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dio Calor, consultor do sebrae de Crato, trouxe uma informação importante para adelaído: o governo federal havia criado recentemente um programa de financiamento chamado Novos Empreendedores, que apoiaria 250 projetos em todo o Brasil. de acordo com as notas obtidas nas avaliações em cada etapa, seria possível obter um empréstimo de até 52 mil reais, e o avalista seria a instituição. Contando com um período de carência de dois anos, mais cinco para pagar, esta era a oportunidade que adelaído esperava e ele se inscreveu no programa.

aguardou a resposta ansiosamente por um mês. “Quando fui aprovado, foi uma felicidade enorme. Eu já preparava minha volta para o Rio porque, se não tivesse tido o aporte, não teria condições financeiras pra começar o meu negócio”, relembra o empresário.

após a injeção de capital, era preciso conseguir matéria-prima a preços vantajosos e, novamente, a solução encontrada foi procurar o sebrae. dessa vez, a conversa foi com outro consultor, Gustavo, a quem adelaído sugeriu que a entidade apoiasse a formação de cooperativas de catadores de material reciclado, o que não havia na região do Cariri. o consultor comprou a ideia, articulou com as prefeituras e, em pouco tempo, os catadores antes avulsos agora se agregavam em torno de cooperativas nas cidades de Nova olinda, Campos sales, Jati, assaré e no Crato. “o sebrae oferecia a consultoria para formar as cooperativas, eu entrava com a compra dos materiais e canalizava para outras empresas o que não me interessava: o papelão pra uma, o pet pra outra”, explica. Havia outros compradores de sucata na região, mas como adelaído conseguia viabilizar o transporte tornou-se, em pouco tempo, o principal comprador de alumínio reciclado no Cariri. “Eu lembro que, na cidade de araripe, a gente até criou uma associação, chegou a uniformizar o pessoal em parceria com a prefeitura municipal.

Chegava lá, o pessoal catava tudo uniformizado, bonitinho, com luvas.” aquela era uma ação que juntava sua empresa, o sebrae e a prefeitura.

a fábrica deslanchou a produção com o fornecimento contínuo de matéria-prima por parte das cooperativas de catadores de sucatas da região. Mas logo surgiu

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outro problema: a secretaria do Meio ambiente lavrou uma multa por conta da poluição sonora e atmosférica que, inevitavelmente, toda fábrica que trabalhe com reciclagem de alumínio produz. Ele estava instalado em uma zona que não era fabril e a vizinhança se mobilizou contra a indústria no bairro. Novamente, a solução foi procurar o sebrae do Crato, que se articulou com o escritório de Juazeiro do Norte e com a sede, em Fortaleza para resolverem o caso.

seria preciso encontrar um novo local para a indústria de adelaído.

Por meio do sebrae-CE, adelaído conseguiu negociar com a Companhia de desenvolvimento do Estado do Ceará (Codece) um novo terreno para instalar sua indústria em Juazeiro do Norte. “Fiz o telhado, porque não tinha telhado, não tinha muro, não tinha terraplanagem, só tinha o esqueleto de um prédio.

Fizemos a cobertura e o governo estadual levou a rede elétrica até lá, porque era um pouco fora da cidade.”

a partir da chegada da energia e da indústria pioneira de adelaído, outras empresas foram se instalando na região, depois as universidades (surgiram dois campi, um da Federal do Ceará e outro da Federal do Cariri), e em poucos anos um novo bairro havia se formado.

ali também seria criado outro ponto de compra de sucatas para a adenox alumínio, que atualmente

Imagens da inauguração da Adenox em Juazeiro do Norte (CE), no dia 5 de agosto de 2005, pela primeira vez, apresentando seus produtos (Acervo de Adelaído Pontes)

conta com 80 funcionários, divididos entre uma fábrica de lingotes e outra, com 2.500 metros quadrados de área construída, que produz diferentes famílias de panelas, cuscuzeiros e outros utensílios de cozinha feitos com alumínio reciclado. ao todo, são 75 itens fabricados.

as parcerias com o sebrae continuam. Por exemplo, para participar de feiras industriais: “Eu gosto muito de feiras; não é tempo livre, é tempo de trabalho mesmo. Vou muito às feiras em são Paulo, no Recife, em Fortaleza, Brasília, já estive até em feiras internacionais, como na China. É bom pra que a gente possa estar sempre se aprimorando, sempre conhecendo algo a mais.”

outra frente encampada pelo sebrae seria aberta pelo sindicato da indústria Metal Mecânica do Ceará, do qual adelaído é um das lideranças mais atuantes em Juazeiro do Norte. Trata-se do processo de certificação de utensílios de cozinhas, forno e fogão, essencial para quem deseja ampliar os negócios. “Nós temos dois eventos a cada ano voltados para as certificações dos utensílios, não só para a região do Cariri, mas para todo o Ceará e também para os Estados vizinhos”, explica adelaído.

Alguns dos produtos da Adenox, resultado da utilização do aço reaproveitável (Acervo de Adelaído Pontes)

o empresário, que decidiu voltar a estudar e hoje

frequenta as aulas do curso noturno de administração de Empresas, admite: “Tudo que eu quero é com o sebrae;

tudo que eu preciso, eu corro pra lá. até pra redigir uma carta que às vezes é preciso mandar pra algum órgão do governo, pra tentar abrir as portas de uma instituição, por exemplo, o sebrae sempre fez isso. Graças à minha ligação com o sebrae, e ao fato de querer, de buscar, hoje está se formando na nossa região um polo de metalmecânica”, orgulha-se adelaído, explicando que a Câmara Municipal de Juazeiro do Norte aprovou em 2014 a criação do distrito industrial da Metal Mecânica na cidade. E conclui: “É por isso que eu digo pros meus amigos que sou rato do sebrae.”

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Fachada atual da Adenox, em Juazeiro do Norte (Acervo de Adelaído Pontes)

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