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Procedimentos utilizados na análise dos dados

CAPÍTULO II – MÉTODO

2.6. Procedimentos utilizados na análise dos dados

Obedecendo esta investigação a um método qualitativo, os dados recolhidos através das entrevistas que estruturam o estudo apresentado, foram apreciadas à luz da análise de conteúdo, especificamente da análise categorial/temática.

A análise de conteúdo é considerada por Oliveira (2008), como uma técnica de pesquisa científica com múltiplas aplicações. O mesmo autor defende que os procedimentos utilizados podem variar de acordo com os objetivos da pesquisa, os quais, sejam quais forem as suas finalidades, é preciso que a mesma se submeta a algumas regras precisas que a distingam de análises simplesmente intuitivas. Bardin (2009) retrata a a análise de conteúdo como um conjunto de técnicas de análise de comunicações que visa auferir, através de procedimentos objetivos e sistemáticos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores que possibilitem a inferência de conhecimentos. Oliveira afirma que “parece haver consenso de que se trata de uma descrição analítica, segundo procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens” (p.570).

Para Quivy (2008), este processo é amplamente utilizado, proporcionando uma análise com um elevado grau de profundidade e exatidão perante os dados recolhidos. Trata-se de uma técnica que concilia os requisitos do rigor metodológico com a profundidade da pesquisa. O discurso no seu todo, isto é, tudo o que é susceptível de ser escrito, poderá ser sujeito a uma análise de conteúdo, que tem início numa literatura de primeiro plano para atingir um nível mais aprofundado (Oliveira, 2008). As expressões utilizadas pelos entrevistados, as suas frequências e o seu modo de disposição, a construção do discurso e o seu desenvolvimento são fontes de informação a partir das quais o investigador tenta construir um conhecimento (Quivy, 2008), pois neste sentido, a análise de conteúdo possibilita aceder a distintos conteúdos, sejam eles explícitos ou implícitos (Oliveira, 2008). De entre as diversas técnicas de análise de conteúdo, optou-se pela análise categorial/temática que pressupõe diferentes procedimentos de análise segundo Bardin (2009) e Oliveira (2008). Estas etapas permitem dar segurança ao investigador no decurso da análise e em simultâneo possibilitam a disseminação da técnica.

Na análise dos dados obtidos, a fim de assegurar confidencialidade dos mesmos, o visionamento e auscultação dos elementos recolhidos foram feitos em exclusivo pelo investigador, tendo acontecido a fiel transcrição dos referidos

elementos, quer em termos de forma como de conteúdo, tal como garantido aos entrevistados.

A dualidade entre o teórico e o empírico que caracterizou esta investigação, permitiu garantir critérios de validade interna e externa. Sendo que para a validação interna concorreu o facto de esta investigação ser sustentada por um quadro teórico caracterizado pelo rigor conceptual e poder explicativo, e pela garantia de consistência entre os objetivos da investigação e a recolha dos dados.

A validade externa foi assegurada através da transferência de resultados e generalizações analíticas obtidas, em confronto com outros contextos descritos na literatura, o que contribuiu de igual modo para a fiabilidade dos dados na medida em que o enquadramento orientador facilitou a condução das observações e a sua consistência relativamente aos objetivos desta investigação. Ainda, e em reforço dessa fiabilidade, as transcrições derivadas dos elementos recolhidos foram analisados com base no enquadramento teórico utilizado.

A análise foi iniciada por uma leitura flutuante de todos os textos, neste caso as entrevistas, de modo a que o investigador se pudesse familiarizar com os conteúdos presentes e a partir da qual pudesse delinear algumas hipóteses meramente provisórias.

Após uma primeira leitura foi necessário ao investigador definir a sua unidade de registo, que poderia variar entre uma palavra a um documento completo, dependendo dos objetivos do estudo, a qual teria de ser mantida ao longo de toda a análise para que fosse possível aplicar regras de quantificação. Neste caso foi eleita a frase ou excerto de frase, como unidade de registo para a presente investigação.

Depois de aclarada a unidade de registo, o investigador teve de criar unidades temáticas nas quais foram incluídas as diversas unidades de registo conforme o tema a que cada unidade se associasse. Durante a análise temática das unidades de registo, houve o cuidado de prever o aparecimento de temas não considerados anteriormente pelo investigador, pelo que se foi necessário considerar a criação de unidades temáticas emergentes. Além da associação das unidades de registo a cada categoria ou unidade temática foi necessário quantificar a totalidade de unidades de registo presentes em cada tema. Em seguida a estes procedimentos, o investigador passou à análise categorial que implicou o agrupamento das unidades

temáticas e das respetivas unidades de registo conforme os critérios teóricos ou as hipóteses formuladas.

Assim, o recurso a uma constância na aplicação da padronização das regras de análise, tratamento e interpretação dos dados foi utilizado com vista a assegurar critérios de fiabilidade ao nível de uma abordagem qualitativa, tendo a aferição dos resultados, sido traduzida em frequência referentes às categorias, e calculados com base no número de respostas obtidas em cada categoria e em relação ao número total de indicadores fornecidos.

Os resultados foram apresentados em forma de descrição, recorrendo à exemplificação através de algumas unidades de registo relevantes e também sob a forma de tabelas.

No final, o investigador regressou ao seu objeto de estudo propriamente dito, através da discussão dos resultados obtidos com a análise realizada. Neste ponto esperou-se que o objeto em causa fosse reavaliado à luz da construção teórica resultante da investigação.

Um importante aspeto faz também ressaltar Oliveira (2008), a ter em conta no processo da análise de conteúdo categorial/temática, que passa pela relevância quantitativa e qualitativa dos temas. A vertente qualitativa destaca a distribuição das unidades de registo ou seja, se as unidades selecionadas estão igualmente distribuídas por todas as entrevistas e ao longo das mesmas. Por outro lado, o autor refere a importância qualitativa das unidades temáticas, querendo com isto confirmar a relevância do tema para a compreensão do fenómeno ou do objeto de estudo.