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Limitações do estudo e pistas para futuras pesquisas

CAPÍTULO III – ANÁLISE, DISCUSSÃO DE RESULTADOS E CONCLUSÕES

3.3. Limitações do estudo e pistas para futuras pesquisas

A presente dissertação tratou-se de uma abordagem de caracter exploratório, que teve por base uma amostra de pequena dimensão, constituída por quatro empresas. As principais conclusões retiradas desta investigação apresentam algumas ressalvas, algumas recomendações e algumas inspirações.

A estratégia de pesquisa baseada em entrevistas semiestruturadas ofereceu, eventualmente, contornos limitados face às potencialidades estudo. Seria interessante também, extensificar, em complementaridade, uma amostra de colaboradores, estudando várias fações, e comparar com os resultados agora concluídos. Tratando-se de uma área em que há muito por fazer, e em Portugal, seria vantajoso realizar mais estudos, sugerindo-se para investigações futuras, que sejam ouvidos mais profissionais e investigadores, e que possam ser feitos, de forma mais aprofundada, estudos de casos concretos. Sugere-se ainda o recurso a uma abordagem multimétodos, que combine uma técnica qualitativa com a adoção

de uma abordagem quantitativa na investigação, que permita uma maior fundamentação das conclusões a retirar do estudo.

A intenção de criar um vasto leque de categorias e subcategorias foi tão ambiciosa que ofereceu dois gumes: Uma recolha de conteúdo algo intensa e uma árdua tarefa de acertar as unidades de medida nos encaixes ajustados. Excesso de categorias e subcategorias com divisões muito ténues vieram canibalizar outras categorias, o que poderá ter resultado em demasiada fragmentação. Por outro lado, não foi possível construir um quadro que apresentasse uma ordem decrescente por subcategorias na medida em que nem todas as categorias teriam subcategorias agregadas, o que não permitiu que estas fossem isoladas e avaliadas.

Outra vertente possível de investigação futura, é a que poderá envolver um estudo além-fronteiras, pois, uma das situações que se observou neste estudo, e que foi transversal às quatro entrevistas, é que houve sempre como cenário de fundo algo transnacional ou mesmo global que vem solidificar a estrutura da organização e a sua forma de gestão.

Também, e em linha ao que vem a ser feito no estrangeiro e já descrito na literatura, recomendam-se igualmente estudos que visem analisar a realidade portuguesa. Esta sugestão fundamenta-se não só pela existência de escassa literatura sobre a temática, a nível nacional, como também para superar divergências encontradas em estudos efetuados no estrangeiro de molde a compreender o impacto do Marketing interno no sucesso das empresas, especificamente em Portugal.

Uma outra questão que ficou aqui pendente foi a de que é possível analisar o contributo do Marketing Interno em vários campos de sucesso das empresas, como por exemplo, ao nível dos resultados, da sua produtividade, da sua notoriedade ou da sua imagem, tanto no contexto interno como externo.

Também será interessante estudar a influência que as categorias poderão ter entre si, quer em termos vantajosos quer em termos improfícuos, bem como o nível ideal de rácio que poderá ter para a eficácia na gestão do Marketing Interno. Veja- se o exemplo de, numa das empresas estudadas, um alto índice de “Cultura Organizacional” pode culminar num deficite de “Empowerment”.

Outro aspeto que cativou o interesse do investigador foi o resultado mais elevado apresentado, por uma das empresas, na subcategoria “Responsabilidade social interna”, o qual se destacou das restantes. Assim, em contexto de estudos

sobre sustentabilidadade nas empresas, sugere-se que se estude o fenómeno da responsabilidade social interna, em debate com a externa, ou mesmo se aprofunde o papel do colaborador, neste âmbito.

Como se observou através das entrevistas e da análise dos resultados, emergiram categorias que não estavam previstas, aquando da elaboração da grelha de análise onde ce criaram as categorias e subcategorias. Ao investigador despertou especial interesse o foco unãnime de duas empresas que demonstraram na categoria emergente “Capacidade de reestruturação e adaptação a novos contextos”, eventual capacidade do Marketing Interno oferecer um importante contributo no fortalecimento interno face às contrariedades externas. Será interessante, analisar em futuras investigações, os resultados de programas de Marketing Interno em ciclos da vida, específicos, das empresas.

“O colaborador como apoio” aparece também como categoria emergente e que poderá vir a ser objeto de estudo. Embora este repto possa ter um significado reduzido nos índices de importância, mas poderemos estar perante novas mudanças e novos paradigma, em que nalguns contextos organizacionais o colaborador pode representar o sucesso ou o insucesso da empresa, em que escala? Por qualquer razão, será que o poder, o apoio, o controlo, poderá deixar de estar delegado à empresa para poder ser transferido para o colaborador?

Através do estudo, a “liberdade” foi várias vezes expressa pelos entrevistados, não só como referência ao espaço e ao tempo, que incitou o investigador criar categorias próprias, mas no próprio sentido do termo, da liberdação do próprio indíviduo como pessoa. Paralelamente, também a “felicidade” teve uma grande expressividade. Estas constatações que foram alvo de análise do Investigador, mereceram emergir em categorias, devido à presença de unidades merecedoras de medida. Paralelamente, aqui também urge referir o termo “paixão”, também algo emergente, mas simultaneamente diluído noutras categorias mais pertinentes de avaliação. Este facto, muito permeável às relações humanas poderá ajudar a mitificar um conceito: A paixão pela profissão que o colaborador entrega à empresa e, simultâneamente a felicidade e a liberdade e entregue pela empresa ao colaborador. Eis aqui a relação perfeita. O investigador tem por base toda a documentação anexa que permite sustentar esta “relação perfeita”.

Por outro lado, se a quimera o perseguir, pode o investigador apresentar o pronúncio de que, com o enriquecimento da literatura bafejada, pelos resultados deste estudo e com a visão de que poderá ter apresentado material útil, para, a

partir daqui criar uma proposta-modelo de Marketing Interno, como um guia útil para as nossas empresas?

Tal como foi referido no ponto anterior, parece ser demasiado arrojado pensar- se na criação de um departamento de Marketing Interno, mas será lançado aqui um desafio de criar, no futuro, um verdadeiro gestor qualificado, com domínio académico transversal à Comunicação, ao Marketing e ao Recursos Humanos, dirigido sobretudo às empresas Portuguesas no sentido de operacionalizar esta importante filosofia de gestão com orientação para o mercado interno. Ao que se constatou na amostra, são profissionais qualificados e com experiência comprovada em Comunicação e Recursos Humanos que têm concorrido para as práticas de Marketing Interno, verificando-se eventual ausência de um fio condutor, em gestão e planeamento, que o contributo de um Marketeer poderia brindar. Estará por se afirmar o verdadeiro “Maestro” que tocará esta Partitura e que dirigirá os destinos dessas orquestras?

Diante das considerações que foram expostas, encerra-se esta dissertação, salientando permanente atenção sobre o inigualável valor do Marketing Interno, visando melhores políticas de gestão, o melhor êxito e o melhor sucesso nas organizações em Portugal.