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“É absolutamente impossível que a sociedade seja perfeita sem um líder que

5. Liderança Versus Gestão

A palavra liderar vem do inglês, to lead, que significa "conduzir, dirigir, guiar, comandar, persuadir, encaminhar, encabeçar, capitanear, atravessar". O registro dessa palavra está datado em 825 d.C., os diversos conceitos a ela ligados relacionam-se com os da latim, ducere, que significa conduzir (no português - duzir, precedido de prefixos), cujo conjunto semântico influenciou as derivações de to lead. Em 1300, documentou-se

leader, “condutor, guiador, capitaneador”, como aquele que exerce a função de

conduzir, guiar. Também nessa época surge leading, substantivo de to lead, traduzido por "acção de conduzir", Leadership, em 1834, emerge como "dignidade, função ou posição de guia, de condutor, de chefe" (Mirador Internacional, 1987).

Na segunda metade do século XIX, a língua portuguesa incorpora o vocábulo

lead e seus derivados. No início do século, por volta das décadas de 30 e 40, o radical

foi integrado na morfologia, adaptando-se o termo para a língua portuguesa: líder, liderança, liderar. Várias outras línguas incorporam lead e alguns dos seus derivados ao seu vocabulário, sempre preservando o seu significado.

A relação mútua entre líder e liderados, entre o indivíduo e o grupo, baseada em aquiescências e não em coerção. Do acto de emitir uma ordem e esperar que ela seja cumprida, há um tortuoso caminho para se entender como a liderança se legitima e quanto exercício de poder ela exige. Faz-se necessária, então, uma apreciação sociológica e psicológica das variáveis envolvidas para tal entendimento.

Podemos considerar a liderança resultante de um interacção entre a personalidade e a situação social. São diversos os factores que influenciam no processo de liderança, não somente líder e liderados. Mas também as forças contidas no ambiente, na situação.

Liderança surge como um conceito mais difuso que a nossa visão tradicional que "pode ser exercido a todos os níveis dentro de uma organização e cuja capacidade de exercício está, de uma forma ou de outra, aberta a tolos os participantes" (Whitaker, 2000: p. 88). Segundo esta conceptualização, liderança estará relacionada tanto com sugestões como com directivas estratégicas, ou seja, saber escutar as ideias dos outros, expor as nossas, conciliando simultaneamente atitudes de firmeza de posições e de gentileza, assentando no pressuposto que não só as lideranças de topo são importantes, mas, que, na organização, todos podem ser líderes. Porém, inúmeras são as definições

encontradas, até contraditórias e, segundo Syroit (1996: p. 238) a liderança é considerada

"como um conjunto de actividades de um indivíduo que ocupa uma posição hierarquicamente superior, dirigidas para a condução e orientação das actividades de outros membros, com o objectivo de atingir eficazmente o objectivo do grupo".

Desta forma, se nos centrarmos unicamente sobre o comportamento dos nossos superiores hierárquicos, corremos o risco de perder comportamentos humanos dentro das organizações conducentes à eficiência e de forma bem mais consistente, à excelência de qualidade, o que faz com que o líder, sob este ponto de vista, seja considerado uma espécie de herói, descurando outras lideranças dispersas no interior da organização.

Por sua vez, McNeil e Clemmer (1992: pp. 47-48) afirmam que

"Liderança é aquela parte da organização que se preocupa com as pessoas. É a sua dimensão humana [...] procura orquestrar a dinâmica resultante do facto das pessoas trabalharem com outras pessoas".

Para Sergiovanni (2004: p. 124) é "... o processo de levar um grupo a agir de acordo com os propósitos partilhados".

Um dos pontos mais significativos é que a liderança, mais do que a gestão, precisa de ser encarada como o foco crucial do desenvolvimento e crescimento institucionais, uma vez que o rápido aumento da evolução e ritmo da mudança têm alterado o metabolismo das escolas, exigindo uma capacidade acrescida para adaptação e modificação face a novas circunstâncias e ambientes. Esta mudança que aponta o novo rumo trilhado pela liderança é sustentada em cinco conceitos de grande interesse para este desenvolvimento, defendidos por Whitaker (2000: pp. 45-58):

a) o primeiro aponta que a liderança é que contém a chave do futuro; b) o segundo, argumenta que a liderança é função de todos na organização; c) o terceiro conceito defende que todos temos capacidades de liderança e ao longo da nossa vida exercemo-la em múltiplos contextos e situações diversas;

d) o quarto princípio alude a uma liderança dinâmica, orientada para o futuro e que se relaciona com melhoria, qualidade e excelência;

e) por fim, o último conceito defende que a liderança proporciona uma organização através da qual o potencial humano pode ser facilmente estimulado.

À palavra gestão, derivada do latim gestio, gestionis , de gerere, atribui-se a sentido de gerência, administração, a acta de gerir. Juridicamente, o termo aparece como a expressão de gestão de negócios. O termo não implica necessariamente um negócio alheio, contudo os líderes pesquisados fazem parte de organizações estatais, não sendo, até o momento, gestores de propriedade privada.

A gestão configura-se como um modelo que dá resposta à complexidade das organizações, sendo que "sem uma boa gestão, as empresas complexas tendem a tornar- se caóticas de tal modo que a sua existência pode ficar ameaçada" ( Rego, 1997: p. 31).

Nesta linha situamos Glatter (1992: p. 147) que nos refere que "a gestão é uma componente decisiva da eficácia escolar”, embora ache que o rótulo de gestão não seja bem aceite em educação. Contudo, existe alguma controvérsia que envolve os conceitos de liderança e gestão. Nessa perspectiva, "[...] liderar no es [...] lo mismo que dirigir ni que administrar o gestinar" (De Vicente, 2001: p. 35), ou seja, distinguem-se os conceitos em função dos interesses referidos: enquanto a gestão se traduz em operacionalização, transacção, nos meios, nos sistemas e na reificação de coisas, a liderança configura visão, questões estratégicas, transformação, interessa-se pelos fins, pelas pessoas e pela execução de um trabalho bem feito.

Outros autores destrinçam os conceitos em função da orientação da mudança, ou seja, enquanto a gestão se norteia pelo aqui e agora descurando os pressupostos e a identidade da organização, a liderança tenta mudar o pensamento das pessoas para o desejável, o possível e o necessário.

Sobre estes dois conceitos liderança e gestão muito se tem dito. Algumas das questões mais controversas envolvem o facto de uma pessoa poder ser líder sem ser gestor ou ser um gestor sem liderar.

Podemos afirmar que uma pessoa pode ser líder sem ser gestor e, em oposição, uma pessoa pode ser gestor sem ser líder. Existe consenso sobre o facto de liderança e gestão serem processos diferentes, no entanto o grau de sobreposição destes dois processos gera discordância.

- Advoga que a liderança é um subconjunto do gestor;

- A gestão deve ser considerada como uma parcela das actividades da liderança; - A distinção deve tomar em consideração o nível organizacional em análise. A liderança exercida aos níveis operacionais pode ser considerada como actividade subsidiária da actividade de gestão.

Outros autores definem a liderança e gestão como processos distintos, podendo efectivamente serem integrados e desenvolvidos pela mesma pessoa.

A distinção entre líder e gestor pode ainda ser desenvolvida tendo por base a responsabilidade. A responsabilidade de um gestor pertence ao domínio da lei, a de um líder pertence ao domínio da ética.

Silva (2000: p. 220) prefere referir uma gestão estratégica que

"gera uma compreensão da natureza, da missão e dos valores da organização que mobiliza os actores organizacionais para uma acção que visa a mudança implicando um olhar global sobre o estado actual da organização e uma perspectivação do seu estado futuro”,

sendo que esta gestão estratégica é uma componente chave da gestão das organizações e parte integrante da sua política de desenvolvimento organizacional.

Na tentativa de clarificarmos estes conceitos podemos afirmar que a liderança: é uma influência de re1acionamento; é levada a cabo com líderes e seguidores; envolve líderes e seguidores que procuram mudanças reais na organização; requer que as mudanças procuradas reflictam os propósitos mútuos de lideres e seguidores. Enquanto que a Gestão: é um relacionamento de autoridade; é levada a cabo com gestores e subordinados; envolve a coordenação de pessoas e recursos para a produção e venda de bens e/ou serviços numa organização; requer coordenação de actividades pala produzir e vender bens e/ou serviços que reflictam os propósitos da organização.

Destas funções, ambas são necessárias e importantes. A actividade de gestão é necessária para manter o funcionamento eficiente da organização de modo a que os planos sejam realizados, os procedimentos funcionem e os objectivos sejam alcançados. A liderança está relacionada com a criação de condições necessárias para que todos os membros possam dar o seu melhor num clima de empenhamento e desafio. Sintetizando

a gestão permite o funcionamento de uma organização a liderança ajuda ao seu melhor funcionamento.