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Em um mercado volátil como este, sujeito literalmente a chuvas e trovoadas (ou à falta delas), é preciso lidar com a sazonalidade. Às vezes, as frutas não vingam em um lugar e é tarefa do distribuidor buscá-las em outra região para honrar os contratos. “No período de entressafra, a gente fica meio nômade, não tem nada muito fixo. Quando precisa, a gente traz fruta da região de Juazeiro da Bahia, traz do Ceará, de Pernambuco, de Goiás”, explica.

No terceiro ano da sociedade, Patrick se viu com uma até então inédita sobra de capital e resolveu investir em

um novo negócio com Jackson, seu ex-padrasto. Propôs a ele, que havia sido gerente de uma loja de material de construção, que os dois montassem uma. “Eu entro com o dinheiro e você com a mão de obra.” Jackson topou a sociedade e, no final de 2007, aos 20 anos, Patrick já era proprietário de duas empresas: a Mundo das Construções e a Frutas Caiçara. da primeira, não pretendia ser mais do que o sócio investidor, mas da segunda esperava muito mais.

Patrick e o sócio Moacir sabiam o que queriam: vender diretamente aos supermercadistas. Para isso, seria essencial vencer a primeira barreira e tornar-se fornecedor de um cliente que pudesse servir de cartão de visitas para o novo mercado. Miraram no Grupo Pão de açúcar e, ao longo de 2009, investiram muito tempo e alguns recursos em modernização para se adequarem às exigências da rede.

Finalmente, um ano depois, estava tudo certo para se tornarem fornecedores. a data acertada para a assinatura do contrato foi o dia 2 de julho de 2010, quando o Brasil encerrou sua participação na Copa do Mundo da África do sul eliminado pela Holanda de Robben e sneijder por 2 a 1: “Cheguei pra assinar o contrato e quase não consegui.

Tudo fechava mais cedo por conta do jogo e eu cheguei um pouco atrasado, porque não conhecia o caminho. Foi

no dia”, Patrick se recorda. a seleção canarinho estava eliminada, os brasileiros se sentiam derrotados, mas ele e o sócio se sentiam vitoriosos como a seleção espanhola, que naquele ano levaria para casa seu primeiro título mundial.

Mas, apesar do crescimento visível, Patrick tinha noção de que agia de maneira improvisada. isso valia da gestão financeira à contratação de pessoal para ajudar na coleta, no processo de embalagem e distribuição: “a gente contratou gente da pior espécie possível, sem saber.

depois que o cara ia se revelando, contava a história dele, ia se descontraindo, eu falava: ‘Meu deus, olha o povo com que nós estamos mexendo.’ aí mandava embora. Eu não tinha nem empresa aberta em são Paulo, a gente fazia as vendas pela Bahia, em termos fiscais. Com isso, 2011 foi até um ano bom, mas desorganizado demais, não ganhamos dinheiro nenhum”, reconhece.

Como os sócios previram, após se tornarem fornecedores de maracujá e manga para o Grupo Pão de açúcar, foi mais fácil fechar contratos de fornecimento com outros grupos supermercadistas, como o atacadão e o Carrefour.

a necessidade de contarem com um galpão em Brasília fez com que os sócios comprassem um terreno para abrigar as mercadorias em trânsito. o novo galpão da Frutas Caiçara começou com 50 metros quadrados de área

Mas, entre os 50 e os 500, houve um acontecimento que seria um divisor de águas na vida do empresário Patrick Marciel Neves silva: um curso oferecido pelo sebrae, que utilizava uma metodologia de desenvolvimento de pequenos negócios desenvolvida pelas Nações unidas, chamado Empretec. depois dele, acabaria o improviso.

Clique aqui para saber como cursar o Empretec do Sebrae que fez o distribuidor de frutas Patrick ter uma nova visão sobre o seu negócio.

A história de Rosana Terezinha Bortoleti, que graças ao conselho de um funcionário descobriu o Sebrae e se descobriu empresária

PORTaS PaRa a aPReNdiZaGeM

plano parecia perfeito: Rosana e o marido Naldi haviam conseguido construir um prédio comercial em Várzea Grande (MT), onde passariam a viver em cima, e só precisavam de 30 mil reais para abrir uma loja de produtos descartáveis. seria um negócio menos desgastante do que o ramo de restaurantes, no qual o casal trabalhava há mais de uma década. Nesse tempo, e graças ao comércio com alimentos (e um curto período de papelaria), compraram a primeira casa, o primeiro carro, viram o filho crescer e, quando a construção que abrigava o prédio comercial ficou pronta, chegaram à conclusão de que era chegada a hora de mudar de ramo. “o espaço do restaurante era tão limitado que não dava pra fechar e colocar ar-condicionado, não dava pra servir comida por

S

quilo, que estava bombando na época, não dava pra fazer nada. E eu estava muito frustrada”, ela se lembra.

No primeiro restaurante que Rosana e o marido compraram, contando com apenas quatro funcionários e cuidando da cozinha e das oito mesas, ela aprenderia o ofício de forma improvisada, instruída por Naldi que, sendo mais extrovertido e experiente no ramo, cuidava do atendimento aos clientes. a administração também era por conta dele, enquanto ela se responsabilizava pela comida. serviam café da manhã, almoço e jantar, em média 100 a 200 refeições por dia, fazendo questão de oferecer sempre uma comida caprichada, bem apresentada. Era o diferencial do restaurante, que contava com apenas oito mesas. “desde o início do casamento, eu tive restaurante, durante dez anos. Restaurante é trabalhoso, muito difícil, mas a gente enfrentou as dificuldades, sempre com muita determinação pra conseguir ter uma vida melhor”, relata.

determinados a melhorar de vida, em pouco tempo o casal passaria a cuidar de um segundo negócio,

acrescentando ao restaurante na cidade uma churrascaria na beira da estrada. ali, o trabalho aumentou de verdade:

Rosana cuidava de uma equipe de 15 funcionários, enquanto o marido seguia à frente do restaurante. “Não havia churrascaria em Várzea Grande, então o pessoal ia comer lá. E era muito boa a comida, tudo muito limpo e

organizado. Todo dia estava caprichado. Essa disciplina a gente sempre teve, mesmo lá no início, sem fazer curso, isso já funcionava bem”, lembra Rosana da época em que ela, filha de uma gaúcha com um catarinense, vendia churrasco todo santo dia para sua clientela.

atender clientes não era novidade. Nascida na pequena santo antonio do sudoeste (PR) e passando a infância na igualmente pequena Ramilândia, Rosana cresceu entre clientes e grandes sacas de cereais do armazém de secos e molhados que seus pais tocavam na cidade. a farinha de trigo vinha da vizinha argentina e os produtos eram vendidos a granel, por peso, e embalados em grandes folhas de papel. depois, a família se mudaria para sinop (MT), dessa vez à frente de uma mercearia mais moderna.

lá, Rosana conheceu Naldi e, alguns anos mais tarde, já casada, se mudou para Várzea Grande (MT).