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Legislação, agentes e agências sobre “educação para consumo” no Brasil

CRIAÇÃO DE “ESCOLA DE CONSUMO EM SÃO CARLOS– SP”

5. Método e resultados parciais

5.2 Legislação, agentes e agências sobre “educação para consumo” no Brasil

Segundo um levantamento realizado durante o período de estágio de psicologia do aluno Igor de Almeida Faria Bueno no grupo ConsumoSol (BUENO, 2010), não existe legislação própria do Brasil sobre educação para o consumo, entretanto, diversos grupos governamentais e não governamentais apresentam propostas semelhantes a aspectos legais sobre a temática.

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Em âmbito nacional destacamos três importantes grupos: PROCON relacionado ao Código de Defesa ao Consumidor (Lei Federal 8.078/1990), IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa ao Consumidor e DPDC – Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor vinculado ao Ministério da Justiça.

O PROCON é um órgão público que visa à defesa do consumidor e realiza algumas estratégias relacionadas com formas de consumo. No site deste órgão encontramos uma sessão chamada “Educação para o consumo”, cuja finalidade é desenvolver ações que sensibilizem e modifiquem comportamentos dos consumidores. Para isso, eles desenvolvem estratégias lúdicas por meio de jogos e atividades variadas como temas transversais ao currículo escolar, constituindo uma ferramenta importante para educadores (Disponível no site do PROCON).

No mesmo site de busca, também encontramos legislação federal que discorre a respeito da inserção do tema “educação para o consumo” como um direito para população. De acordo com art. 6º, II presente Código de Defesa ao Consumidor (Lei Federal 8.078/1990), a educação para o consumo é assegurada e pode ser dividida em duas modalidades: a primeira se refere à educação formal, a qual deve ser inserida no contexto escolar com objetivo de atingir crianças e adolescentes podendo ser tratado por educadores da área de assuntos sociais e ambientais ou como temas transversais. A segunda está relacionada à educação informal que trata da responsabilidade por parte dos fornecedores sobre informações claras e válidas a respeito do produto a ser oferecido aos consumidores.

O IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor foi criado por iniciativa privada de consumidores e atualmente possui alguns parceiros como o INMETRO e Ministério do Meio Ambiente. No site do IDEC verificamos uma sessão chamada “Educação para consumo” cujo objetivo é a formação de cidadãos que consigam consumir com responsabilidade e consciência através de diversas cartilhas, programas de ensino e capacitação de educadores que são desenvolvidas pelo Instituto. Além disso, eles disponibilizam uma biblioteca virtual a qual consiste de materiais importantes para a discussão da temática no ambiente escolar (Disponível no site do IDEC).

O DPDC – Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor é um órgão público vinculado ao Ministério da Justiça o qual também desenvolve atividades a favor da educação para consumo. No seu site existe um tópico chamado “Programas e eventos” no qual a educação para o consumo se insere com o objetivo de disponibilizar a toda população materiais produzidos pelo Governo Federal, Órgãos de Defesa do Consumidor (PROCON) e entidades civis de todo país, compartilhando informações a fim de implantar a consciência de respeito aos direitos dos consumidores. Os materiais educativos e legislativos disponibilizados são o Código de Defesa ao Consumidor, Cartilha do Consumidor e informativos sobre orientações de saúde e segurança (Disponível no site do DPDC).

Em relação ao contexto educacional destacamos três iniciativas e materiais que envolvem a discussão sobre formas adequadas de consumo: uma cartilha “Manual de Educação para o Consumo Sustentável” desenvolvida pelo Ministério da Educação, Ministério do Meio Ambiente e Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, cartilha

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“Cidades Sustentáveis – XXV Prêmio Jovem Cientista”, e normas do PCN – Parâmetro Curricular Nacional.

O “Manual de Educação para o Consumo Sustentável” é uma iniciativa do Governo Federal e foi considerado um instrumento efetivo de políticas públicas em que compete orientar dinâmicas pedagógicas voltadas para a sensibilização ambiental na população. Esta cartilha possui um capítulo que trata exclusivamente a temática do consumo, contextualizando a atual forma de consumo na sociedade, destacando impactos ambientais e sociais e algumas propostas de mudanças de padrão de consumo (CONSUMO SUSTENTÁVEL, 2005).

A cartilha “Cidades Sustentáveis – XXV Prêmio Jovem Cientista”, assemelha-se com o material anterior por permitir aos educadores um recurso didático que visa à abertura para discussões e por conseqüência a sensibilização dos alunos, em relação à temática do consumo responsável. Em um de seus capítulos encontramos roteiros de trabalho para que os educadores discorram e permitam a reflexão e mudanças de comportamento a respeito das formas de consumo (CIDADES SUSTENTÁVEIS, 2011).

Finalizando o contexto educacional, temos um dos documentos mais importantes da área da Educação: PCN – Parâmetro Curricular Nacional. No terceiro e quarto ciclo deste documento referente à 5ª e 6ª séries e 7ª e 8ª séries, respectivamente, temos um capitulo intitulado “Temas Transversais – Trabalho e Consumo” o qual destaca a importância da sensibilização nas práticas de consumo e incentiva a discussão de práticas para o desenvolvimento do senso crítico a respeito do consumismo e responsabilidade sobre o uso de bens de consumo e recursos naturais (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1998).

Desta forma, fica evidente que os setores educacionais entendem a importância da discussão de alternativas e sensibilização sobre práticas indiscriminadas de consumo.

No âmbito de organizações não-governamentais indicamos dois grupos: Instituto Akatu e Instituto Alana.

O Instituto Akatu foi criado em 2001, é uma organização sem fins lucrativos que trabalha pela sensibilização e mobilização da sociedade para o Consumo Consciente. Para este grupo, as práticas de consumo devem estar relacionadas para contribuir para a sustentabilidade da vida no planeta, respeito pelos recursos naturais, responsabilidade social, buscando sempre o equilíbrio entre a preservação do meio ambiente e bem – estar da sociedade (ÁRVORE DO CONSUMO CONSCIENTE, 2005).

Sua missão é mobilizar os cidadãos para seu papel transformador enquanto agente transformador. Para isso, vem desenvolvendo conteúdos e práticas focadas na comunicação e educação, através de cartilhas e palestras para educandos e educadores.

O Instituto Alana também é uma organização sem fins lucrativos que em 2005 criou o programa “Projeto Criança e Consumo” que busca desenvolver atividades que despertem a consciência crítica nas crianças e adolescentes (público que mais contribui para o elevado consumismo). Nesse sentido, procura trabalhar e apontar meios que minimizem os impactos negativos causados pelos investimentos maciços na “mercantilização da infância e juventude” como o materialismo excessivo e desgaste

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nas relações sociais, por meio de atividades e práticas interdisciplinares (Disponível no site do Instituto Alana).