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de olho nos estrangeiros que, após a instalação da uPP na Rocinha, passaram a incluí-la em passeios e até mesmo como opção de hospedagem alternativa, andré mandou confeccionar seis cardápios diferentes, em alemão, hebraico, francês, italiano, holandês e japonês, além de um inglês-português. a escolha dos idiomas não foi aleatória: o empresário fez uma pesquisa e descobriu que estas eram as nacionalidades que mais visitavam a comunidade. “Quando o estrangeiro chega, eu abro o leque dos cardápios e ele puxa o dele. Na Copa, a gente contratou uma atendente poliglota que ficava num horário que os turistas passavam mais frequentemente.

Mas logo eu percebi que nem precisava. Ela estava ali mais por uma questão de marketing, porque qualquer funcionário conversa com um gringo facilmente. Eles gostam muito de açaí, que é o principal atrativo. E açaí é açaí em qualquer língua do mundo.”

É com muita agilidade e sincronia que os funcionários se movimentam dentro do espaço de uma “garagem de moto”

para atender os clientes (Acervo de André Martins)

outro desafio vencido por andré, que poderíamos chamar de desafio X-Tudo, é emblemático da atenção que o pequeno empresário dedica ao enfrentar um problema comercial. “Em todas as lanchonetes que vendem hambúrguer, o lanche campeão sempre é o X-Tudo. No Brasil inteiro é assim. Quem trabalha com hambúrguer vende muito X-Tudo, e nós não vendíamos muito. aquilo me incomodava, não entendia por que ninguém comprava o nosso. Nessa época eu estava lendo a biografia do silvio santos e percebi o seguinte:

o meu X-Tudo não vendia porque eu não mostrava, não estava na vitrine. Então, mandei fazer um X-Tudo, botei ele em cima do prato, bati uma foto e ampliei. a imagem ficou mais ou menos do tamanho de uma folha de papel a4. Fiz umas dez cópias dessas, e espalhei na minha casa. Todo dia, onde eu andava, eu olhava aquele sanduíche. depois de alguns dias, percebi que ele não estava muito atraente. o que eu fiz? Puxei o alface para fora do sanduíche e joguei o molho que ficava dentro do sanduíche fora dele. Então, ele deu aquela estufada.

Eram os mesmos ingredientes, mas alguns estavam mais expostos. Também troquei o nome. Queria mostrar que o sanduíche era uma coisa bem grande. Pensei nesse nome:

Mega Boladão. Mandei fazer um banner gigante, com o sanduíche enorme. Não era uma montagem de como eu queria que o sanduíche ficasse, era o sanduíche como ele é vendido na loja. só troquei o nome, puxei a folha de

Para otimizar o espaço, o balcão fica do lado de fora para receber os clientes e também os turistas (Acervo de André Martins)

alface pra fora e botei o molho em cima. Hoje, eu vendo cinco vezes mais o Mega Boladão. Tem clientes que nem chamam a loja de Mega lanches, falam assim: ‘Vamos lá no Mega Boladão?’, pra ver como o nome pegou. lutei muito. Raciocinei demais. Fiquei maluco dentro de casa.

Minha mulher não aguentava mais olhar pro sanduíche.

Era na porta da geladeira, no guarda-roupa, no espelho, até eu conseguir resolver o problema. Mas resolvi”, comemora.

Para conseguir dar conta do aumento da clientela, andré e seu sócio alugaram outra casa, em uma rua de pouco movimento, apenas para abrigar uma cozinha industrial. “a gente prepara tudo dentro dessa cozinha.

Já manda o sanduíche pré-pronto, é só usar a chapa pra fritar o hambúrguer. o pão já vai cortado, a salada já vai arrumadinha”, explica.

sonhos para o futuro? andré prefere planejar. “Negócio de sonho não é comigo. Vou atrás da minha meta.

Quero que o Mega lanches seja uma franquia. Estamos avaliando patentear a marca, que é uma coisa muito importante. Já temos três anos da lanchonete. acho que com cinco anos, vou estar com volume necessário e no sexto ano eu quero abrir a minha primeira loja franqueada. a minha ideia é abrir franquias da Mega lanches em outras comunidades pacificadas. Essa franquia é a minha meta. Mas ela só vai sair com a

ajuda do sebrae. Com certeza, se não tivesse conhecido o sebrae, estaria engatinhando ainda, vendendo aqueles R$ 30 por dia de cachorro-quente. Não tenho dúvidas disso”, reconhece o empresário que troca, sem problemas, o sonho pelo planejamento. Melhor mesmo é sonhar acordado.

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Descubra como a parceria com o Sebrae levou Antonio Macuglia a se tornar referência como produtor orgânico no Estado

a NaTuReZa cOMO PaRceiRa dO NeGÓciO

tualmente, a Trigenros de antonio Macuglia tem 22 funcionários registrados, dois estagiários e seis na lista para capacitação.

Em quatro hectares, produz uma média de seis a oito toneladas de hortaliças e frutas por semana, bem acima da média da região. os produtores chegaram a ter, simultaneamente, 42 tipos de hortaliças e 16 tipos de frutas.

Para antonio, “a parceria com o sebrae melhorou muito o visual do agronegócio brasileiro em si.

Porque a participação em eventos, feiras, seminários, congressos, tudo a que a gente começou a ter acesso através dessa parceria deu um boom no negócio. Hoje a gente é referência nacional, eu faço parte do quadro de consultores orgânicos do sebrae, e recebo visitantes

da Europa, da Ásia e de todos os lugares do Brasil.

Porque, quando a gente foi certificado pelo iPT, caímos em uma rede mundial de produtores de agricultura orgânica. Recebi engenheiros da França, da alemanha, da itália, de Cuba... Também vieram até aqui argentinos, venezuelanos, mexicanos, todos interessados em

conhecer o nosso processo de produção, porque não usamos nada industrializado, é tudo natural mesmo. E o crescimento desse mercado é espantoso, é de 20% a 30%

por ano”, estima antonio.

Para produzir a compostagem natural, ele e os sócios foram atrás de feirantes e pecuaristas e ofereceram a eles baldes para o recolhimento das sobras orgânicas.

“Tudo isso era jogado ao tempo. Eu fiz parceria com os organizadores das feiras, temos os baldes de recolhimento, deixamos pela manhã, eles colocam o material dentro e à tarde vem o carro da empresa e carrega para a compostagem. a parceria deu tão certo que eles agradecem, porque não tem mais mau cheiro, não tem mais mosca, não sobra nada depois da feira.”