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No ano de 2006 a mobilização política em torno de uma mudança mais radical na legislação ganhou corpo. o Congresso analisava um anteprojeto da lei Geral da Micro e Pequena Empresa, entregue em junho do ano anterior aos presidentes da Câmara e do senado, e ao presidente da República, luiz inácio lula da silva. No dia da entrega solene, a Capital Federal foi tomada por 4 mil manifestantes a favor de uma mudança mais profunda na legislação, que desbastasse ainda mais a burocracia (sempre ela...) e desonerasse tributos fiscais e trabalhistas, fazendo com que mais negócios saíssem da informalidade.

a consequência desse movimento nascido da sociedade civil parecia clara para todos que participaram da mobilização: mais distribuição de renda, mais inclusão social e o fortalecimento da economia, que naquele ano apresentava um crescimento de 3,96%. Era um sinal positivo de que programas de transferência de renda como o Bolsa Família, e a estabilidade econômica finalmente conquistada e mantida, haviam criado um novo ambiente macroeconômico, mais favorável a todos.

Mas havia resistências a serem vencidas antes que mais impostos caíssem, e não foram poucas. só de reuniões com a Receita Federal, o relator da lei Geral, deputado luiz Carlos Hauly, contou mais de 40 encontros.

Também o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) questionava a proposta, sinalizando uma possível queda na arrecadação por conta da renúncia fiscal prevista no anteprojeto de lei. Foi preciso convencer alguns entes governamentais de que essa perda seria compensada pela formalização dos negócios, que passariam a ser contribuintes.

Na formulação do primeiro texto da lei Geral, de 2003, cerca de 100 mil pessoas participaram de diversos eventos presenciais, em centenas de palestras. o desafio foi a tramitação, porque havia resistência do Ministério da Fazenda à mudança. seria preciso alterar a Constituição para permitir a existência do simples, que juntaria impostos que iam para a união, para Estados e para municípios. o caminho encontrado foi a alteração no capítulo 155 da Constituição, que trata do sistema tributário. a ideia seria encampada pela Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa, que começou a dar sustentação política para o movimento que reivindicava uma lei Geral da Microempresa.

Finalmente, no dia 1° de julho de 2007, a lei Geral, também conhecida como Estatuto Nacional da

Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, entrou em vigor, depois de ter colhido mais de 125 mil assinaturas de cidadãos exigindo um tratamento especial, de fato, aos pequenos negócios no país.

a nova lei trouxe um belo cardápio de iniciativas, a começar pelo supersimples, que agora enfeixava oito impostos em uma única guia. a legislação também mudava o caráter da fiscalização em relação a temas trabalhistas, sanitários, ambientais ou de adequação metrológica, com a proposta de ser “prioritariamente orientadora (educativa e não punitiva)”, além de

Frente Empresarial coletando assinaturas para a aprovação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Foto: Silvio Gomes / Acervo Sebrae)

estabelecer a praxe da dupla visita de fiscais para validar qualquer auto de infração, exceto em casos nos quais esse procedimento não fosse compatível. uma proteção a mais para o elo mais fraco da economia local.

outra mudança de paradigma, neste caso impactando diretamente o poder público, foi a obrigatoriedade dos governos federal, estaduais e municipais observarem um tratamento favorecido aos pequenos produtores nas compras governamentais. Foi a partir da aprovação dessa legislação que a participação da agricultura familiar na merenda escolar se tornaria realidade em boa parte dos municípios brasileiros, por exemplo.

a inovação tecnológica também seria incentivada pela lei Geral, já que as instituições públicas de fomento à pesquisa tecnológica passavam a ter como meta a alocação de, no mínimo, 20% dos recursos federais, estaduais ou municipais em pesquisa, desenvolvimento e capacitação tecnológica para empresas nessa categoria.

Com a lei Geral, as empresas optantes do simples Nacional passavam a usufruir de um regime diferenciado para a exportação de bens e serviços, com a simplificação da habilitação e licenciamento para exportar e algumas facilidades aduaneiras. Pequenos empregadores, além de ganharem novas formas de associativismo, também ficavam liberados de certas obrigações trabalhistas, como a fixação do Quadro de Trabalho, a anotação de férias dos

No entanto, mesmo com o surgimento do simples Nacional, a carga tributária que incidia sobre o pequeno produtor rural, comerciante ou empresário ainda era considerada excessiva, tanto por quem fazia parte do grupo, quanto por quem batalhava por melhores condições de vida para o mesmo grupo. só que a redução de impostos esbarrava na resistência de governadores e prefeitos, que temiam perda de arrecadação. Novas rodadas de negociações aconteceriam em diversas esferas, até que o supersimples fosse aprovado em julho de 2007, dessa vez com uma significativa redução nos impostos, na faixa de 4o%. outra mudança trazida pelo supersimples foi a redução nos prazos e na burocracia exigida para a abertura e o encerramento de empresas.

Em 2007, durante a Presidência de Paulo okamoto (2005-2010), também foi implementado o Programa de Estímulo ao uso de Tecnologia da informação em Micro e Pequenas Empresas (Proimpe), que buscava melhorar a competitividade por meio da utilização de ferramentas de automação comercial e softwares de gestão empresarial, além de habilitar os empresários a utilizar os recursos do comércio eletrônico. o Proimpe foi executado pela instituição em parceria com a Federação Nacional das Empresas de serviços Técnicos de informática e similares (Fenainfo), a associação para a Promoção da Excelência do software Brasileiro (softex), a associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da informação software e