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Prosperidade e Desenvolvimento

No documento Tratado de Teologia Adventista (páginas 47-52)

Nancy J Vyhmeister

E. Prosperidade e Desenvolvimento

Intimamente relacionada com a assistên­ cia fornecida pelos serviços médicos adven- tistas do sétimo dia está a obra de assistência e desenvolvimento social. Os necessitados recebem ajuda tanto em nível de igreja local como em nível de Associação Geral.

Em 1874, as mulheres da igreja de Battle Creekformaram a “Associação Beneficente de Dorcas”. Esse nome lembrava aquela senhora cristã de Jope que fazia roupas para os pobres (At 9:36-39). As mulheres de Battle Creek fa­ ziam roupas e forneciam alimento para famílias carentes, cuidavam de órfãos e ministravam a doentes. A ideia ganhou corpo e criaram- se muitas sociedades de Dorcas ao redor do mundo. A primeira confederação de socieda­ des de Dorcas foi criada em 1934 pelas igrejas da área de Chicago. O objetivo delas era — e ainda é-ajudar pessoas necessitadas, indepen­ dentemente de credo, classe ou origem étnica.

Muitas igrejas locais mantêm centros de serviços comunitários, que prestam auxílio a indigentes e vítimas de desastres. A assis­ tência assume a forma de doação de roupas, alojamento, alimento, mobília e dinheiro. Os serviços também podem incluir cursos de al­ fabetização de adultos, saúde e habilidades no trato com situações difíceis.

A Agência Adventista de Desenvolvimen­ to e Recursos Assistenciais (Adra) funciona na sede da Associação Geral, com represen­ tantes em nível de divisão e união. A Adra

coordena assistência a vítimas de desastres em grande escala, como terremotos e inunda­ ções. A agência também trabalha em diversos projetos de desenvolvimento. Esses incluem a expansão de recursos hídricos, construção de escolas, hospitais e represas, campanhas de cuidados primários com a saúde, e ensi­ no técnico, como jardinagem ou artesanato.

A maior parte dos fundos da Adra vem de fundações e governos mais do que de ofer­ tas da igreja. Os serviços são voltados prefe­ rencialmente para não adventistas, em sua maioria em países necessitados.

K Organização da Igreja

A Igreja Adventista do Sétimo Dia funcio­ na como uma corporação mundial. As igre­ jas locais são agrupadas em associações ou missões. Estas últimas são assim chamadas

TRATADO DE TEOLOGIA

porque dependem financeiramente da ins­ tância superior da organização. As associa­ ções e missões, por sua vez, organizam-se em uniões, geral mente criadas em função de fronteiras nacionais, regionais, étnicas ou linguísticas. As uniões se agrupam em divi­ sões, que funcionam como representantes da Associação Geral, com sede em Silver Spring, Maryland, nos EUA. As 13 divisões existen­ tes atualmente são Centro-Leste Africana, Centro-Oeste Africana, Euro-Áfricana, Euro- Asiática, Interamericana, Norte-Americana, Pacífico Norte-Asiático, Pacífico Sul-Asiático, Sul-Afrícana-Oceano Indico, Sul-Americana, Sul-Asiática, Sul do Pacífico e Transeuropeia.

Em cada nível o governo é representati­ vo. As igrejas locais enviam representantes “►às assembléias das associações ou missões. Os representantes das associações e mis­ sões participam nas tomadas de decisões em nível de união. As comissões das divi­ sões possuem em seu corpo representantes das uniões. A Comissão da Associação Ge­ ral incluí representação das divisões.

As decisões em cada nível são tomadas por comissões constituídas por oficiais (pre­ sidente, secretário e tesoureiro), represen­ tantes dos departamentos e instituições da igreja, e por seus membros. As principais questões que dizem respeito à igreja mundial são consideradas no Concilio Anual da igreja mundial. Somente na assembléia quinquenal da Associação Geral, com ampla representa­ ção de toda a igreja, se podem efetuar mu­ danças nas diretrizes da igreja, conforme refletidas no Manual cia Igreja.

A igreja local não escolhe seu pastor nem lhe paga o salário. Em vez disso, os dízimos dos membros são enviados para a associação ou missão, que, depois, muitas vezes em consulta com a igreja local, designa o ministro e o remu­ nera. A igreja local utiliza parte das ofertas para suas próprias despesas. Também coleta fundos para contribuir - através de instâncias superio­ res — com os esforços missionários mundiais.

As atividades da igreja são departamenta- lizadas, tanto em nível local como em níveis organizacionais superiores. Constituem departamentos os Ministérios da Mulher, Ministérios da Criança, os Ministérios da Família, os Ministérios Pessoal e da Escola Sabatina, Mordomia e Jovens. O depar­ tamento de Educação orienta as escolas. Geralmente, a associação é responsável pelas escolas de ensino fundamental e médio exis­ tentes em seu território, ao passo que as instituições de ensino superior ficam sob a jurisdição das uniões e divisões. O departa­ mento de Saúde e Temperança desenvolve e implementa planos e programas para melhorar a saúde tanto de membros como de não mem­ bros da igreja. O departamento de Assuntos Cívicos e Liberdade Religiosa aconselha membros e instituições a respeito de ques­ tões relacionadas ao Estado e à sociedade. O departamento de Publicações supervisiona o trabalho das editoras e dos vendedores de literatura, tradicionalmente chamados de “col- portores’'. A Associação Ministerial promove a eficiência e bem-estar dos pastores. Por fim, o departamento de Comunicação tem o encargo de tornar conhecidas as atividades da igreja.

Até a Segunda Guerra Mundial, a maior parte dos cargos de liderança em todo o mun­ do estava nas mãos dos ocidentais. Desde então, o número de administradores estran­ geiros tem decrescido drasticamente em países fora da América do Norte e da Euro­ pa, à medida que líderes nacionais assumem essas funções. Em 1998, por exemplo, ape­ nas duas divisões mundiais eram dirigidas por pessoas de fora de seu território. Quase todos os presidentes de uniões e associações são naturais do próprio país, A liderança da Associação Geral, no entanto, inclui repre­ sentantes de todos os continentes e etnias.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia mun­ dial é um mosaico de nacionalidades, línguas e grupos étnicos. Em 2010, a igreja lançou pu­ blicações em 372 idiomas, 100 a mais do que 22

QUEM SÃO OS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA? em 1998. Utilizou 901 línguas e dialetos na

evangelização oral, 153 a mais que em 1998. Como exemplo de diversidade, em 2010 as igre­ jas adventistas da América do Norte realiza­ vam cultos em 52 línguas. Em 1998, o grupo linguístico maior e de crescimento mais rápido era o hispânico, com cerca de 99 mil pessoas, o que representava 11% de todos os membros da igreja na América do Norte. O seminário teoló­ gico da Andrews University oferece programas de mestrado e doutorado em espanhol. Pastores da comunidade adventista hispânica ocupam cargos de liderança em associações, uniões e divisão. Adventistas asiáticos na América do Norte representam diferentes ramos linguísti­ cos: chinês, coreano, vietnamita e filípino. As maiores igrejas adventistas asiáticas localizam- se em Toronto, Califórnia, Havaí e Nova York.

Dos 891.176 membros existentes na Divi­ são Norte-Americana em dezembro de 1998, 212,538 eram membros das associações re­ gionais, organizadas em 1944 para agrupar igrejas negras sob a liderança afro-amerí- cana. Na época, sete uniões dessa divisão possuíam associações regionais, embora em algumas dessas associações nem todas as igrejas fossem compostas por membros ne­ gros. Apesar disso, os afro-americanos pos­ suem agora acesso a cargos de liderança, tanto em associações regionais como na or- 2> ganízação geral da igreja. Charles Bradford, por exemplo, foi presidente da Divisão Nor­ te-Americana de 1979 a 1990. O Oakwood College, em Huntsville, no Alabama, vem educando jovens negros desde 1896, prepa­ rando-os para servir a Deus e à humanidade.

Pequena porcentagem de mulheres atua na obra pastoral adventista do sétimo dia. Mesmo sem ordenação ministerial e autori­ zação para realizar certas tarefas administra­ tivas em nível de associação, elas realizam trabalho pastoral na igreja da qual são mem­ bros. Trabalham muitas vezes como dinâ­ micas líderes voluntárias em suas igrejas. Também atuam em departamentos e comis­

sões, tanto em nível de associação e união como em nível de divisão e Associação Geral.

G. Avanços Teológicos

Os pioneiros adventistas do sétimo dia, mantendo-se fiéis à Bíblia como a única regra de fé e doutrina, evitaram fazer cre­ dos ou declarações doutrinárias. Uriah Smith escreveu uma declaração doutrinária em 1872, mas, na controvérsia que acompa­ nhou as mensagens de 1888 em Mineápolis sobre a justificação pela fé, o documento foi até certo ponto esquecido. Naquele ano, o Seventh-day Âdventist Yearbook foi publi­ cado sem nenhuma declaração doutrinária. À medida que a igreja crescia, porém, torna­ ram-se numerosas as questões a respeito das crenças adventistas. Em 1930, a Associação Geral pediu a uma comissão de quatro pessoas que fizesse o esboço de uma declaração. Elas fizeram seu trabalho, de modo que o Yearbook seguinte incluía as “Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia”.

Essa declaração refletia uma concepção da Trindade, da pessoa e obra de Cristo e da relação entre a lei e a graça mais clara do que a redigida por Smith. Mas, ela não foi aceita oficialmente senão em 1946, com a ressalva de que não podia ser alterada, a não ser pela Associação Geral reunida em assembléia. A primeira declaração oficial de doutrinas foi votada na assembléia da Associação Geral de 1980. Agora, essas 28 crenças fundamen­ tais aparecem regularmente no Seventh-day

Âdventist Yearbook.

A igreja tem contendido com diferentes pontos de vista teológicos, tanto no passado quanto no presente. A questão de 1888 a res­ peito da justificação pela fé transitou para o século 20. No começo da década de 1900, a relação de Kellogg com a igreja levantou discussões sobre eclesiologia. Realizaram-se conferências bíblicas em 1919, 1952 e 1974 com o propósito de discutir crenças e chegar à unidade. Na década de 1980, a controvérsia

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sobre a compreensão adventista do santuá­ rio celestial provocou dolorosa dissensão na igreja. Na década de 1990, diferentes con­ cepções sobre hermenêutica e estilos de ado­ ração polarizaram pastores e membros em algumas partes da igreja mundial.

Baseados em sua aceitação da profe­ cia bíblica, os adventistas do sétimo dia consideram-se herdeiros espirituais do antigo Israel e da igreja apostólica, com as bênçãos e as obrigações decorrentes dessa herança. Dentro dos mais amplos limites da profe­ cia bíblica, o ministério de Ellen White tem funcionado como uma extensão moderna do impulso profético da Bíblia.

A missão dos adventistas do sétimo dia é proclamar o evangelho contido na Bíblia como um todo até os confins da Terra (Mt 28:19, 20) e levar a mensagem dos três anjos (Ap 14:6-12) a todos os povos. A obser­ vância do sábado do sétimo dia é para os adventistas um lembrete da criação da Terra

em seis dias (Gn 1; Êx 20:11), da alegria de ser povo de Deus (Ez 20:20) e da esperança do repouso eterno (Hb 4:9-11). A convicção de que a santificação deve acompanhar a jus­ tificação fundamenta a ênfase adventista em um estilo de vida saudável, pleno de integralí- dade física, mental, social e espiritual.

O preâmbulo da declaração de cren­ ças fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia, votada em 1980, afirma clara­ mente que a igreja ainda permanece aberta a novos esclarecimentos e compreensão adi­ cional da Bíblia. Os estudos apresentados neste volume representam a compreen­ são atual e em profundidade dos princi­ pais temas bíblicos conforme tratados por aqueles que exercem o ministério do ensino na igreja. Cada capítulo deste livro contém uma breve história de como se formou a-*g posição adventista que está sendo analisada, além de informações adicionais sobre o seu desenvolvimento teológico.

III. Literatura

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