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Legislação da indústria petrolífera

Capítulo V Outros regimes contravencionais especiais

8. Legislação da indústria petrolífera

8.1. Decreto n.º 37/00, de 6 de Outubro (Regime das actividades de transformação, armazenagem, distribuição, transporte e comercialização de produtos petrolíferos)

O diploma em apreço define o regime a que ficam sujeitas as actividades de transformação, armazenagem, distribuição, transporte e comercialização de produtos petrolíferos (RATADTCPP)397, competindo a fiscalização do mesmo ao Ministério dos Petróleos 30.º.

Determina a alínea b), do n.º 1, do artigo 31.º, que o despacho que ordenar a multa determinará também a perda a favor do Estado dos produtos apreendidos.

Podem também as entidades com competência para conceder a autorização determinar o encerramento das instalações398.

As sanções aplicáveis a este tipo de infracção são, assim, de dupla natureza. A multa (fixada em USD), de cariz pecuniário, e as sanções acessórias de perda de objectos e de encerramento das instalações. Já quanto ao procedimento contravencional é mais próximo do procedimento

395Art.º 196.º da LMMPAC. 396Art.º 199.º da LMMPAC.

397Artigo 1.º, n.º 1 do RATADTCPP. 398Artigo 31.º, n.º 2 do RATADTCPP.

administrativo, pois é decidido por despacho, não havendo uma decisão administrativa condenatória propriamente dita como é apanágio dos procedimentos contravencionais.

Os critérios a ter em conta, pela entidade aplicadora, na determinação do respectivo montante concreto são399:

- A gravidade da infracção cometida;

- A perigosidade da infracção para a segurança e saúde das pessoas; - O grau de culpabilidade do infractor;

- A conduta do infractor posterior à prática da infracção.

8.2. Lei n.º 10/04, de 12 de Novembro (Lei das Actividades Petrolíferas)

A Lei das Actividades Petrolíferas (LAP) visa estabelecer as regras de acesso e de exercício das operações petrolíferas nas áreas disponíveis da superfície e submersa do território nacional, das águas interiores, do mar territorial, da zona económica exclusiva da plataforma continental400.

A iniciativa para a instauração e instrução dos processos de infracções e a aplicação das respectivas multas é da competência do Ministério dos Petróleos401. É de salientar, no entanto, que mesmo que o infractor liquide a multa que lhe foi aplicada, não fica isento do cumprimento dos deveres e das obrigações que determinaram a aplicação.

Expressamente consagrado no n.º 6, do artigo 88.º da LAP, encontra-se o direito do infractor de reagir à aplicação de uma multa pelo Ministério dos Petróleos, refutando a aplicação do artigo 89.º da LAP (resolução de litígios), determina que as reclamações das multas impostas devem ser decididas nos termos da legislação em vigor, designadamente nos termos da Lei de impugnação dos actos administrativos402e do RPCA.

399Artigo 31.º, n.º 8 do RATADTCPP. 400Artigo 1.º, n.º da LAP.

401Artigo 88.º, n.º 3 da LAP. 402Lei n.º 2/94, de 14 de Janeiro.

8.3. Lei n.º 13/04, de 24 de Dezembro (Lei sobre a Tributação das Actividades Petrolíferas)

A Lei sobre a Tributação das Actividades Petrolíferas (LTAP) tem por objecto estabelecer o regime tributário aplicável às entidades, nacionais ou estrangeiras, que exerçam operações petrolíferas em território angolano, bem como em outras áreas territoriais ou internacionais sobre as quais o direito ou os acordos internacionais reconheçam poder de jurisdição tributária à República de Angola, pelo exercício de actividades de pesquisa, desenvolvimento, produção, armazenagem, venda, exportação, tratamento e transporte de petróleo bruto e gás natural, bem como de nafta, ozoterite, enxofre, hélio, dióxido de carbono e substâncias salinas, quando provenientes das operações petrolíferas403.

Quando as infracções previstas no diploma ora em análise forem cometidas por pessoas colectivas, aplica-se o disposto no Código Geral Tributário relativamente à responsabilidade pelo pagamento da multa404.

Nos termos do artigo 76.º da LTAP, os contribuintes sujeitos aos encargos tributários previstos na mesma, podem reclamar e recorrer dos actos praticados pela administração fiscal.

Como direito de aplicação subsidiária, a LTAP no artigo 77.º define o Código Geral Tributário e demais legislação avulsa de natureza fiscal e administrativa.

8.4. Decreto n.º 1/09, de 27 de Janeiro (Regulamento das Operações Petrolíferas)

O Regulamento das Operações Petrolíferas (ROP) define e estabelece as condições e as modalidades a observar nas operações petrolíferas, nos termos da Lei n.º 10/04, de 12 de Novembro (LAP), aplicando-se às operações petrolíferas que são executadas em terra e no mar nos termos da LAP405.

403Artigos 1.º e 3.º da LTAP. 404Artigo 68.º, n.ºs. 2 e 3 do CGT. 405Artigos 1.º e 2.º do ROP.

Prevê a aplicação de multas, tendo por referência o Kz.. Tal valor duplica no caso de o infractor ser reincidente406.

Nos termos do artigo 52.º do ROP, a aplicação das multas não desobriga o infractor do cumprimento das normas do ROP.

8.5. Decreto-Lei n.º 17/09, de 26 de Junho (Lei do Recrutamento de Pessoal para a Execução das Operações Petrolíferas).

A Lei do Recrutamento de Pessoal para a Execução das Operações Petrolíferas (LRPEOP), tem por objectivo fixar o montante da contribuição devida pelas entidades referidas no artigo 3.º407, bem como definir as regras e os procedimentos a serem observados no recrutamento, integração, formação, desenvolvimento de pessoal angolano e na contratação de pessoal estrangeiro para a execução das operações petrolíferas previstas na Lei n.º 10/04, de 12 de Novembro, e para as actividades de refinação e tratamento de petróleo, de armazenagem, transporte, distribuição e comercialização de produtos petrolíferos408.

406Artigo 51.º, n.º 2 do ROP.

407 Às empresas de direito estrangeiro e às empresas de direito angolano, cujo capital social seja

maioritariamente detido por pessoas ou entidades estrangeiras e que exerçam em território nacional actividades de prospecção, pesquisa, avaliação, desenvolvimento e produção de petróleo, bem como às empresas de refinação e tratamento de petróleo, de armazenagem, transporte, distribuição e comercialização de produtos petrolíferos, bem como às empresas de direito angolano com a maioria do capital social detido por pessoas singulares ou entidades estrangeiras que, de modo permanente, prestem serviço àquelas.