tura do Deus eterno e transcendente da teo­ logia clássica para as limitações e os riscos do mundo temporal. A concepção aberta de

Deus, também designada como “teísmo do livre arbítrio”, desenvolveu-se como resul­ tado direto da influência de Whitehead sobre o protestantismo norte-americano. Essa tendência ganhou aceitação não só entre teólogos protestantes liberais como John B. Cobb, Jr. (n. 1925), mas também entre teólogos evangélicos conservadores como Clark Pinnock (n. 1937). A concepção aberta se utiliza de concepções vvhitehea- dianas para substituir a estrutura platônico- aristotélica da teologia clássica. As visões de Whitehead são, portanto, incorporadas à teologia somente depois de sofrer diver­ sos graus de reinterpretação e adaptação ao pensamento cristão.

Os proponentes mais conservadores da concepção aberta são diretos na sua crí­ tica contra alguns aspectos do sistema de Whitehead, como a ideia de que Deus não é o Criador absoluto e que o modo de Deus atuar no mundo é limitado a um modo per- suasivo, não deixando nenhum espaço para intervenções coercivas ocasionais (Hasker, 139, 140). Apesar dessas críticas, a concep­ ção aberta de Deus pressupõe implicita­ mente uma versão modificada da natureza bipolar de Deus. Deus é, ao mesmo tempo, eterno e temporal. Diferentemente do Deus eterno do teísmo clássico, o Deus do “teísmo do livre-arbítrio” é capaz de estabelecer rela­ ções diretas com Suas criaturas dentro da sequência passada, presente e futura do tempo. Contudo, por adotar a concepção whiteheadiana, e não a bíblica, do conheci­ mento divino, a concepção aberta limita o conhecimento de Deus às dimensões pas­ sadas e presentes do tempo. Ou seja, a con­ cepção aberta de Deus não deixa margem para a presciência divina das ações livres dos seres humanos (Pinnock, 124; Hasker, 187). Essa convicção toma a profecia bíblica incerta. Além disso, a providência divina não pode nos levar a fazer a melhor escolha a longo prazo simplesmente porque o próprio

TRATADO DE TEOLOGIA

Deus não conhece o fim desde o começo (Basinger, 163).

F. Os Adventistas do Sétimo Dia Os adventistas do sétimo día se limi­ taram a fazer declarações dogmáticas e teológicas, mantendo-se afastados do desen­ volvimento sistemático da doutrina de Deus e da Trindade. A maioria das declarações teo­ lógicas foi produzida dentro do contexto de estudos sobre cristologia, expiação e reden­ ção. De forma clara, a ênfase adventista na Escritura como única fonte de informação para teologizar imprimiu renovado e revolu­ cionário impulso à reflexão teológica sobre Deus, Sistematicamente desconfiados e crí­ ticos das posturas teológicas tradicionais, os adventistas tomaram a decisão de estabelecer doutrinas somente com base nas Escrituras. As dificuldades implícitas dessa abordagem diferente talvez sejam responsáveis pelo escasso número de declarações adventis­ tas a respeito da doutrina de Deus. Entre os adventistas, as declarações teológicas sobre a doutrina da Trindade evoluíram basica­ mente a partir de três tipos: as que envolvem subordinacionismo temporal, as que rejei- *?► tam a interpretação clássica da doutrina da Trindade e as que ratificam a Trindade como concepção bíblica do Deus cristão. Após a descrição de cada uma, segue-se uma breve referência às tendências contemporâneas. 1

1. Subordinacionismo Temporal

Já em 1854, J. M. Stephenson, escre­ vendo sobre a expiação, argumentava cla­ ramente a favor do subordinacionismo, segundo o qual Cristo tería sido temporal­ mente gerado pelo Pai, isto é, procriado pelo Pai (Stephenson, 126). Pelo fato de ter sido gerado, Cristo era divino, mas não eterno (ibid., 128). Stephenson aceitava uma cris­ tologia semiariana (cf. “Christology" em SDA Encyclopedia, 10:352-354). Outros pioneiros que endossaram pontos de vista

semelhantes foram Tiago White (1821- 1881), José Bates (1792-1872), Uriah Smith (1832-1903), J. H. YVaggoner (1820-1889), E. J. Waggoner (1855-1916) e W. W. Prescott (1855-1944). Não se deve, porém, dar muita importância a esse ensino errôneo, uma vez que tanto E. J. Waggoner como Uriah Smith não somente afirmavam a plena divin­ dade de Jesus na condição de "plenitude da Divindade pessoal", mas também viam as duas coisas como compatíveis (Cl 2:9, KJV; ver também E. J. Waggoner, 44; Smith, 17). 2. Rejeição da Doutrina Clássica

O fato de alguns autores adventistas do sétimo dia rejeitarem a interpretação teoló­ gica clássica da doutrina da Trindade não implica necessariamente uma rejeição da revelação bíblica sobre a Trindade, visto que o que eles rejeitavam era a interpretação, e não os fatos em si. A doutrina clássica é frequentemente rejeitada com base em argumentos muito frágeis, como, por exem­ plo, que a palavra “Trindade" não consta da Bíblia ou que a doutrina é contrária à inteli­ gência e à razão que Deus nos deu. As vezes, a doutrina da Trindade é rejeitada com base em argumentos incorretos, como, por exem­ plo, aquele que ensina que o Espírito Santo não é pessoa, mas uma influência impes­ soal. Existem, porém, razões teológicas mais complexas para se rejeitar a doutrina clássica na Trindade. Foi assim que alguns pioneiros adventistas entenderam que a interpretação clássica da Trindade ima- nente era incompatível com a Trindade eco­ nômica conforme apresentada na Escritura (Frisbie, RH, 12/3/1857). Outros entendiam que, se tal interpretação fosse aceita como correta, os ensinos bíblicos sobre os atos históricos da Trindade precisariam ser radi­ calmente reinterpretados, notadamente o ensino sobre a realidade divina do sacrifício expiatório de Cristo na cruz. Tiago White percebeu que a ênfase posta pela doutrina

DOUTRINA DE DEUS clássica da Trindade sobre a unicidade

da Trindade imanente acarretava falta de clareza no tocante às distinções entre as pessoas divinas {Day-Star, 24/1/1846). Loughborough foi mais longe ao afirmar que Deus é uma pessoa e não três (RH, 5/11/1861), sugerindo assim que o Pai e o Filho eram a mesma pessoa (Canright, RH, 18/6/1867; Bates, 204-205). Essa confusão de pessoas foi corretamente avaliada como decorrente da equiparação de Cristo com o Deus eterno (T. White, RH, 6/6/1871), dimi­ nuindo assim o status divino (T. White, RH, 29/11/1877) do Jesus Cristo histórico e de Seu sacrifício expiatório (Stephenson, 151; HulI, RH, 10 e 17/11/1859; J. H. Waggoner, 174). Apesar disso, em razão dos primeiros adventístas não fazerem diferença entre os fatos bíblicos e sua interpretação clássica condicionada por idéias filosóficas gregas, durante as primeiras décadas da história adventista prevaleceu entre eles um senti­ mento antitrínitarista,

3* Confirmação da Trindade Bíblica A despeito do subordinacionísmo tem­ poral inicial, da tendência para conceber o Espírito Santo em termos impessoais (Smith, 10) e de uma forte postura crítica contra a doutrina clássica da Trindade, a maior parte dos pensadores adventistas cria no ensino biblícamente revelado de que o Deus cris­ tão não está restrito à pessoa do Pai celestial, senão que também inclui o Jesus Cristo histó­ rico e o Espírito Santo como pessoas divinas.

A verdade da plena divindade de Cristo foi especialmente enfatizada por E. J. Waggoner, em 1888. Em 1892, a doutrina trínitária foi explicitamente apresentada, quando a Pacific Press reimprimiu o artigo de Samuel T. Spear sobre a Trindade. Visto que Spear não era adventista, não surpreende encontrar em seu artigo forte ênfase no Deo uno da tra­ dição e um remanescente de subordinacio- nismo ontológico acerca da pessoa do Filho.

Com níveis cada vez mais precisos, a Igreja Adventista do Sétimo Dia ratificou a dou­ trina da Trindade, primeira mente na declara­ ção “não oficial" de 1872, redigida por Uri ah Smith, e nas declarações de crença oficiais de 1931 e 1980.A declaração feita por Ellen White em 1898 de que “em Cristo há vida ori­ ginal, não emprestada, não derivada" (DTN, 530) constituiu o ponto de partida tanto para a ratificação da Trindade como um ensino bíblico autêntico (Dederen, 5, 12) como para uma forma distinta de compreendê-la como doutrina. A declaração de Ellen White não só descartava o erro básico incluído na pri­ mitiva cristologia adventista e na doutrina de Deus, a saber, o subordinacionísmo temporal do Cristo preexistente, mas também sinali­ zava para o necessário afastamento da dou­ trina clássica (Dederen, 13), que envolvia a eterna e ontológica subordinação do Filho.

Na natureza do Deus eterno não há nenhuma geração eterna, e, por conseguinte, nenhuma processão eterna do Espírito. Os conceitos bíblicos de geração do Filho e pro­ cessão do Espírito Santo devem ser compre­ endidos como pertencendo aos atos pessoais e históricos da Trindade na obra da criação e da redenção. No ser de Deus o que existe é uma coprimordialidade de três pessoas iguais, coeternas e não originadas. O adven- tismo também concebe a ideia de pessoas em seu sentido bíblico, como três centros indi­ viduais de inteligência e ação (Dederen, 15).

Por último, tendo partido do conceito filo­ sófico de Deus como atemporal e tendo abra­ çado o conceito histórico de Deus conforme apresentado na Bíblia, os adventistas consi­ deram a relação entre a Trindade imanente e a econômica como uma relação de identi­ dade e não de correspondência. As obras de salvação são produzidas no tempo e na his­ tória pela Trindade imanente (Guy, 13), por meio de suas diferentes pessoas, concebidas como centros de consciência e ação. Para os adventistas, portanto, a indivisibilidade das

TRATADO DE TEOLOGIA

obras de Deus na história não é concebida como sendo determinada pela unicidade da essência — conforme ensinada na tradição agostiniana clássica — senão pela unicidade da tarefa histórica da redenção (Dederen, 20). O perigo de triteísmo presente nessa postura se torna real quando a unicidade de Deus é reduzida a uma mera unidade concebida em analogia com uma socie­ dade humana ou uma parceria de ação. Para além dessa unidade de ação, porém, é necessário visualizar Deus como uma rea­ lidade única que, nos próprios atos pelos quais Ele Se revela diretamente na histó­ ria, transcende os limites da nossa razão humana (Prescott, 17). Jamais mentes humanas poderão alcançar o que a dou­ trina clássica sobre a Trindade reivindica perceber, a saber, a descrição da estrutura interna da natureza de Deus, junto com toda a criação, cumpre-nos aceitar a uni­ cidade de Deus pela fé (Tg 2:19). Escreveu Ellen White: ‘A revelação que Deus deu de Si mesmo em Sua Palavra é para nosso estudo. Essa, podemos procurar compreen­ der. Mas além disto não devemos penetrar. O mais elevado intelecto pode se esforçar

X. Comentários de A. Esttido Especulativo de Deus

“Um dos maiores males que acompa­ nham a busca do conhecimento, as pesqui­ sas da ciência, é a disposição de exaltar o raciocínio humano acima de seu real valor e sua devida esfera. Muitos tentam julgar o Griador e Suas obras mediante o imper­ feito conhecimento que possuem da ciên­ cia. Esforçam-se por determinar a natureza e os atributos e as prerrogativas de Deus, e condescendem com teorias especulativas com relação ao Infinito. Os que se entre­ gam a esse ramo de estudo estão pisando terreno proibido. Suas pesquisas não pro­ duzirão resultados de valor, só podendo

até à exaustão em conjecturas concernen­ tes à natureza de Deus, mas infrutíferos serão os esforços. Esse problema não nos foi dado a solver. Nenhuma mente humana pode compreender Deus. Ninguém se deve entregar a especulações com referência a Sua natureza. A esse respeito, o silêncio é eloquência. O Onisciente está acima de dis­ cussão” (CBV, 429).

4. Tendências Contemporâneas

De modo geral, os adventistas contem­ porâneos continuam a centralizar seus inte­ resses teológicos em questões soteriológicas e escatológicas. Foi por isso que a discus­ são técnica acerca da doutrina de Deus não entrou na ordem do dia. Não obstante, ao lidar com outras questões teológicas inter- conexas, tais como expiação, justificação, santificação e escatologia, percebe-se em alguns autores crescente propensão para se colocar mais ênfase no amor, na bondade e^§ misericórdia de Deus do que em Sua ira e justiça (por exemplo, Provonsha, 49), Tem havido localizada discussão favorável em prol da concepção aberta de Deus (Ríce, 11-58; ver IX.E.5).

Ellen G. White

ser prosseguidas com perigo para a alma” (CBV, 427).

B. Revelação Geral

"As belezas da natureza são uma expres­ são do amor de Deus pelas inteligências humanas. No Jardim do Éden, a existên­ cia de Deus era demonstrada nos objetos da natureza que rodeavam nossos primeiros pais. Cada árvore plantada no Jardim lhes falava, dizendo que os atributos invisíveis de Deus, assim o Seu eterno poder, como tam­ bém a sua própria divindade, claramente se reconheciam, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas” (OA, 198).

DOUTRINA DE DEUS "Mas embora seja verdade que no princí­

pio Deus podia ser discernido na natureza, não se segue que depois da queda se tenha revelado no mundo natural um conhecimento perfeito de Deus a Adão e à sua posteridade. A natureza consegue transmitir suas lições ao homem na sua inocência. Mas a trans­ gressão trouxe uma influência maligna sobre a Terra e causou interferência entre a natu­ reza e a natureza divina. Se Adão e Eva nunca tivessem desobedecido a seu Criador, e hou­ vessem permanecido na senda da perfeita jus­ tiça, teriam continuado a aprender de‘ Deus por meio de Suas obras. Mas, ao darem ouvi­ dos à voz do tentador e pecarem contra Deus, a luz das vestes de inocência celestial se dissi­ pou deles. Privados da luz celeste, não conse­ guiram mais discernir o caráter de Deus nas obras de Sua mão" (T8, 255, 256).

"Os gentios devem ser julgados segundo a luz que lhes é dada, segundo as impressões recebidas de seu Criador na natureza, Na con­ dição de seres racionais, são capazes de dis­ cernir Deus em Suas obras criadas. Deus fala a todos os homens mediante Sua providência na natureza. Faz conhecido a todos que Ele é o Deus vivo. Os gentios conseguem raciocinar que as coisas criadas não poderíam ser clas­ sificadas na ordem exata nem funcionariam segundo uma intencionalidade de propósito, sem um Deus que lhes houvesse servido de causa. Podem raciocinar da causa para o efeito, no sentido de que deve ter havido uma causa primeira, um agente inteligente, que não pode ser nenhum outro senão o Deus Eterno. A luz de Deus na natureza brilha constantemente nas trevas do paganismo, mas muitos que veem essa luz não glorificam ao Senhor como Deus. Não permitem que a razão os leve a reconhecer seu Criador. Renegam ao Senhor, e instituem ídolos insensíveis para adorar. Fazem imagens representativas de Deus e adoram as obras por Ele criadas como um reconhecimento parcial do Criador, mas O desonram em seus cora­ ções" (ST, 12/8/1889).

C. A Realidade de Deus 1. A Existência de Deus

“A existência e o poder de Deus, bem como a verdade de Sua palavra, são fatos que nem mesmo Satanás e suas hostes podem negar de coração” (FLB, 90)

"A fé familiariza a alma com a existência e a presença de Deus e, vivendo só tendo em vista a glória de Deus, cada vez mais discer-« niremos a formosura de Seu caráter, a exce­ lência de Sua graça” (MEl, 335).

“Cristo e os apóstolos ensinaram clara­ mente a verdade da existência de um Deus pessoal” (T8, 266). "A existência de um Deus pessoal, a unidade de Cristo com Seu Pai, jaz no fundamento de toda ciência ver­ dadeira" (OA, 316).

“E a fé que familiariza a alma com a existência e a presença de Deus; e quando vivemos tendo em vista somente Sua glória, discernimos cada vez mais a beleza de Seu caráter” (RH, 24/1/1888).

2. Deus como Mistério

"Considerem os seres humanos que, mesmo com toda a sua procura, jamais conse­ guirão interpretar a Deus. Quando os redimi­ dos forem puros e limpos para entrar em Sua presença, compreenderão que tudo quanto se refere ao Deus eterno, o Deus inacessí­ vel, não pode ser representado em figuras. É seguro contemplar a Deus, o grande e maravilhoso Deus, e Jesus Cristo, a imagem expressa de Deus. Deus entregou Seu Filho unigênito ao nosso mundo, para que pudés­ semos, pelo caráter do Filho, contemplar o caráter do Pai” (MR18, 222).

“Se nos fosse possível atingir uma com­ pleta compreensão de Deus e Sua Palavra, não mais haveria para nós descobertas de verdades, mais conhecimentos ou desen­ volvimentos. Deus deixaria de ser supremo, e o homem deixaria de avançar. Graças a Deus por não ser assim. Desde que Deus é

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