• Nenhum resultado encontrado

Nesta seção, analiso os relatos que os(as) participantes produziram em resposta às perguntas da entrevista relacionadas à identidade docente e associo suas falas aos registros escritos nos diários de participantes. Além disso, destaco o relato de uma cursista que não está entre os oito participantes, o qual registrei durante a observação participante e foi incluído por desvelar dificuldades em efetivar mudanças na prática docente.

Os primeiros relatos analisados foram produzidos em resposta às questões: Que atividades de leitura e escrita você desenvolve no Profletras? De que forma você leva essas experiências de leitura e escrita para a sua prática docente? Em resposta à primeira pergunta, os(as) cursistas citaram vários gêneros discursivos acadêmico científicos produzidos no contexto do MP. Ao analisar esse dado conjuntamente com os registros feitos nos diários de participantes, elaborei o quadro a seguir:

Quadro 9 - Gêneros discursivos nas práticas de letramento do Profletras GÊNEROS DISCURSIVOS TURMA 2 TURMA 3 Artigo Seminário Dissertação Resenha Diário de leitura Oficina didática Esquema Slide Autobiografia Relatório. Artigo Relato de experiência Projeto Resenha Resumo Fichamento Sequência didática.

(Elaborado pela pesquisadora)

Em resposta a essas questões, a cursista Iara descreve uma atividade de escrita que foi proposta no segundo semestre do curso e as suas impressões em relação a ela:

Iara: Bem, recentemente, uma das professoras na cadeira de leitura e prática de

Teoria Literária passou pra gente um diário que a gente registrasse as nossas experiências de leitura (...). Eu achei muito besta, achei que aquilo ali não servia, tudo mais, mas comecei a fazer o diário né, era uma exigência da disciplina, comecei a fazer o diário e aí eu comecei a gostar do diário , eu gostei tanto do diário que eu não queria mais entregar pra professora. (...) assim, eu achei bacana, (...) eu retomei a minha prática de escrita mesmo e senti que eu comecei a escrever mais livremente, retomar pensamentos, retomar reflexões que eu não fazia quando eu escrevia no notebook, né? E também, assim, era uma prática de escrita diferente. Aí eu pensei em adotar, tava até pensando hoje antes de vir pra cá: um diário de leitura com os meus alunos, né? Começar o projeto das leituras anuais e pedir que eles registrem as reflexões a respeito daquela leitura no caderno, porque a minha experiência foi boa, né de / eu achei isso bacana.

Ela começa relatando o estranhamento sentido ao ser solicitada a fazer um diário de leitura e uma avaliação negativa dessa prática (Eu achei muito besta). Possivelmente, ela subestimou, de início, a contribuição dessa atividade pelo fato de esse gênero discursivo fugir ao modelo de objetividade da escrita acadêmica, o que constitui um fator de mudança (uma

prática de escrita diferente). Como programa de formação continuada, o Profletras procura

manter um vínculo mais estreito com o ensino, por isso essa prática de escrita mais livre e subjetiva é incentivada. Posteriormente, a participante avalia a experiência de forma positiva (eu comecei a gostar do diário; a minha experiência foi boa; achei isso bacana), reconhece a viabilização dessa prática de escrita para o ensino básico e pensa em adotá-la com seus alunos.

Um ponto de interesse para esta pesquisa é que os letramentos se associam a identidades: “As práticas discursivas da esfera acadêmica são espaços constitutivos de identidade” (SILVA; GOMIDE, 2013, p. 219). Na análise do corpus, foi possível perceber que

as experiências de leitura e escrita no Mestrado Profissional provocam reflexões quanto ao modo de ver a profissão, suas crenças, valores e atitudes de professor(a), conduzindo também a mudanças na prática docente. Agnes, por exemplo, escolhe ressaltar os desenvolvimentos recentes de sua prática profissional desencadeados pelo letramento acadêmico:

Agnes: Eu sou professora de redação, então, não tem como não levar isso, né, mas

assim o que eu tenho aprendido aqui eu tenho realmente tentado praticar na minha docência, eu tenho repensado porque os textos me levam a questionar a minha postura como professora e eu tenho mudado em vários aspectos, mas também tenho levado esse conhecimento/ por exemplo, aprender que o tempo do meu aluno não é o meu tempo, eu aprendi isso, eu não posso ser imediatista com o conhecimento ele se constrói aos poucos e era algo que eu não as/ talvez eu tivesse ideia, mas não dava importância a isso , então essas leituras que eu tenho feito me levaram a perceber isso: eu sou professora, tenho determinado letramento que não está fechado porque letramento é um processo e eu preciso aprender a olhar pros meus alunos como aprendizes, é um processo que eles vão passar e é lento, devagar, sem querer exigir deles algo que seja instantâneo, né?, porque o conhecimento não é assim, então eu tenho aplicado isso nas minhas correções de redação quando eu/ eles praticam algum erro ali que eu me tremo todinha, né, (RISOS) Antes eu falava ‘menino, pelo amor de Deus, o que é isso?’. Hoje eu já sou mais paciente, digo ‘olhe, você vai aprender na prática ‘ então o jeito como eu lido com ele na prática já tem mudado, eu tenho percebido isso. Eu tenho sido mais maleável, mais compreensiva, né?

Eu julguei necessário pôr aqui esse relato, apesar de sua extensão, porque entendo que a cursista Agnes expressa claramente essa ligação entre letramento acadêmico e identidade docente. Ao longo do texto, é possível perceber que ela fala do presente e do futuro estabelecendo um contraponto com o passado. As mudanças relatadas foram possíveis, segundo a entrevistada, pelas leituras feitas no contexto do MP (os textos me levam a

questionar a minha postura como professora; essas leituras que eu tenho feito me levaram a perceber). Ao descrever a transposição dos conhecimentos teóricos para prática, Agnes

consegue imprimir, em alguns momentos, um grau de comprometimento muito significativo (não tem como não levar isso; o tempo do meu aluno não é o meu tempo; letramento é um

processo; o conhecimento não é assim). Em outros momentos, todavia, é possível perceber

uma oscilação de comprometimento, a exemplo da sentença: eu tenho realmente tentado

praticar na minha docência, em que a cursista utiliza o reforço realmente ao mesmo tempo

em que modaliza a sua declaração por meio da subjetividade (eu) e da escolha do verbo “tentar”, o qual confere um grau de incerteza. Em relação à modalidade deôntica, as frases eu

não posso ser imediatista com o conhecimento e eu preciso aprender a olhar pros meus alunos como aprendizes denotam o caráter de necessidade de uma mudança de concepção.

Mudança essa que é representada como um processo (tenho tentado, tenho repensado, tenho

mudado, tenho levado, tenho aplicado, tenho percebido).

identitárias se deram de forma pausada e gradual e foram, em grande parte, provocadas pelas atividades de letramento (leitura, escrita e discussão de textos) do Profletras, cujo objetivo é justamente formar professores crítico-reflexivos de Língua Portuguesa:

Rosa: A academia funciona pra mim como um repositório eu vou colocando e

depois sei lá ... hoje eu vou/ tô atrasada vou levar um poema do Manuel Bandeira, coloco no quadro enquanto o menino tá copiando eu tô ali atrás aí eu vou enxergando as coisas que eu posso colocar. Eu não sei se após terminar o curso do Profletras eu vou modificar essa prática, mas a minha maneira de trabalhar é essa, né, que eu digo que é intuitiva mas não é, você prepara antes, né, mas eu gosto muito de trabalhar assim.

Rânia: essa parte aí eu ainda tô consolidando, certo? Assim como tudo na verdade

assim, é um processo, né, não é imediato, assim, mas dando um exemplo bem simples, certo, a professora (nome da professora omitido), ela ensinou uma oficina tão legal pra trabalhar palavras que os alunos têm mais dificuldade na escrita né? Já é uma coisa que eu planejo levar, tem a parte da minha própria dissertação que para ela ser construída eu tenho que trabalhar em sala de aula porque os meus alunos, os textos deles, serão o meu corpus assim [pausa] tem as outras coisas, assim, mas é algo assim que deve ser mais consolidado de minha parte, né? Mas, assim, leituras que eu aplico, né, até, eu acho que até no trato com meu aluno tá mudando, assim (...) É, na parte da relação mesmo, da maneira como eu trato o meu alunado, né, até isso tá sendo modificado, mas eu não vou dizer que já foi modificado, está sendo construído.

Lia: Eu ainda estou na fase de organização, planejamento dessas práticas, mas sinto

que tudo tem que ser renovado, a, a maneira como eu lido com a leitura, a maneira como eu lido com a escrita, a minha organização de didática tem que ser tudo muito inovador, porque há, há uma cobrança pessoal, a consciência não me permite agir de outra forma, é como se, sendo agora conhecedora da verdade, eu não pudesse (risos) omiti-la, e eis aí o grande desafio porque replanejar sondar o retorno dessas novas práticas isso vai requerer trabalho, reformulá-las e ainda conduzir o mestrado, não vai ser fácil.

É possível perceber que, na ocasião da primeira entrevista, a mestranda Rosa evita um forte engajamento com a afirmação sobre as mudanças em sua prática profissional (Eu

não sei se após terminar o curso do Profletras eu vou modificar essa prática). Apesar de

reconhecer a contribuição da academia, a professora não está certa do impacto da formação no MP para uma mudança na maneira de trabalhar adotada por ela, a qual é avaliada de forma positiva, através de processo mental afetivo “gosto”, reforçado por advérbio de intensidade “muito” (mas eu gosto muito de trabalhar assim).

Segundo Rânia, essa transposição das atividades de letramento na sua prática é um processo em andamento (essa parte aí eu ainda tô consolidando, certo?; mas é algo assim

que deve ser mais consolidado de minha parte, né?; isso tá sendo modificado; está sendo construído;), mas já percebe uma nova perspectiva do seu olhar para a profissão, no tocante a

novas atividades de leitura e escrita que pretende adotar e ao tratamento com o alunado. Lia também destaca esse aspecto processual da mudança (Eu ainda estou na fase de organização,

planejamento dessas práticas) e, mediante a modalidade deôntica, o comprometimento com a

necessidade de renovação fica explicitado (sinto que tudo tem que ser renovado; tem que ser

tudo muito inovador). Ela cobra essa mudança de si mesma, embora reconheça a dificuldade

de levar o desenvolvimento em seu letramento acadêmico para a prática docente (o grande

desafio; não vai ser fácil). Segundo a cursista, as atividades de replanejamento e avaliação

exigem muito trabalho, que devem ser ainda conciliadas com as demandas do mestrado. Essas questões da entrevista que acabo de analisar, a respeito da transposição das atividades de letramento do MP para a prática docente, podem ser associadas aos registros feitos nos diários de participantes. Interessante observar que nesses relatos escritos, diferentemente da primeira entrevista, as participantes indicam uma atitude de forte comprometimento com as afirmações sobre as contribuições das práticas de letramento acadêmico para a atividade docente.

A seguir, apresento trechos do diário de participante da cursista Iara, na qual ela avalia as contribuições das atividades registradas na semana de 01/07/2016:

Iara: Todas as experiências de letramento que tive no Profletras enriqueceram meu

trabalho, sobretudo a retomada da produção de textos, há muito deixada de lado por mim. A reflexão proporcionada pela retomada dessa prática proporcionou a tomada de novas estratégias em sala de aula, como por exemplo, novas maneiras de gerar ideias para sugerir a produção de textos por alunos. (Diário de participante – registro feito em 01/07/2016).

A participante é categórica ao falar das contribuições dessas atividades desenvolvidas no Profletras no enriquecimento de sua prática docente. Ela destaca, principalmente, a sua retomada da escrita como um espaço para reflexão e adoção de novas estratégias didático-pedagógicas.

Já a participante Rosa, no relato da semana 1, considera que houve poucos avanços em relação a sua bagagem da graduação e da especialização, embora reconheça que as atividades de leitura e escrita do MP ampliaram sua compreensão e sua vontade de aprimoramento. O advérbio modal às vezes e o uso da primeira pessoa do singular (penso), utilizados no início da frase, modalizam a manifestação avaliativa, mas logo após, apresenta- se a expressão na verdade, exercendo a função de reforço da afirmação.

Rosa: Muito do que li já colocava em prática. Às vezes penso que de forma intuitiva,

mas na verdade, todo o meu trabalho é fruto de minha formação, desde a graduação, até a especialização e, recentemente, o mestrado. Ao estudar essas abordagens, tenho uma compreensão ampliada sobre as minhas práticas, além disso, sinto vontade de aprimorar-me ainda mais. (Diário de participante – registro feito em 01/07/2016).

No registro da segunda semana a cursista relata:

Rosa: Gostei muito de apresentar esses artigos. Aprendi novos conceitos e tirei

muitas dúvidas. Tenho certeza de que esses aspectos influenciarão bastante minha prática pedagógica. (Diário de participante – registro feito em 08/07/2016).

A cursista revela, por meio de processo mental afetivo (gostei muito), uma avaliação positiva das atividades realizadas na semana, quais sejam: leitura e apresentação de dois artigos acerca de gêneros discursivos jornalísticos e multimodalidade. Nas orações seguintes, é possível perceber mais claramente os motivos para essa avaliação de caráter positivo das atividades, quando ela as relaciona com a aprendizagem de novos conceitos e o esclarecimento de dúvidas. A frase final indica seu grau de comprometimento com o enunciado, reforçado pela expressão tenho certeza e o advérbio bastante.

Clarissa também qualifica as atividades de letramento do Profletras em termos de várias características positivas.

Clarissa: Contribuíram para o enriquecimento da minha fundamentação teórica e

consequentemente repensar das minhas atividades em sala de aula. A apresentação oral me fez perceber a necessidade de aprimoração da minha forma de expressar-me oralmente em público. Pude adquirir mais conhecimentos sobre para serem aplicados a minha prática. (Diário de participante – registro feito em 08/07/2016).

A conotação positiva do relato é perceptível pela escolha vocabular da participante:

contribuíram, enriquecimento. Ela usa a modalidade deôntica, relacionada aqui à necessidade

de aprimoramento pessoal. Por fim, Clarissa destaca a possibilidade que o programa trouxe para a aquisição de novos conhecimentos, aplicáveis a sua prática docente.

Finalmente, analiso os registros da participante Agnes:

Agnes: Produzir o relato de experiência fez-me perceber, com maior clareza, que ações pedagógicas bem planejadas e inovadoras promovem o alcance dos objetivos traçados para o ensino de forma mais divertida, fácil e eficaz. Logo, essas ações devem se tornar um hábito em minha prática pedagógica. As leituras feitas durante a semana - para disciplinas específicas ou para o desenvolvimento de minha pesquisa – proporcionaram-me refletir sobre minha prática docente. Quanto mais leio, mas vejo que há muito a ser mudado e melhorado. Através delas, também recebi um novo “vigor”, que me faz querer fazer a diferença na vida de meus alunos, propiciando-lhes, mesmo diante de tantas adversidades, um ensino de qualidade. O desenvolvimento de meu projeto de pesquisa, durante essa semana, mostrou-me como a leitura é fundamental para a vida de um professor-pesquisador. Sem ela, ficamos limitados a uma visão estática e cômoda, que não nos desafia e não nos faz repensar e mudar nossas atitudes. A escrita do projeto, então, ensinou-me algo valioso: não sou a “expert” em produção textual por ser professora de Língua Portuguesa. Também tenho dificuldades. Em alguns momentos, pôr uma ideia no papel e desenvolvê-la torna-se um esforço quase sobre-humano. Sendo assim, devo ser mais compreensiva com meus alunos e devo ajudá-los, da melhor forma possível, a vencer suas dificuldades com relação à escrita. (Diário de participante – registro feito em 07/07/2016).

A cursista Agnes traz alguns trechos que se referem ao grau de comprometimento com necessidades, pelo uso do verbo ‘dever’ (essas ações devem se tornar um hábito; devo

ser mais compreensiva com meus alunos; devo ajudá-los). Em relação à categoria da

avaliação, observei a ocorrência de várias orações avaliativas em relação à leitura e à escrita: as leituras permitiram-na enxergar a necessidade de mudanças (há muito a ser mudado e

melhorado) e despertaram nela a vontade de propiciar a seus alunos um ensino de qualidade;

a leitura é avaliada como fundamental para um professor engajado com a pesquisa, e ao se referir à falta dessa prática, ela faz avaliações negativas (visão estática e cômoda); a escrita de um relato de experiência ganha conotação positiva, por trazer-lhe a percepção da importância do planejamento e da inovação; a escrita do projeto também é vista de modo favorável (ensinou-me algo valioso).

Na segunda semana, a participante relata:

Agnes: Nessa semana, tive que fazer muitas leituras para o desenvolvimento do meu

projeto de pesquisa. Compreendi – ou “recompreendi” (neologismo aí) - como ela é necessária para ampliarmos nossos horizontes e desenvolvermos um senso crítico mais aguçado. Essa necessidade não pode, apenas, estar confinada em nossos discursos de professores que tentam motivar seus alunos a serem leitores assíduos, mas deve, sim, ser uma prática recorrente em nossas vidas. (Diário de participante – registro feito em 15/07/2016).

Agnes apresenta as atividades de leitura como necessárias ao desenvolvimento de seu projeto de pesquisa, como se observa no uso da expressão tive que fazer. De fato, ela registrou muitas leituras no período de duas semanas, além da prática recorrente da escrita de fichamentos que, conforme ela esclareceu na segunda entrevista, também ajudava muito no processo de criação do projeto. As valorações concernentes à leitura mostram que a cursista a concebe como uma prática essencial, tanto para apontar novas perspectivas, o que é representado pela metáfora “ampliar horizontes”, como para desenvolver a criticidade. A participante traz em seu relato recomendações aos professores, expressas pelos operadores modais “poder” e “ dever”, o que indica relação do enunciado com ações desejáveis e indesejáveis desses profissionais. A tentativa dos docentes de fazer dos alunos um público leitor sem incorporar a prática de leitura em seu próprio cotidiano tem valoração negativa na fala da cursista.

Outra pergunta dirigida aos(às) alunos(as) do Profletras diz respeito aos motivos que os(as) levaram a se tornarem professores e professoras e o que os(as) levava a permanecer na profissão. A análise das entrevistas revelou que as razões para a preferência pela graduação em Letras estão relacionadas, principalmente, ao gosto pela leitura e à facilidade com a escrita,

mas enquanto alunos(as) da graduação ainda não se reconheciam “professores” e “professoras”. Em alguns relatos, a opção pelo curso de Letras aparece como a opção que resta, depois de descartarem as disciplinas com as quais não se identificam:

Iara: A coisa que eu mais gostava de fazer era ler (...) eu fiz Letras pelo meu gosto

pela leitura que eu achei que eu tinha que explorar isso, sempre falei muito, sempre tirei notas boas em redação, né, e eu detestava matemática, eu detesto, não gostava de química, não gostava de biologia, não gostava de nada e aí eu resolvi fazer Letras, né? Mesmo sem saber bem ao certo o quê que era(...), não sabia ao certo o quê que eu ia fazer, que eu ia ser professora. (...)

Rosa: Eu gostava muito de Português eu queria fugir da Matemática, então eu decidi

logo que eu queria fazer Letras porque eu gostava de ler muito (...), aí eu já tinha feito curso técnico de secretariado, era secretária e era muito estressante e eu me sentia muito mal porque eu tinha um chefe que era muito criativo, e eu trabalhava numa agência de publicidade e eu me sentia ridícula só reproduzindo as coisas que ele fazia e era muito estressante, aí eu pensei: não, acho que eu vou ser professora porque eu fecho a minha sala de aula e quem manda sou eu; e aí logo que eu me mudei pra Fortaleza continuei o curso e aí aqui é licenciatura , né (...) comecei a dar aula particular e pronto e gostei.

Clarissa: Na verdade, quando eu fiz no meu tempo que era vestibular eu escolhi

Letras porque eu gostava de português, inglês, literatura, acho que muito jovem 16 anos 17 eu não pensava no que eu ia trabalhar ainda, achavam que eu era maluca, porque os meus pais queriam que eu fizesse Direito e era o tempo todo me incentivando a não fazer esse curso, mas eu entrei, gostei e quando eu comecei a dar